Em um mundo cada vez mais frenético
onde passamos há consumir o tempo sem se dar conta da sua exata importância,
sempre acabamos todos enfileirados na mesma burrice.
De vez em quando,
eu, cidadão de poucas pretensões consumista, me vejo contaminado pelo impulso
do consumo. Então me pego a observar as pessoas que transitam em plena Rua 25 de Março, o mais autentico paraíso dos insatisfeitos. Como um rebanho
fora de controle, alucinados pelos holofotes do baixo prazer. Todos vão se
abalroando naquela calçada que com o tempo se tornaram estreitas diante o
desejo incomum de todos, em muitas vezes a calçada se torna insuficiente então
muitos passam a disputar espaço com os automóveis que ali trafegam com os seus
motoristas sob a mesma luz do desejo.
Todos absolutamente
encantados com as belas vitrines que acalentam seu ego vazio e obscuro.
Vão aos poucos
abarrotando as suas sacolas de insatisfações nas imensas prateleiras das lojas
de inutilidades domesticas, onde quase tudo que se compra, jamais vão
utilizá-las. Em uma interminável lista de bibelôs para enfeitar os seus mais
íntimos e obscuros desejos de felicidade.
Assim vamos
ofuscando nossos fracassos com os sonhos baratos de consumir a se mesmo antes
que o tempo os consuma. Sempre cegos pela interminável necessidade do ter, e
ser pelo poder, violentamos os mais nobres valores em nossos delírios
instantâneos sobre o efeito desta febre de insanidade temporária diante uma
imensa babel de loucos.
E ao longo do tempo
nos tornamos repulsivos aos que nos desafiam com a sua indiferença ao nosso
nobre propósito de futilidades inúteis.
Entrincheiramos os
sonhos nas nossas fortalezas de hipocrisia afastando qualquer possibilidade de
convívio harmonioso com o semelhante que não compactue dos mesmos desejos
insolentes.