XCVII
Pouco tempo depois ouviu-se um grito,
Som de um corpo nas águas resvalado;
À flor das vagas veio um corpo aflito...
Depois... o sol tranqüilo e o mar calado.
Depois...Aqui termina o manuscrito,
Que me legou antigo deputado,
Homem de alma de ferro, e olhar sinistro,
Que morreu velho e nunca foi ministro.
É um velho país, de luz e sombras,
Onde o dia traz o pranto, e a noite a cisma;
Um país de orações e de blasfêmia,
Nele a crença na dúvida se abisma.
Aí mal nasce(*) a flor o verme corta,
O mar é um escarcéu, e o sol sombrio;
Se a ventura num sonho transparece
A sufoca em seus braços o fastio.
Quando o amor, qual esfinge indecifrável,
Aí vai a bramir, perdido o siso...
Às vezes ri alegre, e outras vezes
É um triste soluço esse sorriso...
Vive-se nesse país (**) com a mágoa e o riso;
Quem dele se ausentou treme e maldiz;
Mas aí, eu nele passo a mocidade,
Pois é meu coração esse país!
– No original está narce.
– No original consta e país.