Mary Wollstonecraft Shelley (Londres, 30 de agosto
de 1797 -— Londres, 1 de fevereiro de 1851), mais conhecida por Mary Shelley
foi uma escritora britânica, filha do filósofo William Godwin e da pedagoga e
escritora Mary Wollstonecraft. Casou-se com o poeta Percy Bysshe Shelley em
1816, depois do suicídio de sua primeira esposa.
Mary Shelley foi autora de contos, dramaturga,
ensaísta, biógrafa e escritora de literatura de viagens, mais conhecida por sua
novela gótica Frankenstein: ou O Moderno Prometeu (1818). Ela também editou e
promoveu os trabalhos de seu marido, o poeta romântico e filósofo Percy Bysshe
Shelley.
A mãe de Mary morreu quando ela tinha 10 dias de
nascida; ela e sua meia-irmã, Fanny Imlay, foram criadas por seu pai. Quando
Mary tinha quatro anos, Godwin casou-se com uma vizinha, Mary Jane Clairmont.
Godwin deu à sua filha uma rica e informal educação, encorajando-a a aderir às
suas teorias políticas liberais. Em 1814, Mary Godwin iniciou um relacionamento
amoroso com um dos seguidores políticos de seu pai, o casado Percy Bysshe
Shelley. Junto com a irmã adotiva de Mary, Claire Clairmont, eles partem para a
França e viajam pela Europa; uma vez retornando a Inglaterra, Mary fica grávida
de Percy. Durante os próximos dois anos, ela e Percy enfrentam o ostracismo,
dívidas e a morte da filha prematura. Eles se casaram em 1816 após o suicídio
da primeira mulher de Percy Shelley, Harriet. Em 1816, o famoso casal passou o
verão com Lord Byron, John William Polidori, e Claire Clairmont próximos de Genebra,
Suíça, onde Mary concebe a idéia de sua novela Frankenstein. Os Shelleys deixam
a Grã-Bretanha em 1818 e vão para a Itália, onde o segundo e o terceiro filhos
morrem antes do nascimento de seu último e único sobrevivente filho, Percy
Florence. Em 1822, seu marido afogou-se quando seu barco afundou durante uma
tempestade na Baía de La Spezia. Um ano depois, Mary Shelley retornou a
Inglaterra, devotando-se, desde então à educação de seu filho e à carreira como
autora profissional. A última década de sua vida foi marcada pela doença,
provavelmente causada pelo tumor cerebral que a iria matar aos 53 anos de
idade. Até os anos 70, Mary Shelley era conhecida principalmente por seus
esforços em publicar os trabalhos de Percy Shelley e pela novela Frankenstein,
que permanece sendo lida mundialmente e tendo inspirado muitas peças de teatro
e adaptações para o cinema. O currículo escolar recente rendeu uma visão mais
compreensiva das realizações de Mary Shelley. Estudantes demonstraram mais
interesse em sua carreira literária, particularmente suas novelas, que incluem
novelas históricas Valperga (1823) e The Fortunes of Perkin Warbeck (1830), a
novela apocalíptica The Last Man (1826), e suas últimas duas novelas, Lodore
(1835) e Falkner (1837). Estudos de seus últimos trabalhos conhecidos como o
livro de viagem Rambles in Germany and Italy (1844) e os artigos biográficos de
Dionysius Lardner's, Cabinet Cyclopaedia (1829–46) serviram de base e
visualização de que Mary Shelley permaneceu uma política radical por toda a
vida. O trabalho de Mary Shelley frequentemente discute que essa cooperação e
simpatia, particularmente praticada pelas mulheres na família, eram maneiras de
se reformar a sociedade civil. Essa visão foi um desafio direto ao caráter
romântico individualista promovido por Percy Shelley e as teorias políticas
iluministas articuladas por seu pai, William Godwin.
Página do jornal de William Godwin onde está
registrado o "Nascimento de Mary, 11:20 PM" (coluna esquerda, quarta
linha)
Mary Shelley nasceu em Somers Town, Londres. Foi a
segunda filha da filósofa feminista, educadora e escritora Mary Wollstonecraft,
e a primeira filha do filósofo, escritor e jornalista William Godwin.
Wollstonecraft morreu de septicemia puerperal dez dias após Mary nascer. Godwin
criou Mary junto com sua meia irmã, Fanny Imlay,filha de Wollstonecraft com o
especulador americano Gilbert Imlay.2 Um ano depois da morte de Wollstonecraft,
Godwin publicou suas Memoirs of the Author of A Vindication of the Rights of
Woman (1798), com a intenção de ser um tributo sincero e apaixonado.Entretanto,
por conta das Memoirs terem revelarado o caso de Wollstonecraft e sua filha
ilegítima, chocaram a todos. Mary Godwin leu essas memórias e os livros de sua
mãe, aumentando a seu amor por ela.3 A infância de Mary foi feliz, a julgar
pelas cartas da governanta e enfermeira de William Godwin, Louisa Jones.4 Mas
Godwin se sentia profundamente aquém de suas forças e percebendo que não
conseguiria cuidar das filhas sozinho, procurou por uma segunda esposa.5 Em
dezembro de 1801, casou-se com Mary Jane Clairmont, uma mulher bem educada com
dois filhos jovens —Charles e Claire.nota 1 A maioria dos amigos de Godwin não
gostavam de sua nova esposa, descrevendo-a como violenta e temperamental;6 nota
2 mas Godwin foi devotado a ela, e o casamento foi um sucesso.7 Mary Godwin,
por outro lado, destestava sua madrasta.8 O biografo de William Godwin, C.
Kegan Paul mais tarde sugeriu que a Sra Godwin tinha preferência por sua
própria filha em oposição a outra.9 Em conjunto, os Godwins iniciaram uma
empresa de publicidade chamada M. J. Godwin, que vendia livros infantis, assim
como artigos de papelaria, mapas e jogos. Entretanto, o negócio não teve lucros
e Godwin foi forçado a fazer empréstimos para prosseguir.10 Ele continuou a
pegar empréstimos para pagar as dívidas, gerando cada vez mais problemas. Em
1809, os negócios de Godwin vão à falência e ele estava "perto do
desespero".11 Ele foi salvo da ‘’prisão dos devedores’’ pelos seus
seguidores filósofos como Francis Place, que lhe emprestou mais dinheiro.12
O Polígono (a esquerda) em Somers Town, Londres,
entre Camden Town e St Pancras, onde Mary Godwin nasceu e passou sua infância.
Embora Mary Godwin tenha recebido pouca educação
formal, seu pai a tutoriou em vários assuntos. Frequentemente levava as
crianças em viagens educacionais, e elas também tinham acesso a sua biblioteca
e a muitos intelectuais que o visitavam, incluindo o poeta romântico Samuel
Taylor Coleridge e o ex-vice-presidente dos Estados Unidos Aaron Burr.13 Godwin
admitiu que não educou as meninas de acordo com a filosofia de Mary
Wollstonecraft disposto em trabalhos como A Vindication of the Rights of Woman
(1792), mas Mary Godwin, todavia, recebeu uma educação incomum e avançada para
uma garota da sua época. Ela teve uma educadora, um tutor, e leu vários livros
infantis de seu pai sobre a história de Roma e da Grécia em manuscrito.14 Por 6
meses em 1811, ela frequentou um colégio interno em Ramsgate.15 Seu pai a
descreveu aos 15 anos como "uma mente ativa, um tanto imperativa e
singularmente brilhante. Seu desejo de conhecimento é grande, e sua
perseverança em tudo o que empreende é quase invencível".16
Em Junho de 1812, seu pai a mandou para junto do
dissidente radical William Baxterher, perto de Dundee, Escócia.17 Para Baxter,
ele escreveu, "Estou ansioso pelo que ela pode trazer... como uma
filófosa, ou mesmo como uma cínica."18 Eruditos especularam que ela pode
ter sido afastada para cuidar da saúde, retirá-la dos negócios, ou introduzi-la
na política radical.19 Mary Godwin revelou-se nos arredores espaçosos da casa
de Baxter e na companhia de suas quatro filhas e retornou para o norte em 1813
onde passou os próximos 10 meses.20 Na introdução de Frankenstein de 1831, ela
relembrou: "Escrevi no mais simples e comum estilo. Embaixo das árvores
nos campos que pertenciam a nossa casa, ou nas montanhas descampadas, onde
minhas composições verdadeiras, os vôos de minha imaginação, nasceram e
floresceram".21
Amante de Mary Shelly Percy Bysshe Shelley[editar |
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Mary Godwin pode ter tido seu primeiro encontro com
o poeta-filósofo Percy Bysshe Shelley no intervalo entre duas de suas estadas
na Escócia.22 Antes dela retornar para casa pela segunda vez em 30 de março de
1814, Percy Shelley vinha se tornando distante da esposa, e regularmente
visitava Godwin.23 O radicalismo de Percy Shelley, principalmente sua visão
econômica, inspirada na Justiça Política de Godwin (1793), alienou-o de sua
rica família aristocrata: avisaram-no que seguisse os modelos tradicionais da
aristocracia, e ele quis doar grandes quantidades do dinheiro da família para
causas de ajuda a desamparados. Percy Shelley consequentemente teve dificuldade
em ter acesso ao dinheiro antes que o herdasse, porque sua família não queria
que ele o gastasse em projetos de "justiça política". Depois de
vários meses de promessas, Shelley informou que não queria nem poderia pagar as
dívidas de Godwin. Godwin ficou furioso e se sentiu traído.24
Mary e Percy se encontraram pela primeira vez no
mausoléu de Mary Wollstonecraft em St Pancras Old Church, e apaixonaram-se—ela
estava com quase dezessete anos e ele próximo dos vinte e dois.25 Para
desespero de Mary, seu pai não aprovava o relacionamento e tentou impedi-los de
modo a salvar a fama de "impecável" da sua filha. Na mesma época,
Godwin conheceu a incapacidade dos Shelleys de pagar suas dívidas.26 Mary, que
escreveu mais tarde de "meu apego excessivo e romântico por meu
pai",27 estava confusa. Ela viu Percy Shelley como uma encarnação das
idéias de seus pais liberais e reformistas dos anos 1790, principalmente a
visão de Godwin sobre o casamento ser um monopólio repressivo, alegado em sua
edição de 1793 de “Justiça Política” mas já recolhido.28 Em 28 de Julho de 1814,
o casal secretamente vai para a França, levando a meia-irmã de Mary, Claire
Clairmont, com eles,29 mas deixando a esposa grávida de Percy para trás. Depois
de convencer Mary Jane Godwin, que os perseguiu até Calais, que não desejavam
regressar, o trio viajou para Paris, e então, de burro, mula, e de carroça,
através de uma França recentemente devastada pela guerra, para a Suíça.
"Estávamos numa novela, sendo um romance real", Mary Shelley, em
1826, recordou.30 Enquanto viajavam, Mary e Percy liam obras de Mary
Wollstonecraft e outros, mantinham uma jornal comum, e continuaram a sua
própria escrita.31 Em Lucerna, a falta de dinheiro obrigou os três a voltar
para trás, desceram para o Norte e por terra até o porto holandês de Marsluys,
chegando a Gravesend, Kent, em 13 de Setembro de 1814.32
A situação que aguardava Mary Godwin na Inglaterra
foi repleta de complicações, algumas das quais ela não tinha previsto. Antes ou
durante a viagem, ela ficou grávida e ela e Percy agora viram-se sem um tostão,
e, para surpresa genuína de Mary, seu pai se recusou a fazer nada por ela.33 O
casal mudou-se com Claire para alojamentos em Somers Town, e mais tarde, Nelson
Square. Eles mantiveram o seu intenso programa de leitura e escrita e amigos de
Percy Shelley, como Thomas Jefferson Hogg e o escritor Thomas Love Peacock.34
Percy Shelley às vezes saiu de casa por períodos curtos para iludir os
credores.35 Cartas casuais do casal revelam sua dor nessas separações.36
Grávida e muitas vezes doente, Mary Godwin teve de
lidar com a alegria de Percy no nascimento de seu filho com Harriet Shelley no
final de 1814 e seus constantes passeios com Claire Clairmont.nota 3 Foi
consolada pelas visitas de Hogg, a quem ela não gostava no início mas logo
considerado um amigo íntimo.37 Percy Shelley parece ter querido que Mary Godwin
e Hogg se tornassem amantes;38 Mary não descartou a idéia, já que, em
princípio, ela acreditava em amor livre.39 Na prática, porém, ela amava apenas
Percy Shelley e parece não ter se aventurado mais longe do que a flertes com
Hogg.40 nota 4 Em 22 de Fevereiro de 1815, ela deu à luz uma menina prematura
de dois meses, que não tinha muita esperança de sobreviver.41 Em 6 de Março,
ela escreveu para Hogg:
Meu querido Hogg, meu bebê está morto – venha me
ver logo que puder. Quero te ver – Ele estava perfeitamente bem fui para a cama
- acordei no meio da noite para amamentá-lo e parecia estar dormindo tão
tranquilo que eu não quis acordá-lo. Ele morreu em seguida, mas não encontramos
“a causa” até de manhã - sua aparência mostra, evidentemente, que morreu de
convulsões – Você pode vir - Shelley tem medo da febre do leite - para mim eu
não sou mais uma mãe agora.42
A perda de seu bebê deixou Mary Godwin em depressão
profunda, sendo assombrada por visões do bebê; mas ela engravidou novamente e
já tinha se recuperado no verão.43 Com um revival das finanças de Percy Shelley
após a morte de seu avô, Sir Bysshe Shelley, o casal passou as férias em
Torquay e depois alugou um chalé de dois andares em Bishopsgate, na beira de Windsor
Great Park.44 Pouco se sabe sobre este período da vida de Mary Godwin, desde a
sua revista de maio de 1815 a julho 1816 se perdeu. Na Bishopsgate, Percy
escreveu seu poema Alastor; e em 24 de janeiro de 1816, Mary deu à luz um
segundo filho, William, em homenagem a seu pai e logo apelidado de
"Willmouse ". Em seu romance The Last Man, ela imaginava Windsor como
um Jardim do Éden.45
Lago de Genebra e Frankenstein[editar | editar
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Projeto de Frankenstein( "Foi numa noite
triste de novembro que eu contemplei meu homem completo ...")
Em maio de 1816, Mary Godwin, Percy Shelley, e seu
filho viajaram para Genebra com Claire Clairmont, onde planejavam passar o
verão com o poeta Lord Byron, cujo caso recente com Claire a tinha deixado
grávida.46 O grupo chegou em Genebra em 14 de maio de 1816, onde Mary passou a
se chamar de "Sra. Shelley". Byron se juntou a eles em 25 de Maio com
seu jovem médico, John William Polidori,47 e alugou a Villa Diodati , perto do
Lago de Genebra na vila de Cologny; Percy Shelley alugou uma pequena construção
chamada Maison Chapuis, próximo à margem do rio.48 Passaram seu tempo
escrevendo, com passeios de barco no lago, e conversando até tarde da noite.49
"Foi com certeza um verão molhado,", Mary
Shelley relembrou em 1831, "a chuva incessante, muitas vezes confinou-nos
dias dentro de casa".50 nota 5 Entre outros assuntos, a conversa virou-se
para as experiências do filósofo natural e poeta Erasmus Darwin do século
XVIII, que disse ter animado matéria morta, e do galvanismo e a viabilidade de
retornar à vida um cadáver ou partes de um corpo.51 Sentados em torno de uma
fogueira na Villa de Byron, os companheiros também se divertiam lendo histórias
alemãs de fantasmas, fazendo com que Byron sugerisse que cada um escrevesse o
seu próprio conto sobrenatural. Pouco depois, em uma inspiração, Mary Godwin
concebeu a idéia de Frankenstein:
Eu vi o pálido estudante de artes profanas
ajoelhado ao lado da coisa que ele tinha reunido. Eu vi o fantasma hediondo de
um homem estendido e, em seguida, através do funcionamento de alguma força,
mostrar sinais de vida, e se mexer com um espasmo vital. Terrível, extremamente
assustador seria o efeito de qualquer esforço humano na simulação do estupendo
mecanismo de Criador do mundo.52 nota 6
Ela começou a escrever o que achou que seria uma
história curta. Com o encorajamento de Percy Shelley, ela expandiu este conto
em seu primeiro romance, Frankenstein: or, The Modern Prometheus, publicado em
1818.53 Mais tarde ela descreveu o verão na Suíça como o momento "Quando
eu saí da infância para a vida".54
Bath e Marlow[editar | editar código-fonte]
Em seu retorno à Inglaterra em setembro, Mary e
Percy mudaram-se - com Claire Clairmont - estabilizando-se próximo à Bath, onde
esperaram manter secreta a gravidez de Claire.55 Em Cologny, Mary Godwin havia
recebido duas cartas de sua meia-irmã, Fanny Imlay, que aludiu à sua vida
"infeliz"; em 9 de Outubro, Fanny escreveu uma carta "alarmante"
de Bristol o que fez com que Percy Shelley saísse à sua procura, sem sucesso.
Na manhã do dia 10 de outubro, Fanny Imlay foi encontrada morta em um quarto em
Swansea, juntamente com uma nota de suicídio e uma garrafa de láudano. Em 10 de
Dezembro, a esposa de Percy Shelley, Harriet, foi encontrada afogada no lago
Serpentine, um lago no Hyde Park, em Londres.56 Ambos os suicídios foram
acobertados. A família de Harriet dificultou os esforços de Percy Shelley -
totalmente apoiado por Mary Godwin - para assumir a custódia de seus dois
filhos com Harriet. A fim de melhorar sua posição no caso, seus advogados o
aconselharam a se casar, de modo que ele e Mary, que estava grávida de novo, se
casaram em 30 de dezembro de 1816 na Igreja de St. Mildred, Bread Street, em Londres.57
Sr. e Sra. Godwin estavam presentes e o casamento acabou com a rusga na
família.58
Claire Clairmont deu à luz uma menina em 13 de
janeiro, inicialmente chamada Alba, mais tarde Allegra.59 nota 7 Em março desse
ano, o Chancery Court julgou Percy Shelley moralmente inapto para assumir a
custódia de seus filhos e colocou-os com a família de um clérigo.60 Também em
março, os Shelleys mudaram-se com Claire e Alba para Albion House em Marlow,
Buckinghamshire, um prédio grande, úmido sobre o rio Tâmisa. Lá Mary Shelley
deu à luz seu terceiro filho, Clara, em 2 de setembro. Em Marlow, eles
entretiveram seus novos amigos Marianne e Leigh Hunt, trabalhando arduamente
nos seus escritos, e muitas vezes discussões políticas.61
No início do verão de 1817, Mary Shelley finalizou
Frankenstein, que foi publicado anonimamente em janeiro de 1818. Críticos e
leitores acharam que Percy Shelley era o autor, já que o livro havia sido
publicado com seu prefácio e dedicado a seu herói político William Godwin.62 Em
Marlow, Mary editou a revista conjunta do grupo da viagem continental de 1814,
acrescentando material escrito na Suíça em 1816, junto com o poema de Percy,
Mont Blanc. O resultado foi a História de uma viagem de seis semanas, publicado
em Novembro de 1817. Naquele outono, Percy Shelley, muitas vezes esteve fora de
sua casa em Londres para fugir dos credores. A ameaça de uma ‘’prisão do
devedor’’, combinada com sua saúde ruim e medo de perder a custódia de seus
filhos, contribuíram para a decisão do casal de deixar a Inglaterra para a
Itália em 12 de Março de 1818, tendo Claire Clairmont e Alba com eles.63 Eles
não tinham intenção de retornar.64
Itália
William "Willmouse" Shelley, pintado logo
antes de sua morte por malária em 1819 (retrato de Amelia Curran, 1819)
Uma das primeiras tarefas do grupo ao chegar na
Itália foi levar Alba para Byron, que vivia em Veneza. Ele concordou em
assumí-la, desde que Claire não tivesse mais nada a ver com ela.65 Os Shelleys
então embarcaram em uma existência errante, nunca se estabelecendo num lugar
por muito tempo.66 nota 8 Ao longo do caminho, eles acumularam um círculo de
amigos e conhecidos, que muitas vezes se mudaram com eles. O casal dedicou seu
tempo para escrever, ler, aprender, explorar e socializar. A aventura italiana,
contudo, acabou para Mary Shelley com a morte de seus filhos - Clara, em
setembro de 1818 em Veneza, e William, em junho de 1819 em Roma.67 nota 9 Estas
perdas a deixaram em uma depressão profunda que a isolava de Percy Shelley,68 ,
que escreveu em seu caderno :
Minha querida Mary, por onde tu tens ido,
E me deixaste neste mundo sombrio sozinho?
Tua figura está aqui de fato, encantadora
Mas tu fugiste, saiste por uma estrada sombria
Isso leva a morada mais obscura da Tristeza.
Por amor a ti mesma eu não posso seguir-te
Para que retornes a mim.69
Por um tempo, Mary Shelley só encontrou conforto na
sua escrita.70 O nascimento de seu quarto filho, Percy Florença, em 12 de
Novembro de 1819, finalmente, levantou seu ânimo,71 apesar dela alimentar a
memória dos filhos perdidos até o fim de sua vida.72
Itália proporcionou para os Shelley, Byron, e
outros exilados a liberdade política inatingível em casa. Apesar de suas
associações com a perda pessoal, a Itália tornou-se para Mary Shelley "um
país que a memória pintou como um paraíso". 73 Seus anos italianos foram
tempos de atividade intelectual e criativa intensa, para os Shelleys. Enquanto
Percy compôs uma série de poemas importantes, Mary escreveu o romance
autobiográfico Matilda, o romance histórico Valperga , e as peças Proserpine e
Midas. Mary escreveu Valperga para ajudar a aliviar as dificuldades financeiras
de seu pai, já que Percy se recusou a ajudá-lo ainda mais. 74 No entanto, ela
estivera fisicamente doente muitas vezes, e propensa a depressões. Ela também
teve de lidar com o interesse de Percy em outras mulheres, como Sophia Stacey,
Emilia Viviani, e Jane Williams. 75 Desde que Mary Shelley compartilhou de sua
crença na não-exclusividade do casamento, formou laços emocionais entre os
homens e as mulheres de seu próprio círculo. Tornou-se particularmente
afeiçoada ao revolucionário grego Príncipe Alexander Mavrocordatos e a Jane e
Edward Williams. 76 nota 10
Em dezembro de 1818, os Shelleys viajaram para o
sul com Claire Clairmont e seus agentes para Nápoles, onde permaneceram durante
três meses, recebendo apenas um visitante, um médico.77 Em 1820, eles se viram
atormentados por acusações e ameaças de Paolo e Foggi Elise, ex-funcionários
que Percy Shelley havia demitido em Nápoles, logo após os Foggis terem se
casado.78 A dupla aparece em 27 de fevereiro de 1819 em Nápoles, onde Percy
Shelley registrou como sua filha e de Mary Shelley a menina de dois meses de
idade chamada Elena Adelaide Shelley. 79 Os Foggis alegaram que Claire
Clairmont era a mãe do bebê. 80 Biógrafos têm oferecido várias interpretações
destes eventos: Percy Shelley, havia decidido adotar uma criança, que o bebê
era seu e de Elise, Claire, ou uma mulher desconhecida, ou que ela era de Elise
e Byron. 81 nota 11 Mary Shelley insistiu que ela tinha conhecimento de que
Claire tinha ficado grávida, mas não está claro o quanto ela realmente sabia.
82 Os acontecimentos em Nápoles, uma cidade que Mary Shelley posteriormente
chamou de um paraíso habitado por demônios, 83 permanecem envoltos em mistério.
nota 12 A única certeza é que ela mesma não era a mãe da criança. 83 Elena
Adelaide Shelley morreu em Nápoles, em 9 de junho de 1820. 84
Claire Clairmont, Meia-irmã de Mary e amante de
Lord Byron (retrato de Amelia Curran, 1819)
No verão de 1822, uma Mary grávida mudou-se com
Percy, Claire, e Jane e Edward Williams para a isolada Villa Magni, na beira do
mar, perto do povoado de San Terenzo na Baía de Lerici. Depois que eles se
instalaram, Percy deu a notícia para Claire que sua filha Allegra morreu de
tifo em um convento em Bagnacavallo. 85 Mary Shelley estava distraída e infeliz
na limitada e remota Villa Magni, que veio a considerar como uma masmorra. 86
Em 16 de junho, ela abortou, perdendo tanto sangue que quase morreu. Ao invés
de esperar por um médico, Percy colocou-a em um banho de gelo para estancar o
sangramento, um ato que o médico mais tarde disse-lhe que salvou a vida dela.
87 Entretanto, nem tudo estava bem entre o casal naquele verão e Percy passou
mais tempo com Jane Williams do que com sua esposa deprimida e debilitada. 88 A
maioria dos poemas curtos que Shelley escreveu em San Terenzo foram dirigidas a
Jane, em vez de Maria.
A costa ofereceu a Percy Shelley e Edward Williams
a chance de desfrutar do seu brinquedo "perfeito para o verão", um
novo barco à vela. 89 O barco tinha sido projetado por Daniel Roberts e Edward
Trelawny, um admirador de Byron, que aderiu ao partido em janeiro de 1822. 90
Em 1 de Julho de 1822, Percy Shelley, Edward Williams, e o capitão Daniel
Roberts partiram para o sul da costa de Livorno. Lá Percy Shelley teria
discutido com Byron e Hunt Leigh o lançamento de uma revista radical chamada
The Liberal.91 Em 8 de julho, ele e Edward Williams fizeram a viagem de
regresso a Lerici juntamente com o marinheiro de dezoito anos de idade, Charles
Vivian. 92 Eles nunca chegaram ao seu destino. Uma carta de Hunt para Percy
Shelley chegou a Villa Magni, datada de 8 de julho, dizendo: "Rogo que
escreva para nos dizer como você chegou em casa, pois disseram que você
enfrentou mau tempo depois que partiu na segunda-feira e estamos
ansiosos". 93 "Eu caí em mim", Mary falou para um amigo mais
tarde. "Eu tremia toda." 94 Ela e Jane Williams correram
desesperadamente para Livorno e, em seguida, a Pisa, na esperança de que seus
maridos ainda estivessem vivos. Dez dias após a tempestade, três corpos
apareceream na costa perto de Viareggio, a meio caminho entre Livorno e Lerici.
95
Retorno a Inglaterra e a carreira de
escritora[editar | editar código-fonte]
"Frankenstein é o trabalho mais maravilhoso
escrito em vinte anos que eu tenha ouvido falar. Você está agora com vinte e
cinco. E, felizmente, tem seguido um caminho de leitura, e cultivado sua mente
de forma admirável de modo a torná-la uma grande e bem sucedida autora. Se você
não pode ser independente, quem deve ser?"
— William Godwin para Mary Shelley96
Após a morte de seu marido, Mary Shelley viveu por
um ano, com Leigh Hunt e sua família em Gênova, onde muitas vezes ela viu Byron
e transcreveu seus poemas. Ela resolveu viver de seus escritos e para seu
filho, mas sua situação financeira era precária. Em 23 de Julho de 1823, ela
deixou Gênova pela Inglaterra e ficou com o pai e a madrasta em Strand até que
com uma pequena ajuda de seu sogro, permitiu-lhe ficar nas proximidades. 97 Sir
Timothy Shelley havia inicialmente concordado em apoiar o seu neto, Percy
Florence, somente se ele fosse entregue a um tutor designado, mas Mary Shelley
rejeitou essa idéia imediatamente. 98 Ela conseguiu, de Sir Timothy um subsídio
anual (que ela teria que pagar quando Percy Florence herdasse o imobiliário),
mas até o fim de seus dias ele se recusou a conhecê-la pessoalmente e tratou
com ela somente através de advogados. Mary Shelley se ocupou com a edição de
poemas de seu marido, entre outros empreendimentos literários, mas a
preocupação por seu filho restringia suas opções. Sir Timothy ameaçou parar o
subsídio eventual se qualquer biografia do poeta fosse publicada. 99 Em 1826,
Percy Florence tornou-se o herdeiro legal da propriedade Shelley após a morte
de Charles Shelley, filho de seu pai e Harriet Shelley. Sir Timothy aumentou o
subsídio de Mary de £100 por ano para £250, mas manteve-se difícil como sempre.
100 Mary Shelley gostava do circulo social de William Godwin, mas a pobreza
impedia a socialização que ela desejava. Ela também se sentia marginalizada por
aqueles que, como Sir Timothy, ainda desaprovava seu relacionamento com Percy
Bysshe Shelley. 101
No verão de 1824, Mary Shelley mudou-se para
Kentish Town no norte de Londres para ficar perto de Jane Williams. Ela pode
ter sido, nas palavras de seu biógrafo Muriel Spark, "apaixonado-se",
por Jane. Jane mais tarde desiludiu-se por causa de uma fofoca que Percy tinham
preferido ela a Mary, devido a inadequação de Mary como esposa. 102 Nessa
época, Mary Shelley estava trabalhando em seu romance, The Last Man(1826), e
ela ajudou a uma série de amigos que estavam escrevendo memórias de Byron e
Shelley Percy - os primórdios de sua tentativa de imortalizar seu marido. 103
Ela também conheceu o ator norte-americano John Howard Payne e o escritor
norte-americano Washington Irving, que a intrigou. Payne se apaixonou por ela
e, em 1826, pediu-a em casamento. Ela se recusou, dizendo que depois de ter
sido casada com um gênio, ela só poderia casar com outro. 104 Payne aceitou a
recusa e tentou, sem sucesso, falar com seu amigo Irving. Mary Shelley tinha
conhecimento do plano de Payne, mas se ela levou a sério, é incerto. 105
Miniatura de Reginald Easton de Mary Shelley é
alegadamente extraída de sua máscara mortuária(c. 1857).106
Em 1827, Mary Shelley foi parte de um esquema que
permitiu que a amiga Isabel Rodrigues e a amante de Isabel, Mary Diana Dods,
que escrevia sob o nome de David Lyndsay, embarcassem para uma vida a dois na
França como homem e mulher. 107 nota 13 Com a ajuda de Payne, a quem ela
manteve sem saber os detalhes, Mary Shelley obteve os passaportes falsos para o
casal. 108 Em 1828, ela ficou doente com varíola, enquanto visitava-os em Paris
. Semanas depois ela se recuperou, ilesa, mas sem sua beleza jovial. 109
Durante o período de 1827-40, Mary Shelley ficou
ocupada como editora e escritora. Ela escreveu os romances Perkin Warbeck
(1830), Lodore (1835) e Falkner (1837). Ela contribuiu com cinco volumes de
Lives de autores espanhóis, italianoso, portugueses, franceses e autores de
Lardner's. Ela também escreveu histórias para revistas de senhoras. Ela ainda
estava ajudando a seu pai, e procurou editores para si e para ele. 110 Em 1830,
ela vendeu os direitos de autoria para uma nova edição de Frankenstein por £60
a Henry Richard Colburn e Bentley para a sua nova série de Romances Standard.
111 Após a morte de seu pai em 1836 com oitenta anos, começou a organizar suas
cartas e um livro de memórias para publicação, como ele havia pedido em seu
testamento, mas após dois anos de trabalho, ela abandonou o projeto. 112
Durante esse período, ela também defendeu a poesia de Percy Shelley, promovendo
a sua publicação e citando-o em sua escrita. Em 1837, as obras de Percy eram
bem conhecidas e cada vez mais admiradas. 113 No verão de 1838 Edward Moxon, o
editor de Tennyson e do genro de Charles Lamb, propôs a publicação das obras
completas de Percy Shelley. Mary recebeu £500 para editar as Obras Poéticas
(1838), que Sir Timothy insistiu que não deveria incluir uma biografia. Maria
encontrou uma maneira de contar a história de vida de Percy, no entanto: ela
incluiu extensas notas biográficas sobre os poemas. 114
Mary Shelley continuava a tratar potenciais
parceiros românticos com cautela. Em 1828, ela conheceu e flertou com o
escritor francês Prosper Mérimée, mas em sua única carta a ele parece ser uma
negativa a declaração de amor dele. 115 Ela ficou encantada quando seu velho
amigo da Itália, Edward Trelawny, voltou para a Inglaterra, e brincou sobre o
casamento nas suas cartas. 116 A amizade tinha mudado, no entanto, após sua
recusa em cooperar com a sua biografia proposta de Percy Shelley, e mais tarde
ele reagiu com irritação à sua omissão da seção ateísta Queen Mab dos poemas de
Percy Shelley. 117 Referências indiretas em seus diários, a partir da década de
1830 até início dos anos 1840 , sugerem que Mary Shelley tinha sentimentos para
o político radical Aubrey Beauclerk, que pode tê-la decepcionado por duas vezes
ao se casar com outras. 118 nota 14
A primeira preocupação de Mary Shelley, durante
esses anos, foi com o bem-estar de Percy Florence. Ela honrou a vontade de seu
falecido marido de que o filho frequentasse escolas
públicas, e, com a ajuda relutante de Sir Timothy,
ele foi educado em Harrow. Para evitar as taxas de embarque, ela se mudou para
Harrow, para que Percy pudesse estudar diariamente. 119 Embora Percy tivesse
passado para Trinity College, em Cambridge, e interessado-se por política e
lei, ele não mostrou nenhum sinal dos dons de seus pais. 120 Ele se dedicou à
sua mãe, e depois que saiu da universidade em 1841, chegou a morar com ela.
Últimos anos e morte[editar
Em 1840 e 1842, mãe e filho viajaram juntos ao
continente, as viagens que Mary Shelley gravou em Andanças na Alemanha e na
Itália em 1840, 1842 e 1843 (1844). 121 Em 1844, Sir Timothy Shelley finalmente
morreu aos noventa anos, "caindo da haste como uma flor exagerada",
como Mary colocou. 122 Pela primeira vez, ela e seu filho foram independentes
financeiramente, ainda que a propriedade fosse menos valiosa do que eles
esperavam. 123
A fim de cumprir os desejos de Mary Shelley, Percy
Florence e sua esposa Jane exumaram os caixões dos pais de Mary Shelley e
enterraram-nos com ela em Bournemouth.124
Em meados da década de 1840, Mary Shelley foi alvo
de três chantagistas. Em 1845, um exilado político italiano chamado Gatteschi,
a quem ela havia conhecido em Paris, ameaçou publicar cartas que ela lhe tinha
enviado. Um amigo de seu filho subornou um delegado de polícia para apreender
documentos de Gatteschi, incluindo as cartas que então foram destruídas. 125
Pouco tempo depois, Mary Shelley comprou algumas cartas escritas por ela e
Percy Bysshe Shelley de um homem que se chama Byron G. e posou como o filho ilegítimo
do falecido Lord Byron. 126 Também em 1845, o primo de Percy Bysshe Shelley,
Thomas Medwin, aproximou dela alegando ter escrito uma biografia prejudicial de
Percy Shelley. Ele disse que não publicaria em troca de £250, mas Mary Shelley
recusou-se. 127 nota 15
Em 1848, Percy Florence casou-se com Jane Gibson St
John. O casamento foi um sucesso e Mary Shelley e Jane se encontraram.128 Mary
viveu com seu filho e sua nora em Field Place, Sussex, a casa ancestral dos
Shelleys, e em Chester Square, Londres, e os acompanhou em viagens ao exterior.
Os últimos anos de Mary Shelley foram afetados pela
doença. Desde 1839, ela sofreu de dores de cabeça e ataques de paralisia em
partes do seu corpo, que por vezes impedia de ler e escrever. 129 Em fevereiro
de 1851, em Chester Square, ela morreu com cinquenta e três anos, com a
suspeita de seu médico de um tumor cerebral. De acordo com Jane Shelley, Mary
Shelley queria ser enterrada com sua mãe e seu pai; mas Percy e Jane, julgaram
o cemitério de St Pancras "terrível", e preferiram enterrá-la em St
Peter's Church, Bournemouth, próximo a sua nova residência em Boscombe.130 No
aniversário de um ano de sua morte, os Shelleys abriram sua escrivaninha e
dentro dela encontraram mechas de cabelos de seus filhos mortos, um caderno que
ela compartilhava com Percy Bysshe Shelley, e uma cópia de seu poema Adonais
com uma página dobrada em volta de uma pedaço de seda contendo algumas de suas
cinzas e os restos do seu coração.72
Temas e estilos literários[editar | editar código-fonte]
Mary Shelley viveu uma vida literária. Seu pai a
incentivou a aprender a escrever através da escrita de cartas, 131 e sua
ocupação favorita quando criança era escrever histórias. 132 Infelizmente, toda
a juvenilia de Mary foi perdida quando ela fugiu com Percy, em 1814, e nenhum
de seus manuscritos sobreviventes eram de datas anteriores a esse ano.133 Seu
primeiro trabalho publicado é, ou se julga ter sido, Mounseer Nongtongpaw,134
versos cômicos escritos para a Biblioteca Juvenil Godwin quando ela tinha dez
anos e meio, no entanto, o poema é atribuído a um outro escritor na mais
recente coleção autorizada de suas obras. 135 Percy Shelley entusiasticamente
incentivou Mary Shelley a escrever: "Meu marido sempre foi muito ansioso
para que provasse ser digna da minha filiação, e assim ter meu nome inscrito na
página da fama. Estava sempre incitando-me para obter reputação literária
". 136
Romances: Elementos autobiográficos
Algumas partes dos romances de Mary Shelley, muitas
vezes são interpretados como passagens mascaradas da sua vida. Críticos apontam
para a recorrência do motivo pai-filha, em especial, como prova deste estilo
autobiográfico.137 Por exemplo, os críticos frequentemente leram Mathilda(1820)
como autobiográfica, identificando os três personagens centrais como versões de
Mary Shelley, William Godwin, e Percy Shelley.138 Mary Shelley confidenciou que
ela inspirou os personagens centrais de The Last Man em seu círculo italiano.
Lord Raymond, que deixa a Inglaterra para lutar com os gregos e morre em
Constantinopla, é baseado em Lord Byron e o utópico Adrian, Conde de Windsor,
que leva seus seguidores em busca de um paraíso natural e morre quando afunda o
seu barco em uma tempestade, é um retrato ficcional de Percy Bysshe Shelley.139
No entanto, como ela escreveu em sua resenha do livro de Godwin
Cloudesley(1830), ela não acreditava que os autores "eram apenas cópias de
de seus próprios corações". 140 William Godwin foi referido como personagem
de sua filha mais como tipos ao invés de retratos da vida real.141 Alguns
críticos modernos, como Patricia Clemit e Jane Blumberg, tomaram a mesma
opinião, persistindo em leituras de obras de Mary Shelley como
autobiográficas..142
Gêneros de romances
"Eutanásia nunca mais se ouviu falar, até
mesmo o nome dela morreu .... As crônicas privadas, a partir da qual a relação
inicial foi coletada, terminam com a morte de Eutanásia. É, portanto, em
histórias públicas que encontramos um relato dos últimos anos da vida de
Castruccio."
— De Mary Shelley, Valperga143
Mary Shelley empregava técnicas de diferentes
gêneros de romances, mais intensamente o romance godwiniano, o romance
histórico de Walter Scott, e o romance gótico. O romance Godwiniano, feito
popularmente durante a década de 1790 com as obras de Godwin Caleb
Williams(1794), "empregava uma forma confessional rousseauniana para
explorar as relações contraditórias entre o indivíduo e a sociedade",144 e
Frankenstein exibe muitos dos mesmos temas e recursos literários dos romances
de Godwin.145 No entanto, Shelley critica os ideais do Iluminismo que Godwin
promove em suas obras.146 Em The Last Man, ela usa a forma filosófica do
romance godwiniano para demonstrar a insignificância do mundo.147 Enquanto
romances godwinianos anteriores tinham mostrado como indivíduos racionais
poderiam melhorar lentamente sociedade,The Last Man e Frankensteindemonstram
ausência do indivíduo no controle sobre a história.148 Shelley usa o romance histórico
para comentar sobre as relações de gênero, por exemplo,Valperga é uma versão
feminista do gênero machista de Scott.149 Apresentando as mulheres na história
que não fazem parte do registro histórico, Shelley utiliza suas narrativas para
questionar instituições teológicas e políticas.150 Shelley marca a ganância
compulsiva do protagonista masculino para a conquista, em oposição a uma
alternativa feminina: razão e sensibilidade.151 Em Perkin Warbeck, outro
romance histórico de Shelley, Lady Gordon defende os valores da amizade, da
vida doméstica e igualdade. Através dela, Shelley oferece uma alternativa
feminina à política do poder masculino que destroe os personagens do sexo
masculino. O romance apresenta uma narrativa histórica mais abrangente de modo
a desafiar aquela que geralmente refere-se apenas aos eventos masculinos.
Fonte Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mary_Shelley