quinta-feira, 16 de maio de 2019

Poesia De Quinta Na Usina: D'Araújo: Sabor:



 Entre o tempo e o espaço
Fica o descompasso do meu desejo
Na eterna busca do sabor dos teus beijos

O calor da tua alma, e a beleza do teu ser...



Conteúdo do Livro:




















Editora: www.biblioteca24x7.com.br

Poesia De Quinta Na Usina: Fernando Pessoa: Abdicação:




Toma-me, ó noite eterna, nos teus braços
E chama-me teu filho.
Eu sou um rei
que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos,
Em mão viris e calmas entreguei;
E meu cetro e coroa — eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas de um tinir tão fútil,
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma

Como a paisagem ao morrer do dia.




                  Cancioneiro
 Fernando Pessoa
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/cancioneiro.htm

Poesia de Quinta Na Usina: Machado de Assis:TO BE OR NOT TO BE:




(SHAKESPEARE)
Ser ou não ser, eis a questão. Acaso
É mais nobre a cerviz curvar aos golpes
Da ultrajosa fortuna, ou já lutando
Extenso mar vencer de acerbos males?
Morrer, dormir, não mais. E um sono apenas,
Que as angústias extingue e à carne a herança
Da nossa dor eternamente acaba,
Sim, cabe ao homem suspirar por ele.
Morrer, dormir. Dormir? Sonhar, quem sabe!
Ai, eis a dúvida. Ao perpétuo sono,
Quando o lodo mortal despido houvermos,
Que sonhos hão de vir? Pesá-lo cumpre.
Essa a razão que os lutuosos dias
Alonga do infortúnio. Quem do tempo
Sofrer quisera ultrajes e castigos,
Injúrias da opressão, baldões do orgulho,
Do mal prezado amor choradas mágoas,
Das leis a inércia, dos mandões a afronta,
E o vão desdém que de rasteiras almas
O paciente mérito recebe,
Quem, se na ponta da despida lâmina
Lhe acenara o descanso? Quem ao peso
De uma vida de enfados e misérias
Quereria gemer, se não sentira
Terror de alguma não sabida cousa
Que aguarda o homem para lá da morte,
Esse eterno país misterioso
Donde um viajor sequer há regressado?
Este só pensamento enleia o homem;
Este nos leva a suportar as dores
Já sabidas de nós, em vez de abrirmos
Caminho aos males que o futuro esconde,
E a todos acovarda a consciência.
Assim da reflexão à luz mortiça
A viva cor da decisão desmaia;
E o firme, essencial cometimento,
Que esta idéia abalou, desvia o curso,

Perde-se, até de ação perder o nome.





Ocidentais
Texto-fonte:
Obra Completa, Machado de Assis, vol. III,
Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1994.
Publicado originalmente em Poesias Completas, Rio de Janeiro: Garnier, 1901.

Poesia De Quinta Na Usina: Florbela Espanca:VOZES DO MAR:



Quando o sol vai caindo sob as águas Num nervoso delíquio d´ouro intenso, 
Donde vem essa voz cheia de mágoas

Com que falas à terra, ó mar imenso? 
Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar? 
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar? 
Tens cantos d´epopéias? Tens anseios D´amarguras? 
Tu tens também receios, Ó mar cheio de esperança e majestade?! 
Donde vem essa voz, ó mar amigo?...

...Talvez a voz do Portugal antigo, Chamando por Camões numa saudade!

Poesia De Quinta Na Usina: D'Araújo: Manhãs e noites:



Como sois lindas,
Ó bela e enevoada flor,
Que seja eterno o amor
E o desejo que por ti velo,

E que as manhãs e noites,
Sejam separadas, apenas
pelo o imenso prazer de estarmos,

sempre juntos.



Conteúdo do Livro:

















Editora: www.perse.com.br