(Raimundo da Mota de Azevedo Correia), magistrado, professor, diplomata
e poeta, nasceu em 13 de maio de 1859, a bordo do navio brasileiro São Luís,
ancorado na Baía de Mogúncia, MA, e faleceu em Paris, França, em 13 de setembro
de 1911.
Foram
seus pais o Desembargador José Mota de Azevedo Correia, descendente dos duques
de Caminha, e Maria Clara Vieira da Silva. Vindo a família para a Corte, o
pequeno Raimundo foi matriculado no Internato do Colégio Nacional, hoje Pedro
II, onde concluiu os estudos preparatórios em 1876. No ano seguinte,
matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo. Ali encontrou um grupo de
rapazes entre os quais estavam Raul Pompeia, Teófilo Dias, Eduardo Prado,
Afonso Celso, Augusto de Lima, Valentim Magalhães, Fontoura Xavier e Silva
Jardim, todos destinados a ser grandes figuras das letras, do jornalismo e da
política.
Em
São Paulo, no tempo de estudante, colaborou em jornais e revistas. Estreou na
literatura em 1879, com o volume de poesias Primeiros sonhos. Em 1883, publicou
as Sinfonias, onde se encontra um dos mais conhecidos sonetos da língua
portuguesa, “As pombas”. Este poema valeu a Raimundo Correia o epíteto de “o
Poeta das pombas”, que ele, em vida, tanto detestou. Recém-formado, veio para o
Rio de Janeiro, sendo logo nomeado promotor de justiça de São João da Barra e,
em fins de 1884, era juiz municipal e de órfãos e ausentes em Vassouras. Em 21
de dezembro daquele ano casou-se com Mariana Sodré, de ilustre família
fluminense. Em Vassouras, começou a publicar poesias e páginas de prosa no
jornal O Vassourense, do poeta, humanista e músico Lucindo Filho, no qual
colaboravam nomes ilustres: Olavo Bilac, Coelho Neto, Alberto de Oliveira,
Lúcio de Mendonça, Valentim Magalhães, Luís Murat, e outros. Em começos de
1889, foi nomeado secretário da presidência da Província do Rio de Janeiro, no
governo do conselheiro Carlos Afonso de Assis Figueiredo. Após a proclamação da
República, foi preso. Sendo notórias as suas convicções republicanas, foi
solto, logo a seguir, e nomeado juiz de direito em São Gonçalo de Sapucaí, no
sul de Minas.
Em
22 de fevereiro de 1892, foi nomeado diretor da Secretaria de Finanças de Ouro
Preto. Na então capital mineira, foi também professor da Faculdade de Direito.
No primeiro número da Revista que ali se publicava, apareceu seu trabalho “As
antiguidades romanas”. Em 1897, no governo de Prudente de Morais, foi nomeado
segundo secretário da Legação do Brasil em Portugal. Ali edita suas Poesias, em
quatro edições sucessivas e aumentadas, com prefácio do escritor português D.
João da Câmara. Por decreto do governo, suprimiu-se o cargo de
segundo-secretário, e o poeta voltou a ser juiz de direito. Em 1899, residindo
em Niterói, era diretor e professor no Ginásio Fluminense de Petrópolis.
Em
1900, voltou para o Rio de Janeiro, como juiz de vara cível, cargo em que
permaneceu até 1911. Tuberculoso, por motivos de saúde partiu para Paris em
busca de tratamento. Ali veio a falecer. Seus restos mortais ficaram em Paris
até 1920. Naquele ano, juntamente com os do poeta Guimarães Passos, também
falecido na capital francesa, para onde fora igualmente à procura de saúde, foram transladados para o
Brasil, por iniciativa da Academia Brasileira de Letras, e depositados, em 28
de dezembro de 1920, no cemitério de São Francisco Xavier.
Raimundo
Correia ocupa um dos mais altos postos na poesia brasileira. Seu livro de
estreia, Primeiros sonhos (1879) insere-se ainda no Romantismo. Já em Sinfonias
(1883) nota-se o feitio novo que seria definitivo em sua obra o Parnasianismo.
Segundo os cânones dessa escola, que estabelecem uma estética de rigor formal,
ele foi um dos mais perfeitos poetas da língua portuguesa, formando com Alberto
de Oliveira e Olavo Bilac a famosa Trindade Parnasiana. Além de poesia, deixou
obras de crítica, ensaio e crônicas.
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