A “RÉCLAME’ III
Para encurtar razões: Passos Nogueira e Laura foram por muito tempo, e não sei se continuam a ser, os amantes mais apaixonados que ainda houve.
Ela nunca perdoou ao marido o mau passo que deu. Seria ainda hoje o modelo das esposas, se o comendador não se lembrasse de fazer réclame ao poeta.
Este, por expressa recomendação da amante, nunca mais apareceu no caramanchão fatídico. Isto fez com que o marido tornasse às boas. Uma tarde perguntou:
— Ó menina, então o poeta já ali não mora?
— Não sei, respondeu Laura com uma deliciosa indiferença. Se se mudou, melhor! Um libertino daqueles!
— Deixa-o lá, coitado! Muitas vezes são mais as vozes do que as nozes;
— Que diabo! foi você mesmo quem falou da filha do despachante, da mulher do negociante e da viúva do coronel!...
— Disseram-me. Este Rio de Janeiro, menina, é a terra da maledicência. Deus me livre de que alguém se lembre de espalhar por aí que eu roubei o sino de São Francisco.
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