O MESMO
Desde a quadra mais antiga De que rezam pergaminhos, Cantam a mesma
cantiga Na floresta os passarinhos.
Têm o
mesmo aroma as flores,
Mesma
verdura as campinas,
A brisa
os mesmos rumores,
Mesma
leveza as neblinas.
Tem o sol
as mesmas luzes,
Tem o mar
as mesmas vagas,
O deserto
as mesmas urzes,
A mesma
dureza as fragas.
Os mesmos
tolos o mundo,
A mulher
o mesmo riso,
O
sepulcro o mesmo fundo,
Os homens
o mesmo siso.
E neste
insípido giro,
Neste vôo
sempre a esmo,
Vale a
pena, em seu retiro,
Cantar o
poeta, mesmo?
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