quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:

 


O poema apesar de tudo
PARA CECY BARTH

Às vezes faço poemas de um equilíbrio instável... Cai, cai, balão!
(As prateleiras da estante estão olhando de dentes [arreganhados, 
compridos dentes de todas as cores [festivamente arreganhados)
Ah, o trabalho do poeta! Nem queiras saber... É muito pior do que armar 
meticulosamente um [castelo de cartas,
ou uma Torre Eiffel com pauzinhos de fósforos ante a [janela aberta
(lá fora sorri sadicamente o Anjo das Tempestades). E pensar que ainda 
há gente por aí que acha tão fácil [o milagre da Ascensão...
Mas ele não caiu
O poema desta vez não caiu...
Olha! o poema chispa como um sputnik! 
O poema é a lua na amplidão!

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