domingo, 1 de dezembro de 2019

Domingo Na Usina:Biografias: Ferreira Gullar:

Ferreira Gullar

Poeta e ensaísta brasileiro

Biografia de Ferreira Gullar:


Ferreira Gullar (1930) nasceu em São Luís, Maranhão, no dia 10 de setembro de 1930. Iniciou seus estudos em sua cidade natal. No início da década de 60, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde participou do Centro Popular de Cultura da extinta União Nacional do Estudante. Após a edição do A-I nº5, em 1968, Ferreira Gullar é preso e exilado em Paris e depois em Buenos Aires. Em 1977, é absolvido pelo STF e retorna ao Brasil.Ferreira Gullar (1930) é poeta, crítico de arte e ensaísta brasileiro. Abriu caminho para a "Poesia Concreta", com o livro "Luta Corporal". Organizou e liderou o movimento literário "Neoconcreto".
A partir de 45 formou-se na poesia brasileira uma nova geração, denominada neomodernista ou pós-modernista, reagindo contra o "trivial e o supérfluo", cuja ideia foi divulgada na revista “A Ilha”. Ferreira Gullar iniciou sua obra sob os princípios da poesia concreta, logo renunciando os vanguardistas de São Paulo, numa luta para construir uma expressão própria.
Em 1954 escreveu a "Luta Corporal", livro que prenunciava a Poesia Concreta. Em 1956, depois de participar da primeira exposição de Poesia Concreta, realizada em São Paulo, organizou e liderou o grupo "Neoconcreto", no qual participaram Lígia Clark e Hélio Oiticica. Após romper com os concretistas, aproxima-se da realidade popular e do pensamento progressista da época, todo ele ligado ao populismo.
Em 1976, publica o "Poema Sujo", escrito em 1975, no exílio em Buenos Aires, que representa a solução dos problemas vividos por todos os intelectuais do período, que viram seus ideais populistas serem sufocados pela revolução de 1964.
Para o teatro Ferreira Gullar escreveu, em 1966, em parceria com Oduvaldo Vianna Filho, a peça "Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come". Em parceria com Arnaldo Costa e A.C. Fontoura, escreveu, em 1967, "A Saída? Onde Fica a Saída?". Junto com Dias Gomes, em 1968, escreveu "Dr Getúlio, Sua Vida e Sua Glória". Para a televisão, colaborou para as novelas Araponga em 1990; Irmãos Coragem em 1995 e Dona Flor e Seus Dois Maridos em 1998.
Ferreira Gullar ganhou diversos prêmios de literatura, entre eles, o Prêmio Jabuti de melhor livro de ficção de 2007, com "Resmungos". Também teve reconhecimento pelo Prêmio Camões em 2010. No mesmo ano, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, da UFRJ. Em 2011, recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia.

Obras de Ferreira Gullar

Um Pouco Acima do Chão, poesia, 1949
A Luta Corporal, poesia, 1954
Teoria do Não-Objeto, ensaio, 1959
João Boa-Morte, Cabra Marcado pra Morrer, poesia, 1962
Quem Matou Aparecida?, poesia, 1962
Cultura Posta em Questão, ensaio, 1964
Se Corre o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, teatro, 1966
A Saída? Onde Fica a Saída?, teatro, 1967
Dr. Getúlio, Sua Vida e Sua Glória, teatro, 1968
Por Você, Por Mim, poesia, 1968
Vanguarda e Subdesenvolvimento, ensaio, 1969
Dentro da Noite Veloz, poesia, 1975
A Luta Corporal e Novos Poemas, poesia, 1976
Poema Sujo, poesia, 1976
Antologia Poética, poesia, 1977
Augusto dos Anjos ou Vida e Morte Nordestina, ensaio, 1977
A Vertigem do Dia, poesia, 1980
Sobre Arte, ensaio, 1983
Barulhos, poesia, 1987
Poemas Escolhidos, 1989
Indagação de Hoje, ensaio, 1989
O Formigueiro, poesia, 1991
Argumentação Contra a Morte da Arte, ensaio, 1993
Rabo de Foguete-Os Anos no Exílio, memórias, 1998
Muitas Vozes, poesia, 1999
Rembrandt, ensaio, 2002
Relâmpagos, ensaio, 2003
Um Gato Chamado Gatinho, poesia, 2005
Resmungos, poesia, 2007
Em Alguma Parte Alguma, poesia, 2010

Fonte: http://www.e-biografias.net/ferreira_gullar/

Domingo Na Usina:Biografias: MARQUES REBELO:

Segundo ocupante da Cadeira 9, eleito em 10 de dezembro de 1964, na sucessão de Carlos Magalhães de Azeredo e recebido pelo Acadêmico Aurélio Buarque de Holanda em 28 de maio de 1965. Recebeu os Acadêmicos Francisco de Assis Barbosa e Herberto Sales.
Marques Rebelo (nome literário de Edi Dias da Cruz), jornalista, contista, cronista, novelista e romancista, nasceu no Rio de Janeiro, em 6 de janeiro de 1907, e faleceu também nessa cidade em 26 de agosto de 1973.
Era filho do químico Manuel Dias da Cruz Neto e de Rosa Reis Dias da Cruz. Sua infância dividiu-se entre Vila Isabel, onde nasceu, e a cidade mineira de Barbacena, para onde sua família se mudou quando ele tinha quatro anos. O que nunca lhe faltou, no Rio ou em Minas, foi um terreno baldio para jogar futebol e livros para ler. Além dos livros de ficção da biblioteca de seu pai, aos 11 anos já tinha lido autores que os outros só lêem quando adultos: Buffon, Flaubert, Balzac e os clássicos portugueses. Aos 15 anos o conhecimento de Machado de Assis e Manuel Antônio de Almeida iria despertar nele a “coceira de escrever” de que nunca mais se libertaria. Prosseguiu seus estudos e, no início dos anos 20, ingressou na Faculdade de Medicina, que logo abandonou para se dedicar ao comércio.
Dedicou-se ao jornalismo profissional no início dos anos 20. Publicou poemas nas revistas modernistas Verde, Antropofagia, Leite Crioulo e outras. Escreveu seus primeiros contos por volta de 1927, quando fazia o Serviço Militar. Oscarina, publicado em 1931, é, em grande parte, fruto de sua vivência na caserna, que se transformou em literatura graças a uma queda sofrida numa competição esportiva que o reteve meses numa cama de hospital, e ele aproveitava o tempo para escrever. Juntamente com a decisão de abandonar a poesia e se tornar ficcionista, o escritor tomou a de rebatizar-se. Questionado porque adotou o pseudônimo de Marques Rebelo, Edi Dias da Cruz explicou: “Nome de família muitas vezes atrapalha. Devido à campanha que fizeram contra os modernistas na Semana de Arte Moderna, justamente na época e por influência da mesma senti que tinha vocação para a literatura e resolvi adotar esse pseudônimo, evitando assim sofrimentos para a família.”
Dois anos depois de Oscarina, veio a público Três caminhos, volume composto pelas novelas “Namorada”, “Vejo a lua no céu” e “Circo de cavalinhos”, e o romance Marafa, em 1935, laureado com o Grande Prêmio de Romance Machado de Assis, da Cia. Editora Nacional. O grande êxito viria em 1939 com A estrela sobre, romance de uma jovem suburbana que “vence” no rádio, a grande fábrica de ilusões dos anos 30. Marques Rebelo integrou a geração que fez o Romance de 30, inserido na linha da literatura de acusação e de denúncia da miséria brasileira. Foi o romancista do Rio de Janeiro, sobretudo de sua gente simples e humilde. Para ele, o Rio era a Zona Norte, de onde vinha o Carnaval e onde ia buscar a maioria dos seus personagens de classe média. Escreveu sobre futebol, viagens e sobre Manuel Antônio de Almeida, o primeiro romancista brasileiro a retratar a vida urbana do Rio de Janeiro. Depois de Manuel Antônio de Almeida, Machado de Assis e Lima Barreto, Marques Rebelo é o mais apaixonado pintor da vida carioca. Mas o Rio por ele descrito já desapareceu, pois ele retratou a cidade nos últimos anos pré-industriais, quando na Tijuca ainda se faziam serenatas, a Lapa estava no auge e casais de namorados passeavam de bonde.
Depois de anos de paciente trabalho, publicou em 1959 O Trapicheiro, seguido de mais dois volumes: A mudança (1962) e A guerra está entre nós (1968), que formam o grande e inconcluso romance cíclico O espelho partido, painel fragmentário da vida brasileira, especialmente carioca, na primeira metade do século.

Domingo Na Usina: Biografias:Oscar Wilde:


Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde, ou simplesmente Oscar Wilde (Dublin, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, atual República da Irlanda, 16 de outubro de 1854 — Paris, França, 30 de novembro de 1900) foi um influente escritor, poeta e dramaturgo britânico de origem irlandesa.1 Depois de escrever de diferentes formas ao longo da década de 1880, ele se tornou um dos dramaturgos mais populares de Londres, em 1890. Hoje ele é lembrado por seus epigramas e peças, e as circunstâncias de sua prisão, que foi seguido por sua morte precoce.
Oscar Wilde
Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde nasceu na cidade de Dublin em 16 de outubro de 1854, quando o que hoje é a República da Irlanda ainda pertencia ao Reino Unido, na forma do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. O segundo de três filhos, foi criado numa família protestante (depois convertendo-se à Igreja Católica), estudou na Portora Royal School de Enniskillen e no Trinity College de Dublin, onde se sobressaiu como latinista e helenista.2 Ganhou depois uma bolsa de estudos para o Magdalen College de Oxford.3
Wilde saiu de Oxford em 1878. Um pouco antes de ter ganho o prêmio "Newdigate" com o poema "Ravenna".3
Passou a morar em Londres e começou a ter uma vida social bastante agitada, sendo logo caracterizado pelas atitudes extravagantes.1
Foi convidado para ir aos Estados Unidos a fim de dar uma série de palestras sobre o movimento estético por ele fundado, o esteticismo, ou dandismo, que defendia, a partir de fundamentos históricos, o belo como antídoto para os horrores da sociedade industrial, sendo ele mesmo um dândi.4
Em 1883, vai para Paris e entra para o mundo literário local, o que o leva a abandonar seu movimento estético. Volta para a Inglaterra e casa-se com Constance Lloyd, filha de um rico advogado de Dublin, indo morar em Chelsea, um bairro de artistas londrinos. Com Constance teve dois filhos, Cyril, em 1885 e Vyvyan, em 1886. O melhor período intelectual de Oscar Wilde é o que vai de 1887 a 1895.5
O sucesso[editar | editar código-fonte]
Em 1892, começa uma série de bem sucedidas histórias, hoje clássicos da dramaturgia britânica: O leque de Lady Windermere (1892), Uma Mulher sem Importância (1893), Um Marido Ideal e A importância de ser Prudente (ambas de 1895). Nesta última, o ar cômico começa pelo título ambíguo: Earnest, "fervoroso" em inglês, tem o mesmo som de Ernest, nome próprio.4
Publica contos como O Príncipe Feliz e O Rouxinol e a Rosa, que escrevera para os seus filhos, e O crime de Lord Artur Saville.1
O seu único romance foi O Retrato de Dorian Gray.1
Oscar Wilde foi pioneiro na criação do filme de drama e no de ação.
A situação financeira de Wilde começou a melhorar, e, com ela, conquista uma fama ainda maior. O sucesso literário foi acompanhado de uma vida bastante mundana, e suas atitudes tornaram-se cada vez mais excêntricas.5
Os julgamentos e prisão[editar | editar código-fonte]
Wilde e seu suposto amante
Em Maio de 1895, após três julgamentos, foi condenado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados, por "cometer atos imorais com diversos rapazes".6 Wilde escreveu uma denúncia contra um jovem chamado Bosie, publicada no livro De Profundis, acusando-o de tê-lo arruinado. Bosie era o apelido de Lorde Alfred Douglas, um dos homens de que se suspeitava que Wilde fosse amante. Foi o pai de Bosie, o Marquês de Queensberry, que levou Oscar Wilde ao tribunal. No terrível período da prisão, Wilde redigiu uma longa carta a Douglas, que a chamou de De Profundis.4
A imaginação como fruto do amor é uma das armas que Wilde utiliza para conseguir sobreviver nas condições terríveis da prisão. Apesar das críticas severas a Douglas, ele ainda alimenta o amor dentro de si como estratégia de sobrevivência. A imaginação, a beleza e a arte estão presentes na obra de Wilde.5

Após a condenação a vida mudou radicalmente e o talentoso escritor viu, no cárcere, serem consumidas a saúde e a reputação. No presídio, o autor de Salomé (1893) produziu, entre outros escritos, De Profundis, o clássico anarquista, A Alma do Homem sob o Socialismo e a célebre Balada do Cárcere de Reading.1
Os últimos anos[editar | editar código-fonte]
Foi libertado em 19 de maio de 1897. Poucos o esperavam na saída, entre eles seu maior amigo Robert Ross.
Passou a morar em Paris e a usar o pseudônimo Sebastian Melmoth. As roupas tornaram-se mais simples e o escritor passou a morar num lugar humilde, de apenas dois quartos. A produtividade literária era pequena.5
O fato histórico de seu sucesso ter sido arruinado pelo Lord Alfred Douglas (Bosie) tornou-o ainda mais culto e filosófico, sempre defendendo o amor que não ousa dizer o nome, definição sobre a homossexualidade, como forma de mais perfeita afeição e amor.3
Oscar Wilde morreu de um violento ataque de meningite, agravado pelo álcool e pela sífilis, às 9h50 do dia 30 de novembro de 1900.1
Em seu leito de morte foi aceito pela Igreja Católica Romana e Robert Ross, em sua carta para More Adey (datada de 14 de Dezembro de 1900), disse: Ele estava consciente de que havia pessoas presentes e levantou sua mão quando pedi, mostrando entendimento. Ele apertou nossas mãos. Eu então fui enviado em busca de um padre e, depois de grande dificuldade, encontrei o Padre Cuthbert Dunne, que foi comigo e administrou o Batismo e a Extrema Unção — Oscar não pode tomar a Eucaristia.4
Wilde foi enterrado no Cemitério de Bagneux, fora de Paris, porém mais tarde foi movido para o Cemitério de Père Lachaise.7 Sua tumba é obra do escultor Sir Jacob Epstein, à requisição de Robert Ross, que também pediu um pequeno compartimento para seus próprios restos. Seus restos foram transferidos para a tumba em 1950.3
A obra[editar | editar código-fonte]
Oscar
Em seu único romance, O Retrato de Dorian Gray, considerado por críticos como obra-prima da literatura inglesa, Oscar Wilde trata da arte, da vaidade e das manipulações humanas.4
Já em várias de suas novelas, como por exemplo O Fantasma de Canterville, Wilde critica o patriotismo da sociedade.
Em seus contos infantis preocupou-se em deixar lições de moral através do uso de linguagem simples. O Filho da Estrela (ver em Ligações Externas), é exemplo disso.1
No teatro, escreveu nove dramas, muitos ainda encenados até hoje.8
Wilde destacou-se como poeta, principalmente na juventude. Rosa Mystica, Flores de Ouro são alguns trabalhos conhecidos nesse campo.3
Wilde foi um mestre em criar frases marcadas por ironia, sarcasmo e cinismo.5
Cronologia[editar | editar código-fonte]
1874 - Ganha a medalha de Ouro de Berkeley por seu trabalho em grego sobre os poetas helenos no Trinity College.
1876 - Ganha o prêmio em literatura grega e latina, no Magdalen College. Publica a primeira poesia, versão de uma passagem de As Nuvens de Aristófanes, intitulada O coro das Virgens das Nuvens.
1878 - Ganha o prêmio Newizgate, com seu poema Ravenna, escrito em março desse ano.
1879 - Phèdre, sob o título A Sara Bernhardt, é publicado no The Word.
1880 - Escreve o drama em cinco atos Vera, ou Os Niilistas, sobre o niilismo na Rússia.
1881 - Publica em julho a primeira edição de Poemas, coligidos por David Bogue.
1883 - Em Paris termina sua tragédia A Duquesa de Pádua.
1887–89 - Trabalha como editor de The Woman's World.
1888 - Publica O Príncipe Feliz e Outras Histórias, contos de fadas.
1889 - Publica O Retrato do Sr. W.H., baseado no mistério criado em torno do protagonista e do autor dos Sonetos de Shakespeare, sendo recebido de forma hostil pela crítica.
1890 - A primeira versão de O Retrato de Dorian Gray é publicada no Lippincott's Monthly Magazine.
1891 - O ensaio A Alma do Homem sob o Socialismo é publicado no The Fortnightly Review. Publica a versão revisada de O Retrato de Dorian Gray. Também publica Intentions, Lord Arthur Savile's Crime and Other Stories e A house of Pomegranates.
1892 - Estreia com grande sucesso no St. James Theatre, de Londres, O Leque de Lady Windermere. Sarah Bernhardt ensaia em Londres Salomé, peça em um ato escrita em francês, sobre a morte de São João Batista, cuja estreia, à última hora, é proibida por apresentar personagens bíblicos.
1893 - Salomé é bem recebida quando produzida em Paris e Berlim. Uma mulher sem importância é montada em Londres, também com êxito, e O Leque de Lady Windermere é publicado.
1894 - Edição de Salomé em Londres, com ilustrações do desenhista Audrey Bearsdley. Publica Uma Mulher sem importância e o poema A Esfinge que não obteve sucesso.
1895 - As peças Um marido ideal e A Importância de ser Prudente são montadas em Londres com êxito total. Em 27 de maio deste ano Oscar Wilde é preso, primeiro na Prisão de Pentoville, depois na de Wandsworth. Ainda em maio, o ensaio A Alma do Homem sob o Socialismo é publicado em livro. A 13 de novembro é transferido para a Prisão de Reading, na cidade do mesmo nome, onde ficará até o final da sentença.
1896 - Salomé é representada em Paris, tendo Sarah Bernhardt no papel principal. Em 7 de julho é executado na Prisão de Reading o ex-sargento Charles T. Woolridge, cuja morte inspira Oscar Wilde ao seu maravilhoso poema A Balada do Cárcere de Reading.
1897 - Ainda na prisão, Oscar Wilde escreve De Profundis, uma longa carta a Lorde Douglas.
Sai da Prisão e em 28 de maio, aparece no Daily Chronicle, a primeira carta sobre o regime penitenciário britânico, sob o título O Caso do Guarda Martin.
1898 - Publica A Balada do Cárcere de Reading e escreve outra longa carta ao Daily Chronicle sobre as condições carcerárias.
1899 - A Importância de Ser Prudente e Um marido ideal são publicados em livro.

1900 - Em 30 de novembro morre Oscar Wilde vítima de meningite.

Fonte de Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Wilde

Domingo Na Usina:Biografías:Guadalupe Dueñas



 Guadalupe Dueñas (Guadalajara, Jalisco, 19 de octubre de 1920 - México, DF, 13 de 
enero del 2002) fue una destacadacuentista y ensayista mexicana del siglo XX.
Guadalupe Dueñas de la Madrid fue la hija primogénita del matrimonio de Miguel Dueñas Padilla, de ascendencia española, y Guadalupe de la Madrid García, prima hermana del ex presidente de México, Miguel de la Madrid Hurtado, y nieta de Enrique O. De la Madrid. Su padre fue estudiante del Seminario Católico sólo que, en un viaje a Colima, conoció a una adolescente de catorce años, de origen libanés: Guadalupe de la Madrid y dejó los hábitos. Lo que siguió a este encuentro carece de detalles: la metió en un colegio (pues aún era muy chica para casarse) y cuando tuvo edad suficiente, contrajeron matrimonio y se mudaron juntos a Guadalajara.
La pareja formó familia grande: catorce hijos, de los cuales ocho llegaron a la edad adulta: Guadalupe, Miguel (quien murió en un accidente a los veintitrés años), Carmelita, Gloria, Lourdes, Luz María, Manuel y María de los Ángeles.1
Fuera de estas pequeñas señas familiares, de los primeros años de la vida de Guadalupe se conoce poco salvo lo que varias fuentes repiten: cursó su educación básica en los Colegios Teresianos de la Ciudad de México y Morelia; tomó clases particulares de literatura con Emma Godoy y llevó cursos en la Universidad Nacional Autónoma de México.

Juventud e infancia:

Si bien de los segundos años de la vida de Dueñas no existe suficiente bibliografía, en el archivo de la Coordinación Nacional de Literatura se conserva la fotocopia de una entrevista publicada justo después de la muerte de la autora pero que tuvo lugar un día de 1993 en la casa que Dueñas tenía en la avenida Universidad, frente a los Viveros de Coyoacán.
Leonardo Martínez Carrizales, el autor de este documento, tenía el propósito de obtener el material suficiente para elaborar una biografía a la manera en que Víctor Díaz Arciniega había hecho la suya sobre el director de la huelga por la autonomía universitaria, Alejandro Gómez Arias.
Los deseos de Carrizales se vieron frustrados: después de Semana Santa, la escritora no lo admitió de nuevo pues debía prepararse, dijo, en silencio para la muerte.
Sin embargo, antes del silencio, las palabras recogidas en esa entrevista logran dar con un perfil íntimo de la escritora. Sale a escena, por ejemplo, un padre que
tenía la idea de la religión de la edad de las cavernas --no, no tanto--, qué le diré, de… pues sí, ¡terrible! […] como una réplica de Isabel La Católica [y mi madre era] absolutamente diferente de él, gente de mar, con una familia libre, liberal, como les decían, que no tenían nada que ver con la cosa religiosa [Sin embargo, nosotros llevamos] una vida absolutamente conventual. Yo no conocía a nadie. Rezábamos el rosario con toda la servidumbre. Las amistades todas eran cristianísimas. De un convento salíamos para otro.
Mi papá a las seis de la mañana nos levantaba para ir a misa de siete. Y como él se quedó con la cuestión religiosa porque debería haber sido un sacerdote… nos despertaba con “¡viva Jesús!” y yo quedito decía “¡que se muera!”, porque me despertaba, tenía frío y teníamos que ir a la iglesia a misa… Todo eso me ponía trastornada. Y a mis hermanas, a nadie le afectaba. Entonces ellos vieron que yo nací malvada […] Yo realmente toda mi juventud la pasé en el internado. Ya salí señora grande como de dieciocho años. Cuando salí al mundo […] venía encandilada porque de ni de un lado ni de otro.

2


De un encierro al siguiente entre las identidades con las que no se sentía identificada (“ni de un lado ni de otro"), es que Guadalupe Dueñas empezó a escribir:

Yo llevaba un diario que llevaban todas las niñas del colegio: no era casual. Ellas lo llevaban y las madres nos decían que sí […] que dijéramos: hoy lunes pasó esto, hoy martes rezamos tal cosa. En fin, cosas de esas. Y yo entonces en ese libro realmente fui yo. Puse todos los odios, el disgusto que me causaba la vida, la decepción en la que estaba, la desesperanza total. Fui muy renegada, y aparte muy alegre. Yo allí hice versos; en fin hice todo lo que creía poder hacer. Me traje el libro, y ese libro que fue tan oscuramente escrito, de cosas que no pasaban, ¡no pasaba nada! Yo decía: ‘hoy es lunes, aquí no pasa nada ni va a pasar nunca jamás. Nada, no hay una monja que se muera, no hay…’ Bueno, cosas horribles[.] Y allí hice muchos versos y muchos medios cuentos que creía yo que eran cuentos y era poesía.2
El primer lector de este cuaderno, y los poemas que adentro había, fue su tío, el sacerdote y humanista Alfonso Méndez Plancarte, primo de su padre por la línea materna del apellido Padilla. La importancia de este primer crítico es crucial, pues su consejo definió en gran parte la prosa de Dueñas: “te va a servir ¡cantidad! [dijo Alfonso Méndez al leer sus poemas] de base para que tú escribas. Pero nunca vayas a publicar un verso. Tú no eres para la poesía, eres para la prosa que ya bastante poética te sale"2
Dueñas nunca publicó un poema ni hay verso alguno de su autoría, pero siguió escribiendo siempre, donde quiera; "cuadernos y cuadernos de burradas".2 Y no es sino hasta su regreso de Estados Unidos, al Distrito Federal, "con un corazón diferente, con una mente totalmente diversa"2 que escribió sus primeros cuentos.
Sin embargo, la historia del comienzo literario de Dueñas es todo menos glamurosa y sí, llena de humor, como sus historias mismas. En una feria del libro, el encargado del estante del Fondo de Cultura Económica le permitió poner su auto-publicación a la venta, es decir, unos "cuentitos" forrados "con muy bonitas pinturas, todas chuecas, las vacas deteniéndose en la cola, un éxito, pero no de lo que escribía, sino de lo que pintaba, eso era lo más chistoso".2
La jalisciense recuerda ese evento-hito de su vida literaria con estas palabras:
El pobre muchacho [del FCE] se arriesgó bastante al ponérmelos. Y estaba asombrado. [Decía]: “¡no sabe cómo los compran! ¡Tráigame más!” ¡Pero no se me secaban en el sol! Se me movían, se rayaban. Todos chuecos, llevaban faltas de ortografía… ¡No, fabuloso! Por eso les gustaban más [...] En una máquina chiquitita, en una máquina que tiene la letrita pirruñienta ponía las hojitas y las iba haciendo y luego las cosía 2
Probablemente este hecho no habría tenido mayor trascendencia si no fuera porque, entre los asistentes a la feria se encontraban los nada desdeñables compradores: don Alfonso Reyes, Octavio Paz, Julio Torri. El tal libro-cuento se les hizo tan chistoso, tan caro (10 pesos), que lo compraron. Les dio ternura, dice, pensaron que probablemente era la obra de una viejita con la suficiente autoestima para poner a la venta sus historias. Sin embargo, Emmanuel Carballo quien por aquel entonces colaboraba en el suplemento México en la cultura, vio en el cuento de ‘Mariquita’, algo más que sólo un evento curioso y le habló por teléfono a la escritora para discutir la posibilidad de publicar sus historias:
‘Bueno, ya me imagino que usted es una señora mayor, y que no ha de querer venir [dijo Carballo]’. ‘Sí [contestó la joven Dueñas] ya estoy muy viejecita. Ya nada más salgo cuando alguien me lleva, o con el bastón’. ‘[S]í señorita, yo lo comprendo, pero no tenga usted cuidado, nosotros mandamos a [¿?] para recoger eso; ¿pero tiene usted algún otro?’. ‘Sí [...] tengo La tía Carlota’ 2
En realidad, la primera vez que los cuentos de Dueñas tuvieron tinta de imprenta fue en la publicación que dirigían los hermanos Plancarte (Alfonso y Gabriel), Ábside, revista de cultura mexicana. En el número de julio-septiembre de 1954 aparecieron “Las ratas”, “El correo”, “Los piojos” y “Mi chimpancé”, más tarde distribuidos como una plaquetteindependiente. Y éste fue el inicio de muchas colaboraciones que continuarían durante los siguientes tres años.

Obra:

Individual:

Colectiva:

Antología:

Publicaciones sobre Dueñas:

  • Castro Ricalde, Maricruz. “Entre la elocuencia y el silencio”. Guadalupe Dueñas, después del silencio. México: TEC-FONCA-UNAM-UAM, 2010a. 45-61
  • ____. “Yo soy el otro: Imaginaciones de Guadalupe Dueñas”. Guadalupe Dueñas, después del silencio. México: TEC-FONCA-UNAM-UAM, 2010b. 103-107
  • ----. “Guadalupe Dueñas y las Tertulias del Mate” en Sara Poot-Herrera (edit). Bebida y Literatura. Aguas Santas de la Creación. Vol. II. México: Ayuntamiento de Mérida, UC-Mexicanistas, 2011. pp. 145-163. ISBN 968-5055-14-9
  • ---. “Antes del silencio (1991): el catecismo personal de Guadalupe Dueñas” en Maricruz Castro y Marie-Agnès Palaisi-Robert. Narradoras mexicanas y argentinas siglos XX-XXI. Antología crítica. París: Éditions Mare et Martin, 2011, pp.29-46. ISBN 978-2-84934-077-6
  • ---. “Visos fantásticos en la narrativa de Guadalupe Dueñas”, en Revista de Literatura Mexicana Contemporánea. Vol. 17, no. 50, Universidad de Texas at El Paso, Ed. Neón, 2011. pp. VII- XIII, ISSN14052687
  • ---. “Animalización de los sujetos y estructuras sociales en la narrativa de Guadalupe Dueñas” en Cecilia Eudave y Encarnación López (coords.). Zoomex. Los animales en la literatura mexicana. Guadalajara: Universidad de Guadalajara, 2012.
  • Espejo, Beatriz. "Guadalupe Dueñas, una fantasiosa que escribía cuentos basados en la realidad". Seis niñas ahogadas en una gota de agua. Beatriz Espejo (comp). México: DEMAC/UANL, 2009. 35-53
  • Flores, Mauricio. “Hablaron Dueñas y Leñero de su paso por el Centro de Escritores Mexicanos”. El nacional. Segunda sección. Junio 26 (1986): 7
  • Leñero, Vicente. “Lo que sea de cada quien. El huésped de Guadalupe Dueñas”. Revista de la Universidad de México. Número 46. Diciembre (2007): 106.
  • López Morales, Laura. “El arte de escribir cuentos”. Guadalupe Dueñas, después del silencio. México: TEC-FONCA-UNAM-UAM, 2010. 65-78
  • Gümes, César y Ericka Montaño. “Relatos clásicos, legado de Lupe Dueñas a la literatura mexicana”. La jornada virtual. Domingo 13 de enero 2002.
  • González Suárez, Mario. Paisajes del limbo: una antología de la narrativa mexicana del siglo XX. México: Tusquets Editores, 2001.
  • Miller, Beth y Alonso González. “Guadalupe Dueñas”. Veintiséis autoras del México actual. México: Costa-Amic Editor, 1978. 153-173.
  • Ocampo, Aurora y Ernesto Prado Velásquez. Diccionario de escritores mexicanos. México: Universidad Nacional Autónoma de México, 1997.
  • Sabido, Miguel. “Pita, la hechicera cotidiana”. Guadalupe Dueñas, después del silencio. México: TEC-FONCA-UNAM-UAM, 2010. 41-44
  • Tenorio, Marta. “Guadalupe Dueñas y su viejo naranjo”. Punto. Un periódico de periodistas. Semanario. Secc Letras, num 137, junio 17-23 (1985): 19.

Tesis sobre Dueñas:

En México:

En el extranjero:]

  • Minc Schatzky, Rose. Lo fantástico y lo real en la narrativa de Juan Rulfo y Guadalupe Dueñas. New Brunswick-New Jersey: Thesis (Ph D) Rutgers University, 1976.
  • Minc Schatzky, Rose. Lo fantástico y lo real en la narrativa de Juan Rulfo y Guadalupe Dueñas. Nueva York: Senda Nueva de Ediciones, 1977.
  • Cooper, Sara Elizabeth. Maladaptive family patterns in Latin American fiction: Guadalupe Dueñas and Edda Van Steen. Thesis (M.A.). University of Texas at Austin, 1994.
  • Zee, Linda S. The boundaries of the fantastic: the case of three Spanish American women writers. Ann Arbor, Michigan: UMI, 1994/Indiana Univ., Diss: Bloomington, 1993

Enlaces externos:

Fonte de Origem:
http://es.wikipedia.org/wiki/Guadalupe_Due%C3%B1as

Domingo Na Usina:Biografias: Um Gênio chamado: Nelson Rodrigues.

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."

Nelson Rodrigues nasceu da cidade do Recife - PE, em 23 de agosto de 1912, quinto filho dos catorze que o casal Maria Esther Falcão e o jornalista Mário Rodrigues puseram no mundo. Os nascidos no Recife, além do biografado, foram Milton, Roberto, Mário Filho, Stella e Joffre. No Rio de Janeiro nasceram os outros oito: Maria Clara, Augustinho, Irene, Paulo, Helena, Dorinha, Elsinha e Dulcinha.

Seu pai, deputado e jornalista do Jornal do Recife, por problemas políticos resolve se mudar para o Rio de Janeiro, onde vem trabalhar como redator parlamentar do jornal Correio da Manhã. Em julho de 1916, d. Maria Esther e filhos chegam ao Rio de Janeiro num vapor do Lloyd.

Haviam vendido tudo no Recife para cobrir as despesas de viagem, e tiveram que ficar hospedados na casa de Olegário Mariano por algum tempo. Em agosto de 1916 alugaram uma casa na Aldeia Campista, bairro da Zona Norte da cidade, na rua Alegre, 135, onde a família Rodrigues teve seu primeiro teto na cidade.

Nelson ia sendo criado dentro do clima da época: as vizinhas gordas na janela, fiscalizando os outros moradores, solteironas ressentidas, viúvas tristes, com as pernas amarradas com gazes por causa das varizes. Naquela época os nascimentos eram assistidos por parteiras de confiança e eram feitos em casa. Os velórios também eram feitos em casa, usava-se escarradeira e o banho era de bacia. Nelson registrava em sua memória esse cenário. Daí sairiam os personagens de sua obra literária.

Com o autor vivendo seu quarto ano de vida, um fato pitoresco: uma vizinha, d. Caridade, invade a sua casa e diz para sua mãe: "Todos os seus filhos podem freqüentar a minha casa, dona Esther. Menos o Nelson." Como ninguém entendesse a razão de tal proibição, ela afirmou: vira Nelson aos beijos com sua filha Odélia, de três anos, com ele sobre ela, numa atitude assim, assim. Tarado!

Aos sete anos, em 1919, pediu a sua mãe para ir à escola. Foi matriculado na escola pública Prudente de Morais, a dois quarteirões de sua casa. Aprendeu a ler rapidamente e era por isso elogiado por sua professora, d. Amália Cristófaro. Infelizmente não era muito asseado e vivia sendo repreendido por ela. O que, no entanto, causava espécie, era sua cabeça — desproporcional em relação ao tronco — e suas pernas cabeludas.

Em 1920 ocorreu um fato que, depois, se transformou num dos favoritos do escritor: o do concurso de redação na classe. D. Amália passou a lição: cada aluno deveria escrever sobre um tema livre. A melhor redação seria lida em voz alta na classe. Finda a aula, as composições foram entregues. A professora quase foi ao chão com o trabalho de Nelson: era uma história de adultério. O marido chega em casa, entra no quarto, vê a mulher nua na cama e o vulto de um homem pulando pela janela e sumindo na madrugada. O marido pega uma faca e liquida a mulher. Depois ajoelha-se e pede perdão. A redação, apesar do espanto que causou em todo o corpo docente, não tinha como não ser premiada, muito embora não pudesse ser lida na classe. A professora inventou um empate e leu a outra composição.

Nesse período, Nelson presenciou grandes discussões entre seus pais, causadas por ciúmes que seu genitor tinha de sua mãe. Influenciado por seus irmão mais velhos, passou a ter a leitura como passatempo, saindo rapidamente do Tico Tico para romances mais "pesados" como Rocambole, de Ponson du Terrail, Epopéia do Amor, Os Amantes de Veneza e Os Amores de Nanico, de Michel Zevaco, O Conde de Monte Cristo e as Memórias de um Médico, de Alexandre Dumas, os fascículos de Elzira, a Morta-Virgem, de Hugo de América, e outros mais. Mudavam os autores, mas no fundo era uma coisa só: a morte punindo o sexo ou o sexo punindo a morte.

Foi em 1919 que o autor descobriu o Fluminense. Foi o primeiro ano do tricampeonato do tricolor, muito embora nem ele nem seu irmão Mário Filho, posteriormente famoso como jornalista esportivo e que teve seu nome escolhido para ser o nome oficial do estádio do Maracanã, tivessem dinheiro para sair da rua Alegria e se deslocarem até Laranjeiras para ver o seu time jogar.

Consolidado seu prestígio junto a Edmundo Bittencourt, do Correio da Manhã, Mário Rodrigues junta sua família e muda-se para a Tijuca, fato que, na época, era mostra de nítida melhora de padrão de vida. Estávamos em 1922.

O autor seguia sua vida, sentindo a ausência do pai, sempre envolvido com a política e o jornalismo. No ano de 1926 foi expulso do Colégio Batista, na Tijuca, na segunda série do ginásio, por rebeldia. Nelson vivia contestando seus professores, em especial dos de Português e História. Foi, então, matriculado no Curso Normal de Preparatórios, na rua do Ouvidor, pois seu pai esperava que ele futuramente prestasse exames no famoso Colégio Pedro II.

Para compensar a falta de contato com os filhos, Mário Rodrigues permitia sua ida ao Correio da Manhã para visitá-lo. Dizem que jamais sonhou em ter seus filhos jornalistas: as meninas seriam médicas, os meninos advogados. Afinal, a vida que levava não era nada fácil: nomeado diretor do jornal, meteu-se numa batalha entre Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, o que lhe custou um ano de cadeia, em 1924. O motivo: denunciou que usineiros pernambucanos (eles já existiam!) haviam dado um colar no valor de 120 contos de réis à esposa do então presidente Epitácio Pessoa, d. Mary. Negando-se a fugir do país, ficou preso no Quartel dos Barbonos, na rua Evaristo da Veiga, no Rio de Janeiro. A partir da data de sua prisão o jornal que dirigia — Correio da Manhã — foi silenciado pelo governo por oito meses.

Antes de seu pai ser preso, Nelson e família haviam mudado para uma casa na rua Inhangá e eram vizinhos do hotel Copacabana Palace. Ali, aos doze anos, o autor aprendeu a nadar. Mas, aos poucos, à medida em que entrava na adolescência, foi sendo possuído por uma indolência melancólica, ficando depressivo, suspirando pelos cantos e dizendo: "Eu sou um triste!".

Durante o tempo em que esteve preso, Edmundo Bittencourt cortou o salário de Mário Rodrigues, dando à mãe de Nelson apenas o suficiente para pagar o aluguel da casa. Mário foi ajudado financeiramente, nessa época, por Geraldo Rocha (proprietário do jornal A Noite, concorrente do Correio da Manhã), sem o que sua esposa e a penca de filhos por certo teriam passado fome. Ao ser libertado, volta ao jornal e é surpreendido com a notícia de que não haveria mais um diretor permanente, cargo esse que detinha. Seria feito um rodízio de diretores. Mas pior do que isso foi o fato de tomar conhecimento de que Edmundo estava tentando se aproximar de seu desafeto Epitácio Pessoa. Mário, em carta desaforada, pediu demissão a Edmundo, dizendo que em breve voltaria para esmagá-lo. Daí surgiu seu próprio jornal, A Manhã.

Nelson inicia sua carreira jornalística em 29 de dezembro de 1925, como repórter de polícia, ganhando trinta mil réis por mês. Tinha treze anos e meio, era alto, magro e seus cabelos eram indomáveis. Embora fosse filho do patrão, teve que comprar calças compridas para impor respeito aos colegas de redação.

Ali reuniam-se colaboradores ilustres: Antônio Torres, Medeiros e Albuquerque, Agripino Grieco, Ronald de Carvalho e Maurício de Lacerda. Além desses, havia a turma da casa: Danton Jobim, Orestes Barbosa, Renato Viana, Joracy Camargo, Odilon Azevedo e Henrique Pongetti. Outra figura de A Manhã era Apparício Torelly — Apporely — que mais tarde se autodenominaria "Barão de Itararé" e fundaria seu próprio jornal, A Manha.

O autor impressiona os colegas com sua capacidade de dramatizar pequenos acontecimentos. Especializou-se em descrever pactos de morte entre jovens namorados, tão constantes naquela época.

Na zona preta do Mangue, na rua Pinto de Azevedo, estavam concentradas as prostitutas mais pobre e esculhambadas, negras na maioria, a dois mil réis por alguns minutos. Mas o autor preferiu as da rua Benedito Hipólito, mais asseadas e que ficavam em ambientes melhores, embora o preço subisse para cinco mil réis. Ali, aos catorze anos, Nelson foi pela primeira vez com uma mulher para dentro de um quarto. Ficou freguês.

O indomável escritor cria um tablóide de quatro páginas intitulado Alma Infantil,nascido da troca de cartas com seu primo Augusto Rodrigues Filho, que não conhecia pessoalmente e que morava no Recife. Ele queria ser como seu pai, um espadachim verbal. Depois de cinco números e muitos ataques a políticos pernambucanos e a cariocas, Nelson desiste do tablóide.

A irmã Dorinha morre em setembro de 1927, aos nove meses, de gastrenterite. Em 1928 a família se transfere para uma nova e luxuosa casa na rua Joaquim Nabuco, 62, em Copacabana. Viviam um momento de muito dinheiro e muita fartura.

Nessa época, o autor e seus irmãos mais velhos trabalhavam no jornal A Manhã: Milton era o secretário, Roberto ilustrava algumas reportagens, Mário Filho começou como gerente, indo depois para a página literária e depois a de esportes. Nelson havia abandonado desde 1927 a terceira série do ginásio no Curso Normal de Preparatórios. Nunca mais voltou à escola, apesar do esforço desenvolvido por seu pai.

Tendo garantido uma coluna assinada na página três do jornal — a página principal — o escritor publica seu primeiro artigo, em 07 de fevereiro de 1928. Tinha o título de "A tragédia de pedra...", com as solenes reticências. Depois vieram "Gritos Bárbaros", "O elogio do silêncio", "A felicidade", e "Palavras ao mar", todos de grande sensibilidade poética. Seu lado monstro só apareceu na crônica de 16 de março, "O rato..." (com as famosas reticências), em que ele conta como viu um rato morto, achatado por um carro, defronte à Biblioteca Nacional. Para desespero de seu pai, começa a "bater" em Ruy Barbosa. No segundo artigo em que esculhambava o "Águia de Haia", antevendo o que aconteceria, Nelson achou que se safaria de seu pai se saísse bem cedo de casa, antes que o "velho" lesse o jornal. Enganou-se. O castigo foi mais duro do que ele imaginava: foi rebaixado, saindo da página três e retornando à seção de polícia, onde trabalhou nos cinco meses seguintes.

Mal teve tempo de voltar à terceira página e o pior acontece. O jornal, mal administrado, está cheio de dívidas. O sócio de seu pai, Antônio Faustino Porto, que há tempos vinha arcando com os pagamentos urgentes, torna-se sócio majoritário e oferece o emprego de diretor a Mário. Este aceita, mas fica só um dia. A intervenção do novo dono em seus artigos faz com que ele e a família deixem o jornal.

Amigo de Melo Viana, vice-presidente da República, no dia em completava 43 anos, 21 de novembro de 1928, e apenas 49 dias depois de perder A Manhã, Mário Rodrigues lançou seu novo jornal de grande sucesso: Crítica, que chegou a ter uma circulação de 130.000 exemplares.

O tenente-coronel Carlos Reis manda a polícia prender todos os Rodrigues que encontrasse, sob a alegação de que um deles era o mandante do assassinato do argentino Carlos Pinto, repórter de A Democracia. Foram, pai e irmãos, todos presos. Nelson escapou por não se encontrar no Rio, em viagem para o Recife, única forma encontrada pela família para tentar livrá-lo da depressão em que se encontrava. Cheio de paixões, ora por Lilia, ora por Carolina e ora por Marisa Torá, estrela da companhia teatral de Alda Garrido.

Ao lado dos primos Augusto e Netinha (com quem mantinha há algum tempo namoro epistolar), conheceu Recife e Olinda, a praia da Boa Viagem e, com Augusto, a zona de mulheres do Cais do Porto, considerada a maior da América do Sul. Sua prima, não se sabe como, tirou-o da depressão, fazendo-o voltar a todo vapor para a redação da Crítica.

Em 26 de dezembro de 1929 o jornal estampa matéria, na primeira página, sobre o desquite de Sylvia e José Thibau Jr. Foi a fórmula encontrada para o diário não sair sem assunto, já que era o primeiro dia após o natal. No dia 27, pela manhã, Sylvia entra na redação da Crítica procurando por Mário Rodrigues. Não o encontrando, pede para falar com seu filho Roberto e dá-lhe um tiro no estômago. Nelson viu e ouviu aquilo tudo. Com dezessete anos e quatro meses, era a primeira cena de violência brutal que presenciava. Seu irmão faleceu no dia 29.

Ninguém conseguirá penetrar no teatro de Nelson Rodrigues sem entender a tragédia provocada pela morte de Roberto. No mesmo dia do enterro, toda a família pôs luto. Os homens ainda podiam sair à rua de terno escuro ou com o fumo na lapela, mas suas irmãs se cobriram de preto da cabeça aos pés. Milton, o irmão mais velho, ia para o porão do palacete, antigo território de Roberto, apagava as luzes e ficava horas no escuro — à espera de um milagre que o fizesse vê-lo e ouvi-lo. Nelson apenas chorava. Joffre, de catorze anos, ganhou um revólver de Mário Rodrigues e passou a andar armado pela cidade à noite. Sabia que Sylvia tivera sua prisão relaxada. Se a encontrasse, a mataria.

Apenas 67 dias após a morte do filho, Mário Rodrigues sofre, aos 44 anos, uma trombose cerebral. Faleceu dias depois de encefalite aguda e hemorragia. Diante de tão sentidas perdas a família não encontra mais condições de morar na mesma casa. Mudam-se para outra casa na rua Sousa Lima, também em Copacabana. Um bafo de sorte surge: Júlio Prestes, que fora elogiado e defendido pela Crítica, vence Getúlio Vargas nas eleições para a presidência da República. Mas o que eles queriam era destruir quem matara Roberto e, por conseqüência, Mário. Sylvia foi absolvida por 5 a 2. O julgamento foi encerrado no dia 23 de agosto, exatamente quando Nelson completava 18 anos.

Estoura a revolução, em 3 de outubro, no Rio Grande do Sul, Minas e quase todo o Nordeste. Crítica, num erro de avaliação, continua a atacar os rebeldes. Em 24 de outubro Washington Luís é deposto e a turba saiu cedo para acertar as contas com os jornais do velho regime. As redações e oficinas de diversos jornais são invadidas e empasteladas. Dentre elas, a do jornal dos Rodrigues. De todos eles só um não voltaria a circular: Crítica. Isso sem contar que Milton e Mário Filho foram novamente presos, porém logo libertados.

Os irmãos começam a procurar emprego, coisa que para eles não estava nada fácil. Foram meses batendo em portas fechadas. Começaram a vender tudo o que tinham para poder sobreviver e, devido ao aluguel sempre atrasado, eram obrigados a mudar de casa a cada três meses. Até que um dia uma porta se abriu para Mário Filho e os outros irmãos penetraram por ela.

Irineu Marinho havia fundado o jornal O Globo em 1925, mas, apenas 21 dias após o jornal circular pela primeira vez, morreu de enfarte. Roberto Marinho, filho de Irineu, era o sucessor natural mas achou-se muito inexperiente para comandar um jornal. Chamou um velho companheiro de seu pai, Euricles de Matos, para tocar o negócio. Mas, em maio de 1931 Euricles também faleceu e Roberto Marinho convida Mário Filho para assumir a página de esportes de O Globo. Mário aceitou, desde que pudesse levar seus irmãos Nelson e Joffre. Roberto Marinho deu seu "de acordo" com a condição de só pagar o ordenado a Mário Filho.

Nelson trabalhou alguns meses no jornal O Tempo. Joffre foi para A Nota, onde já trabalhava o outro irmão, Milton. O escritor era chamado de "filósofo" pelos colegas de O Globo, tinha um aspecto desleixado, um só terno e não vestia meias por não tê-las. Com a ajuda de Mário Martins e o beneplácito de Roberto Marinho, Mário Filho lança seu jornal, Mundo Esportivo, justo no fim do campeonato de futebol. Sem ter assunto, inventaram algo que seria uma mina de dinheiro anos depois: o concurso das escolas de samba.

Em 1932 o autor teve sua carteira assinada em O Globo, um ano após começar a trabalhar naquele diário, com um ordenado de quinhentos mil réis por mês. Entregava todo o dinheiro para sua mãe e recebia uns trocados de volta para comprar seus cigarros (média de quatro carteiras por dia). Em compensação, economizava pois voltava de carona com o "Dr. Roberto" para casa. Para arranjar mais algum dinheiro, trabalhou como redator da firma Ponce & Irmão, distribuidora no Rio dos filmes da RKO Radio Pictures. Criava textos para os anúncios dos filmes nos jornais.

Nesse meio tempo, tinha suas paixões: por Loreto Carbonell, argentina de olhos azuis, bailarina do Municipal; por Eros Volúsia, filha da poetisa Gilka Machado, também bailarina, linda e jovem morena. Dividia com seu irmão Joffre a paixão por ela. Depois vieram Clélia, uma estudante de Copacabana e Alice, professora de Ipanema.

A tosse seca e uma febre baixa, porém persistente, ao por do sol, foram os avisos dados a Nelson, além de sua magreza. Sua irmã Stella, já médica, arranjou uma consulta. O médico pediu que ele dissesse "33" e verificou sintomas de tuberculose pulmonar, o grande fantasma do ano de 1934. Por falta de um diagnóstico precoce, o autor já havia, com apenas 21 anos, arrancado todos os dentes e posto dentadura, numa tentativa de debelar a febre que insistia em não ir embora.

Vai, então, para Campos do Jordão - SP, local recomendado para tratamento, sozinho, sem saber se voltaria. Foi a primeira de uma série de seis internações. Roberto Marinho, sabendo das dificuldades da família, continuou pagando seu ordenado normalmente. Nelson passou 14 meses no Sanatórinho, de abril de 1934 a junho de 1935. Durante esse período só os irmãos Milton e Augustinho foram visitá-lo uma única vez. Compensava a ausência de parentes e amigos com cartas, muitas delas para Alice, a professorinha.

Contam que, em 1935, um doente propôs encenarem um teatrinho. O biografado foi encarregado de escrever a comédia, um "sketch" cômico sobre eles mesmos. Logo nas primeiras cenas a platéia começou a gargalhar e, com isso, surgiram os ataques de tosse que quase fizeram vítimas. Foi a primeira experiência "dramática" de Nelson.

O autor pede ao secretário do jornal O Globo que o transfira da página de esportes para a de cultura. Queria escrever sobre ópera. Com a ajuda de Roberto Marinho consegue a transferência e começa arrasando a "Esmeralda", ópera brasileira do compositor Carlos de Mesquita. Foi sua única incursão nessa área.

Em abril de 1936, a terrível doença atacou seu irmão Joffre, com 21 anos, que foi levado para o Sanatório em Correias - RJ. Nelson ficou a seu lado durante sete meses. No dia 16 de dezembro de 1936 Joffre faleceu.

Em 1937 a redação do jornal só tinha homens. Após muita conversa Roberto Marinho concordou em contratar Elza Bretanha, apadrinhada do diretor administrativo, como secretária de Henrique Tavares, gerente de O Globo Juvenil. Voltando de sua segunda estada em Campos de Jordão, Nelson foi informado da presença de Elza, "dezenove anos, moradora do Estácio e dura na queda." Ele, então, sentenciou: "Está no papo." Errou.

Nelson se aproxima de Elza, expõe sua situação de penúria de saúde e financeira, e fala em casamento. Consultada sua família, não encontrou objeção. Afinal, já tinha 25 anos. A mãe de Elza, d. Concetta, siciliana das boas, quase teve um ataque, tendo a honra de ter sido acompanhada nisso por Roberto Marinho. Ele disse a Elza: "Está sabendo que vai se casar com um rapaz muito inteligente e de grande talento, mas pobre, absolutamente preguiçoso e doente? Sua mãe está coberta de razão!" Mesmo assim marcaram para se casar no dia do aniversário de Elza: 08 de maio de 1939. Se fosse preciso, fugiriam. Porém, em 13 de maio, mandou para a noiva um recado que dizia: "Amor, estou com a alma cheia de pressentimentos tristes". Era a tuberculose que o atacava novamente.

Nos quatro meses em que ficou internado, Nelson mostrou seu lado ciumento. Vivia atormentado com isso e, na volta, acabou desfazendo o noivado. Mas o coração falou mais forte do que o infundado ciúme e marcaram novamente o casamento, contrariando a mãe da noiva e o patrão de ambos.

No dia 29 de abril de 1940, sem externar qualquer anormalidade, Elza saiu para trabalhar, foi para a casa de uma amiga onde trocou de roupa e casou-se no civil, diante do juiz. Depois, foram comemorar tomando uma média com torrada na leiteria "Palmira". Voltaram para O Globo Juvenil e trabalharam normalmente. Haviam acertado, por vontade de ambos, que a noite de núpcias só aconteceria após o casamento religioso.

Os irmãos de Elza ficaram sabendo e falaram até em matá-lo. Nelson, com a alma leve, alugou uma casinha no Engenho Novo. Era sua volta ao subúrbio. Compraram móveis de segunda mão e Mário, o irmão, lhe deu de presente a cama de casal e a penteadeira. Finalmente d. Concetta dá o "de acordo" e o casamento religioso se realiza, em 17 de maio, após o autor, com quase 28 anos, ter sido batizado, fazer a primeira comunhão e estudado o catecismo, como manda a santa madre Igreja.

Após seis meses de casamento, certa manhã Nelson acorda e comunica a Elza que estava cego. Não enxergava nada. Descobriu, indo ao médico, que se tratava de uma seqüela da tuberculose. Tomou muito antiinflamatório, melhorou, mas 30 por cento de sua visão estava perdida para sempre, nos dois olhos. Apesar do estado de penúria em que se encontravam, o focalizado pediu a Elza que deixasse o emprego quando se casassem. Logo que pode comprou um telefone e ligava para ela de hora em hora. Saudades ou ciúme? Nelson procurava uma saída para seu aperto financeiro. Elza estava grávida e seu salário estava estagnado nos 500 mil réis mensais. Um dia, ao passar em frente ao Teatro Rival, viu uma enorme fila que se formava para assistir "A família Lerolero", de R. Magalhães Júnior. Alguém comentou: "Esta chanchada está rendendo os tubos!" Uma luz se acendeu na cabeça do autor: por que não escrever teatro?

No meio do ano de 1941 escreveu sua primeira peça, A mulher sem pecado. Nessa época as peças ficavam, no máximo, duas semanas em cartaz. Nelson oferece sua peça para dois grandes artistas de então: Dulcina e Jaime Costa, mas eles a recusam. O autor, necessitando de dinheiro, começou a se mexer: submeteu a peça a Henrique Pongetti, Carlos Drummond de Andrade e ao crítico Álvaro Lins. Mas não conseguiu encená-la.