sábado, 9 de julho de 2022

Domingo na Usina: Biografias: José Veríssimo:



José Veríssimo (José Veríssimo Dias de Matos), jornalista, professor, educador, crítico e historiador literário, nasceu em Óbidos, PA, em 8 de abril de 1857, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 2 de fevereiro de 1916. Compareceu a todas as reuniões preparatórias da instalação da Academia Brasileira de Letras. Escolheu por patrono João Francisco Lisboa, e é o fundador da cadeira nº 18.
Filho de José Veríssimo de Matos e de Ana Flora Dias de Matos. Fez os primeiros estudos em Manaus (AM) e Belém (PA). Em 1869, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Matriculou-se na Escola Central, hoje Escola Politécnica, mas interrompeu o curso por motivo de saúde, em 1876, e regressou ao Pará, onde se dedicou ao magistério e ao jornalismo, a princípio como colaborador do Liberal do Pará e, posteriormente, como fundador e dirigente da Revista Amazônica (1883-84) e do Colégio Americano.
Em 1880, viajou pela Europa. Em Lisboa, tomando parte de um Congresso Literário Internacional, defendeu brilhantemente os escritores brasileiros, que vinham sendo severamente censurados, vítimas de injúrias feitas pelos interessados na permanência do livro brasileiro na retaguarda da literatura no Brasil. Voltou à Europa em 1889, indo tomar parte, em Paris, no X Congresso de Antropologia e Arqueologia Pré-Histórica, quando fez uma comunicação sobre o homem de Marajó e a antiga história da civilização amazônica. Sobre a rica Amazônia são também os ensaios sociológicos que escreveu nessa época, Cenas da vida amazônica (1886) e A Amazônia (1892).
De volta ao Pará, foi nomeado diretor da Instrução Pública (1880-91). Em 1891, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde retornou ao magistério, tendo sido professor na Escola Normal (atual Instituto da Educação) e no Ginásio Nacional (atual Colégio Pedro II), dos quais foi também diretor. Interrompera os seus trabalhos de sociologia e de história, ainda no Pará, para fixar-se na crítica e na história literária, atividade a que ele se dedicou mais intensamente no Rio de Janeiro.
Criada a pasta da educação pública, logo após a proclamação da República, o seu primeiro ministro, Benjamin Constant, procedeu a reforma do sistema geral de ensino público. José Veríssimo discutiu, no Jornal do Brasil do primeiro semestre de 1892, as reformas introduzidas, delas fazendo uma crítica magistral, que depois ele acresceu como Introdução da 2ª edição (1906) de seu livro A educação nacional. Não se deteve apenas nas enormes insuficiências da educação escolar como ele a conheceu e sentiu no seu Estado; repassou, com límpida visão de sociólogo, muito da realidade de uma vida doméstica e social do Brasil daquele tempo, com os vícios que a corrompiam, e que o secular regime da escravidão havia arraigado profundamente nos nossos costumes.
Referido sempre como o fundador da Revista Brasileira, José Veríssimo, na verdade, dirigiu a sua terceira fase (a primeira foi de Cândido Batista de Oliveira, de 1857 a 1860; a segunda, de Nicolau Midosi, durou de 1879 a 1881). A terceira Revista Brasileira começa em 1895 e vai até 1899, completando vinte volumes em cinco anos. Veríssimo teve o dom de agremiar toda a literatura nacional na Revista. Na sala da redação, na Travessa do Ouvidor, nº 31, congregavam-se os grandes valores brasileiros da época, e é de lá que saiu a Academia Brasileira, prestigiada pelos mais eminentes amigos de José Veríssimo: Machado de Assis, Joaquim Nabuco, Visconde de Taunay, Lúcio de Mendonça, entre outros.
Em 1912, tendo a Academia aceitado a candidatura de Lauro Müller, ministro das Relações Exteriores, político e não homem de letras, e que foi eleito por 22 votos para a vaga do Barão do Rio Branco, derrotando o Conde de Ramiz Galvão, Veríssimo sentiu desfazer-se a ilusão com que sonhara ao fundar-se uma instituição em que se recebessem exclusivamente expoentes da literatura e, desgostoso, afastou-se da Academia. Nunca mais manteve qualquer relação com a casa que ajudara a fundar.
Como escritor, a sua obra é das mais notáveis, destacando-se os vários estudos sociológicos, históricos e econômicos sobre a Amazônia e as suas séries de história e crítica literárias. Na Introdução à sua História da literatura brasileira tem-se uma primeira revelação de todas as vicissitudes por que havia de passar uma literatura que se nutriu por muito tempo da tradição, do espírito e de fórmulas de outras literaturas, principalmente do que lhe vinha de Portugal e da França.
José Veríssimo constitui com Araripe Júnior e Sílvio Romero a trindade crítica da era naturalista, influenciada pelo evolucionismo e pela doutrina determinista de Taine; mas seus pontos de vista e processos eram diferentes. Araripe Júnior, mais independente intelectualmente, com mais sensibilidade artística e mais estilo, mostrou até onde ia sua ligação com Taine, de cuja doutrina aceitava mais o fator meio, diferentemente de Sílvio Romero, que enfatizou a raça e foi um metodizador e um inovador, ao aplicar as suas doutrinas científicas a muitos dos fatos da nossa literatura, coordenando-os sobre uma base de doutrina social e demonstrando o que existia de mais ou menos organicamente ativo no desenvolvimento da nossa história literária. A crítica de José Veríssimo, por sua vez, é penetrada de um constante espírito de equilíbrio e de ordem, a que ele juntava, não raro, um pensamento filosófico e moral para enriquecê-la de uma autoridade maior, reforçando o crítico no educador.
Fazia do racionalismo lógico a sua força capital, achando que “criticar é compreender”, e não se enredar no cientificismo que tanto empolgou os outros críticos do seu tempo. Para ele, na crítica literária vê-se um pouco como na história: o livro, o “fato literário” em si, não é tudo para o crítico, e não basta realçar dele apenas o mais visível dos seus meios de expressão; é preciso alcançá-lo nas suas implicações menos aparentes de ordem filosófica, estética ou social, para bem situá-lo como razão de ser da literatura.
Acima de tudo ressalta da sua obra o cunho nacionalista, que ele procurou rastrear desde o início da literatura brasileira, na obra de poetas e ficcionistas nos quais soube detectar o sentimento de brasilidade. Foi ele que, ao seu tempo, chegou à mais íntima comunicação com o espírito e a obra de Machado de Assis, notando o quanto ele trazia, pelo romance, pelo conto, pela própria poesia, de original e único para a literatura brasileira.
Recebeu o acadêmico João Ribeiro.
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Domingo na Usina: Biografias: Luís Viana Filho:


 
Terceiro ocupante da Cadeira 22, eleito em 8 de abril de 1954, na sucessão de Miguel Osório de Almeida e recebido pelo Acadêmico Menotti del Picchia em 15 de abril de 1955. Recebeu os Acadêmicos Deolindo Couto e Américo Jacobina Lacombe.
Luís Viana Filho, político e historiador, nasceu em Paris, França, em 28 de março de 1908 (registrado no Distrito da Sé, Salvador, BA) e faleceu em São Paulo, SP, em 5 de junho de 1990.
Filho do conselheiro Luís Viana e de Joana Gertrudes Fichtner Viana, cursou o Colégio Anchieta, em Friburgo, e o Colégio Aldridge, no Rio de Janeiro. Para os exames do curso secundário, realizados no Colégio Pedro II (Rio de Janeiro) e Ginásio da Bahia (Salvador), estudou no Externato Burlamaqui Moura (Rio de Janeiro) e em cursos particulares em Salvador. Em 1925 matriculou-se na Faculdade de Direito da Bahia, pela qual se diplomou em 8 de dezembro de 1929.
Em 1925 iniciou-se no jornalismo, trabalhando no Diário da Bahia e posteriormente n’A Tarde, onde permaneceu até 1946. Foi professor contratado de Direito Internacional Público na Faculdade de Direito da Bahia em 1933, em substituição ao professor Bernardino de Sousa. Em 1940, por concurso, tornou-se professor catedrático de Direito Internacional Privado. Em 1943, fundada a Faculdade de Filosofia da Bahia, foi nomeado professor de História do Brasil, cargo em que se aposentou.
Em 1934, foi eleito deputado federal pelo Partido Libertador da Bahia, mandato que exerceu até a dissolução do parlamento em 1937. Em 1945, foi eleito pela Bahia para a Constituinte de 1946, e sucessivamente reeleito deputado federal pela Bahia nas legislaturas iniciadas em 1950, 1954, 1958, 1962 e 1966.
Em 1964, vitoriosa a intervenção militar, foi nomeado Ministro para Assuntos da Casa Civil da Presidência da República no Governo de Castelo Branco (1964-1967), havendo, durante algum tempo, acumulado o Ministério da Justiça (1966). Em 1967, foi eleito Governador do Estado da Bahia, que governou até 1971. Em 1974 foi eleito senador pela Bahia, tendo ocupado a presidência do Senado de 1978 a 1980.
Luís Viana Filho colaborou até o fim da vida em diversos órgãos da imprensa nacional e publicou importantes biografias. Granjeou renome com a publicação de A vida de Rui Barbosa, em 1941, a que se seguiram as biografias de Joaquim Nabuco, Barão do Rio Branco, Machado de Assis, José de Alencar e Eça de Queirós, que lhe asseguram lugar de destaque entre os cultores desse gênero, de tal modo que Alceu Amoroso Lima o chamaria de “Príncipe dos nossos biógrafos”. Luís Viana Filho iniciou-se no campo das letras como autor de trabalhos históricos, dentre os quais se destaca O negro na Bahia, publicado em 1946, que logo se tornou um clássico para os estudiosos dos problemas suscitados pela integração e aculturação do negro trazido para o Brasil pela escravidão.
Era membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia; membro da Academia de Letras da Bahia; membro benemérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; membro correspondente da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Portuguesa de História.
Em 1971, ano da comemoração do centenário da morte de Castro Alves, promoveu a reconstrução da casa onde nasceu o poeta, na Fazenda Cabaceiras, município de Muritiba – atualmente Cabaceiras do Paraçuaçu -, Bahia.

Atualizado em 30/03/2016.

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https://www.academia.org.br/academicos/luis-viana-filho/biografia

Domingo na Usina: Biografias: Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy:


Quarto ocupante da cadeira 22, foi eleito em 11 de outubro de 1990, na sucessão de Luís Viana Filho, e recebido em 24 de setembro de 1991 por Carlos Chagas Filho.
Ivo Hélcio Jardim de Campos Pitanguy nasceu em Belo Horizonte, MG, no dia 5 de julho de 1926. Filho de Maria Stäel Jardim de Campos Pitanguy e de Antonio de Campos Pitanguy, médico cirurgião. Casou-se em 1955 com Marilu Nascimento, tendo o casal quatro filhos: Ivo, Gisela, Helcius e Bernardo. Faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 6 de agosto de 2016.
Iniciou sua formação profissional ingressando na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais e formando-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1946. Este aprendizado prolongou-se por mais de dez anos, através de estágios e cursos realizados nos EUA e na Europa, já aliando a prática médica ao exercício do ensino.
Em 1945 criou, na Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, um Curso de Psicologia Médica, início de uma carreira internacional que o consagraria como um dos maiores cirurgiões plásticos do mundo, mestre de várias gerações. No mesmo hospital criou o Serviço de Queimados do Hospital do Pronto-Socorro, o primeiro serviço de Cirurgia de Mão e de Cirurgia Plástica Reparadora.
Doutor honoris causa em diversas universidades brasileiras e estrangeiras, pertenceu a inumeráveis instituições científicas em todo o mundo, sendo condecorado por numerosos países.

Atualizado em 14/03/2017.

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https://www.academia.org.br/academicos/ivo-pitanguy/biografia

Domingo na Usina: Biografias: José de Alencar:


José de Alencar (José Martiniano de Alencar), advogado, jornalista, político, orador, romancista e teatrólogo, nasceu em Messejana (atual bairro de Fortaleza), CE, em 1º de maio de 1829, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1877. É o patrono da cadeira n. 23, por escolha de Machado de Assis.
Era filho do padre, depois senador, José Martiniano de Alencar e de sua prima Ana Josefina de Alencar, com quem formara uma união socialmente bem aceita, desligando-se bem cedo de qualquer atividade sacerdotal. É neto, pelo lado paterno, do comerciante português José Gonçalves dos Santos e de D. Bárbara de Alencar, matrona pernambucana que se consagraria heroína da revolução de 1817. Ela e o filho José Martiniano, então seminarista no Crato, passaram quatro anos presos na Bahia, pela adesão ao movimento revolucionário irrompido em Pernambuco.
As mais distantes reminiscências da infância do pequeno José mostram-no lendo velhos romances para a mãe e as tias, em contato com as cenas da vida sertaneja e da natureza brasileira e sob a influência do sentimento nativista que lhe passava o pai revolucionário. Entre 1837-38, em companhia dos pais, viajou do Ceará à Bahia, pelo interior, e as impressões dessa viagem refletir-se-iam mais tarde em sua obra de ficção. Transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro, onde o pai desenvolveria carreira política e onde frequentou o Colégio de Instrução Elementar. Em 1844 vai para São Paulo, onde permanece até 1850, terminando os preparatórios e cursando Direito, salvo o ano de 1847, em que faz o 3º ano na Faculdade de Olinda. Formado, começa a advogar no Rio e passa a colaborar no Correio Mercantil, convidado por Francisco Otaviano de Almeida Rosa, seu colega de Faculdade, e a escrever para o Jornal do Comércio os folhetins que, em 1874, reuniu sob o título de Ao correr da pena. Redator-chefe do Diário do Rio de Janeiro em 1855. Filiado ao Partido Conservador, foi eleito várias vezes deputado geral pelo Ceará; de 1868 a 1870, foi ministro da Justiça. Não conseguiu realizar a ambição de ser senador, devendo contentar-se com o título do Conselho. Desgostoso com a política, passou a dedicar-se exclusivamente à literatura.
A sua notoriedade começou com as Cartas sobre A Confederação dos Tamoios, publicadas em 1856, com o pseudônimo de Ig, no Diário do Rio de Janeiro, nas quais critica veementemente o poema épico de Domingos Gonçalves de Magalhães, favorito do Imperador e considerado então o chefe da literatura brasileira. Estabeleceu-se, entre ele e os amigos do poeta, apaixonada polêmica de que participou, sob pseudônimo, o próprio D. Pedro II. A crítica por ele feita ao poema denota o grau de seus estudos de teoria literária e suas concepções do que devia caracterizar a literatura brasileira, para a qual, a seu ver, era inadequado o gênero épico, incompatível à expressão dos sentimentos e anseios da gente americana e à forma de uma literatura nascente. Optou, ele próprio, pela ficção, por ser um gênero moderno e livre.
Ainda em 1856, publicou o seu primeiro romance conhecido: Cinco minutos. Em 1857, revelou-se um escritor mais maduro com a publicação, em folhetins, de O Guarani, que lhe granjeou grande popularidade. Daí para frente escreveu romances indianistas, urbanos, regionais, históricos, romances-poemas de natureza lendária, obras teatrais, poesias, crônicas, ensaios e polêmicas literárias, escritos políticos e estudos filológicos. A parte de ficção histórica, testemunho da sua busca de tema nacional para o romance, concretizou-se em duas direções: os romances de temas propriamente históricos e os de lendas indígenas. Por estes últimos, José de Alencar incorporou-se no movimento do Indianismo na literatura brasileira do século XIX, em que a fórmula nacionalista consistia na apropriação da tradição indígena na ficção, a exemplo do que fez Gonçalves Dias na poesia. Em 1866, Machado de Assis, em artigo no Diário do Rio de Janeiro, elogiou calorosamente o romance Iracema, publicado no ano anterior. José de Alencar confessou a alegria que lhe proporcionou essa crítica em Como e por que sou romancista, onde apresentou também a sua doutrina estética e poética, dando um testemunho de quão consciente era a sua atitude em face do fenômeno literário. Machado de Assis sempre teve José de Alencar na mais alta conta e, ao fundar-se a Academia Brasileira de Letras, em 1897, escolheu-o como patrono de sua cadeira.
Sua obra é da mais alta significação nas letras brasileiras, não só pela seriedade, ciência e consciência técnica e artesanal com que a escreveu, mas também pelas sugestões e soluções que ofereceu, facilitando a tarefa da nacionalização da literatura no Brasil e da consolidação do romance brasileiro, do qual foi o verdadeiro criador. Sendo a primeira figura das nossas letras, foi chamado “o patriarca da literatura brasileira”. Sua imensa obra causa admiração não só pela qualidade, como pelo volume, se considerarmos o pouco tempo que José de Alencar pôde dedicar-lhe numa vida curta. Faleceu no Rio de Janeiro, de tuberculose, aos 48 anos de idade.

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https://www.academia.org.br/academicos/jose-de-alencar/biografia

Domingo na Usina: Biografias: Machado de Assis:


 
Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis), jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21 de junho de 1839, e faleceu também no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1908. É o fundador da cadeira nº. 23 da Academia Brasileira de Letras. Velho amigo e admirador de José de Alencar, que morrera cerca de vinte anos antes da fundação da ABL, era natural que Machado escolhesse o nome do autor de O Guarani para seu patrono. Ocupou por mais de dez anos a presidência da Academia, que passou a ser chamada também de Casa de Machado de Assis.
Filho do pintor e dourador Francisco José de Assis e da açoriana Maria Leopoldina Machado de Assis, perdeu a mãe muito cedo, pouco mais se conhecendo de sua infância e início da adolescência. Foi criado no Morro do Livramento. Sem meios para cursos regulares, estudou como pôde e, em 1854, com 15 anos incompletos, publicou o primeiro trabalho literário, o soneto “À Ilma. Sra. D.P.J.A.”, no Periódico dos Pobres, número datado de 3 de outubro de 1854. Em 1856, entrou para a Imprensa Nacional, como aprendiz de tipógrafo, e lá conheceu Manuel Antônio de Almeida, que se tornou seu protetor. Em 1858, era revisor e colaborador no Correio Mercantil e, em 1860, a convite de Quintino Bocaiúva, passou a pertencer à redação do Diário do Rio de Janeiro. Escrevia regularmente também para a revista O Espelho, onde estreou como crítico teatral, a Semana Ilustrada e o Jornal das Famílias, no qual publicou de preferência contos.
O primeiro livro publicado por Machado de Assis foi a tradução de Queda que as mulheres têm para os tolos (1861), impresso na tipografia de Paula Brito. Em 1862, era censor teatral, cargo não remunerado, mas que lhe dava ingresso livre nos teatros. Começou também a colaborar em O Futuro, órgão dirigido por Faustino Xavier de Novais, irmão de sua futura esposa. Seu primeiro livro de poesias, Crisálidas, saiu em 1864. Em 1867, foi nomeado ajudante do diretor de publicação do Diário Oficial. Em agosto de 1869, morreu Faustino Xavier de Novais e, menos de três meses depois (12 de novembro de 1869), Machado de Assis se casou com a irmã do amigo, Carolina Augusta Xavier de Novais. Foi companheira perfeita durante 35 anos.
O primeiro romance de Machado, Ressurreição, saiu em 1872. No ano seguinte, o escritor foi nomeado primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, iniciando assim a carreira de burocrata que lhe seria até o fim o meio principal de sobrevivência. Em 1874, O Globo (jornal de Quintino Bocaiúva), publicou em folhetins, o romance A mão e a luva. Intensificou a colaboração em jornais e revistas, como O Cruzeiro, A Estação, Revista Brasileira (ainda na fase Midosi), escrevendo crônicas, contos, poesia, romances, que iam saindo em folhetins e depois eram publicados em livros. Uma de suas peças, Tu, só tu, puro amor, foi levada à cena no Imperial Teatro Dom Pedro II (junho de 1880), por ocasião das festas organizadas pelo Real Gabinete Português de Leitura para comemorar o tricentenário de Camões, e para essa celebração especialmente escrita. De 1881 a 1897, publicou na Gazeta de Notícias as suas melhores crônicas. Em 1880, o poeta Pedro Luís Pereira de Sousa assumiu o cargo de ministro interino da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e convidou Machado de Assis para seu oficial de gabinete (ele já estivera no posto, antes, no gabinete de Manuel Buarque de Macedo). Em 1881 saiu o livro que daria uma nova direção à carreira literária de Machado de Assis - Memórias póstumas de Brás Cubas, que ele publicara em folhetins na Revista Brasileira de 15 de março a 15 de dezembro de 1880. Revelou-se também extraordinário contista em Papéis avulsos (1882) e nas várias coletâneas de contos que se seguiram. Em 1889, foi promovido a diretor da Diretoria do Comércio no Ministério em que servia.
Grande amigo de José Veríssimo, continuou colaborando na Revista Brasileira também na fase dirigida pelo escritor paraense. Do grupo de intelectuais que se reunia na redação da Revista, e principalmente de Lúcio de Mendonça, partiu a ideia da criação da Academia Brasileira de Letras, projeto que Machado de Assis apoiou desde o início. Comparecia às reuniões preparatórias e, no dia 28 de janeiro de 1897, quando se instalou a Academia, foi eleito presidente da instituição, à qual ele se devotou até o fim da vida.
A obra de Machado de Assis abrange, praticamente, todos os gêneros literários. Na poesia, inicia com o romantismo de Crisálidas (1864) e Falenas (1870), passando pelo Indianismo em Americanas (1875), e o parnasianismo em Ocidentais (1901). Paralelamente, apareciam as coletâneas de Contos fluminenses (1870) e Histórias da meia-noite (1873); os romances Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878), considerados como pertencentes ao seu período romântico.
A partir daí, Machado de Assis entrou na grande fase das obras-primas, que fogem a qualquer denominação de escola literária e que o tornaram o escritor maior das letras brasileiras e um dos maiores autores da literatura de língua portuguesa.
A obra de Machado de Assis foi, em vida do Autor, editada pela Livraria Garnier, desde 1869; em 1937, W. M. Jackson, do Rio de Janeiro, publicou as Obras completas, em 31 volumes. Raimundo Magalhães Júnior organizou e publicou, pela Civilização Brasileira, os seguintes volumes de Machado de Assis: Contos e crônicas (1958); Contos esparsos (1956); Contos esquecidos (1956); Contos recolhidos (1956); Contos avulsos (1956); Contos sem data (1956); Crônicas de Lélio (1958); Diálogos e reflexões de um relojoeiro (1956).

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https://www.academia.org.br/academicos/machado-de-assis/biografia

Domingo na Usina: Biografias: Lafayette Rodrigues Pereira:


Lafayette Rodrigues Pereira, jurista e político, nasceu em Queluz, hoje Conselheiro Lafayette, MG, em 28 de março de 1834, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 29 de janeiro de 1917.
Filho de Antônio Rodrigues Pereira, Barão de Pouso Alegre, e da baronesa do mesmo título. Concluídos os estudos primários e secundários, partiu para São Paulo, matriculando-se em 1853 na Faculdade de Direito. Como está registrado no ofício do diretor da Faculdade, Lafayette era o melhor estudante da turma. Ao chegar ao 3º ano do curso, foi escolhido presidente efetivo do Grêmio Ensino Filosófico, colaborando na revista da associação.
Ao término dos estudos, em 1857, partiu para Ouro Preto, onde se dedicou à advocacia. No ano seguinte, mudou-se para a capital do Império e foi trabalhar a princípio no escritório de Teixeira de Freitas. Simultaneamente, dedicava-se ao jornalismo; fundou, com Pedro Luís e Flávio Farnese, A Atualidade, jornal em que escreveu excelentes artigos, de 1858 a 1860. Nos anos seguintes, foi redator também no Le Brésil, no Diário do Povo e, de 1870 a 1874, em A República.
Exerceu a presidência da Província do Ceará (1864-1865) e a do Maranhão (1865-1866). Regressando ao Rio, colaborou em A Opinião Liberal e no Diário do Povo.
Em 3 de dezembro de 1870 foi publicado o Manifesto republicano, redigido por Quintino Boicaúva, com a colaboração de Salvador de Mendonça. Lafayette Rodrigues Pereira aparece como um dos seus signatários. Não o assinou pessoalmente, tendo apenas comparecido à primeira reunião.
Alguns anos depois Lafayette é Ministro da Justiça do Gabinete Sinimbu. Criticada no Parlamento a sua atitude contraditória, procurou defender-se, explicando as razões pelas quais aceitou fazer parte do Ministério.
Em 1879 a escolha da Coroa recaiu sobre o nome do Ministro Lafayette para Senador, e foi nomeado em 22 de novembro do mesmo ano. Em maio de 1883, a convite do Imperador, Lafayette organizou um gabinete no qual ele era o presidente do Conselho e Ministro da Fazenda, dele fazendo parte também Afonso Pena como Ministro da Agricultura. O Gabinete Lafayette teve duração de um ano e doze dias, e foi marcado, sobretudo, por fatos da Questão Militar.
Foi, em 1885, nomeado Ministro em missão especial no Chile, para servir de árbitro nas reclamações de países europeus motivadas pela Guerra do Pacífico entre o Chile, de um lado, e o Peru e a Bolívia, do outro. Em 1889 foi de novo acreditado ministro em missão especial, de parceria com Amaral Valente e Salvador de Mendonça, para constituir a delegação do Brasil à primeira Conferência Internacional Americana. Abandonou o posto em 17 de novembro, por não aceitar a renovação dos seus poderes pelo Governo Provisório recém-proclamado, indo residir em Paris e só voltou ao Brasil com a reconstitucionalização do país. Desde então passou a se dedicar às atividades de jurisconsulto
Lafayette publicou Direitos de Familia (1869) e Direito das Cousas (1877) além de volumes de pareceres. Em 1898 publicou no Jornal do Commercio com o pseudônimo de Labieno, com o título de Vindiciae, posteriormente publicado em livro uma defesa de Machado de Assis das críticas de Silvio Romero.
Segundo ocupante da cadeira 23, foi eleito em 1º de maio de 1909, na sucessão de Machado de Assis, e tomou posse por carta, lida e registrada na ata da sessão de 3 de setembro de 1910.

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https://www.academia.org.br/academicos/lafayette-rodrigues-pereira/biografia

Domingo na Usina: Biografias: Alfredo Pujol:



Terceiro ocupante da Cadeira 23, eleito em 14 de novembro de 1917, na sucessão de Lafayette Rodrigues Pereira e recebido em 23 de julho de 1919 pelo Acadêmico Pedro Lessa. Recebeu o Acadêmico Cláudio de Sousa.
Alfredo Pujol (Alfreo Gustavo Pujol), advogado e político, nasceu em São João Marcos, RJ, em 20 de março de 1865, e faleceu em São Paulo, SP, em 20 de maio de 1930.
Era filho do educador Hippolyte Gustave Pujol e de Maria Castro Pujol. Iniciou os estudos primários com o pai. Transferiu-se para São Paulo, onde concluiu os preparatórios e cursou a Faculdade de Direito, bacharelando-se em 1890. Quando estudante, trabalhou como revisor de jornais, exercendo também o magistério particular.
O advogado distribuiu a sua atividade no foro criminal e no civil. Tornaram-se notáveis algumas defesas por ele feitas perante o tribunal do júri em São Paulo e outras cidades paulistas. Foi consultor jurídico da Associação Comercial de São Paulo. A imprensa constituiu sempre a sua atração. Escreveu em jornais de São Paulo, como o Diário Mercantil e O Estado de São Paulo, de Campinas e do Rio de Janeiro.
Iniciou a carreira política em 1888, ainda estudante do 3º ano do curso jurídico. Ao lado de Francisco Glicério, encetou a propaganda republicana com discursos e conferências políticas. Em 1892, o Partido Republicano Paulista elegeu-o deputado estadual. Três anos depois era Secretário do Interior, e dedicava-se à causa do ensino. No quadriênio presidencial de Campos Sales, abandonou o mandato de deputado em virtude de divergências políticas. Militou com relevo na campanha civilista de Rui Barbosa, contra a candidatura do Marechal Hermes da Fonseca à presidência da República.
O orador distinguiu-se como advogado, como conferencista e como político. Vários de seus discursos encontram-se publicados em folheto.
A sua estreia literária se fez com um artigo sobre o romance A carne, de Júlio Ribeiro, considerado como adverso ao escritor por ele ter sabido distinguir da arte naturalista o objetivo de escândalo. Para ele, romances como O homem, de Aluísio Azevedo, A carne, de Júlio Ribeiro, e outros do gênero na literatura brasileira, na portuguesa e na francesa, não deveriam ser considerados como obras de arte. O artigo de Pujol chamou a atenção do meio literário, porque revelava a sinceridade e a coragem do jovem crítico. Além da crítica na imprensa, passou a dedicar-se a um gênero literário em voga, introduzido por Medeiros e Albuquerque e cultivado por Olavo Bilac, Coelho Neto e muitos outros escritores do Rio e de São Paulo: a conferência literária. Notabilizou-se pelas sete conferências aos sócios da Cultura Artística, de São Paulo, em curso literário sobre a personalidade e a obra de Machado de Assis. Antes dele, somente Sílvio Romero, no seu livro contra Machado de Assis, José Veríssimo e Araripe Júnior haviam tentado interpretações do grande escritor carioca, e ainda o Conselheiro Lafayette, que respondeu em poucas páginas ao libelo de Sílvio Romero. A série de conferências de Alfredo Pujol, posteriormente reunidas em volume, valeu-lhe a consagração da Academia e o mérito de ser um dos primeiros estudiosos da vida e da obra de Machado de Assis.
Inteligente, culto, Alfredo Pujol era conhecido também pelo amor aos livros. Nas suas viagens pela Europa, frequentava os magasins e os bouquinistes, dedicando a maior parte do tempo a essas visitas de sua predileção. Assistia, com assiduidade, às conferências literárias, no Colégio de França e na Sorbonne. Era um trabalhador infatigável e um cavalheiro distinto pelo espírito de sociabilidade.
Foi o advogado da Academia no inventário do livreiro Francisco Alves para os bens de São Paulo.
Era membro da Academia Paulista de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Atualizado em 30/03/2016.

fonte de origem:

https://www.academia.org.br/academicos/alfredo-pujol/biografia

Domingo na Usina: Biografias: Antônio Torres da Cruz:



Oitavo ocupante da Cadeira nº 23, eleito em 7 de novembro de 2013, na sucessão de Luiz Paulo Horta e recebido em 9 de abril de 2014 pela Acadêmica Nélida Piñon.
Antônio Torres da Cruz, filho de Irineu José da Cruz e de Durvalice Torres da Cruz, nasceu no dia 13 de setembro de 1940, num distrito de Inhambupe chamado Junco (hoje a cidade de Sátiro Dias), no sertão baiano, onde fez o curso primário. Estudou também em Alagoinhas e Salvador, ali ingressando no Jornal da Bahia. como repórter. Em 1961, transferiu-se para o diário Última Hora, de São Paulo. Na capital paulista, veio a trocar o jornalismo pela publicidade, tendo sido redator e diretor de criação em várias agências de São Paulo, Portugal e Rio Janeiro. Estreou na literatura em 1972, com o romance Um cão uivando para a Lua,, considerado pela crítica a revelação do ano. Seu universo romanesco é constituído de cenários rurais, urbanos e da História. É também contista, cronista e autor de uma história para crianças. Sua obra tem tido várias edições no Brasil e traduções em muitos países, da Argentina ao Vietnã. De 1999 a 2005, foi Escritor Visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde realizou oficinas literárias, palestras e aulas inaugurais nos campos do Maracanã, São Gonçalo (Faculdade de Formação de Professores) e Duque de Caxias (Faculdade de Educação da Baixada Fluminense). 

Pertence também à Academia de Letras da Bahia, na qual ocupa a cadeira 9, sucedendo a João Ubaldo Ribeiro.

Premiações

1987 – Prêmio Pen Clube do Brasil para Balada da Infância Perdida.

1997 – Prêmio hors concours da Uniaão Brasileira de Escritores para O cachorro e o lobo.

Em 1998 recebeu a comenda de Chevalier des Arts et des Lettres, do governo francês, pelas suas obras publicadas na França até então, Essa terra e Um táxi para Viena d’Áustria.

1999 – Selo Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, para Meninos, eu conto.

2000 – Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.

2001 – Prêmio Zaffari & Bourbon, da 9ª. Jornada Literária de Passo Fundo, para Meu querido canibal.

2007 – Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, para Pelo fundo da agulha.

2015 – Selo Oficial dos 450 anos do Rio de Janeiro para Meu querido canibal e O nobre sequestrador.

2016 - Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro - 2016, concedido pela Academia Carioca de Letras.

Atualizado em 13/12/2016.

fonte de origem:

https://www.academia.org.br/academicos/antonio-torres/biografia 

Domingo na usina: Biografias: Garcia Redondo:



Garcia Redondo (Manuel Ferreira Garcia Redondo), engenheiro, jornalista, professor, contista e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 7 de janeiro de 1854, e faleceu em São Paulo, SP, em 6 de outubro de 1916. Convidado a comparecer à última sessão preparatória para a criação da Academia Brasileira de Letras, fundou a cadeira nº 24, que tem como patrono Júlio Ribeiro.
Filho de Manuel Ferreira de Sousa Redondo e de Francisca Carolina Garcia Redondo. Frequentou a Universidade de Coimbra por algum tempo, cursando humanidades. Foi companheiro de poetas e escritores portugueses e brasileiros, entre os quais Gonçalves Crespo, Guerra Junqueiro e Cândido de Figueiredo. Em 1872, ingressou na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, pela qual obteve o grau de engenheiro e bacharel em ciências físicas e matemáticas.
Em fins de 1878, nomeado engenheiro fiscal de obras de Alfândega de Santos, transferiu-se para aquela cidade, onde residiu até 1884, transferindo-se daí para a capital de São Paulo.
Em Portugal, colaborou no Novo Almanaque Luso-brasileiro de Lembranças e fundou O Peregrino, periódico literário, onde teve por companheiros de redação Augusto Bittencourt e Sergio de Castro. No Rio de Janeiro, colaborou n’A República em sua primeira fase, quando redigida por Salvador de Mendonça, e na segunda fase em 1878; na Ideia, periódico literário; no Mosquito, semanário humorístico; no Jornal do Comércio; no Repórter, onde publicou folhetins semanais, e na Revista de Engenharia. Pseudônimos: Um contemporâneo, Um plebeu, Cabrion, Pepelet, Gavarni, Nemo, Childe Harold.

fonte de origem:

https://www.academia.org.br/academicos/garcia-redondo/biografia