CANTO DO SERTANEJO
Salve, oh! florestas sombrias, Salve, oh! broncas penedias, Onde as rijas ventanias Murmuram fera canção, Nas sombras deste deserto Do norte ao rude concerto, Sentado de Deus tão perto Quem é que teme o Bretão?
Cobre-se a selva de flores,
Brincam voláteis cantores
Bebendo os langues odores
Que passam na viração,
Rugem cavernas frementes,
Silvam medonhas serpentes,
Bradam raivosas torrentes,
Quem é que teme o Bretão?
Ah! correi filhos das matas,
Através das cataratas,
Entre suaves cantatas
Ao gênio da solidão,
Cuspi nos dias escassos,
Rompei os imigos laços...
Não tendes dois fortes braços?
Que Loucos! nas fundas clareiras,
Aos urros das cachoeiras
Nas brenhas das cordilheiras,
Feia morte encontrarão!
Quem tem do ermo as grandezas,
As serras por fortalezas
Não teme as loucas bravezas
Do temerário Bretão!
Daqui decide-se a sorte,
Daqui troveja-se a morte,
Daqui se extingue a coorte
Que insulta a brava nação!...
Gritos das selvas, dos montes,
Dos matagais e das fontes
Retumbam nos horizontes...
Quem é que teme o Bretão?
Salve, oh! florestas sombrias,
Salve, oh! broncas penedias,
Onde as rijas ventanias
Perpassam varrendo o chão,
Neste profundo deserto
De negros antros coberto
Sentado de Deus tão perto
Quem é que teme o Bretão?