sábado, 6 de março de 2021

Domingo na Usina: Biografias: Bernardo Santareno:

 


Bernardo Santareno, pseudónimo literário de António Martinho do Rosário (Santarém, 19 de Novembro de 1920 — Oeiras, 29 de Agosto de 1980) foi um dramaturgo português do século XX.
António Martinho do Rosário nasceu a 19 de Novembro de 1920, em Santarém, no Ribatejo, filho de Maria Ventura Lavareda, católica devota, e de Joaquim Martinho do Rosário, republicano, anti-clerical e opositor do Estado Novo, oriundos do Espinheiro.
Estudou no Liceu Nacional de Sá da Bandeira até 1939, em Santarém, após o que frequentou os cursos preparatórios para a Faculdade de Medicina, na Universidade de Lisboa. Junta-se à Juventude Comunista Portuguesa em 1941, sendo que, a partir desta data, sempre militará no Partido Comunista Português[1]. Em 1945 transferiu-se para a Universidade de Coimbra, onde se licenciou em medicina em 1950. Viria a especializar-se em Psiquiatria.[2]
Em 1957 e 1958, a bordo dos navios David Melgueiro, Senhora do Mar e do navio-hospital Gil Eanes, acompanhou as campanhas de pesca do bacalhau como médico. A sua experiência no mar serviria de inspiração a muitas das suas obras, como O Lugre, A Promessa e o volume de narrativas Nos Mares do Fim do Mundo.
Bernardo Santareno foi distinguido por duas vezes com o Prémios Bordalo. Primeiro, foi-lhe atribuído o Óscar da Imprensa 1962, na categoria Teatro, juntamente com os actores Laura Alves e Rogério Paulo e o Teatro Moderno de Lisboa, entregue pela Casa da Imprensa em 1963. No ano seguinte, ser-lhe-ia novamente atribuído na mesma categoria o Prémio Imprensa 1963, agora acompanhado dos actores Eunice Muñoz e Jacinto Ramos, do autor Luís de Sttau Monteiro e da Companhia do Teatro Moderno de Lisboa.[3]
Intelectual de esquerda, teve várias vezes problemas com o regime salazarista, tendo a sua peça A Promessa sido retirada de cena após a estreia por pressão da Igreja Católica.[2] Depois da revolução de 1974 milita activamente no partido MDP/CDE e no Movimento Unitário dos Trabalhadores Intelectuais.[2]
Bernardo Santareno faleceu em Carnaxide, Oeiras, em 1980, com 59 anos de idade, e está sepultado no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[2]
Em 1981, Bernardo Santareno foi feito Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 13 de Julho. [4]
Santareno deixou inédito um dos seus mais vigorosos dramas, O Punho, cuja acção se localiza no quadro revolucionário da Reforma Agrária, em terras alentejanas. A sua obra dramática completa está publicada em quatro volumes. Parte do espólio de Bernardo Santareno encontra-se no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea da Biblioteca Nacional de Portugal. O seu livro O Lugre será transformado num filme intitulado Terra Nova, cuja estreia em Portugal está agendada para Março de 2020.[5]
Obra
Poesia
Médico de profissão, formado pela Universidade de Coimbra, revelou-se como autor de teatro apenas depois de publicar três livros de poesia (1954 - Morte na Raiz, 1955 - Romances do Mar, 1957 - Os Olhos da Víbora), onde se enunciam alguns temas e motivos dominantes da sua obra dramática.
Teatro
Reconhecido como o mais pujante dramaturgo português do século XX, a sua obra reparte-se por dois ciclos, menos distanciados um do outro do que a evolução estética e ideológica do autor terá feito supôr, já que as peças compreendidas em qualquer deles respondem à mesma questão essencial: a reivindicação feroz do direito à diferença e do respeito pela liberdade e a dignidade do homem face a todas as formas de opressão, a luta contra todo o tipo de discriminação, política, racial, económica, sexual ou outra.
Esta temática exprime-se, nas peças integrantes do primeiro ciclo (A Promessa, O Bailarino e A Excomungada, publicadas conjuntamente em 1957; O Lugre e O Crime de Aldeia Velha, 1959; António Marinheiro ou o Édipo de Alfama, 1960; Os Anjos e o Sangue, O Duelo e O Pecado de João Agonia, 1961; Anunciação, 1962), através de um naturalismo poético apoiado numa linguagem extremamente plástica e coloquial e estruturado sobre uma acção de ritmo ofegante que atinge, nas cenas finais, um clima de trágico paroxismo.
A partir de 1966, com a "narrativa dramática" O Judeu, que retrata o calvário do dramaturgo setecentista António José da Silva, queimado pelo Santo Ofício, o autor plasma as suas criações no molde do teatro épico de matriz brechteana, adaptando-o ao seu estilo próprio, e assume uma posição de crescente intervencionismo que irá retardar até à queda do regime fascista a representação dessa e das suas peças seguintes: O Inferno, baseada na história dos "amantes diabólicos de Chester" (1967), A Traição do Padre Martinho (1969) e Português, Escritor, 45 Anos de Idade (1974), drama carregado de notações autobiográficas e que seria o primeiro original português a estrear-se depois de restaurada a ordem democrática no país.
Em 1979, depois de uma curta incursão no teatro de revista, colaborando com César de Oliveira, Rogério Bracinha e Ary dos Santos na autoria do texto da peça de Sérgio de Azevedo, P'ra Trás Mija a Burra (1975), publica quatro peças em um acto sob o título genérico Os Marginais e a Revolução (Restos, A Confissão, Monsanto e Vida Breve em Três Fotografias), em que combina elementos das duas fases da sua obra, inserindo a problemática sexual das primeiras peças no âmbito mais vasto de um convulsivo processo social que é a própria substância das segundas.
Santareno, ele próprio um "homossexual discreto"[6] aborda a temática da homossexualidade em muitas das suas peças, de modo melodramático, antevendo a importância que esta questão — e outras relacionadas com os direitos e as liberdades individuais face aos preconceitos morais e sociais da época, como o adultério, a virgindade, o papel da mulher no casamento, a moral religiosa, e outros — viriam a ter num futuro mais ou menos próximo.[7] A homossexualidade desempenha papel central no drama de algumas das suas obras, como em O Pecado de João Agonia. O "pecado" é a angustiada sexualidade diferente de João (que ele parece atribuir a um abuso sexual que sofreu na infância), abominada e punida com a morte, ditada pelo machismo empedernido dos homens da família,[8] ou em Vida Breve em Três Fotografias, em que a perversidade de um arrebenta, chantagista e psicopata, é o ponto focal.
O seu último texto teatral, O Punho, publicado postumamente em 1987, é levado pela primeira vez à cena em 2020 pela companhia Escola de Mulheres por iniciativa de Fernanda Lapa no Clube Estefânia[9]....

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Bernardo_Santareno

Domingo na Usina: Biografias: António José da Silva Coutinho:

 



António José da Silva Coutinho (São João de Meriti, 8 de maio de 1705 — Lisboa, 19 de outubro de 1739) foi um escritor e dramaturgo luso-brasileiro nascido no Brasil Colônia.[1] Formado na universidade de Coimbra,[2] escreveu o conjunto da sua obra em Portugal entre 1725 e 1739.[1] Recebeu o epíteto de "O Judeu".[3] É hoje considerado um dos maiores dramaturgos portugueses de todos os tempos e o precursor da modinha.[4]
O romancista português Camilo Castelo Branco (1825-1890) retratou a vida de várias gerações da família de António José da Silva até à sua morte na sua obra O Judeu.[5][6] A história de António José da Silva também inspirou Bernardo Santareno, igualmente de origem judaica, a escrever a peça O Judeu (1966).[7][8] A sua vida é ainda retratada no filme luso-brasileiro O Judeu (1995). A Fundação Nacional de Artes - Funarte e o Camões Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa instituíram o Prêmio Luso-Brasileiro de estímulo a dramaturgia António José da Silva no ano de 2007.[9][10] Portugal dedicou-lhe um selo a 7 de junho de 2010, na série Teatro em Portugal, que reproduz uma cena da peça "Guerras do Alecrim e da Manjerona", sob o título "António José da Silva (O Judeu)".
António José da Silva nasceu no engenho do avô materno, Balthazar Rodrigues Coutinho, no bairro da Covanca, na atual cidade de São João de Meriti, no Rio de Janeiro.[11] Era filho do advogado e poeta João Mendes da Silva.[12] Mudou-se ainda pequeno com a família para a Freguesia da Candelária (hoje parte do centro da capital carioca). Batizado no catolicismo, mas de origem judaica, foi vítima da perseguição que dizimou a comunidade dos cristãos-novos do Rio de Janeiro em 1712. Pensa-se que terá conseguido manter a sua fé judaica secretamente. Mas, sua mãe, Lourença Coutinho foi bem menos sucedida. Acusada de judaísmo, foi deportada para Portugal onde foi processada pela Inquisição. O pai de António decidiu então partir para Portugal, para estar próximo de sua mulher, levando o jovem António consigo. A família instalou-se a seguir na Metrópole.
Em Portugal, António José da Silva estudou direito na Universidade de Coimbra, onde se inscreveu em 1725.[2] Interessado pela dramaturgia, escreveu uma sátira, que serviu de pretexto às autoridades para prendê-lo, acusado de práticas judaizantes, com sua mãe e sua esposa, a 8 de agosto de 1726. Embora fosse amigo de Alexandre de Gusmão, conselheiro do rei dom João V (1706-1750), foi torturado a 16 de agosto e 23 de setembro, tendo ficado parcialmente inválido durante algumas semanas, o que o impediu de assinar a sua "reconciliação" com a Igreja Católica, acabando por fazê-lo em grande auto-de-fé de 23 de outubro. Salvou sua vida admitindo ter seguido práticas da lei mosaica. Depois de ter abjurado seus erros, foi posto em liberdade. Sua mãe ela só foi liberta três anos mais tarde, em outubro de 1729, depois de ter sido torturada e figurada como penitente em outro auto-da-fé.
Depois de ter praticado três anos seu ofício de advogado, acabou por retomar sua atividade literária, sendo considerado o maior dramaturgo português da sua época. Escritor prolífico, escreveu sátiras em que criticava num modo burlesco o ridículo da sociedade portuguesa, usando referências frequentes à mitologia e aos autores da Antiguidade e da Península Ibérica, nomeadamente Don Quixote. Devido a partes orquestrais importantes, árias e conjuntos cantados, suas peças podem quase ser consideradas óperas. A única música que sobreviveu foi composta por António Teixeira.
Conhecido pela facilidade e verve cómica das suas sátiras, José da Silva fez muitos inimigos contra os quais o conde de Ericeira o protegeu, mas após a morte deste último, o dramaturgo e escritor foi denunciado como suspeito de judaísmo à Inquisição. Foi preso de novo em 1737, em Lisboa com a mãe, a tia, o irmão (André) e a sua mulher, Leonor Maria de Carvalho, que se encontrava grávida. Morreu no dia 19 de Outubro de 1739 na fogueira às mãos da Inquisição, num auto de fé. António José da Silva é ainda hoje considerado o mais famoso dramaturgo português do seu tempo.
Obra
As suas comédias ficaram conhecidas como a obra de "O Judeu" e foram encenadas frequentemente em Portugal nos anos da década de 1730. Influenciado pelas ideias igualitárias do Iluminismo francês, o dramaturgo ligou-se a um grupo de “estrangeirados”, formado por eminentes figuras como o diplomata luso-brasileiro Alexandre de Gusmão (1695-1753), o principal conselheiro do rei D. João V.
Sua obra teatral inspirava-se no espírito e na linguagem do povo, rompendo com os modelos clássicos e incorporando o canto e a música como elemento do espectáculo. Uma delas foi "Vida do Grande Dom Quixote de La Mancha", representada em 1733.[13]
Oito de suas óperas foram publicadas em 1744 em dois volumes, na série que ostenta o título Theatro comico portuguez, recuperadas em 1940, pelo investigador Luís Freitas Branco. Mais tarde o musicólogo Felipe de Souza confirmou a parceria de António José com o padre Antonio Teixeira, autor das músicas.[14][15]
Escreveu também poemas, um deles publicado por Francisco Adolfo Varnhagen, em 1850, em seu Florilégio da poesia brasileira. Este usa de recursos da poesia barroca, tal como o maneirismo.[16]....

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Jos%C3%A9_da_Silva

Domingo na Usina: Biografias: Francisco Manuel de Melo:

 


Francisco Manuel de Melo (Lisboa, 23 de Novembro de 1608 – Lisboa, Alcântara, 24 de Agosto ou 13 de Outubro de 1666) foi um escritor, político e militar português, ainda que pertença, de igual modo, à história literária, política e militar da Espanha. Historiador, pedagogo, moralista, autor teatral, epistológrafo e poeta, foi representante máximo da literatura barroca peninsular. Dedicou-se à poesia, ao teatro, à história e à epistolografia. Tendo publicado cerca de duas dezenas de obras durante a sua vida, foi ainda autor de outras, publicadas postumamente. Aliou ao estilo e temática barroca (a instabilidade do mundo e da fortuna, numa visão religiosa) o seu cosmopolitismo e espírito galante, próprio da aristocracia de onde provinha. Entre suas obras mais importantes, pode-se destacar o texto moralista da Carta de Guia de Casados ou a peça de teatro Fidalgo Aprendiz (que é uma "Farsa", como foi descrita pelo seu autor desde o início e não um "Auto" como tem vindo a ser designada por edições recentes).
Nasceu em Lisboa numa família de alta fidalguia, seu pai Luís de Melo, militar, morre em 1615, na ilha de São Miguel, deixando a par de Francisco com 7 anos de idade, uma filha, Isabel. A mãe, Dona Maria de Toledo de Maçuellos, era filha dum "alcalde mayor" de Alcalá de Henares, e neta do cronista e gramático português Duarte Nunes de Leão. Pensa-se que terá tido a sua educação académica num colégio de Jesuítas (provavelmente, no colégio jesuíta de Santo Antão, onde terá estudado humanidades), e adquiriu uma erudição que se tornaria patente nas obras. Como pretendia seguir a carreira das armas, a exemplo do pai, estudou matemática. Começou, desde cedo, a frequentar a corte. Foi Fidalgo da Casa Real e Cavaleiro da Ordem de Cristo.
Seguiu a vida militar a serviço da armada espanhola em Flandres e na Catalunha. O episódio mais famoso do período ocorreu em 1627, descrito na sua “Epanáfora Trágica”: estando a servir na esquadra comandada por Manuel de Meneses, esteve perto de naufragar no Golfo da Biscaia, tendo atingido a custo a costa francesa. Pouco depois, em 1629, combateu, vitoriosamente, corsários turcos num combate naval no Mar Mediterrâneo e foi armado cavaleiro. Em 1631 recebeu a ordem de Cristo das mãos de Filipe IV de Espanha. A sua presença na corte de Madrid torna-se constante. Capital do Império, a cidade assumia-se como o grande centro político e cultural da Península. Francisco Manuel de Melo entrou aí em contacto com os mais eminentes intelectuais, incluindo o célebre Francisco de Quevedo.
Em 1637 tinha participado na pacificação da revolta de Évora, acontecimento que viria a preparar a restauração portuguesa. Assim que esta foi declarada por João IV de Portugal, a coroa espanhola manda prendê-lo por suspeitar do seu envolvimento na revolução em solo luso. Tendo-lhe sido autorizado deslocar-se para a Flandres, fugiu daí para Inglaterra, de onde regressou a Portugal. Em 1641, livre, foi encarregado de missões diplomáticas em Paris, Londres, Roma e Haia. Neste ano aderiu à causa do rei português, João IV, a quem prestará os seus serviços, a nível militar e diplomático.
Prisão e desterro
Em 1644, em Portugal, depois de receber a comenda da Ordem de Cristo, foi preso por envolvimento num caso que acarreta muitas dúvidas e conjecturas.
Enquanto alguns referem um móbil político, outros defendem um caso passional: A rivalidade do rei João IV e do poeta, para com a esposa do Conde de Vilanova de Portimão, Mariana de Lancastre, chegando ao ponto de uma briga dos dois uma noite, em que apenas o rei teria reconhecido Francisco. Morrendo assassinado Francisco Cardoso, criado do Conde, que entretanto teria denunciado ao amo os amores clandestinos da esposa, as suspeitas teriam ido para Francisco. O espírito de vingança do Conde, tal como a inimizade do rei teriam levado então Francisco a ser aprisionado[1] .
Manteve-se na prisão até 1655, onde escreveu muitas das suas mais celebradas obras. Foi condenado ao degredo em África, conseguindo, depois, que a pena lhe fosse comutada para o exílio no Brasil, e viveu por três anos na Bahia, encarcerado no forte de São Filipe de Monte Serrat ao qual sucedeu o actual forte de Monte Serrat. A influência do Novo Mundo, ainda que pouco acentuada, encontra-se em alguns aspectos da sua obra. Em 1658, morto João IV, regressou a Portugal.
Dedicou-se, então, à “Academia dos Generosos”, agremiação de carácter literário. O novo rei voltou a demonstrar-lhe confiança, ao encarregá-lo de missões diplomáticas. Foi nomeado deputado da Junta dos Três Estados em 1666, ano em que morreu.
Frontispício do Teodosio II, desenhado por um primo do autor, mas concebido por este
Três (ou quatro) cabeças aparecem... sob o olhar do moucho
Em 1647, compõe uma parte do Teodosio II, em castelhano, sobre a história da Casa de Bragança, que apenas chega à infância de Teodosio II, seu 7mo Duque, pai do futuro Rei Restaurador ; para este livro Francisco com a ajuda do seu primo Francisco de Melo (que desenha) cria um frontispicio que ele explica da seguinta maneira numa carta dirigida a um amigo, Azevedo, datada de 10 de maio de 1649 :
«Neste livro Teodósio, que a S. Majestade escrevo, de que determino fazer-lhe cedo presente, fiz debuxar um capricho por meu primo Francisco, que com raro acêrto o pôs em efeito, -- para dêle, se abrir uma estampa que sirva de rosto ao verdadeiro livro ; mas para que a pintura nem a tensão fique muda, desejo explicá-la em dous Dísticos, ao pé do debuxo, para o que fiz deixar lugar. É tal a pintura: -- a Verdade em figura de Ninfa, que está pintando em sua estante; e por detrás à orelha lhe dita o que há de pintar outra Ninfa, que significa a Memória. Em o painel se vê a pessoa do Duque Teodósio armado como pintura feita de verdade. Por detrás está Mercúrio moendo tintas, significando o estilo (por sêr ele o deus da Eloquência) -- que são as tintas de que se compõe a formosa história.»
Olhando precisamente o "debuxo" que me apareceram três figuras dissimuladas, que parecem ser mais que traços tirados do acaso. Não esqueçamos que Melo se interessa por tudo, e notavelmente pela Cabala, e podemo-nos perguntar porque é tão importante para ele compôr este frontispício. Melo está preso há 5 anos ("prêso na Tôrre Velha", indica ele ao fim do prólogo dessa obra), e (pode-se distinguir isso nos seus escritos e no que resta dos documentos da época), foi um (ou vários) inimigo potente que conseguiu essa prisão, com a caução do Rei. Ora é o próprio Rei (foi só depois de sua morte que Francisco foi libertado) que lhe pede uma historia do seu pai Teodósio. Situação difícil. Francisco tinha utilizado todos os meios possíveis para obter a sua libertação, até uma carta do próprio Louis XIV de França. Noutras circunstâncias que não estas (misteriosas até hoje), já teria saído de prisão há muito. O "rosto" que finalmente nunca foi publicado (apenas em 1944 com uma publicação desta obra), poderá ser que Francisco o terá querido para poder fazer aí figurar a história do seu drama: Dum lado acima da pirâmide, como vindo depois do corpo duma serpente, uma cara de perfil, homem calvo, corpulento, (o inimigo?); a um dos pés (de seus pés), da cadeira, a cabeça pisada dum outro homem, ainda novo, de cabelos compridos (Francisco?, que tinha 40 anos); o outro pé dessa cadeira parece pisar o pé da "Ninfa" da Memória e indica, pé esquerdo da pirâmide, uma outra cabeça, Cabelos curtos e escuros, olhos grande abertos, escondida atrás de cortinas (a saia da Ninfa), ou com um corpo fantasmático deitado sobre a palavra Memória, se calhar o morto à origem do drama, que a primeira figura fixa, no cume da pirâmide... Acima aínda, um moucho, garras exageradas, asas abertas... Pura especulação?
Obra
Francisco Manuel de Melo foi autor de uma obra vasta e diversificada, em português e em castelhano.
Poesia
”Finis Gloriae Mundi”, de Juan Valdez Leal: exemplo, na pintura, da concepção barroca do mundo e do tema da transitoridade, também presente na poesia de Francisco Manuel de Melo
Em 1628, publicou um conjunto de sonetos. É, contudo, nas suas “Obras Métricas” (Lyon, 1665), que o autor se mostra digno representante do estilo barroco, espelhando igualmente a influência do renascimento e maneirismo português. Entre a obra poética publicada neste volume encontra-se também o “Auto do Fidalgo Aprendiz”, já que está escrito em verso.
Francisco Manuel de Melo. Obras métricas. Lyon, 1665
O tema do desconcerto do mundo predomina na sua poesia, tal como na generalidade da poesia e arte barroca. Muito do que conhecemos da sua biografia advém da interpretação de muitas das passagens reflexivas e meditações morais da sua obra poética. Esta, está dividida em três partes: a primeira e a terceira, em castelhano e a segunda em português, contendo sonetos, éclogas, romances e trovas. A primeira parte, “Las três musas del Melodino”, publicada pela primeira vez em Lisboa em 1649, está dividida em “El harpa de Melpómene”, “La cítara de Erato” e “La tiorba de Polymnia”. A segunda parte, em língua portuguesa, designada por “As Segundas Três Musas do Melodino” que se dividem em “A Tuba de Calíope”, “A Sanfonha de Euterpe” e “A Viola de Talia”. A terceira parte, de novo em castelhano, designada por “El Tercer Coro de las Musas del Melodino”, divide-se em “La Lira de Clio”, “La Avena de Tersicore” e “La Fistula de Urania”.

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Manuel_de_Melo

Domingo na Usina: Biografias: António Ferreira:

 


Era filho de Martim Ferreira, escrivão de Fazenda de dom Jorge de Lencastre, duque de Coimbra, e de Mexia Fróis Varela. Em sua educação, conviveu com os filhos do duque e com pessoas de grande relevância nobiliárquica, administrativa e literária.
Frequentou o curso de Humanidades e Leis na Universidade de Coimbra, onde se doutorou em Cânones. Foi temporariamente professor na mesma Universidade.
A frequência da Universidade ocorreu no período áureo do Humanismo Bordalês, em que pontificaram nomes como os Gouveia (André, Marcial, Diogo Júlio), Diogo de Teive, João da Costa, António Mendes, Jorge Buchanan, Arnaldo Fabrício, Guilherme de Guérente, Nicolau Grouchy e Elias Vinet.
Parece ter-se enamorado, em Coimbra, de uma senhora de família nobre, de apelido Serra, que evoca veladamente em algumas de suas poesias.
Desposou, em 1556, dona Maria Pimentel, senhora de Torres Novas, que veio a falecer no terceiro ano de casamento.
Desposou, em segunda núpcias, em 1564, D. Maria Leite, natural de Lamas de Orelhão, no concelho de Mirandela, local onde recolheu as informações para a sua "História de Santa Comba dos Valles", sobre a Lenda de Santa Comba dos Vales.
Em 1567, foi nomeado desembargador do Tribunal da Relação de Lisboa.
Faleceu na mesma cidade, vítima de peste, deixando dois filhos.
Como discípulo mais destacado do poeta Sá de Miranda, destacou-se na elegia, na epístola, nas odes e no teatro.
O seu filho, Miguel Leite Ferreira, publicou postumamente os seus poemas sob o título de Poemas lusitanos em Lisboa (1598) e as suas comédias apareceram em 1621 junto com as de Francisco Sá de Miranda.
A sua obra mais conhecida é uma tragédia, "A Castro" ou "Tragédia de Inês de Castro", de inspiração clássica em cinco actos, na qual aparece um coro grego, tendo sido escrita em verso polimétrico. O tema, os amores do príncipe dom Pedro de Portugal pela nobre Inês de Castro e o assassinato desta em 1355 por razão de estado, por ordem do pai do príncipe, o rei Afonso IV de Portugal, será, depois, um dos mais tratados pelos dramaturgos europeus. Esta tragédia só foi impressa em 1587.
Muita da sua obra está incluída na coleção "Poemas Lusitanos", espécie de colectânea de "obra completa".
Foi, ainda, autor de "História de Santa Comba dos Vales", primeiro registo da lenda de Santa Comba dos Vales.....

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Ferreira

Domingo na Usina: Biografias: Gil Vicente:

 


Apesar de se considerar que a data mais provável para o seu nascimento tenha sido em 1466 — hipótese defendida, entre outros, por Queirós Veloso — há ainda quem proponha as datas de 1460 (Braamcamp Freire) ou entre 1470 e 1475 (Brito Rebelo). Se nos basearmos nas informações veiculadas na própria obra do autor, encontraremos contradições. O Velho da Horta, a Floresta de Enganos ou o Auto da Festa, indicam 1452, 1470 e antes de 1467, respectivamente. Desde 1965, quando decorreram festividades oficiais comemorativas do quincentenário do nascimento do dramaturgo, que se aceita 1465 de forma quase unânime.
Frei Pedro de Poiares localizava o seu nascimento em Barcelos, mas as hipóteses de assim ter sido são poucas. Pires de Lima propôs Guimarães para sua terra natal - hipótese essa que estaria de acordo com a identificação do dramaturgo com o ourives, já que a cidade de Guimarães foi durante muito tempo berço privilegiado de joalheiros. O povo de Guimarães orgulha-se desta hipótese, como se pode verificar, por exemplo, na designação dada a uma das escolas do concelho (em Urgeses), que homenageia o autor.
Lisboa é também muitas vezes defendida como o local certo. Outros, porém, indicam as Beiras para local de nascimento - de facto, verificam-se várias referências a esta área geográfica de Portugal, seja na toponímia como pela forma de falar das personagens. José Alberto Lopes da Silva[1] assinala que não há na obra vicentina referências a Barcelos nem a Guimarães, mas sim dezenas de elementos relacionados com as Beiras. Há obras inteiras, personagens, caracteres, linguagem. O conhecimento que o autor mostra desta região do país não era fácil de obter se tivesse nascido no norte e vivido a maior parte da sua vida em Évora e Lisboa.
Poeta-ourives
Cada livro publicado sobre Gil Vicente é, quase sempre, defensor de uma qualquer tese que identifique ou não o autor ao ourives. A favor desta hipótese existe o facto de o dramaturgo usar com propriedade termos técnicos de ourivesaria na sua obra.
Alguns intelectuais portugueses polemizaram sobre o assunto. Camilo Castelo Branco escreveu, em 1881, o documento "Gil Vicente, Embargos à fantasia do Sr. Teófilo Braga" - este último defendia uma só pessoa para o ourives e para o poeta, enquanto que Camilo defendia duas pessoas distintas. Teófilo Braga mudaria de opinião depois de um estudo de Sanches de Baena que mostrava a genealogia distinta de dois indivíduos de nome Gil Vicente, apesar de Brito Rebelo ter conseguido comprovar a inconsistência histórica destas duas genealogias, utilizando documentos da Torre do Tombo. Lopes da Silva, na obra citada[1], avança uma dezena de argumentos para provar que Gil Vicente era ourives quando escreveu a sua primeira obra, uma imitação do Auto del Repelón, de Juan del Encina a quem pede emprestada não só a história, mas também as personagens com o seu respectivo idioma, o saiaguês.
Dados biográficos
Sabe-se que casou pela primeira vez com Branca Bezerra, de quem nasceram Gaspar Vicente (que nasceu em cerca de 1488, teria partido para a Índia na Armada de 1506 e foi Moço da Capela Real em 1519, ano em que morreu solteiro e sem geração) e Belchior Vicente (que nasceu em 1504 ou 1505 e faleceu antes de 13 de Março de 1552, foi Moço de Capela depois acrescentado a Escudeiro da Casa Real e teve o ofício de Escrivão Segundo da Feitoria da Mina, casado com Guiomar Tavares e pai de Paula Vicente, batizada a 11 de Abril de 1549, e de Maria Tavares).[2]
Depois de enviuvar, casou pela segunda vez com Melícia Rodrigues, de quem teve Paula Vicente (nascida em 1519 ou cerca de 1519 e falecida em 1576, que foi tangedora e Moça de Câmara da Infanta D. Maria, possuidora de duas casas na Rua dos Penosinhos, na Freguesia de Santa Cruz do Castelo, em Lisboa, e editou e organizou, com seu irmão Luís Vicente, a compilação das suas obras, tendo falecido solteira e sem geração), Luís Vicente (nascido cerca de 1520 e falecido entre 1592 e 1595, que residiu em Lisboa, no Poço Velho da Alcáçova e, mais tarde, na sua Quinta do Mosteiro, em Matacães, termo de Torres Vedras, hoje integrada na Quinta do Juncal, foi Cavaleiro Fidalgo da Casa Real, editou e organizou, com sua irmã Paula Vicente, a compilação das suas obras e casou três vezes, a primeira com Mor de Almeida, com geração, a segunda com Joana de Pina, filha de Diogo de Pina e de Mécia Barreto, com geração, e a terceira com Isabel de Castro, sem geração) e Valéria Borges (nascida cerca de 1530 e falecida depois de 1598, que casou duas vezes, a primeira a 10 de Julho de 1551 com Pero Machado, Moço da Real Câmara, com geração feminina, e a segunda cerca de 1565 com D. António de Almeida, falecido em 1592, filho de D. Luís de Meneses e de Brites de Aguiar, com geração).[2]
Presume-se que tenha estudado na Universidade de Salamanca, em Salamanca, Espanha.
O Monólogo do vaqueiro, como teria sido representado pelo próprio Gil Vicente, de acordo com a visão do pintor Roque Gameiro.
O seu primeiro trabalho conhecido, a peça em castelhano Auto da Visitação, também conhecido como Monólogo do Vaqueiro, foi representada nos aposentos da rainha D. Maria, consorte de Dom Manuel, para celebrar o nascimento do príncipe (o futuro D. João III) - sendo esta representação considerada como o marco de partida da história do teatro português. Ocorreu isto na noite de 8 de Junho de 1502, com a presença, além do rei e da rainha, de Dona Leonor, viúva de D. João II e D. Beatriz, mãe do rei.
Tornou-se, então, responsável pela organização dos eventos palacianos. Dona Leonor pediu ao dramaturgo a repetição da peça pelas matinas de Natal, mas o autor, considerando que a ocasião pedia outro tratamento, escreveu o Auto Pastoril Castelhano. De facto, o Auto da Visitação tem elementos claramente inspirados na "adoração dos pastores", de acordo com os relatos do nascimento de Cristo. A encenação incluía um ofertório de prendas simples e rústicas, como queijos, ao futuro rei, ao qual se pressagiavam grandes feitos. Gil Vicente que, além de ter escrito a peça, também a encenou e representou, usou, contudo, o quadro religioso natalício numa perspectiva profana. Perante o interesse de Dona Leonor, que se tornou a sua grande protectora nos anos seguintes, Gil Vicente teve a noção de que o seu talento lhe permitiria mais do que adaptar simplesmente a peça para ocasiões diversas, ainda que semelhantes.
Se foi realmente ourives, terminou a sua obra-prima nesta arte - a Custódia de Belém - feita para o Mosteiro dos Jerónimos, em 1506, produzida com o primeiro ouro vindo de Moçambique. Três anos depois, este mesmo ourives tornou-se vedor do património de ourivesaria no Convento de Cristo, em Tomar, Nossa Senhora de Belém e no Hospital de Todos-os-Santos, em Lisboa.
Consegue-se ainda apurar algumas datas em relação a esta personagem que tanto pode ser una como múltipla: em 1511 é nomeado vassalo de el-Rei e, um ano depois, sabe-se que era representante da bandeira dos ourives na "Casa dos Vinte e Quatro". Em 1513, o mestre da balança da Casa da Moeda, também de nome de Gil Vicente (se é o mesmo ou não, como já se disse, não se sabe), foi eleito pelos outros mestres para os representar junto à vereação de Lisboa.....

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Gil_Vicente

Domingo na Usina: Biografias: Rui de Moura Ribeiro Belo:

 


Rui de Moura Ribeiro Belo (São João da Ribeira, Rio Maior, 27 de fevereiro de 1933 — Queluz, Sintra, 8 de agosto de 1978) foi um poeta e ensaísta português.
Nasceu em 1933, frequentou o Liceu de Santarém. Em 1951 entrou para a Universidade de Coimbra como estudante de Direito, aderindo pouco depois à Opus Dei. Terminado o curso de Direito, já na Faculdade de Direito de Lisboa.No ano de 1956, partiu para Roma, onde estudou na Universidade S. Tomás de Aquino (Angelicum). Em 1958 com uma tese intitulada "Ficção Literária e Censura Eclesiástica (ainda inédita em Livro)", o seu doutoramento em Direito Canónico.
Regressado a Portugal, foi diretor literário da Editorial Aster. A seguir foi chefe de redação da revista Rumo. Em 1961 entrou como investigador na Faculdade de Letras de Lisboa, com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1966 casa-se com Maria Teresa Carriço Marques, nascendo deste casamento três filhos Diogo (1967), Duarte (1968) e Catarina (1974). Exerceu, ainda que brevemente, um cargo de diretor-adjunto no então Ministério da Educação Nacional, mas o seu relacionamento com opositores ao regime da época, a participação na greve académica de 1962 e a sua candidatura a deputado, em 1969, pelas listas da Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, levaram a que as suas atividades fossem vigiadas e condicionadas.
Entretanto abandonou a Opus Dei e trocou Lisboa por Madrid, aceitando o cargo de leitor de Português, que desempenhou desde 1971 até 1977. Regressado, então, a Portugal, foi-lhe recusado pelo regime democrático a possibilidade de lecionar na Faculdade de Letras de Lisboa, virando-se então para a Escola Secundária de Ferreira Dias, onde lecionava no ensino noturno.
Apesar do curto período de atividade literária, Ruy Belo tornou-se um dos maiores poetas portugueses da segunda metade do século XX, tendo as suas obras sido reeditadas diversas vezes. Os seus primeiros livros de poesia foram Aquele Grande Rio Eufrates de 1961 e O Problema da Habitação de 1962. Às coletâneas de ensaios Poesia Nova de 1961 e Na Senda da Poesia de 1969, seguiram-se obras cuja temática se prende ao religioso e ao metafísico, sob a forma de interrogações acerca da existência. É o caso de Boca Bilingue de 1966, Homem de Palavra(s) de 1969, País Possível de 1973, antologia), Transporte no Tempo de 1973, A Margem da Alegria de 1974, Toda a Terra de 1976, Despeço-me da Terra da Alegria de 1977 e Homem de Palavra(s), 2ª edição de 1978. O versilibrismo dos seus poemas conjuga-se com um domínio das técnicas poéticas tradicionais. Destacou-se ainda pela tradução de autores como Antoine de Saint-Exupéry, Blaise Cendrars, Raymond Aron, Montesquieu, Jorge Luís Borges e Federico García Lorca. De Antoine de Saint-Exupéry traduz: Piloto de Guerra e Cidadela e Cidadela; Blaise Cendrars traduz: Moravagine; Jorge Luís Borges traduz:Os Poemas Escolhidos e de Dona Rosinha a Solteira ou a Linguagem das Flores.
A sua obra, organizada em três volumes sob o título Obra Poética de Ruy Belo, em 1981, foi, entretanto, alvo de revisitação crítica, sendo considerada uma das obras cimeiras, apesar da brevidade da vida do poeta, da poesia portuguesa contemporânea.
Em 1991 foi condecorado, a título póstumo, com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'iago da Espada.[1]
Obras
Em 2001, publica-se Todos os Poemas.
Obras poéticas

Aquele Grande Rio Eufrates (1961)

O Problema da Habitação (1962)

Boca Bilingue (1966)

Homem de Palavras (1969)

Na senda da poesia (1969)

Transporte no Tempo (1973).....

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ruy_Belo

Domingo na Usina: Biografias: Herberto Helder de Oliveira:

 



Herberto Helder de Oliveira (Funchal, São Pedro, 23 de novembro de 1930 – Cascais, Cascais, 23 de março de 2015[1]) foi um poeta português, considerado por alguns o "maior poeta português da segunda metade do século XX" [2] e um dos mentores da Poesia Experimental Portuguesa.
Filho de Romano Carlos de Oliveira (Funchal, Monte, baptizado a 26 de Novembro de 1895) e de Maria Ester dos Anjos Luís Bernardes (c. 1900 - 1938), tinha duas irmãs, Maria Regina e Maria Elora. Herberto Hélder nasceu no n.º284 da Rua da Carreira, numa casa que pertencia à família do cientista e naturalista madeirense Adolfo César de Noronha.
Casou duas vezes: com Maria Ludovina Dourado Pimentel (de quem tem uma filha, Gisela Ester Pimentel de Oliveira, por casamento Lopes da Conceição) e com Olga da Conceição Ferreira Lima.
Foi pai do jornalista Daniel Oliveira, nascido da relação que teve com Isabel Figueiredo.
Biografia
Frequentou a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, tendo trabalhado em Lisboa como jornalista, bibliotecário, tradutor e apresentador de programas de rádio. Viajou por diversos países da Europa realizando trabalhos corriqueiros, sem nenhuma relação com a literatura e foi redactor da revista Notícia em Luanda, Angola, em 1971, onde sofreu um acidente grave. Também foi um dos colaboradores da efémera revista Pirâmide [3] (1959-1960).
É considerado um dos mais originais poetas de língua portuguesa. Era uma figura misantropa, e em torno de si pairava uma atmosfera algo misteriosa uma vez que recusava homenagens, prémios ou condecorações e se negava a dar entrevistas ou a ser fotografado. Em 1994 foi o vencedor do Prémio Pessoa, que recusou.
A sua escrita começou por se situar no âmbito de um surrealismo tardio. Em 1964 organizou com António Aragão o "1.º caderno antológico de Poesia Experimental" (Cadernos de Hoje, MONDAR editores), marco histórico da poesia portuguesa (ver: Poesia Experimental Portuguesa). Escreveu entretanto "Os Passos em Volta", um livro que, através de vários contos, sugere as viagens deambulatórias de uma personagem por entre cidades e quotidianos, colocando ao mesmo tempo incertezas acerca da identidade própria de cada ser humano; "Photomaton e Vox", por sua vez, é uma coletânea de ensaios e textos e também de vários poemas. "Poesia Toda" é o título de uma antologia pessoal dos seus livros de poesia que tem sido depurada ao longo dos anos. Na edição de 2004 foram retiradas da recolha suas traduções. Alguns dos seus livros desapareceram das mais recentes edições da Poesia Toda, rebaptizada Ofício Cantante, nomeadamente Vocação Animal e Cobra.
A crítica literária aproxima sua linguagem poética do universo da Alquimia, da mística, da Mitologia edipiana e da imagem da Mãe. [4]
Faleceu a 23 de março de 2015, vítima de ataque cardíaco, aos 84 anos, na sua casa em Cascais.[5] Menos de dois meses após a sua morte, em Maio de 2015, foi publicado o último livro de originais do poeta, "Poemas canhotos", que tinha terminado pouco antes de morrer.[6]
Obra

Poesia

Poesia – O Amor em Visita (1958)

A Colher na Boca (1961)

Poemacto (1961)

Lugar (1962)

A máquina de emaranhar paisagens (1963)

Electrònicolírica (1964) [7]

Húmus: poema-montagem (1967)

Retrato em Movimento (1967)

Ofício Cantante: 1953-1963 (1967)

O Bebedor Nocturno (1968)

Vocação Animal (1971)

Poesia Toda (1.º vol. de 1953 a 1966; 2.º vol. de 1963 a 1971) (1973)

Cobra (1977)

O Corpo o Luxo a Obra (1978)

Photomaton & Vox (1979)

Flash (1980)

A Plenos Pulmões (1981)

Poesia Toda 1953-1980 (1981)

A Cabeça entre as Mãos (1982)

As Magias (1987)

Última Ciência (1988)

Poesia Toda (1990) (ISBN 972-37-0252-5)

Do Mundo (1994)

Poesia Toda (1996) (ISBN 972-37-0184-7)

Ouolof: poemas mudados para português (1997)

Poemas Ameríndios: poemas mudados para português (1997).....

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Herberto_Helder

Domingo na Usina: Biografias: Mário Cesariny de Vasconcelos:

 


Mário Cesariny de Vasconcelos GCL (Lisboa, 9 de Agosto de 1923 — Lisboa, 26 de Novembro de 2006) foi poeta e pintor, considerado o principal representante do surrealismo português. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal.
Figuras de Sopro, 1947, óleo sobre cartão, 37,5 x 24,5 cm
Mário Cesariny de Vasconcelos nasceu, por acaso, na Vila Edith, em Benfica, mais precisamente, na Estrada da Damaia, dessa freguesia, onde os pais estavam a passar férias.
Foi o último filho (com três irmãs mais velhas) de Viriato de Vasconcelos, natural de Tondela, Tondela, e de sua mulher María de las Mercedes Cesariny (de ascendência paterna corsa e materna espanhola), natural de Paris. O pai, com uma personalidade dominadora e pragmática, era empresário ourives, com loja e oficina na rua da Palma, na freguesia de Santa Justa, em plena baixa lisboeta.
Depois da escola primária, o pai mandou o jovem Mário frequentar o Liceu Gil Vicente, após o que, ao fim de um ano, com o intuito de dar continuidade ao negócio da família, o mudou para um curso de cinzelagem na Escola de Artes Decorativas António Arroio. Na António Arroio Cesariny conheceria Artur do Cruzeiro Seixas e Fernando José Francisco.
Completado o curso de cinzelagem, como não lhe agradasse o trabalho de ourives, frequentou um curso de habilitação à Escola de Belas-Artes de Lisboa, que não chegou a frequentar. Também estudou música, gratuitamente, com o compositor Fernando Lopes Graça. Cesariny era um talentoso pianista, mas o pai, enfurecido, proibiu-o de continuar esses estudos.
Desde o final da adolescência, Cesariny e os amigos frequentam várias tertúlias nos cafés de Lisboa e descobrem o neo-realismo e depois o surrealismo. Em 1947 Cesariny viaja até Paris onde, graças a uma bolsa, frequenta a Académie de la Grande Chaumière.
É por essa altura, encontrando-se em Paris, que Cesariny visita André Breton. Ao abandonar Paris, no mesmo ano de 1947, e influenciado por Breton, impulsiona a criação do Grupo Surrealista de Lisboa, tendo a seu lado figuras como António Pedro, José Augusto França, Cândido Costa Pinto, Vespeira, João Moniz Pereira e Alexandre O´Neill.
O grupo, que reunia na Pastelaria Mexicana, surgiu como forma de protesto libertário contra o movimento do neo-realismo, dominado pelo Partido Comunista Português, ao mesmo tempo que também não alinhava com o regime salazarista.
Mais tarde, funda o antigrupo (dissidente) Os Surrealistas, sendo seguido por António Maria Lisboa, Risques Pereira, Artur do Cruzeiro Seixas, Pedro Oom, Fernando José Francisco e Mário-Henrique Leiria.
Também em finais da década de 1940, Viriato, seu pai, abandona a família para se fixar no Brasil com uma amante. Isto faz com que Mário se aproxime mais de sua mãe e da sua irmã Henriette....
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Domingo na Usina: Biografias: José Régio:

 


José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, (Vila do Conde, 17 de Setembro de 1901 — Vila do Conde, 22 de Dezembro de 1969) foi um escritor, poeta, dramaturgo, romancista, novelista, contista, ensaísta, cronista, crítico, autor de diário, memorialista, epistológrafo e historiador da literatura português, para além de editor e director da influente revista literária Presença, desenhador, pintor, e grande conhecedor e coleccionador de arte sacra e popular. Tem uma biblioteca e uma escola secundária com o seu nome em Vila do Conde e em Portalegre uma escola do ensino básico.
Foi em Vila do Conde que José Régio nasceu, filho do ourives José Maria Pereira Sobrinho e de Maria da Conceição Reis Pereira, e aí viveu até acabar o quinto ano do liceu. Ainda jovem publicou os seus primeiros poemas nos jornais vilacondenses A República e O Democrático, dirigidos por seu tio e padrinho António Maria Pereira Júnior.
Depois de uma breve e infeliz passagem por um internato do Porto (que serviu de matéria romanesca para Uma gota de sangue), aos dezoito anos foi para Coimbra, onde se licenciou em Filologia Românica em 1925 com a tese As correntes e as individualidades na moderna poesia portuguesa. Esta tese na época passou um pouco ignorada, uma vez que valorizava poetas quase desconhecidos na altura, como Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro; mas, em 1941, foi ampliada e publicada com o título Pequena história da moderna poesia portuguesa.
Régio professor liceal
Foi em 1927 que José Régio começou a leccionar Português e Francês num liceu no Porto, até 1928, e a partir desse ano em Portalegre, onde ensinou grande parte da sua vida no então Liceu Nacional de Portalegre (atual Escola Secundária Mouzinho da Silveira) de 1929 a 1962, ano em que se aposentou do serviço docente. Manteve-se em Portalegre até 1966, quando regressou definitivamente a Vila do Conde.
Régio escritor e teórico: o movimento da 'presença' e outras revistas
Em 1927, com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões, fundou a revista Presença, que veio a ser publicada, irregularmente, durante treze anos. Esta revista veio a marcar o segundo modernismo português, que teve como principal impulsionador e ideólogo José Régio, que também escreveu em jornais e revistas como Seara Nova, Ler, O Comércio do Porto, o Diário de Lisboa, o Diário Popular e o Diário de Notícias, Contemporânea[1] (1915-1926), Renovação (1925-1926),[2] Movimento [3] (1933-1934), Princípio[4] (1930), Sudoeste[5] (1935), Altura (1945),[6] Mundo Literário[7] (1946-1948), Variante (1942-43) e na revista luso-brasileira Atlântico [8] entre muitas outras, nacionais, ultramarinas, regionais e locais.
A arte pela vida
Como escritor, José Régio é considerado um dos grandes criadores da moderna literatura portuguesa. Refletiu em toda a sua obra problemas relativos ao conflito entre o Homem e Deus, o artista e a sociedade, o Eu e os outros. Construiu a sua poderosa arte poética e ficcional num tom misticista e num intimismo psicologista com que analisava a problemática das relações humanas e da solidão do indivíduo, procedendo ao mesmo tempo a uma dolorosa autoanálise.
Apesar do regime conservador de então, Régio manteve-se fiel aos seus ideais de socialista cristão e teve durante a sua vida uma participação ativa, embora moderada, na vida pública, sem na sua escrita condescender com uma mera contestação panfletária. Devido à sua posição independente polemizou acerbamente com escritores oriundos do neorrealismo, do concretismo, do experimentalismo e do formalismo, defendendo o ideal presencista de uma arte pela vida, fortemente individualista e que expressasse com sinceridade as mais íntimas emoções do artista - nas quais atribui especial relevo aos dilemas morais e à indagação religiosa. Mas se a inspiração do artista fosse predominantemente social, haveria que expressá-la com independência de quaisquer programas políticos (e Régio assim o demonstrou na sua poesia social de Fado, A Chaga do Lado e Cântico Suspenso), o que representou um desafio muito contestado naquela época de estritos alinhamentos....