quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Poesia De Quinta Na Usina: Florbela Espanca: ERRANTE:



Meu coração da cor dos rubros vinhos Rasga a mortalha do meu peito brando E vai fugindo, e tonto vai andando
A perder-se nas brumas dos caminhos. Meu coração o místico profeta,
O paladino audaz da desventura, Que sonha ser um santo e um poeta, Vai procurar o Paço da Ventura... Meu coração não chega lá decerto...
Não conhece o caminho nem o trilho, Nem há memória desse sítio incerto... Eu tecerei uns sonhos irreais...

Como essa mãe que viu partir o filho, Como esse filho que não voltou mais!

Poesia De Quinta Na Usina: Paulo Leminski:



Pense depressa.
O que veio?
Quem vem? Bonito ou feio? Ninguém.

Poesia de quinta Na Usina: Machado de Assis: AS BRISAS:




Deu-nos a harpa eólia a excelsa melodia
Que a folhagem desperta e torna alegre a flor,
Mas que vale esta voz, ó musa da harmonia,
Ao pé da tua voz, filha da harpa do amor?
Diz-nos tu como houveste as notas do teu canto?
Que alma de serafim volteia aos lábios teus?
Donde houveste o segredo e o poderoso encanto

Que abre a ouvidos mortais a harmonia dos céus?

Poesia de Quinta Na Usina: Fernando Pessoa: A Frescura:


Ah a frescura na face de não cumprir um dever!
Faltar é positivamente estar no campo!
Que refúgio o não se poder ter confiança em nós!
Respiro melhor agora que passaram as horas dos encontros,
Faltei a todos, com uma deliberação do desleixo,
Fiquei esperando a vontade de ir para lá, que'eu saberia que não vinha.
Sou livre, contra a sociedade organizada e vestida.
Estou nu, e mergulho na água da minha imaginação.
E tarde para eu estar em qualquer dos dois pontos onde estaria à mesma hora,
Deliberadamente à mesma hora...
Está bem, ficarei aqui sonhando versos e sorrindo em itálico.
É tão engraçada esta parte assistente da vida!
Até não consigo acender o cigarro seguinte... Se é um gesto,

Fique com os outros, que me esperam, no desencontro que é a vida.

Poesia de Quinta Na Usina:D'Araujo:Poema: Vivo.


                                                              Olhe e veja a minha dor
O meu coração sangra
com a tua ausência
Não me deixe neste
Mar de lagrimas.

Volte, pois tua presença
Acalma-me.
O rio que corre também
leva meus sonhos.
Por entre montanhas e vales 
Despejo meus ensejos de viver.

Então vejo o meu desejo
De tê-la novamente que
Faz-me desperta todas as manhãs.

Não me deixe neste mar de ilusões 
Volte a preencher este vazio que 
nunca cessa em meu doloroso coração.


D'Araujo.

Poesia De Quinta Na Usina: D'Araújo: Fosso:




Não a nada que possa adoçar,
a vida daqueles que se recolheram,
ao amargo  fosso de sua próprias amarguras.



D'Araújo.