quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Poesia de Quinta Na Usina: CLARICE LISPECTOR:



Isto não é um lamento, é um grito de ave de rapina.

Escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida.

Vivam os mortos porque neles vivemos.

Tudo deve estar sendo o que é.

Existe por acaso um número que não é nada? que é menos que zero? que começa no que nunca
começou porque sempre era? e era antes de sempre?
Do zero ao infinito vou caminhando sem parar.

O corpo é a sombra de minha alma.

Eu me sinto culpado quando não vos obedeço.

Os infelizes se compensam.

Tempo para mim significa a desagregação da matéria.

O tempo não existe. O que chamamos de tempo é o movimento de evolução das coisas, mas o
tempo em si não existe.

Na eternidade não existe o tempo.

Graças a Deus, tenho o que comer.

Escrever ao som harpejado e agreste a sucata da palavra.

Prescindir de ser discursivo.

Da obra: As Palavras:

Poesia De Quinta Na Usina:Ana Cristina Cesar : Voando com o pássaro:


Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e
dos restos do dia, tira da tua boca
o punhal e o trânsito, sombras de
teus gritos, e roupas, choros, cordas e
também as faces que assomam sobre a
tua sonora forma de dar, e os outros corpos
que se deitam e se pisam, e as moscas
que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor
[ (não ouças)
que se prepara para carpir tua vigília, e os
[ cantos que
esqueceram teus braços e tantos movimentos
que perdem teus silêncios, o os ventos altos
que não dormem, que te olham da janela
e em tua porta penetram como loucos

pois nada te abandona nem tu ao sono.

Poesia De Quinta Na Usina: Florbela Espanca: SER POETA É...:




Ser poeta é ser mais alto, é ser maior 
Do que os homens! Morder como quem beija!

É ser mendigo e dar como quem seja 
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor 
E não saber sequer que se deseja! 
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor! 
É ter fome, é ter sede de Infinito!

Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente... 
É seres alma, e sangue, e vida em mim 
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Poesia De Quinta Na Usina: Ana Cristina Cesar: Flores do mais:


devagar escreva
uma primeira letra
escreva
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e

mais...

Poesia de Quinta na Usina:Mulher às vezes...



Toda mulher além de sua beleza e alma bela, sempre
traz nela um provocador valor agregado.
O olhar.
A boca.
O cabelo.
O cheiro.
O sabor.
A fala.
O caminhar.
O fervor que do seu corpo exala.
O simples fato de ser ou estar.
E o mais perverso para os pobres homens, é quando tudo
isso está no mesmo ser, nos tornando reféns do eterno
desejo insano.

Do ter, possuir e poder agregar a tudo isso o seu próprio ser.

Conteúdo do livro "Desejos Impróprios"
Para ler ressumo ou adquirir a obra clique no link abaixo:

Poesia De Quinta Na Usina:D'Araujo:Incômodo:


A amizade recíproca engrandece 
a alma e aquece o espírito

Mas a felicidade repousa no 
viver pleno sem o incômodo 
das Incertezas do amanhã.

D'Araujo.





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