Eu, que tinha a atenção toda embebida, Vi sombras, nesse pântano, lodosas,
111 Desnudas, de face enfurecida.
— “As almas, filho meu, que ora estás vendo São dos que” — disse o mestre — “venceu ira.
“Que sob as águas multidão suspira, E em borbulhões as águas entumece
120 Por toda essa extensão, que vista gira”. —
— “Nos doces ares, a que o sol aquece”
— No ceno imersas dizem — “tristes fomos:
123 Dentro em nós fumo túrbido recresce. “Ora no lodo inda mais triste somos”. —
Com voz cortada assim gargarejavam,
126 De palavras somente havendo assomos.
“Os passos, em grande arco, nos levavam. Do paul sobre a borda seca; o bando, Tendo à vista, que assim lodo tragavam,
130 E junto de uma torre alfim chegando.