quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Olhar insone
Seu olhar me envaidece
E acalenta a alma
Então o meu perturbado espírito
Adormece
No calor do jovial sabor do seu colo, 
ignoro o barulho do
Entardecer no tempo.......

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 


E o amor

E morreu o vento
E o amor viveu
E morreu as tempestades
E o amor viveu
E morrerão as guerras
E o amor viveu
E morreu os rios
E amor viveu
E morreu o mar
E o amor viveu
E morreu os oceanos
E o amor viveu
E morreu a paz.....

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Amor dos Tolos

Descendo da mais alta corte do ser
Para a humilde e infalível forma de viver para a vida.
Partilhar com a mais bela flor do imenso jardim do universo.
Assim apenas peço a compreensão dos tolos.......

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:

 



O MEU ORGULHO

Lembro-me o que fui dantes. Quem me dera 
Não lembrar! Em tardes dolorosas
Lembro-me que fui a primavera
Que em muros velhos faz nascer as rosas! 
As minhas mãos outrora carinhosas 
Pairavam como pombas... Quem soubera 
Por que tudo passou e foi quimera,
E por que os muros velhos não dão rosas!
São sempre os que eu recordo que me esquecem... 
Mas digo para mim: "Não me merecem..."
E já não fico tão abandonada!
Sinto que valho mais, mais pobrezinha: 
Que também é orgulho ser sozinha
E também é nobreza não ter nada!

Poesia de quinta na Usina: Florbela Espanca:

 




INCONSTÂNCIA

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à vida mais do que ela dava; 
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu! 
Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava 
Igual a tanto sol que me fugiu!
Passei a vida a amar e a esquecer... 
Atrás do sol dum dia outro a aquecer 
As brumas dos atalhos por onde ando... 
E este amor que assim me vai fugindo 
É igual a outro amor que vai surgindo,

Que há-de partir também... nem eu sei quando...

Poesia de quinta na Usina: Florbela Espanca:

 


 

 O NOSSO MUNDO 

Eu bebo a vida, a vida, a longos tragos 
Como um divino vinho de Falerno!
Pousando em ti o meu olhar eterno 
Como pousam as folhas sobre os lagos...
Os meus sonhos agora são mais vagos... 
O teu olhar em mim, hoje, é mais terno... 
E a vida já não é o rubro inferno
Todo fantasmas tristes e pressagos!
A vida, meu amor, quero vivê-la!
Na mesma taça erguida em tuas mãos, 
Bocas unidas, hemos de bebê-la!
Que importa o mundo e as ilusões defuntas?... 
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?... 
O mundo, amor! ... As nossas bocas juntas!...

Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:

 



aves de ramo
em ramo meu pensamento
de rima em rima
erra
até uma que diz das coisas
que eu fiz a metro todos saberão 
quantos quilômetros são aquelas
em centímetros sentimentos mínimos ímpetos infinitos não?
te amo

Poesia de Quinta na Usina; Paulo Leminsk:

 




girafas africanas
como meus avós 
quem me dera ver o mundo
tão do alto quanto vós

Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:

 




Quem nasce com coração? 
Coração tem que ser feito. 
Já tenho uma porção
Me infernando o peito. 
Com isso ninguém nasça. 
Coração é coisa rara, 
Coisa que a gente acha
E é melhor encher a cara.