sábado, 13 de março de 2021

Domingo na Usina: Biografias: Rodrigo Otávio Filho:


 
Rodrigo Otávio Filho (Rodrigo Otávio de Langgaard Meneses Filho) advogado, poeta, crítico literário, ensaísta e orador, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 8 de dezembro de 1892, e faleceu na mesma cidade em 20 de abril de 1969. Presidiu a Academia Brasileira de Letras em 1956 e 1957. Presidiu a Academia Brasileira de Letras em 1955.
Era filho do Dr. Rodrigo Octavio de Laggaard Meneses, um dos fundadores da Academia, e de D. Maria Rita Pederneiras de Langgaard Meneses. Fez o curso secundário no Ginásio Nacional, hoje Colégio Pedro II, e no Colégio Alfredo Gomes, recebendo o grau de bacharel em Ciências e Letras em 1909. Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais, em 1914, pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, e dedicou-se à advocacia.
Fundou, com seu pai, a Revista Jurídica, órgão que teve grande prestígio na vida jurídica do país e da qual foi redator-secretário. Participou ativamente da vida intelectual e literária do Rio de Janeiro, graças a uma inteligência privilegiada e sua irradiante personalidade humana. Integrou-se, no período inicial do século XX, na linha do Penumbrismo, herdeiro do Simbolismo, de que foi o cronista. Estreou na literatura em 1922, publicando o livro de poemas Alameda noturna. Assinava-se Otávio Filho. Amigo de Álvaro Moreira, fez parte do grupo de colaboradores da revista Fon-Fon. Colaborou em vários jornais, entre os quais o Correio da Manhã.
Foi membro da Comissão Legislativa do Governo Provisório. Fez parte do Conselho Superior do Instituto dos Advogados Brasileiros e do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Foi um dos delegados brasileiros nos plenários do Conselho Interamericano das Câmaras de Comércio e Produção, realizados em Chicago (1948) e Santos (1950).
Foi orador oficial do Clube dos Advogados. Fundador e presidente da Sociedade Felipe d’Oliveira. Organizou e foi o secretário-geral do Congresso Brasileiro de Língua Vernácula, comemorativo do centenário de Rui Barbosa e promovido pela Academia Brasileira de Letras, em 1949. Foi um dos fundadores do PEN Clube do Brasil, do qual foi secretário-geral, vice-presidente e fez parte do seu Conselho da Presidência.
Na Academia Brasileira de Letras, foi segundo-secretário em 1945; primeiro-secretário em 1946 e 1950; secretário-geral em 1953 e 1954 e presidente em 1955.
Era membro efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros; da Sociedade Brasileira de Geografia; da Sociedade Brasileira de Direito Internacional; da Sociedade Capistrano de Abreu; sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Nacional de História da Argentina.
Segundo ocupante da cadeira 35, foi eleito em 10 de agosto de 1944, na sucessão de Rodrigo Otávio, seu pai, e recebido pelo acadêmico Pedro Calmon em 19 de junho de 1945. Recebeu os acadêmicos Ivan Lins e Aurélio Buarque de Holanda.
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Domingo na Usina: Biografias: Rodrigo Octavio:

 


Rodrigo Octavio (Rodrigo Octavio de Langgaard Meneses), advogado, professor, magistrado, contista, cronista, poeta e memorialista, nasceu em Campinas, SP, em 11 de outubro de 1866, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 28 de fevereiro de 1944. Participou, desde o início, do grupo de escritores que fundaram a Academia. É o fundador da cadeira n. 35, que tem como patrono Tavares Bastos. Na sessão inaugural da Academia, em 20 de julho de 1897, como primeiro-secretário, leu a “Memória histórica dos atos preparatórios”.
Foram seus pais o dr. Rodrigo Otávio de Oliveira Meneses, advogado e homem público filiado ao Partido Liberal, e d. Luísa Langgaard, filha do médico dinamarquês dr. Theodoro Langgaard, estabelecido no Brasil. Aos cinco anos veio, com sua família, para o Rio de Janeiro. Fez seus estudos de Direito na Faculdade de São Paulo, onde se formou aos 20 anos, em 1886. Iniciou a vida pública na magistratura, tendo sido nomeado, em 1894, secretário da Presidência da República no governo de Prudente de Morais (1894-1896). Posteriormente, exerceu a advocacia até 1929, data em que foi nomeado, pelo presidente Washington Luís, ministro do Supremo Tribunal Federal, cargo em que se aposentou em 1934.
Foi, desde 1896, professor da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade do Brasil. Fez conferências nas universidades de Paris, Roma, Varsóvia e Montevidéu, e um curso sobre os selvagens americanos perante o Direito, na Academia de Direito Internacional de Haia. Doutor Honoris Causa das universidades do México, La Plata, Buenos Aires, Lima, Arequipa e Havana.
Foi consultor-geral da República (1911-1929); delegado plenipotenciário do Brasil em diversas conferências Internacionais, como as de Haia, para o Direito relativo à Letra de Câmbio (1910 e 1912); de Bruxelas, para o Direito Marítimo (1909, 1910 e 1912); a Conferência Científica Pan-Americana de Washington (1916); da Paz, de Paris (1919), tendo assinado o Tratado de Versalhes; foi vice-presidente na I Assembléia da Liga das Nações (1920); membro da Comissão Internacional de Jurisconsultos Americanos, reunida no Rio de Janeiro (1927); presidente da Seção de Direito Internacional Privado; membro da Comissão Permanente para a Codificação do Direito Internacional e da Comissão Brasileira de Cooperação Intelectual.
Foi subsecretário de Estado das Relações Exteriores no governo Epitácio Pessoa (1920-1921).
Por diversas vezes foi presidente do Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros; presidente da Sociedade Brasileira de Direito Internacional; membro honorário e vice-presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Na Academia Brasileira, além de primeiro-secretário (1897-1908), foi secretário-geral (1915-1924) e presidente (1927). Fez parte da Comissão de Bibliografia (1909-1910); da Comissão de Redação da Revista (1911-1912 e 1915-1916) e da Comissão de Publicações (1919).
Nos anos iniciais, as sessões ordinárias da Academia se realizavam no escritório de advocacia de Rodrigo Otávio, à rua da Quitanda 47.
Em 13 de novembro de 1905 Rodrigo Otávio propôs a criação da Biblioteca que hoje tem o nome de Biblioteca Acadêmica Lúcio de Mendonça.
Recebeu o acadêmico Alcides Maia.
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Domingo na Usina: Biografias: Tavares Bastos:

 


Tavares Bastos (Aureliano Cândido Tavares Bastos), advogado, jornalista, político e publicista, nasceu na Cidade das Alagoas, hoje Marechal Deodoro, AL, em 20 de abril de 1839, e faleceu em Nice, França, em 3 de dezembro de 1875. É o patrono da cadeira nº 35, por escolha do fundador Rodrigo Otávio.
Era filho do bacharel José Tavares Bastos e de Rosa Cândida de Araújo. Fez os primeiros estudos com o pai, latinista e professor de filosofia, e concluiu os preparatórios em Olinda. Matriculou-se na Academia de Direito, em 1854, ano em que a antiga Faculdade de Olinda se transferiu para o Recife. No ano seguinte, acompanhou o pai, que fora nomeado presidente da província de São Paulo, e matriculou-se na Faculdade de Direito. Ali já se encontravam Lafayette Rodrigues Pereira, Silveira Martins, Paulino de Sousa, Ferreira Viana, Afonso Celso (pai), chegando, pouco depois, Tomás Coelho, Macedo Soares, Pedro Luís, entre outros. Ali participa ativamente das sociedades acadêmicas e colabora em revistas literárias e filosóficas, fazendo de Hegel o seu pensador predileto em matéria de estética. Recebeu o grau de Doutor em Direito em 1859; logo depois passou a residir no Rio de Janeiro, onde foi nomeado oficial de secretaria da Marinha, sendo exonerado do cargo em 1861, em represália contra o discurso que proferiu sobre os negócios da Marinha. Foi eleito deputado geral por Alagoas em três legislaturas, 1861-1863, 1864-1866 e 1867-1870, sendo, na primeira vez, aos 22 anos de idade, o mais jovem deputado no Parlamento, eleito juntamente com José de Alencar, João Alfredo, José Bonifácio, o Moço, entre outros.
A imprensa e a tribuna parlamentar eram o veículo ideal para a defesa das suas idéias. Ainda em 1861 publicou o panfleto Os males do presente e as esperanças do futuro, com o pseudônimo de “Um Excêntrico”. Sua carreira política foi marcada pela preocupação com as questões sociais e econômicas do seu tempo, sobretudo a escravidão, a imigração, a livre navegação do Amazonas, a educação, a questão religiosa. Tratava desses problemas nas “Cartas” que passou a publicar, sob o pseudônimo de “O Solitário”, no Correio Mercantil, de Francisco Otaviano, reunindo-as nas Cartas do Solitário, publicadas em 1862.
Em 1864, participou da Missão Saraiva ao Rio da Prata, como secretário, o que deu motivo a grandes polêmicas na Câmara. Depois partiu para o Amazonas, em viagem de estudos e observações, de que resultou o seu livro O vale do Amazonas, publicado em 1866. No Parlamento, predominavam as discussões relativas à liberdade religiosa e à separação entre a Igreja e o Estado, à imigração e à reforma eleitoral e parlamentar. A ele é atribuído o panfleto Exposição dos verdadeiros motivos sobre que se baseia a liberdade religiosa e a separação entre a Igreja e o Estado, que apareceu em 1866, sob o pseudônimo de Melásporo. Em 1867, Tavares Bastos publica Reflexões sobre a imigração, faz oposição ao Gabinete Zacarias, deixando de ser deputado ao dissolver-se a Câmara em 18 de julho de 1868. Passa a dirigir o Diário do Povo, com Lafayette Rodrigues Pereira, e colabora com o jornal A Reforma, do recém-fundado Clube da Reforma (1869). Em 1870, publica A Província, o seu livro mais importante e conhecido. É neste livro que ele se dedica a uma das suas ideias fundamentais: a da descentralização ou da federalização do Brasil, dando certa autonomia às províncias e acabando com o centralismo unitarista imperial, que as sufocava e lhes negava praticamente qualquer iniciativa.
Desinteressando-se de se candidatar mais uma vez, faz como escritor e jornalista a campanha pela reforma eleitoral. Em 1874, faz uma segunda e última viagem à Europa, com a esposa e a filha. Acometido de pneumonia, faleceu em 3 de dezembro de 1875, em Nice, no sul da França. Em 30 de abril de 1876, seu corpo chega ao Rio de Janeiro, a bordo do navio francês Henri IV, sendo então realizado seu enterro no Cemitério São João Batista.

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Domingo na Usina: Biografias: Evaldo Cabral de Mello:

 


Oitavo ocupante da Cadeira n.º 34, Evaldo Cabral de Mello foi eleito no dia 23 de outubro de 2014, na sucessão do Acadêmico João Ubaldo Ribeiro, e recebido no dia 27 de março de 2015, pelo Acadêmico Eduardo Portella.

Cadeira:

34

Posição:

Atual

Antecedido por:

João Ubaldo Ribeiro

Data de nascimento:

20 de janeiro de 1936

Naturalidade:

Recife - PE

Brasil

Data de eleição:

23 de outubro de 2014

Data de posse:

27 de março de 2015

Acadêmico que o recebeu:

Eduardo Portela

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Domingo na Usina: Biografias: João Ubaldo:

 


Sétimo ocupante da Cadeira nº 34, eleito em 7 de outubro de 1993, na sucessão de Carlos Castello Branco e recebido em 8 de junho de 1994 pelo Acadêmico Eduardo Portella. Faleceu no dia 18 de julho de 2014, no Rio de Janeiro, aos 73 anos.
João Ubaldo (Osório Pimentel) Ribeiro nasceu em Itaparica (BA), em 23 de janeiro de 1941. Dos primeiros meses de idade até cerca de onze anos, viveu com sua família em Sergipe, onde o pai era professor e político. Passou um ano em Lisboa e um ano no Rio de Janeiro para, em seguida, fixar-se em Itaparica, onde viveu aproximadamente sete anos.
Entre 1990 e 1991, morou em Berlim, a convite do Instituto Alemão de Intercâmbio (DAAD – Deutscher Akademischer Austauschdienst). Na volta, passou a morar no Rio de Janeiro. É Casado com Berenice de Carvalho Batella Ribeiro, tendo o casal dois filhos. Do casamento anterior com Mônica Maria Roters, João Ubaldo teve duas filhas.
Bacharel em Direito (1959-62) pela Universidade Federal da Bahia, jamais chegou a advogar. Pós-graduado em Administração Pública pela mesma Universidade e Mestre (Master of Science) em Administração Pública e Ciência Política pela Universidade da Califórnia do Sul.
Entre outras atividades, foi professor da Escola de Administração e da Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia e professor da Escola de Administração da Universidade Católica de Salvador. Como jornalista, foi repórter, redator, chefe de reportagem e colunista do Jornal da Bahia; colunista, editorialista e editor-chefe da Tribuna da Bahia. É colunista do jornal Frankfurter Rundschau, na Alemanha; colaborador de diversos jornais e revistas no país e no exterior, entre os quais, além dos citados, Diet Zeit (Alemanha), The Times Literary Supplement (Inglaterra), O Jornal (Portugal), Jornal de Letras (Portugal), Folha de S. Paulo, O Globo, O Estado de S. Paulo, A Tarde e muitos outros.
A formação literária de João Ubaldo Ribeiro iniciou ainda nos primeiros anos de estudante. Foi um dos jovens escritores brasileiros que participaram do International Writing Program da Universidade de Iowa. Trabalhando na imprensa, pôde também escrever seus livros de ficção e construir uma carreira que o consagrou como romancista, cronista, jornalista e tradutor.
Seus primeiros trabalhos literários foram publicados em diversas coletâneas (Reunião, Panorama do Conto Baiano). Aos 21 anos de idade, escreveu seu primeiro livro, Setembro não Tem Sentido, que ele desejava batizar como A Semana da Pátria, contra a opinião do editor. O segundo foi Sargento Getúlio, de 1971. Em 1974, publicou Vencecavalo e o Outro Povo, que por sua vontade se chamaria A Guerra dos Paranaguás.
Consagrado como um marco do moderno romance brasileiro, Sargento Getúlio filiou o seu autor, segundo a crítica, a uma vertente literária que sintetiza o melhor de Graciliano Ramos e o melhor de Guimarães Rosa. A história é temperada com a cultura e os costumes do Nordeste brasileiro e, em particular, dos sergipanos. Esse regionalismo extremamente rico e fiel dificultou a versão do romance para o inglês, obrigando o próprio autor a fazer esse trabalho. A seu respeito pronunciaram-se, nos Estados Unidos e na França, as colunas literárias de todos os grandes jornais e revistas.
Em 1999, foi um dos escritores escolhidos em todo o mundo para dar depoimento, ao jornal francês Libération, sobre o Terceiro Milênio. E Viva o Povo Brasileiro foi o tema do exame de Agrégation, concurso para detentores de diploma de graduação na universidade francesa. Este romance e Sargento Getúlio constaram da maior parte das listas dos cem melhores romances brasileiros do século.
Prêmios e distinções
– Prêmio Golfinho de Ouro, do Estado do Rio de Janeiro, conferido, em 1971, pelo romance Sargento Getúlio;
– Dois prêmios Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro, em 1972 e 1984, respectivamente para o Melhor Autor e Melhor Romance do Ano, pelo romances Sargento Getúlio e Viva o povo brasileiro;
Prêmio Altamente Recomendável - Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil,1983, para Vida e Paixão de Pandonar, o Cruel ;

– Prêmio Anna Seghers, em 1996 (Mogúncia, Alemanha);

– Prêmio Die Blaue Brillenschlange (Zurique, Suíça);

– Detém a cátedra de Poetik Dozentur na Universidade de Tubigem, Alemanha (1996).

_ Prêmio Lifetime Achievement Award, em 2006;

_ Prêmio Camões, em 2008.
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Domingo na Usina: Biografias: Carlos Castelo Branco:

 


Sexto ocupante da cadeira 34, eleito em 4 de novembro de 1982 na sucessão de R. Magalhães Júnior e recebido em 25 de maio de 1983, pelo acadêmico José Sarney.
Carlos Castelo Branco, jornalista, contista e romancista, nasceu em Teresina, PI, em 25 de junho de 1920, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 1º de junho de 1993.
Era filho do desembargador Cristino Castelo Branco e de Dulcila Santana Branco. Formou-se em Direito pela Universidade de Minas Gerais, em 1943. Jornalista desde 1939, trabalhou na cadeia dos Diários Associados, passando por diversos cargos de chefia e fixando-se como repórter político, a partir de 1949, inicialmente em O Jornal, depois no Diário Carioca e na revista O Cruzeiro.
Vocação literária intermitente e absorvida pelo jornalismo, Castelo Branco foi pvarte da “geração mineira de 1945”, ao lado de Otto Lara Resende, Paulo Mendes Campos e Fernando Sabino, tendo publicado, em 1952, o livro Continhos brasileiros. Único contista piauiense citado por Herman Lima no seu livro Variações sobre o conto (MEC), a carreira puramente literária de Carlos Castelo Branco interrompeu-se com o romance Arco de triunfo, publicado em 1959, para dar lugar a uma das mais fulgurantes carreiras do jornalismo brasileiro.
A atividade jornalística de Castelo seria interrompida brevemente em 1961, quando assumiu o cargo de Secretário de Imprensa do presidente Jânio Quadros. A proximidade com Jânio Quadros possibilitou-lhe recolher dados e circunstâncias que ninguém mais seria capaz de alinhar com tanta percuciência e segurança, e que ele iria relatar no seu livro póstumo A renúncia de Jânio (1996). Ele próprio condicionou a publicação do depoimento a um prazo além de sua morte, porque não queria ninguém a apontar-lhe reservas e omissões, ou até incapacidade em explicar a renúncia do presidente Jânio Quadros. Se houvesse por acaso alguma explicação objetiva, o notável jornalista que foi Castelo Branco certamente decifraria as motivações desse ato.
Voltou ao jornalismo em 1962, como chefe da sucursal do Jornal do Brasil em Brasília, cargo que exerceu até 1972, e como colunista político, que foi até o fim da vida, na sua “Coluna do Castelo”. Reunindo suas colunas, publicou uma série de livros sobre “os fatos que precederam e sucederam o Movimento de março de 1964”: os dois volumes de Introdução à Revolução de 1964 e os quatro volumes de Os militares no poder, que teriam seu seguimento, conforme disse o autor, “na medida da persistência do interesse público por um depoimento que, à margem da história, procura dar apenas uma visão parcial e contemporânea de situações complexas, repetitivas, monótonas, mas apaixonantes.” A “Coluna de Castelo” representou, por unânime consenso, a peça mais importante do jornalismo político brasileiro. Sua leitura, todos os dias, constituía uma obrigação fundamental de todas as pessoas com qualquer dose de interesse, direto ou indireto, na vida pública do país.
A história de Carlos Castelo Branco confunde-se com a história da redemocratização brasileira. Desde a queda da ditadura Vargas, Castelinho, como todos os jornalistas o chamavam, passou a viver e a respirar com as instituições políticas. Pode-se dizer mesmo que passou a fazer parte delas: quando a liberdade florescia, Castelo se tornava uma das personalidades importantes da República; nas épocas de regressão, estava sempre na primeira lista dos encarcerados. Não que ele fosse subversivo, perigoso. Ao contrário, era conservador e pacato. Mas seus escritos tinham a virtude de incomodar os poderosos que, a pretexto de salvar a pátria, escravizavam seus concidadãos.
Além da aptidão jornalística de testemunhar, registrar e reter na memória, Castelo era uma estrela de primeira grandeza na arte de interpretar os fatos políticos.
Jornalista dos mais conhecidos e respeitados, foi eleito, em 1976, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, cargo que exerceu até 1981. Em 24 de outubro de 1978, foi homenageado nos Estados Unidos com o prêmio Maria Moors Cabot, pela Universidade de Columbia, Nova York, destinado aos jornalistas notáveis das Américas. Recebeu também o Prêmio Mergenthaler, de liberdade de imprensa; o Prêmio Nereu Ramos de jornalismo, dado pela Universidade de Santa Catarina; e o Prêmio Almirante, na área de jornalismo.
Era membro da Academia Piauiense de Letras e do Pen Clube do Brasil.

fonte de origem:

https://www.academia.org.br/academicos/carlos-castelo-branco/biografia

Domingo na Usina: Biografias: Raimundo Magalhães Júnior:



Quinto ocupante da Cadeira 34, eleito em 9 de agosto de 1956 na sucessão de D. Aquino Correia e recebido pelo Acadêmico Viriato Correia em 6 de novembro de 1956. Recebeu os Acadêmicos Dinah Siveira de Queiroz e Jorge Amado.
Raimundo Magalhães Júnior, jornalista, biógrafo e teatrólogo, nasceu em Ubajara, CE, em 12 de fevereiro de 1907, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 1981.
Filho do jornalista Raimundo Magalhães, autor do Vocabulário popular, publicado em 1911. Fez seus estudos na cidade natal e em Campos, para onde se transferiu aos 17 anos. Lá fez os estudos de humanidades e se iniciou no jornalismo, na Folha do Comércio, de que era o redator-chefe ao se transferir para o Rio em 1930. Desde 1927 escrevia peças de teatro e contos. Em 1934 a Editora Record lançou Impróprio para menores, seu primeiro livro de contos.
Na imprensa do Rio, foi secretário de A Noite Ilustrada, fez parte do grupo fundador do Diário de Notícias, diretor das revistas Carioca, Vamos Ler e Revista da Semana e redator de A Noite desde 1930.
Como correspondente no estrangeiro, foi mandado pelo jornal A Noite ao Paraguai durante a Guerra do Chaco, tendo escrito reportagens que foram simultaneamente transcritas em jornais de Assunção (Paraguai) e La Paz (Bolívia). Em missão jornalística passou três anos nos Estados Unidos. Foi assistente especial do escritório do Coordenador de Assuntos Interamericanos, que era então Nelson Rockefeller, posto em que permaneceu de 1942 a 1944. Colaborou no The New York Times, Pan-American Magazine, American Mercury e Theatre Arts. De volta ao Brasil, participou da redação da revista Brazilian-American, que então se publicava em inglês no Rio de Janeiro.
Na política, assinou Manifesto da Esquerda Democrática, que se converteu, em seguida, no Partido Socialista Brasileiro, pelo qual, em 1949, foi eleito vereador à Câmara do Distrito Federal, sendo reeleito em 1954.
Como autor teatral, escreveu mais de três dezenas de revistas, comédias e peças dramáticas, entre as quais sobressaem Carlota Joaquina, O imperador galante, Vila Rica, Canção dentro do pão e Essa mulher é minha. Foi membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais e seu diretor desde 1959 até o seu falecimento.
Foi também conselheiro do Serviço de Defesa do Direito Autoral. Participou dos Congressos Internacionais de Direito Autoral de 1952, em Amsterdã, e de 1969, em Viena. Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Associação Brasileira de Tradutores.
Era um incansável pesquisador, e do seu trabalho de pesquisa resultaram várias biografias, antologias, dicionários, ensaios e, sobretudo, os volumes da obra esparsa de Machado de Assis: Contos sem data, Contos sem data, Contos esparsos, Contos avulsos, Contos e crônicas, Contos de Lélio e Diálogos e reflexões de um relojoeiro. Machadiano perspicaz, procurou determinar uma série de revelações sobre o autor de Dom Casmurro.
Como poeta, aparece na Antologia dos poetas bissextos contemporâneos, de Manuel Bandeira. Algumas de suas traduções de poetas franceses são reproduzidas na Antologia da poesia universal organizada por Sérgio Milliet. Como contista, teve trabalhos incluídos nas seguintes antologias: Contos do Brasil, de D. Lee Hamilton e Ned Fahs (EUA); Antologia do Carnaval, de Wilson Lousada; História de crimes e criminosos, de Edgard Cavalheiro e Raimundo de Menezes; Contos e novelas, de Graciliano Ramos; Brazilian Short Stories, de William Grossman.
Obteve vários prêmios literários, entre os quais o Prêmio do Serviço Nacional do Teatro, em 1940; o Prêmio Brasília de Literatura, da Fundação Cultural do Distrito Federal (1972); o Prêmio Juca Pato, como o "Intelectual do Ano", da União Brasileira de Escritores (1974). Antes de seu ingresso na Academia, obtivera os Prêmios Artur Azevedo (teatro), em 1945; José Veríssimo (ensaio e crítica); Carlos de Laet (crônica), em 1945; Prêmio Sílvio Romero (ensaio), em 1953.
Era membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e sócio correspondente dos Institutos Históricos e Geográficos de São Paulo e do Ceará.

fonte de origem:

https://www.academia.org.br/academicos/raimundo-magalhaes-junior/biografia

Domingo na Usina: Biografias: D. Aquino Correia:

 


Quarto ocupante da Cadeira 34, eleito em 9 de dezembro de 1926, na sucessão de Lauro Müller e recebido pelo Acadêmico Ataulfo de Paiva em 30 de novembro de 1927.
D. Aquino Correia (Francisco de Aquino Correia), sacerdote, prelado, arcebispo de Cuiabá, poeta e orador sacro, político, nasceu em Cuiabá, MT, em 2 de abril de 1885, e faleceu em São Paulo, SP, em 22 de março de 1956.
Era filho do casal Antônio Tomás de Aquino e Maria de Aleluia Gaudie Ley Correia. Cedo revelou o amor aos estudos e vocação religiosa. Iniciou os estudos no Colégio São Sebastião, passando em seguida ao Seminário da Conceição. Depois passou a frequentar o Liceu Salesiano de São Gonçalo, onde recebeu o grau de Bacharel em Humanidades. Em 1902 ingressou no Noviciado dos Padres Salesianos de D. Bosco em Cuiabá, ordenando-se sacerdote em 1903. Em 1904 seguiu para Roma, onde se matriculou, simultaneamente, na Universidade Gregoriana e na Academia São Tomás de Aquino, onde se doutorou em Teologia, em 1908. Em 17 de janeiro de 1909, já tendo recebido todas as Ordens Menores e Maiores, foi ordenado presbítero.
De volta ao Brasil, foi nomeado diretor do Liceu Salesiano de Cuiabá, cargo que desempenhou até 1914, quando foi designado, pelo Papa Pio X, para titular do Bispado de Prusíade e Auxiliar do Arcebispo da Diocese de Cuiabá, cargo em que foi investido em 1º de janeiro de 1915, aos 29 anos, sendo o mais moço entre todos os bispos do mundo.
Em 1919, o Papa Bento XV conferiu-lhe os títulos de Assistente do Sólio Pontifício e Conde Palatino. Em 1921, com o falecimento do Arcebispo Dom Carlos Luís d’Amour, foi elevado ao Arcebispado de Cuiabá, recebendo o Pálio Arquiepiscopal das mãos de Dom Duarte Leopoldo e Silva, arcebispo de São Paulo. Em 1917, indicado pelo governo de Venceslau Brás como elemento conciliador, foi eleito governador do seu Estado para o período de 1918-1922, com 32 anos. Ali se manteve a consciência democrática, a capacidade construtiva e o profundo sentimento patriótico. Amparou a cultura regional, tomando a iniciativa de fundar a Academia Mato-grossense de Letras onde, depois, como titular, seria aclamado por unanimidade Presidente de Honra. Criou também o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, do qual foi eleito Presidente Perpétuo.
Autor de inúmeras e notáveis “Cartas pastorais”, de discursos, trabalhos históricos e poesias, D. Aquino Correia publicou Odes, o seu primeiro livro de versos, em 1917, seguido de Terra natal, onde reuniu poemas de exaltação a Mato Grosso e ao Brasil, cheios de suave lirismo e fascínio pelo seu torrão. Foi poeta em quatro idiomas: o nosso, o latino, o italiano e o francês.
“Há, na poesia de D. Aquino disse o embaixador e acadêmico José Carlos de Macedo Soares um forte lirismo que combina bem com o seu poder descritivo, não só quando ele narra um episódio, como também quando invoca uma paisagem ou simplesmente uma viva emoção.”
Mais tarde deu a público alguns trabalhos em prosa. O escritor escorreito está em todas essas páginas, tantas delas revelando o interesse de D. Aquino pelas coisas nacionais.
O seu domínio na tribuna pública era absoluto. Não só como orador sacro era admirado, senão também como grande orador em várias entidades culturais. Destacam-se, nessa área, sua conferência sobre o “Centenário do Bispado de Cuiabá”, proferida no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, onde foi recebido em 1926; a “Mensagem aos homens de letras”, proferida na Academia Brasileira de Letras, e “A verdade da Eucaristia”, oração inaugural do V Congresso Eucarístico de Porto Alegre, em 28 de outubro de 1948.

Atualizado em 13/10/2016.

fonte de origem:

https://www.academia.org.br/academicos/aquino-correia-dom/biografia

Domingo na Usina: Biografias: Lauro Müller:


Terceiro ocupante da Cadeira 34, eleito em 14 de setembro de 1912, na sucessão do Barão do Rio Branco e recebido pelo Acadêmico Afonso Celso em 16 de agosto de 1917. Recebeu o Acadêmico Hélio Lobo.
Lauro Müller (Lauro Severiano Müller), engenheiro militar, político e diplomata, nasceu em Itajaí, SC, em 8 de novembro de 1863, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 30 de julho de 1926.
Apaixonado discípulo de Benjamin Constant, ingressou na carreira militar na província natal. Era Doutor em Leis, título concedido pela Universidade de Harvard, dos Estados Unidos. A sua carreira pública começou em 1889, quando recebeu de Deodoro da Fonseca a incumbência de organizar a província transformada em Estado de Santa Catarina. Foi depois deputado federal, senador, ministro de Estado, empreendendo grandes reformas na pasta da Indústria, Viação e Obras Públicas, ao tempo da presidência Rodrigues Alves. Tornou-se popular por suas importantes obras, como a construção da Avenida Central, hoje Avenida Rio Branco, e os melhoramentos do porto do Rio de Janeiro.
Quando, em 1912, faleceu o Barão do Rio Branco, coube a Lauro Müller a honra de sucedê-lo no Ministério das Relações Exteriores, no qual se manteve até 1914, para passá-lo então às mãos de Nilo Peçanha, nos agitados dias da Primeira Guerra Mundial. O maior empenho de Lauro Müller na pasta das Relações Exteriores consistiu em alicerçar a aproximação definitiva do Brasil com as nações da América, por meio da Missão Campos Sales a Buenos Aires, de visita aos Estados Unidos e ao Rio da Prata, para assinar, com as repúblicas denominadas do ABC, um tratado de arbitragem ampla. Sua eleição para a Academia Brasileira de Letras, em 1912, sem qualquer obra de cunho literário, motivou o definitivo rompimento de José Veríssimo com a instituição.
Atualizado em 05/04/2016.

https://www.academia.org.br/academicos/lauro-muller/biografia