quinta-feira, 25 de julho de 2019

Poesia De Quinta Na Usina: Luís de Camões: Soneto 083:



Amor, com a esperança já perdida, teu soberano templo visitei;
por sinal do naufrágio que passei, em lugar dos vestidos, pus a vida.

Que queres mais de mim, que destruída me tens a glória toda que alcancei? Não cuides de forçar me, que não sei tornar a entrar onde não há saída.

Vês aqui alma, vida e esperança, despojos doces de meu bem passado, enquanto quis aquela que eu adoro:

nelas podes tomar de mim vingança; e se inda não estás de mim vingado,

contenta te com as lágrimas que choro.

Poesia DE Quinta Na Usina: Mário Quintana:O colegial:


O vento passa lá fora

e eu, no quadro negro, imóvel

- ó muro de fuzilamento! Morro sem dizer palavra. O professor parece triste, talvez por outros motivos.
Manda sentar-me e eu carrego
ó almazinha assustada,

um zero, como uma auréola... Rezai, rezai pelas alminhas dos meninos fuzilados!
Por que é que nos ensinam tanta coisa?
Eu queria saber contar só com os dedos da mão! O resto é complicação, um nunca mais acabar.
Eu queria mesmo era poder estudar teu corpo todo com a mão
até sabê-lo de cor como um ceguinho.
E o vento passa lá fora

com a sua memória em branco. O que ele viu, nem recorda...

e eu nada vi: só adivinho!

Poesia De Quinta Na Usina: Florbela Espanca: A ANTO!:



Poeta da saudade, ó meu poeta qu´rido Que a morte arrebatou em seu sorrir fatal, Ao escrever o Só pensaste enternecido Que era o mais triste livro deste Portugal,

Pensaste nos que liam esse teu missal, Tua bíblia de dor, teu chorar sentido Temeste que esse altar pudesse fazer mal
Aos que comungam nele a soluçar contigo!

Ó Anto! Eu adoro os teus estranhos versos, Soluços que eu uni e que senti dispersos Por todo o livro triste! Achei teu coração... Amo-te como não te quis nunca ninguém,

Como se eu fosse, ó Anto, a tua própria mãe Beijando-te já frio no fundo do caixão!

Poesia De Quinta Na Usina: D'Araujo: "Babel Dos Loucos:Sarau Beco dos Poetas 30 03 2014:





Babel dos loucos. (shopping Center)


Extasiado pelo desconforto do desejo e muito distante 
da necessidade, diante do ter e o poder.
Sucumbisse de uma realidade oposta.
Deparamo-nos com a claridade das luzes do consumo sem rumo.

E absolvidos pelas belezas postas às mesas da nossa perdição.
Ignoramos a própria razão levados a beira da loucura, 
ficamos todos expostos nos grandes salões dos desesperados.

Então somos todos aclamados entre aqueles que alienados 
e alimentados pelo ego, e dos seus desejos, 
entopem seus medos, vazios e incapacidades, 
com o passe livre dos imbecilizados.

Poesia De Quinta Na Usina:D'Araújo:Doce prazer:



Despi-se de todo o seu ego, 
afugente do teu ser qualquer apego.
Para que possa finalmente conquistar 
a tão sonhada liberdade, e poder criar seres livres.

A dor procure evitar todas as formas, 
a qual com ela o mundo se contamine.
Não cultue com isso qualquer espécie de recompensa.

Apenas se alimente com o doce prazer 
do dever cumprido.
Ame incondicionalmente o planeta em que vive, 
e tudo que nele abita.

D'Araújo.