quarta-feira, 22 de julho de 2020

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo: Oratória:


Nem mesmo sei a diferença

Entre o canto da ema ou do azulão.

Mas não importa quem canta

E sim a beleza do cantar.

 Sendo eu praticamente um analfabeto cultural

Acareando sentimentos

E tornando lúcido o insensato

Com a alegria de um

Verdadeiro criar.

 Sem o compromisso da didática

Ou mesmo da diplomacia das oratórias perfeitas

Apenas posto minha alma em desencanto...


Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo: Ontem...:


Do ontem nada posso mudar, pois lá não posso voltar.

Do amanhã nada posso pegar, pois nada sei de lá.

Mas no hoje tudo posso.

Pois é tudo que tenho...


Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca: A FLOR DO SONHO:


A flor do sonho, alvíssima, divina Miraculosamente abriu em mim, Como se uma magnólia de cetim Fosse florir num muro todo em ruína.

Pende em meu seio a haste branda e fina. 

E não posso entender como é que, enfim, Essa tão rara flor abriu assim!...

Milagre... fantasia... ou talvez, sina....

Ó flor, que em mim nasceste sem abrolhos, Que tem que sejam tristes os meus olhos Se eles são tristes pelo amor de ti?!...

Desde que em mim nasceste em noite calma, Voou ao longe a asa da minh´alma

E nunca, nunca mais eu me entendi...


Poesia de quinta na Usina: Florbela Espanca: A MINHA DOR A você:


 A minha dor é um convento ideal Cheio de claustros,

sombras, arcarias, Aonde a pedra em convulsões sombrias

Tem linhas dum requinte escultural.

 Os sinos têm dobres d´agonias

Ao gem

Nesse triste convento aonde eu moro,

Noites e dias rezo e grito e choro!

E ninguém ouve... ninguém vê... ninguém...

er, comovidos, o seu mal...

E todos têm sons de funeral

Ao bater horas, no correr dos dias...

 A minha dor é um convento.

Há lírios Dum roxo macerado de martírios,

Tão belos como nunca os viu alguém!


Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:



O  tempo entre o sopro

e o apagar da vela

 Achara porta que esqueceram de fechar.

O beco com saída.

A porta sem chave. A vida.


Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:


Quem é vivo aparece sempre

no momento errado para dizer

presente onde não foi chamado.