quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Poesia De Quinta Na Usina: Machado de Assis; Poema: COGNAC!...:


Vem, meu Cognac, meu licor d’amores!...
É longo o sono teu dentro do frasco;
Do teu ardor a inspiração brotando
O cérebro incendeia!...
Da vida a insipidez gostoso adoças;
Mais val um trago teu que mil grandezas;
Suave distração — da vida esmalte,
Quem há que te não ame?
Tomado com o café em fresca tarde
Derramas tanto ardor pelas entranhas,
Que o já provecto renascer-lhe sente
Da mocidade o fogo!
Cognac! — inspirador de ledos sonhos,
Excitante licor — de amor ardente!
Uma tua garrafa e o Dom Quixote,
É passatempo amável!
Que poeta que sou com teu auxílio!
Somente um trago teu m’inspira um verso;
O copo cheio o mais sonoro canto;
Todo o frasco um poema!

Poesia de Quinta Na Usina: Machado de Assis; Poema: MINHA MÃE:




(Imitação de Cowper)

Quanto eu, pobre de mim! quanto eu
quisera
Viver feliz com minha mãe também!
CA de Sá
Quem foi que o berço me embalou da infância
Entre as doçuras que do empíreo vêm?
E nos beijos de célica fragrância
Velou meu puro sono? Minha mãe!
Se devo ter no peito uma lembrança
É dela que os meus sonhos de criança
Dourou: — é minha mãe!
Quem foi que no entoar canções mimosas
Cheia de um terno amor — anjo do bem
Minha fronte infantil — encheu de rosas
De mimosos sorrisos? — Minha mãe!
Se dentro do meu peito macilento
O fogo da saudade me arde lento
É dela: minha mãe.
Qual anjo que as mãos me uniu outrora
E as rezas me ensinou que da alma vêm?
E a imagem me mostrou que o mundo adora,
E ensinou a adorá-la? — Minha mãe!
Não devemos nós crer num puro riso
Desse anjo gentil do paraíso
Que chama-se uma mãe?
Por ela rezarei eternamente
Que ela reza por mim no céu também;
Nas santas rezas do meu peito ardente
Repetirei um nome: — minha mãe!
Se devem louros ter meus cantos d’alma
Oh! do porvir eu trocaria a palma

Para ter minha mãe!

Poesia de quinta Na Usina: Fernando Pessoa; Poema: Aqui, Dizeis:


Aqui, dizeis, na cova que me abrigo,
Não está quem eu amei. Olhar nem riso
Se escondem nesta leira.
Ah, mas olhos e boca aqui se escondem!
Mãos apertei, não alma, e aqui jazem.
Homem, um corpo choro!

Poesia De Quinta Na Usina:Fernando Pessoa:


"São as pessoas que habitualmente me cercam, são as almas que, desconhecendo-me, todos os
dias me conhecem com o convívio e a fala, que me põem na garganta do espírito o nó salivar
do desgosto físico. É a sordidez monótona da sua vida, paralela à exterioridade da minha, é a
sua consciência íntima de serem meus semelhantes, que me veste o traje de forçado, me dá a

cela de penitenciário, me faz apócrifo e mendigo."

Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/ 

Poesia de Quinta na Usina: Poema: Avesso.


A réstia que corta o horizonte na linha reta 
do meu pensar. Me da o repouso do aconchego 
do colo da vida que escorrega, as mãos do falso destino, 
de menino travesso.


Aceitando o avesso da vida que passa olhando 
as vidraças do tempo que resta nos arreios da testa, 
que separa a visão, da cegueira da alma.


D'Araujo.



Poesia De Quinta Na Usina: D'Araujo:Incapazes:


Podem me chamarem de louco sonhador,
Mas nada do que fizerem, me fará,
desistir de lutar há cada dia da minha vida,
para alcançar, a tão sonhada felicidade,
jamais irei ceder a mediocridade dos pobres 
de espirito, incapazes  de qualquer gesto 
que lhes tire do conforto da inercia.