quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Surdo

Uma guerra injusta
Aonde a curva do desejo vai alem da razão
Qual a paixão sem ou um amor sem começo.

Então paga-se o preço justo do absurdo.
O que tem de belo no esperar eterno
No falante calado ou no ouvinte surdo.

Já é claro a escuridão da observação
De não enxergar o óbvio
De aceitar o fato de aceitar a lógica
Do despertar pro nada e não poder viver tudo......

poema na integra no Livro;
"O Grito da Alma"

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Inverdades

Com a calma dos sábios
Visto a capa dos insanos
Para cometer meus enganos
Mesmo que profanos.

Nunca desisto
Daquilo que sempre invisto
Não tenho o saber infindo
Nem a insensatez da lógica
Tão pouco a capacidade plena.....

poema na integra no Livro:
"O Grito da Alma"

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




O Gênio

Eufórico, observador, detalhista e
Determinado.
Inquieto, insatisfeito,
Impulsivo e obcecado.
Introspectivo, individualista, reservado,....

poema na integra no livro:
"O Grito da Alma"

Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:


Bom dia, poetas velhos.
Me deixem na boca o gosto de versos
mais fortes que não farei. 

Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:

 




ali só ali se
se alice
ali se visse quanto alice viu e não disse
se ali
ali se dissesse quanta palavra veio e não desce ali
bem ali
dentro da alice só alice
com alice ali se parece

Poesia de Quinta na Usina: Paulo Leminsk:



não sou o silêncio
que quer dizer palavras ou bater palmas
pras performances do acaso sou um rio de palavras
peço um minuto de silêncios pausas valsas calmas 
penadas e um pouco de esquecimento
apenas um e eu posso deixar o espaço e estrelar este teatro
.que se chama tempo


Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:


 

EXALTAÇÃO

 

Viver!... Beber o vento e o sol!... Erguer Ao céu os corações a palpitar!

Deus fez os nossos braços pra prender, E a boca fez-se sangue pra beijar!

A chama, sempre rubra, ao alto a arder!... Asas sempre perdidas a pairar,

Mais alto para as estrelas desprender!...

A glória!... A fama!... O orgulho de criar!... Da vida tenho o mel e tenho os travos

No lago dos meus olhos de violetas, Nos meus beijos estáticos, pagãos!... Trago na boca o coração dos cravos! Boêmios, vagabundos, e poetas:

- Como eu sou vossa irmã, ó meus irmãos!... 

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:

 


CREPÚSCULO

 

Teus olhos, borboletas de ouro, ardentes Borboletas de sol, de asas magoadas, Pousam nos meus, suaves e cansadas Como em dois lírios roxos e dolentes...

E os lírios fecham... Meu amor não sentes? Minha boca tem rosas desmaiadas,

E a minhas pobres mãos são maceradas Como vagas saudades de doentes...

O silêncio abre as mãos... entorna rosas... Andam no ar carícias vaporosas

Como pálidas sedas, arrastando... E a tua boca rubra ao pé da minha É na suavidade da tardinha.

Um coração ardente palpitando...

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:

 


ANOITECER

 

A luz desmaia num fulgor d’aurora, Diz-nos adeus religiosamente...

E eu que não creio em nada, sou mais crente Do que em menina, um dia, o fui... outrora... Não sei o que em mim ri, o que em mim chora, Tenho bênçãos de amor pra toda a gente!

E a minha alma, sombria e penitente Soluça no infinito desta hora!

Horas tristes que vão ao meu rosário... Ó minha cruz de tão pesado lenho!

Ó meu áspero e intérmino Calvário! E a esta hora tudo em mim revive:

Saudades de saudades que não tenho... Sonhos que são os sonhos dos que eu tive...