Se não souberes
Onde me
encontrar
E se ainda
Me quiseres
Sabes
Se vieres
Estou longe
Numa janela
De destroços
Bela
Aberta
À espera
De uma lufada
De ar
Uma brisa de
frescura
Que o jardim
A invada
De verdura
Ladeada
De um muro
De hera
Orvalhada
Pela chuva
Abençoada
Sabes, estou
assim
Abraçada
Pela ternura
Da melancolia
Numa casa
deserta
Num silêncio
escuro
Pintada
De fumo
Queimada
Pela chama
Do nosso amor
Ardente
Aqui e além
Uma semente
De uma flor
Salpica
O pavimento
De um aroma
Perfumado
Que fica
Impregnado
No meu vestido
E as cinzas
Marcas
indeléveis
Do sentimento
Levou-as o vento
Da ilusão
Até o chão
Perdeu o tapete
Aveludado
De quando
estavas
Ao meu lado
E deixou à vista
A emoção
Estou só
Comigo
E o meu grito
Ecoa
Para o infinito
Mas ouço a tua
voz
Ao perto
Desperto
Desta paz
Que o abandono
Me traz
Sou mulher
Sem dono
Liberta
Da bagagem
Que me deste
Numa viagem
Onde costuro
A imagem
Que quero
Para o futuro
Sem olhar
Para trás!
Luísa Rafael
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Porto, Portugal