domingo, 18 de dezembro de 2022

Domingo na Usina: biografias: Luís da Câmara Cascudo:

Luís da Câmara Cascudo (Natal [1], 30 de dezembro de 1898 — Natal, 30 de julho de 1986) foi um historiador, antropólogo, advogado e jornalista brasileiro. Câmara Cascudo passou toda a sua vida em Natal e dedicou-se ao estudo da cultura brasileira. Foi professor da Faculdade de Direito de Natal, hoje Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), cujo Instituto de Antropologia leva seu nome.

Pesquisador das manifestações culturais brasileiras, deixou uma extensa obra, inclusive o Dicionário do Folclore Brasileiro (1952). Entre seus muitos títulos destacam-se: Alma patrícia (1921), obra de estreia, e Contos tradicionais do Brasil (1946). Estudioso do período das invasões holandesas, publicou Geografia do Brasil holandês (1956). Suas memórias, O tempo e eu (1971), foram editadas postumamente.

Cascudo quase chegou a ser demitido de sua posição como professor por estudar figuras folclóricas como o lobisomem.

Em entrevista ao jornal "A Província", disse o seguinte acerca do seu interesse por história:

"Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar das Estrelas, dos morros silenciosos. Assombrações. Mistérios. Jamais abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje não têm preço."

Começou o trabalho como jornalista aos 19 anos em "A Imprensa", de propriedade de seu pai, e depois passou pelo "A República" e o "Diário de Natal" - nos anos 1960 já havia publicado quase 2.000 textos.[2]

Posições políticas[editar | editar código-fonte]

Câmara Cascudo foi monarquista nas primeiras décadas do século XX e durante a década de 1930 combateu a crescente influência marxista no Brasil. Também combateu, em parte, sob a impressão causada pela assim chamada Intentona Comunista de 1935, quando Natal foi palco e sede da primeira tentativa de um governo fundado nas ideias marxistas da América Latina, Cascudo aderiu ao integralismo brasileiro e foi membro destacado e Chefe Regional da Ação Integralista Brasileira, o movimento nacionalista encabeçado por Plínio Salgado.

Desencantou-se rapidamente com o Integralismo, tal como outro famoso ex-integralista, Dom Hélder Câmara, e já durante a Segunda Guerra Mundial favoreceu os Aliados, demonstrando sua antipatia aos fascistas italianos e aos nazistas alemães. Fiel ao seu pensamento anticomunista, não se opôs ao Golpe Militar de 1964, mas protegeu e ajudou diversos potiguares perseguidos pelos militares.

Câmara Cascudo muito contribuiu para a cultura na gestão de Djalma Maranhão, o prefeito de Natal naquela época.

Obra[editar | editar código-fonte]

Obra extensa[editar | editar código-fonte]

O conjunto da obra de Luís da Câmara Cascudo é considerável em quantidade e qualidade. O autor escreveu 31 livros e 9 plaquetas sobre o folclore brasileiro, em um total de 8.533 páginas, o que o coloca entre os intelectuais brasileiros mais prolíficos, ao lado de nomes como Pontes de Miranda e Mário Ferreira dos Santos. A sua obra ganhou reconhecimento internacional.

Lista das obras[editar | editar código-fonte]

Abaixo, a relação de suas publicações, algumas das quais já reeditadas por outras editoras. Os títulos listados estão seguidos das publicações originais e suas respectivas editoras:

Alma Patrícia, critica literária – Atelier Typ. M. Vitorino, 1921

Histórias que o tempo leva – Ed. Monteiro Lobato, S. Paulo, (outubro 1923), 1924.

Joio – crítica e literatura – Of. Graph. d’A Imprensa, Natal (jun), 1924

Lopez do Paraguay – Typ. d’A República, 1927

Conde d’Eu – Ed. Nacional, 1933

O homem americano e seus temas – Imprensa Oficial, Natal, 1933

Viajando o sertão – Imprensa Oficial, Natal, 1934

Em memória de Stradelli – Livraria Clássica, Manaus, 1936

O Doutor Barata – Imprensa Oficial, Bahia, 1938

O Marquês de Olinda e seu Tempo – Ed. Nacional, S. Paulo, 1938

Governo do Rio Grande do Norte – Liv. Cosmopolita, Natal, 1939.

Vaqueiros e Cantadores – (Globo, 1939) – Ed. Itatiaia, S. Paulo, 1984.

Antologia do Folclore Brasileiro – Martins Editora, S. Paulo, 1944

Os melhores contos populares de Portugal – Dois Mundos, 1944

Lendas brasileiras – 1945

Contos tradicionais do Brasil – (Col. Joaquim Nabuco), 1946 - Ediouro

Geografia dos mitos brasileiros – Ed. José Olímpio, 1947. 2ª edição, Rio, 1976.

História da Cidade do Natal – Prefeitura Mun. do Natal, 1947

Os holandeses no Rio Grande do Norte – Depto. Educação, Natal, 1949

Anubis e outros ensaios – (Ed. O Cruzeiro, 1951), 2ª edição, Funarte/UFRN, 1983

Meleagro – Ed. Agir, 1951 – 2ª edição, Rio, 1978

Literatura oral no Brasil – Ed. José Olímpio, 1952 – 2ª edição, Rio, 1978

Cinco livros do povo – Ed. José Olímpio, 1953 – 2ª edição, ed. Univ. UFPb, 1979.

Em Sergipe del Rey – Movimento Cultural de Sergipe, 1953

Dicionário do Folclore Brasileiro – INL, Rio, 1954 – 3ª edição, 1972

História de um homem – (João Câmara) – Depto. de Imprensa, Natal, 1954

Antologia de Pedro Velho – Depto. de Imprensa, Natal, 1954

História do Rio Grande do Norte – MEC, 1955

Notas e documentos para a história de Mossoró – Coleção Mossoroense, 1955

Trinta "estórias" brasileiras – ed. Portucalense, 1955

Geografia do Brasil Holandês – Ed. José Olímpio, 1956

Tradições populares da pecuária nordestina –MA-IAA n.9, Rio, 1956

Jangada – MEC, 1957

Jangadeiros – Serviço de Informação Agrícola, 1957

Superstições e Costumes – Ed. Antunes & Cia, Rio, 1958

Canto de Muro – Ed. José Olímpio, (dez. 1957), 1959

Rede de dormir – MEC (1957), 1959 – 2ª edição, Funarte/UFRN, 1983

Ateneu Norte-Rio-Grandense – Imp. Oficial, Natal, 1961

Vida breve de Auta de Souza – Imp. Oficial, Recife, 1961

Dante Alighieri e a tradição popular no Brasil – PUC, Porto Alegre, 1963 – 2ª edição Fundação José Augusto (FJA), Natal, 1979

Dois ensaios de História – (Imp Oficial Natal, 1933 e 1934) Ed. Universitária, 1965

História da República do Rio Grande do Norte – Edições do Val, Rio, 1965

Made in África – Ed. Civilização Brasileira, 1965

Nosso amigo Castriciano – Imp. Universitária, Recife, 1965

Flor dos romances trágicos – Ed. Cátedra, Rio, 1966 – 2ª ed. Cátedra/FJA, 1982

Voz de Nessus – Depto. Cultural, UFPb, 1966

Folclore no Brasil – Fundo de Cultura, Rio, 1967 – 2ª edição, FJA, Natal;, 1980

História da alimentação no Brasil – Ed. Nacional (2 vol) fev. 1963), 1967, (col. Brasiliana 322 e 323) – 2ª ed. Itatitaia, 1983

Jerônimo Rosado (1861-1930) – ed. Pongetti, Rio, 1967

Seleta, Luís da Câmara Cascudo – Ed. José Olímpio, Rio, 1967 – org. por Américo de Oliveira Costa. – 2ª Ed. 1972.

Coisas que o povo diz – Bloch, 1968

Nomes da Terra – Fundação José Augusto, Natal, 1968

O tempo e eu – Imp. Universitária – UFRN, 1968

Prelúdio da cachaça – IAA, (maio, 1967), 1968

Pequeno manual do doente aprendiz – Ed. Universitária – UFRN, 1969

Gente viva – Ed. Universitária UFPe, 1970

Locuções tradicionais no Brasil – UFPE, 1970 – 2ª edição, MEC, Rio, 1977

Ensaios de etnografia brasileira – INL, 1971

Na ronda do tempo – Ed. Universitária, UFRN, 1971 (livro biográfico)

Sociologia do Açúcar – MIC – IAA, 1971. Coleção Canavieira n. 5

Tradição, ciência do povo – Perspectiva, S. Paulo, 1971

Ontem – (maginações) – Ed. Universitária UFRN, 1972

Uma História da Assembleia Legislativa do RN – FJA, 1972

Civilização e cultura (2 vol.) – MEC/Ed. José Olímpio, 1973

Movimento da independência no RN – FJA, 1973

O Livro das velhas figuras – (6 vol.) – 1, 1974; 2, 1976; 3, 1977; 4, 1978; 5, 1981; 6, 1989 – Inst. Histórico e Geográfico do RN

Prelúdio e fuga do real – FJA, 1974

Religião no povo – Imprensa Universitária, UFPb, 1974

História dos nossos gestos – Ed. Melhoramentos, 1976

O Príncipe Maximiliano no Brasil – Kosmos editora, 1977

Antologia da alimentação no Brasil – Livros Técnicos e Científicos ed., 1977

Três ensaios franceses, FJA, 1977 (do Motivos da Literatura Oral da França no Brasil, Recife, 1964 – Roland, Mereio e Heptameron)

Mouros e Judeus – Depto. de Cultura, Recife, 1978

Superstição no Brasil – Itatiaia, S. Paulo, 1985

Homenagens[editar | editar código-fonte]

 Cédula de 50000 cruzeiros com a efígie de Câmara Cascudo.

Em 1991, 5 anos após sua morte, a Casa da Moeda do Brasil emitiu a cédula de 50000 cruzeiros em sua homenagem. A cédula possui sua efígie ao lado de uma cena de jangadeiros, e no reverso, uma cena do Bumba meu boi, bailado popular do folclore brasileiro. A cédula ficou em circulação entre 09 de dezembro de 1991 e 15 de setembro de 1994, período relativamente curto, devido à inflação que levou o Brasil a fazer outras reformas monetárias. Durante o governo de Itamar Franco, o cruzeiro foi substituído pelo cruzeiro real, e a cédula foi carimbada para retificar seu valor para 50 cruzeiros reais.[3]

A TV Brasil fez um programa chamado O Teco Teco, em que o personagem se chama Cascudo, em homenagem a Câmara Cascudo, que é amigo de Betinho, personagem em homenagem a Alberto Santos Dumont.

Na Mostra de Cinema de Gostoso, em São Miguel do Gostoso, o Troféu Luís da Câmara Cascudo é concedido aos melhores filmes curta e longa-metragem da Mostra Competitiva. O prêmio homenageia a contribuição intelectual de Cascudo à cultura potiguar.

 

fonte de origem;

https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2mara_Cascudo