quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Poesia De Quinta Na Usina:William Shakespeare: SONETO CV:


Não chame o meu amor de Idolatria
Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;
Num mesmo ser vivem juntos agora.





Poesia De Quinta Na Usina: Mario Quintana :Tempestade noturna:




Noite alta, na soçobrante Nau exposta aos quatro ventos, em pleno céu sulcado de relâmpagos, os marinheiros mortos trovejam palavrões.
Ó velhos marinheiros meus avos...

para eles ainda não terminou a espantosa Era dos Descobrimentos!
Santa Bárbara e São Jerônimo, transidos de divino amor,
escutam suas pragas como orações.

Quando eu acordar amanhã, livre e liberto como uma [asa –
vou rezar a São Jerônimo vou rezar a Santa Bárbara

por este nosso fim de século pobre Nau perdida no [nevoeiro
que em vão busca o rumo das eternas, das misteriosas Américas ainda por [descobrir!

Poesia De Quinta Na Usina: Augusto dos Anjos: AGONIA DE UM FILÓSOFO:




Consulto o Phtah-Hotep. Leio o obsoleto
Rig-Veda. E, ante obras tais, me não consolo...
O Inconsciente me assombra e eu nele rolo
Com a eólica fúria do harmatã inquieto!
Assisto agora à morte de um inseto!...
Ah! todos os fenômenos do solo
Parecem realizar de pólo a pólo
O ideal do Anaximandro de Mileto!
No hierático areópago heterogêneo
Das idéias, percorro como um gênio
Desde a alma de Haeckel à alma cenobial!...
Rasgo dos mundos o velário espesso;
E em tudo igual a Goethe, reconheço

O império da substância universal!

Poesia De Quinta Na Usina: Fernando Pessoa: 93:


"Em mim foi sempre menor a intensidade das sensações que a intensidade da consciência
delas. Sofri sempre mais com a consciência de estar sofrendo que com o sofrimento de que
tinha consciência.
A vida das minhas emoções mudou-se, de origem, para as salas do pensamento, e ali vivi
sempre mais amplamente o conhecimento emotivo da vida.
E como o pensamento, quando alberga a emoção, se torna mais exigente que ela, o regime de
consciência, em que passei a vive o que sentia, tornava-se mais quotidiana, mais epidérmica,

tornava-se mais titilante a maneira como sentia."



Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/

Poesia De quinta Na Usina:D'Araújo:Olhar fosco:



"E na vertente alucinante do desejo do ser feliz, 

o brilho fosco no semblante do olhar, 
e o sorriso escaço, e sem vida, 
da a dimensão da inútil luta contra o desejo da alma."

Poesia De Quinta Na Usina: D'Araújo:Rancor:


A amargura, a tristeza e o rancor,
só habita o coração daqueles que não ousaram 
viver os seus sonhos.

D'Araújo.