quinta-feira, 9 de maio de 2019

Poesia De Quinta Na Usina: Florbela Espanca: PAISAGEM:







Uns bezerritos bebem lentamente Na tranqüila levada do moinho. Perpassa nos seus olhos, vagamente, A sombra duma alma cor do linho! Junto deles um par. Naturalmente Namorados ou noivos. De mansinho Soltam frases d´amor...e docemente Uma criança canta no caminho!
Um trecho de paisagem campesina, Uma tela suave, pequenina,
Um pedaço de terra sem igual!
Oh, abre-me em teu seio a sepultura, Minha terra d´amor e de ventura,

Ó meu amado e lindo Portugal!

Poesia De Quinta Na Usina:William Shakespeare:SONETO LXV:



 Se a morte predomina na bravura Do...
O mundo inteiro é um palco
E todos os homens e mulheres não passam de meros atores
Eles entram e saem de cena
E cada um no seu tempo representa diversos papéis.


Poesia De Quinta Na Usina: Augusto dos Anjos: ESTROFES SENTIDAS:



Eu sei que o Amor enche o Universo todo E se prende dos poetas à guitarra
Como o pólipo que se agarra ao lodo

E a ostra que às rochas eternais se agarra.

O amor reduz-nos a uniformes placas, Uniformiza todos os anelos
E une organizações fortes e fracas Nos mesmos laços e nos mesmos elos.

Por muito tempo eu lhe sorvi o aroma, E, desvairado, sem prever o abismo Fiz desse amor um ídolo de Roma, Eleito Deus no altar do fetichismo!

Tudo sacrifiquei para adorá-lo

-- Mas hoje, vendo o horror dos meus destroços, Tenho vontade de estrangulá-lo

E reduzi-lo muitas vezes a ossos!

Todo o ser que no mundo turbilhona Veja do Amor, à luz das minhas frases, Uma montanha que se desmorona, Estremecendo em suas próprias bases.

E em qualquer parte do Universo veja -- Sombrias ruínas de um solar egrégio E o desmoronamento duma Igreja

Despedaçada pelo sacrilégio.

A Natureza veste extraordinárias Roupagens de ouro. Além, nas oliveiras, Aves de várias cores e de várias Espécies, cantam óperas inteiras.

A compreensão da minha niilidade Aumenta à proporção que aumenta o dia E pouco a pouco o encéfalo me invade Numa clareza de fotografia.

Na área em que estou, ao matinal assomo, Passa um rebanho de carneiros dóceis...
E o Sol arranca as minhas crenças como Boucher de Perthes arrancava fósseis.

Observo então a condição tristonha Da Humanidade, ébria de fumo e de ópio,
Tal qual ela é, e não tal qual a sonha E a vê o Sábio pelo telescópio.

O Sábio vê em proporções enormes Aquilo que é composto de pequenas Partes, construindo corpos quase informes E aquilo que é uma parcela apenas.

Da observação nos elevados montes Prefiro, à nitidez real dos aspectos, Ver mastodontes onde há mastodontes E insetos ver onde há somente insetos.

A inanidade da Ilusão demonstro Mas, demonstrando-a, sinto um violento Rancor da Vida -- este maldito monstro Que no meu próprio estômago alimento!

Nisto a alma o ofício da Paixão entoa E vai cair, heroicamente, na água Da misteriosíssima lagoa

Que a língua humana denomina Mágoa!

Dos meus sonhos o exército desfila E, à frente dele, eu vou cantando a nênia Do Amor que eu tive e que se fez argila,

Como Tirteu na guerra de Messênia!

Transponho assim toda a sombria escarpa Sinistro como quem medita um crime...
E quando a Dor me dói, tanjo minha harpa E a harpa saudosa a minha Dor exprime!


Estes versos de amor que agora findo Foram sentidos na solidão de uma horta, À sombra dum verdoengo tamarindo Que representa a minha infância morta!

Poesia De Quinta Na Usina:D'Araújo:Sala vazia:


A arte a parte.
A parte que me resta.
Nos arreios da testa, tudo vira festa.
A comida mal feita.
A Igreja sem porta.
A horta.
O desfecho da sorte.
A morte.
O sono leve.
O desconforto do corpo.
A sombra atrás da árvore.
O trabalho forçado.
Forçado a sorrir, a amar e a gostar.
Sem ter gosto.
O desgosto da vida.
Avenida sem casas.
A sala vazia.
O coração no peito, que pulsa, pulsa...

Até que chegue a hora de entrar neste caminho sem volta.



Editora: Clube de Autores:
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Poesia De Quinta Na Usina: D'Araújo: Flor branca:


 A flor que nasce
A flor que passe
A flor do perfume
A flor do sabor
A flor do laço
A flor do passo
A flor do amor
A flor da dor
A flor da cor
A flor da pele
A flor que revele

Simplesmente a flor, sem cor, sem sabor apenas minha bela flor branca.


Conteúdo do Livro:


















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