quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Dante Alighieri: DA Divina Comédia: Inferno:

 




“Em toda parte impera onipotente,
Mas tem no Empíreo sua augusta sede:
129 Feliz, por ele, o eleito à glória ingente!”
— “Vate, rogo-te” — eu disse — “me concede, 
Por esse Deus, que nunca hás conhecido,
132 Porque este e maior mal de mim se arrede.
“Que, até onde disseste conduzido, 
À porta de São Pedro eu vá contigo
E veja os maus que houveste referido”.
136 Move-se o Vate então, após o sigo.....

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Doce relva

O orvalho do amanhecer desliza sobre as perenes 
folhas em um ziguezague quase sinfônico.
O belo bosque ao longe deixa sombrear a luz do sol que permeia 
a relva contornando toda saliência daquele chão irregular.
Assim como, os meus doces sentimentos estremecem 
com o cheiro da pele da doce amada, que incendeia 
o ar límpido e frio da manhã....

poema na integra no livro:



Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Sinuoso

Os movimentos sinuosos do teu corpo
dourado sobre mim.
Penetra em minha pobre alma,
como uma linda melodia,
que acalenta o meu ser,
e completa o meu existir.

Conteúdo do Livro:



Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 


Corpo

Em versos impressos no verso da minha alma.
Acalento minha solidão no descompasso do coração 
que lateja em meu peito aquecendo o meu espírito....
poema na integra no livro:




 

Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:

 


 


VII

Em furor e desespero
Começa o triste a chorar,
Vendo a estrada que seguiu;
Morde o laço em que caiu,
Mas não pode-o desatar!...

Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:

 


 


VI

Suspeitas, tiranias serpes,
Nos peitos cravando os dentes,
Com seu sangue se alimentam;
Das chagas chamas rebentam,
Das chamas novas serpentes.

Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:

 




V

Lá do monte da esperança
Cresta o fogo as verdes fraldas;
E de quanto possuía
Só conserva a fantasia
Secas, dispersas grinaldas.

Poesia de Quinta na Usina: Fagundes Varela:

 




O FORAGIDO (Canção)

Minha casa é deserta; na frente Brotam plantas bravias do chão, 
Nas paredes limosas o cardo Ergue a fronte silente ao tufão.
Minha casa é deserta. O que é feito
Desses templos benditos doutrora,
Quando em torno cresciam roseiras,
Onde as auras brincavam na aurora?
Hoje a tribo das aves errantes
Dos telhados se acampa no vão,
A lagarta percorre as muralhas,
Canta o grilo pousado ao fogão.
Das janelas no canto, as aranhas
Leves tremem nos fios dourados,
As avencas pululam viçosas
Na umidade dos muros gretados.
Tudo é tredo, meu Deus! o que é feito
Dessas eras de paz que lá vão,
Quando junto do fogo eu ouvia
As legendas sem fim do serão?
No curral esbanjado, entre espinhos,
Já não bala ansioso o cordeiro,
Nem desperta-se ao toque do sino,
Nem ao canto do galo ao poleiro.
Junto à cruz que se eleva na estrada
Seco e triste se embala o chorão,
Não há mais o esfumar das acácias,
Nem do crente a sentida oração.
Não há mais uma voz nestes ermos,
Um gorjeio das aves no val;
Só a fúria do vento retroa
Alta noite agitando o ervaçal.
Ruge, oh! vento gelado do norte,
Torce as plantas que brotam do chão,
Nunca mais eu terei as venturas
Desses tempos de paz que lá vão!
Nunca mais desses dias passados
Uma luz surgirá dentre as brumas!
As montanhas se embuçam nas trevas,
As torrentes se vendam de espumas!
Corre, pois, vendaval das tormentas,
Hoje é tua esta morna soidão!
Nada tenho, que um céu lutulento
E uma cama de espinhos no chão!
Ruge, voa, que importa! sacode
Em lufadas as crinas da serra;
Alma nua de crença e esperanças,
Nada tenho a perder sobre a terra!
Vem, meu pobre e fiel companheiro,
Vamos, vamos depressa, meu cão,
Quero ao longo perder-me das selvas
Onde passa rugindo o tufão!
Cantareira - 1861.

Poesia de Quinta na Usina: Fagundes Varela:

 




VIDA DE FLOR

Por que vergas-me a fronte sobre a terra?
Diz a flor da colina ao manso vento,
Se apenas às manhãs o doce orvalho
Hei gozado um momento?
Tímida ainda, nas folhagens verdes
Abro a corola à quietação das noites,
Ergo-me bela, me rebaixas triste
Com teus feros açoites!
Oh! deixa-me crescer, lançar perfumes,
Vicejar das estrelas à magia,
Que minha vida pálida se encerra
No espaço de um só dia!
Mas o vento agitava sem piedade
A fronte virgem da cheirosa flor,
Que pouco a pouco se tingia, triste,
De mórbido palor.
Não vês, oh brisa? lacerada, murcha,
Tão cedo ainda vou pendendo ao chão,
E em breve tempo esfolharei já morta
Sem chegar ao verão?
Tem piedade de mim! deixa-me ao menos
Desfrutar um momento de prazer,
Pois que é meu fado despontar na aurora
E ao crepúsc’ulo morrer!...
Brutal amante não lhe ouviu as queixas,
Nem às suas dores atenção prestou,
E a flor mimosa, retraindo as pétalas,
Na tige se inclinou.
Surgiu na aurora, não chegou à tarde,
Teve um momento de existência só!
A noite veio, procurou por ela,
Mas a encontrou no pó.
Ouviste, oh virgem, a legenda triste
Da flor do outeiro e seu funesto fim?
Irmã das flores à mulher, às vezes
Também sucede assim.

S. Paulo - 1861.

Poesia de Quinta na Usina: Fagudes Varela:

 


NÉVOAS

 

Nas horas tardias que a noite desmaia,

Que rolam na praia mil vagas azuis,

E a lua cercada de pálida chama

Nos mares derrama seu pranto de luz.

 

Eu vi entre os flocos de névoas imensas,

 

Que em grutas extensas se elevam no ar,

Um corpo de fada, serena dormindo,

Tranqüila sorrindo num brando sonhar.

 

Na forma de neve, puríssima e nua,

 

Um raio da lua de manso batia,

E assim reclinada no túrbido leito

Seu pálido peito de amores tremia.

 

Oh! filha das névoas! das veigas viçosas,

 

Das verdes, cheirosas roseiras do céu,

Acaso rolaste tão bela dormindo,

E dormes, sorrindo, das nuvens no véu?

 

O orvalho das noites congela-te a fronte,

 

As orlas do monte se escondem nas brumas,

E queda repousas num mar de neblina,

Qual pérola fina no leito de espumas!

Nas nuas espáduas, dos astros dormentes,

Tão frio não sentes o pranto filtrar?

E as asas de prata do gênio das noites

Em tíbios açoites a trança agitar?

 

Ai! vem, que nas nuvens te mata o desejo

 

De um férvido beijo gozares em vão!...

Os astros sem alma se cansam de olhar-te,

Não podem amar-te, nem dizem paixão!

 

E as auras passavam, e as névoas tremiam,

 

E os gênios corriam no espaço a cantar,

Mas ela dormia tão pura e divina

Qual pálida ondina nas águas do mar!

 

Imagem formosa das nuvens da Ilíria,

 

Brilhante Valquíria das brumas do norte,

Não ouves ao menos do bardo os clamores,

Envolta em vapores mais fria que a morte!

 

Oh! vem! vem, minh’alma! teu rosto gelado,

 

Teu seio molhado de orvalho brilhante,

Eu quero aquecê-los ao peito incendido,


22

 

Contar-te ao ouvido paixão delirante!...

 

Assim eu clamava tristonho e pendido,

 

Ouvindo o gemido da onda na praia,

Na hora em que fogem as névoas sombrias,

Nas horas tardias que a noite desmaia.

 

E as brisas da aurora ligeiras corriam,

 

No leito batiam da fada divina...

Sumiram-se as brumas do vento à bafagem

E a pálida imagem desfez-se em neblina!

 

Santos - 1861.