A
suave castelã das horas mortas
Assoma
à torre do castelo. As portas,
Que
o rubro ocaso em onda ensangüentara,
Brilham
do luar à Luz celeste e clara.
Como
em órbitas de fatais caveiras
Olhos
que fossem de defuntas freiras,
Os
astros morrem pelo céu pressago...
São
como círios a tombar num lago.
E
o céu, diante de mim, todo escurece...
E
eu nem sei de cor uma só prece!
Pobre
Alma, que me queres, que me queres?
São
assim todas, todas as mulheres.
Hirta
e branca... Repousa a sua áurea cabeça
Numa
almofada de cetim bordada em lírios.
Ei-la
morta afinal como quem adormeça
Aqui
para sofrer Além novos martírios.
De
mãos postas, num sonho ausente, a sombra espessa
Do
seu corpo escurece a luz dos quatro círios:
Ela
faz-me pensar numa ancestral Condessa
Da
Idade Média, morta em sagrados delírios.
Os
poentes sepulcrais do extremo desengano
Vão
enchendo de luto as paredes vazias,
E
velam para sempre o seu olhar humano.
Expira,
ao longe, o vento, e o luar, longinquamente,
Alveja,
embalsamando as brancas agonias
Na
sonolenta paz desta Câmara-ardente...