Em feia noite como esta
Enchendo
o ar de pavor!
Oiço,
oh! oiço entre os meus prantos
Alem
dos mares os cantos
Das
minhas aves de amor!
Oh
nuvem da madrugada,
Oh
viração do arrebol,
Leva
meu corpo á morada
D'aquella
terra do sol!
Morto
embora nas cadeias
Vai
poisal-o nas areias
D'aquelles
plainos d'alem,
Onde
me chiarem gemidos,
Pobres
ais, prantos sentidos,
Na
sepultura que tem 1
Escravo—não,
inda vivo,
Inda
espero a morte ali;
Sou
livre embora captivo,
Sou
livre, inda não morri!
Meu
coração bate ainda
N'esse
bater que não finda;
Sou
homem—Deus o dirá!
D'este
corpo desgraçado
Meu
espirito soltado
Não
partiu—ficou-me lá!
São
Paulo—1850.
NOTA.
0
Esta bella producção foi-nos dada pelo seu il-
Iustre
autor o Exm. Snr. Dr. José Bonifácio de Andrada
e
Silva, publicamol-a na frente do nosso obscuro
volume
para nos servir de Abracadabra, nos mares
tempestuosos
das censuras, e nas horridas ambages
do
sórdido egoísmo dos monopolistas.
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