quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Poesia De Quinta Na Usina:Cecília Meireles:Atitude:



Minha esperança perdeu seu nome...
Fechei meu sonho, para chamá-la.
A tristeza transfigurou-me
como o luar que entra numa sala.

O último passo do destino
parará sem forma funesta,
e a noite oscilará como um dourado sino
derramando flores de festa.

Meus olhos estarão sobre espelhos, pensando
nos caminhos que existem dentro das coisas transparentes.

E um campo de estrelas irá brotando

atrás das lembranças ardentes.

Poesia De quinta Na Usina: Luis de Camões: Soneto114:



Ah! Fortuna cruel! Ah! duros Fados! Quão asinha em meu dano vos mudastes! Passou o tempo que me descansastes, agora descansais com meus cuidados.

Deixastes-me sentir os bens passados, para mor dor da dor que me ordenastes; então nü'hora juntos mos levastes, deixando em seu lugar males dobrados.

Ah! quanto milhor fora não vos ver, gostos, que assi passais tão de corrida, que fico duvidoso se vos vi:

sem vós já me não fica que perder, se não se for esta cansada vida,

que por mor perda minha não perdi.

Poesia De Quinta Na Usina: Luís de Camões: Soneto 136:





A fermosura fresca serra,

e a sombra dos verdes castanheiros, o manso caminhar destes ribeiros, donde toda a tristeza se desterra;

o rouco som do mar, a estranha terra, o esconder do sol pelos outeiros, o recolher dos gados derradeiros, das nuvens pelo ar a branda guerra;

enfim, tudo o que a rara natureza com tanta variedade nos ofrece, me está (se não te vejo) magoando.

Sem ti, tudo me enoja e me aborrece; sem ti, perpetuamente estou passando nas mores alegrias, mor tristeza.

Poesia De quinta Na Usina: Fernando Pessoa: 66:


"Dói-me qualquer sentimento que desconheço; falta-me qualquer argumento não sei sobre o
quê; não tenho vontade nos nervos. Estou triste abaixo da consciência. E escrevo estas linhas,
realmente mal-notadas, não para dizer isto, nem para dizer qualquer coisa, mas para dar um
trabalho à minha desatenção. Vou enchendo lentamente, a traços moles de lápis rombo - que
não tenho sentimentalidade para aparar - , o papel branco de embrulho de sanduíches, que
me forneceram no café, porque eu não precisava de melhor e qualquer servia, desde que fosse

branco. E dou-me por satisfeito."





Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/

Poesia De quinta Na Usina: Fernando Pessoa:


"Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como
sempre serei. E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a
substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de
milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança
sem vestígios. Nestes momentos meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele. 
Vivo mais porque vivo maior."


* * *





Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/

Poesia De quinta Na Usina: D'Araújo: Janela do Tempo:


Sou apenas um menino travesso,
olhando pela fresta da Janela do tempo,
e vendo a alma do mundo pelo avesso.

D'Araújo.

Poesia De quinta Na Usina: D'Araújo: Ventos:


Tão importante quanto construir abrigo 
para se proteger dos furacões 
da nossa breve existência.


É aprender a reconhecer os ventos 
que antecedem as tempestades 
que nos consome.