quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Poesia de Quinta na Usina: Fagundes Varela:



A MULHER (A C...)

A mulher sem amor é como o inverno, Como a luz das antélias no deserto, 
Como espinheiro de isoladas fragas, Como das ondas o caminho incerto.
A mulher sem amor é mancenilha
Das ermas plagas sobre o chão crescida,
Basta-lhe à sombra repousar um’hora
Que seu veneno nos corrompe a vida.
De eivado seio no profundo abismo
Paixões repousam num sudário eterno...
Não há canto nem flor, não há perfumes,
A mulher sem amor é como o inverno.
Su’alma é um alaúde desmontado
Onde embalde o cantor procura um hino;
Flor sem aromas, sensitiva morta,
Batel nas ondas a vagar sem tino.
Mas, se um raio do sol tremendo deixa
Do céu nublado a condensada treva,
A mulher amorosa é mais que um anjo,
É um sopro de Deus que tudo eleva!
Como o árabe ardente e sequioso
Que a tenda deixa pela noite escura
E vai no seio de orvalhado lírio
Lamber a medo a divinal frescura,
O poeta a venera no silêncio,
Bebe o pranto celeste que ela chora,
Ouve-lhe os cantos, lhe perfuma a vida...
- A mulher amorosa é como a aurora.

Poesia de Quinta na Usina: Fagundes Varela:

  




S. Paulo - 1861.

TRISTEZA

Minh’alma é como o deserto
De dúbia areia coberto,
Batido pelo tufão;
É como a rocha isolada, Pelas espumas banhada, 
Dos mares na solidão.
Nem uma luz de esperança,
Nem um sopro de bonança
Na fronte sinto passar!
Os invernos me despiram
E as ilusões que fugiram
Nunca mais hão de voltar!
Roem-me atrozes idéias,
A febre me queima as veias;
A vertigem me tortura!...
Oh! por Deus! quero dormir,
Deixem-me os braços abrir
Ao sono da sepultura!
Despem-se as matas frondosas,
Caem as flores mimosas
Da morte na palidez,
Tudo, tudo vai passando...
Mas eu pergunto chorando:
Quando virá minha vez?
Vem, oh virgem descorada,
Com a fronte pálida ornada
De cipreste funerário,
Vem! oh! quero nos meus braços
Cerrar-te em meigos abraços
Sobre o leito mortuário!
Vem, oh morte! a turba imunda
Em sua miséria profunda
Te odeia, te calunia...
- Pobre noiva tão formosa
Que nos espera amorosa
No termo da romaria.
Quero morrer, que este mundo
Com seu sarcasmo profundo
Manchou-me de lodo e fel,
Porque meu seio gastou-se,
Meu talento evaporou-se
Dos martírios ao tropel!
Quero morrer: não é crime
O fardo que me comprime
Dos ombros lançar ao chão,
Do pó desprender-me rindo
E as asas brancas abrindo
Lançar-me pela amplidão!
Oh! quantas louras crianças
Coroadas de esperanças
Descem da campa à friez!...
Os vivos vão repousando;
Mas eu pergunto chorando:
- Quando virá minha vez?
Minh’alma é triste, pendida,
Como a palmeira batida
Pela fúria do tufão.
É como a praia que alveja, Como a planta que viceja 
Nos muros de uma prisão!

Poesia de Quinta na Usina: Fagundes Varela:

  


S.  Paulo - 1861.

 

O ESTANDARTE AURIVERDE

(Cantos sobre a questão anglo-brasileira)

AO BRASIL
Bela estrela de luz, diamante fúlgido
Da coroa de Deus, pérola fina
Dos mares do ocidente,
Oh! como altiva sobre nuvens de ouro
A fronte elevas afogando em chamas
O velho continente!
A Itália meiga que ressona lânguida
Nos coxins de veludo adormecida
Como a escrava indolente;
A França altiva que sacode as vestes
Entre o brilho das armas e as legendas
De um passado fulgente.
A Rússia fria - Mastodonte eterno!
Cuja cabeça sobre os gelos dorme,
E os pés ardem nas fráguas;
A Bretanha insolente que expelida
De seus planos estéreis se arremessa
Mordendo-se nas águas;
A Espanha túrbida; a Germânia em brumas;
A Grécia desolada; a Holanda exposta
Das ondas ao furor...
Uma inveja teu céu, outra teu gênio,
Esta a riqueza, a robustez aquela,
E todas o valor!
Oh! terra de meu berço, oh pátria amada,
Ergue a fronte gentil ungida em glórias
De uma grande nação!
Quando sofre o Brasil, os brasileiros
Lavam as manchas, ou debaixo morrem
Do santo pavilhão!...

Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:



VIII

A razão, para vingar-se, Mais aumenta o seu flagício, 
Com semblante inexorável, Muda, surda, imperturbável, 
Assistindo ao sacrifício.


Poesia de Quinta na Usina: Laurindo Ribeiro:

 

 
IX

Tudo é dor, tudo agonia,
E queixumes contra o fado;
Suspiros e pranto ardente,
Desespero no presente,
Saudades pelo passado!...

Poesia de Quinta na Usina: laurindo Ribeiro:



X
Té que vai desabrochando,
Pelo pranto d’aflição
Regada continuamente,
Do desengano a semente
Nas cinzas do coração.



Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:


 

A mão

Mão que indica.
Mão que segura.
Mão que prende.
Mão que surpreende.
Mão que conduz.
Mão que empurra.
Mão que derruba.
Mão que ampara...


Conteúdo do livro:



      


Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:


Ajuda

Nunca negue ajuda a quem lhe procura.
No entanto, jamais ofereça abrigo as
necessidades dos vícios.

Conteúdo do livro:



 



Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:



Piedade

Se me xingar vai lhe fazer feliz, então
não poupe tempo, esforço, ou mesmo o
seu extenso vocabulário de amarguras.

Pois prefiro ser xingado por alguém feliz,....

Conteúdo do livro: