domingo, 15 de setembro de 2019

Domingo Na Usina: Biografias: Cleonice Serôa da Motta Berardinelli:




Sexta ocupante da cadeira nº 8, eleita em 16 de dezembro de 2009, na sucessão de Antônio Olinto,  foi recebida em 5 de abril de 2010, pelo Acadêmico Affonso Arinos de Mello Franco (Afonso Filho).

Cleonice Serôa da Motta Berardinelli nasceu no Rio de Janeiro em 28 de agosto de 1916, filha de Emídio Serôa da Motta e Rosina Coutinho Serôa da Motta. Sendo seu pai oficial do Exército, sujeito a sucessivas transferências, morou em inúmeras cidades do Brasil, mas mais longamente no Rio e em S. Paulo. No Rio fez, no Instituto Nacional de Música, todos os cursos teóricos, nos quais se diplomou, sob a orientação do Maestro Oscar Lorenzo Fernandez, que também era seu professor de piano, cujo curso interrompeu por ter que mudar-se para S. Paulo. Nesta capital terminou o curso secundário e fez, na USP, o curso de Letras Neolatinas, onde teve como professor de Literatura Portuguesa o eminente mestre Fidelino de Figueiredo, que, ao fim do ano, a convidou para ser sua assistente, o que realizaria os mais altos sonhos da recém-licenciada, não fosse uma nova transferência de seu pai, desta vez para o Rio, onde ela vem a conhecer o então Professor da mesma disciplina na Universidade do Brasil,  Thiers Martins Moreira, que lhe faz o mesmo convite, definindo, então, o caminho que seria e continua a ser o seu.

Formação e experiência profissional

Licenciada em Letras Neolatinas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1938). Doutora em Letras Clássicas e Vernáculas pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (1959). Livre-docente de Literatura Portuguesa por concurso pela Faculdade Nacional de Filosofia (1959), defendendo a Tese: Poesia e poética de Fernando Pessoa, a primeira tese sobre o autor feita no Brasil.

Professora Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ – 1944), feita Emérita em 1987. Professora Titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio – 1963), feita Emérita em 2006. Professora da Universidade Católica de Petrópolis (1961). Professora de Língua e Literatura Portuguesa do Instituto Rio Branco – Curso de Preparação à Carreira Diplomática (1961-1963). Professora convidada pelas Universidades da Califórnia, campus Sta. Barbara (1985) e de Lisboa (1987 e 1989).

Orientadora de 74 dissertações de mestrado e 42 teses de doutorado. Participou de 32 Bancas de Concurso para Professor e de mais de uma centena de Bancas de Pós-Graduação. Vem ministrando, até agora, cursos de Pós-Graduação,

Conferências, palestras, mesas-redondas e comunicações

Proferiu um total de 175 conferências e 140 palestras em mesas-redondas, no Brasil e no Exterior.
Distinções

Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, do Governo de Portugal (1967).
Acadêmica Correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, eleita por unanimidade, em 28 de novembro de 1975.  (V:  Anuário Acadêmico de 1975-1977).
Membro titular do PEN Clube do Brasil, eleita por unanimidade, em 23 de fevereiro de 1984.
Grau de Oficial da Ordem de Rio Branco, concedido pelo Ministério das Relações Exteriores, e recebida em Lisboa, das mãos do Embaixador do Brasil, em 14 de março de 1990.
Comenda da Ordem de Santiago da Espada, concedida pelo Governo de Portugal, recebida no II Congresso Internacional da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 24 de agosto de 1992.
Membro Fundador da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa, em agosto de 1992.
Doutor Honoris Causa da Universidade Federal do Ceará, tendo-lhe sido entregue o título em 1995.
Doutor Honoris Causa da Universidade de Lisboa, tendo-lhe sido entregues as insígnias no dia 10 de janeiro de 1996.
Medalha do Mérito Científico, conferida pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa, no Rio de Janeiro (FAPERJ),  em 9 de  novembro de 2000.
Vice-Presidente de Honra da Associação Internacional de Lusitanistas,  eleita por unanimidade, em julho de 2002.
Prêmio Golfinho de Ouro, categoria Educação, concedido pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, em 30 de março de 2005.
Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada, concedida pelo Governo de Portugal, e recebida pelas mãos do Primeiro Ministro, Engenheiro José Sócrates, no Real Gabinete Português de Leitura, em 11 de agosto de 2006.
Membro Honorário da Academia Brasileira de Filologia, em 18 de março de 2006.
Prêmio Fernando de Azevedo – Educador do Ano de 2008 –, concedido pela Academia Brasileira de Educação e entregue em sessão solene no dia 13 de outubro de 2008.
Personalidade Cultural de 2009. Prêmio concedido pela União Brasileira de Escritores e entregue durante cerimônia realizada no dia 27 de agosto de 2009.
Personalidade Educacional 2009. Prêmio concedido a educadores e instituições ligadas à área de Educação pela ABE (Associação Brasileira de Educação), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e Folha Dirigida. Cerimônia de entrega realizada no dia 22 de outubro de 2009.
Medalha da Ordem do Desassossego. Condecoração concedida pela Casa Fernando Pessoa e entregue numa cerimônia realizada no Instituto Moreira Sales, no dia 8 de março de 2010.

Homenagens

Homenagem dos colegas da UFRJ e PUC-Rio pelos 50 anos de magistério universitário, no II Encontro de Centros de Estudos Portugueses do Brasil, entre os dias 29/08 a 01/09 de 1994.
Cleonice Clara em sua geração.  Livro de homenagem organizado por professores de Literatura Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro, contendo ensaios de especialistas brasileiros e estrangeiros.  Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1995.
“Diploma e Medalha de Mérito”, conferidos pelo Instituto Camões e pela Fundação Calouste Gulbenkian, entregues no final do Colóquio realizado em sua homenagem “Figuras da Lusofonia”, promovido pelas duas instituições e realizado  em Lisboa, de 8 a 10 de fevereiro de 1999.
Cleonice Berardinelli. Volume de abertura da coleção Figuras da Lusofonia, referente ao Colóquio realizado em homenagem à professora, em Lisboa no ano de 1999, contendo ensaios de especialistas brasileiros e estrangeiros.  Lisboa: Instituto Camões, 2002.
Homenageada especial no volume comemorativo dos 40 anos de existência da Revista Camoniana, vol. 14, publicação semestral, 2003.
Homenagem pelos 60 anos de Magistério, promovida pela Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, durante a abertura do I Encontro da Pós-Graduação em Vernáculas. Além da sessão e da placa comemorativa foi entregue uma edição especial contendo as dedicatórias dos trabalhos acadêmicos dos alunos e dos livros dos professores formados pela mestra.
Colóquio em Homenagem a Cleonice Berardinelli – “Quanto mais vos pago, mais vos devo”, promovido e realizado pela Cátedra Jorge de Sena com o apoio da Faculdade de Letras da UFRJ e da Fundação Calouste Gulbenkian, nos dias 30 e 31 de agosto de 2006.
Colóquio Meio Século em Pessoa. Homenagem aos 50 anos da Tese de Doutorado da Professora Cleonice Berardinelli, concebido e realizado pela Cátedra Jorge de Sena da UFRJ, nos dias 17 e 18 de junho de 2008.

Revista Letra. Viagens na Literatura. Número em homenagem aos 90 anos da professora Cleonice Berardinelli. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras,  2008.

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Domingo Na Usina: Biografias:Carlos Magalhães de Azeredo:


Jornalista, diplomata, poeta, contista e ensaísta, nasceu no Rio de Janeiro, em 7 de setembro de 1872, e faleceu em Roma, Itália, em 4 de novembro de 1963. Foi um dos dez intelectuais convidados para integrar o quadro dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Escolheu para patrono Domingos Gonçalves de Magalhães, a quem coube a cadeira nº. 9. Foi o mais novo dos fundadores, aos 25 anos, e o último deles a falecer, aos 91 anos de idade.

Foram seus pais Caetano Pinto de Azeredo, falecido três meses após seu nascimento, e Leopoldina Magalhães de Azeredo. Cursou o Colégio de São Carlos, no Porto, Portugal, de 1879 a 1880, continuando os estudos no Colégio São Luís, de Itu, SP, onde ficou até 1887. Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo, na qual se bacharelou em 1893. Ingressou na carreira diplomática em 1895, ocupando os seguintes cargos: segundo secretário da Legação do Brasil no Uruguai (1895-96) e na Santa Sé (1896-1901); promovido a primeiro secretário em 1901 e conselheiro em 1911; ministro residente em Cuba, na América Central (1912) e na Grécia (1913-14); ministro plenipotenciário na Santa Sé (1914-19) e embaixador na mesma (1919-34). Aposentado no posto máximo da carreira de diplomata, Magalhães de Azeredo continuou a residir em Roma. Sua morada inicial na Via de Villa Emiliani, 9, no Parioli, era visitada por escritores brasileiros de passagem por Roma.

A vida diplomática, levando-o para fora do Brasil, prejudicou-lhe o contato com as novas gerações literárias, embora tivesse se dedicado desde cedo às letras. As 12 anos escreveu um pequeno volume de versos, Inspirações da infância, que ficou inédito. Estudante, colaborou em diversos jornais em São Paulo e no Rio, onde residiu antes de seguir para Montevidéu, em função diplomática. Em 1895, publicou Alma primitiva, em prosa, e, em 1898, Procelárias, o seu primeiro livro de poesias.

Vivendo no exterior, manteve-se em contato com Machado de Assis e Mário de Alencar de quem ficou grande amigo, através de  correspondência que se encontra guardada no Arquivo da Academia. Tinha ele 17 anos quando dirigiu a Machado de Assis a sua primeira carta. Logo o mestre lhe reconheceu o valor como poeta. Andando o tempo, fez mais o grande romancista: pôs nas cartas que lhe dirigiu as suas confidências de escritor, numa prova de confiança que não dera a outro amigo. Essa correspondência foi reunida pelo professor americano Carmelo Virgilio e publicada, em 1969, pelo Instituto Nacional do Livro. A correspondência com Mário de Alencar, além de interessar à biografia dos dois escritores, diz respeito igualmente ao espaço de vida literária brasileira.

Magalhães de Azeredo também pertencia ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, à Academia Internacional de Diplomacia e ao Instituto de Coimbra.

A ABL editou suas Memórias e Memórias de Guerra, com introdução e notas do Acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco.


Recebeu em 14 de novembro de 1919 a Amadeu Amaral.

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Domingo Na Usina: Biografias: Antonio Olinto:



Quinto ocupante da Cadeira nº 8, eleito em 31 de julho de 1997, na sucessão de Antonio Callado e recebido em 12 de setembro de 1997 pelo acadêmico Geraldo França de Lima. Recebeu o acadêmico Roberto Campos.
 Antonio Olinto (Nome completo: Antonio Olyntho Marques da Rocha) nasceu em Ubá (MG), em 10 de maio de 1919, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 12 de setembro de 2009. Filho de José Marques da Rocha e de Áurea Lourdes Rocha.
 Depois dos estudos primários na cidade natal, ingressou no Seminário Católico de Campos (RJ), onde concluiu o curso secundário. Prosseguiu os estudos no curso de Filosofia do Seminário Maior de Belo Horizonte (MG) e no Seminário Maior de São Paulo. Tendo desistido de ser padre, foi durante dez anos professor de Latim, Português, História da Literatura, Francês, Inglês e História da Civilização, em colégios do Rio de Janeiro. Publicou então seu primeiro livro de poesia, Presença. Foi secretário do Grupo Malraux, tendo organizado a 1.a exposição de poesias, montada na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Juntamente com sua atividade de professor ingressou no setor publicitário e no jornalismo. Seu livro Jornalismo e Literatura foi adotado em cursos de jornalismo em todo o Brasil. Da mesma época é seu livro de ensaios o Diário de André Gide.
 Foi crítico literário de O Globo ao longo de 25 anos, responsável pela seção “Porta de Livraria”, onde noticiava os principais fatos da vida literária e livreira, e colaborou em jornais de todo o Brasil e de Portugal. Convidado pelo Governo da Suécia para as comemorações do Cinqüentenário do Prêmio Nobel em 1950, fez então conferências nas universidades de Estocolmo e Uppsala e entrevistou William Faulkner, Bertrand Russell e Per Lagerkvist. Em 1952, a convite do Departamento de Estado dos Estados Unidos, percorreu 36 estados norte-americanos fazendo conferências sobre cultura brasileira. Poeta e ensaísta, a sua obra está vinculada, cronologicamente, à Geração de 45. Teve publicados na década de 50 quatro volumes de poesia e dois de crítica literária.
Nomeado Diretor do Serviço de Documentação do então Ministério da Viação e Obras Públicas, pelo presidente Café Filho, em setembro de 1954, ali lançou a Coleção Mauá, de livros técnicos, promoveu exposições de pintura dedicadas a obras que privilegiassem ferrovias, estradas e os caminhos do mar – Salão do Automóvel, Salão Ferroviário, Salão da Estrada, Salão do Mar – e dirigiu a revista Brasil Constrói, redigida em quatro idiomas. Data dessa época o lançamento de mais de trinta concursos literários ligados a livros (exemplos: as melhores vitrines com livros, cartilhas, contos esportivos), culminando com o lançamento do Prêmio Nacional Walmap, considerado o pioneiro dos grandes prêmios literários do país.
Nomeado Adido Cultural em Lagos, Nigéria, pelo governo parlamentarista de 1962, em quase três anos de atividade fez cerca de 120 conferências na África Ocidental, promoveu uma grande exposição de pintura sobre motivos afro-brasileiros, colaborou em revistas nigerianas, enfronhou-se nos assuntos da nova África independente e, como resultado, escreveu uma trilogia de romances – A Casa da Água, O Rei de Keto e Trono de Vidro – hoje traduzidos para dezenove idiomas (inglês, italiano, francês, polonês, romeno, macedônio, croata, búlgaro, sueco, espanhol, alemão, holandês, ucraniano, japonês, coreano, galego, catalão, húngaro e árabe) e com mais de trinta edições fora do Brasil. Seu livro Brasileiros na África, de pesquisa e análise sobre o regresso dos ex-escravos brasileiros ao continente africano, tem sido, desde sua publicação em 1964, motivo de teses, seminários e debates. De 1965 a 1967 foi Professor Visitante na Universidade de Columbia em Nova York, onde ministrou um curso sobre Ensaística Brasileira. Na mesma ocasião, fez conferências nas Universidades de Yale, Harvard, Howard, Indiana, Palo Alto, UCLA, Louisiana e Miami. Escreveu uma série de artigos sobre a Escandinávia, o Reino Unido e a França.
Em 1968 foi nomeado Adido Cultural em Londres, onde desenvolveu uma atividade incessante, através de conferências e um mínimo de cem exposições ao longo de cinco anos.
Membro do PEN Clube do Brasil, ajudou a organizar três congressos do PEN Clube Internacional no Brasil: em 1959, 1979 e 1992. Passou a participar também das atividades do PEN Internacional, com sede em Londres, tendo sido eleito, no começo dos 90, para o cargo de Vice-Presidente Internacional. Na qualidade de Visiting Lecturer vem dando cursos de Cultura Brasileira na Universidade de Essex, Inglaterra.
Dirigiu e apresentou os primeiros programas literários de televisão no Brasil, na TV Tupi, e em seguida nas TVs Continental e Rio. Fez conferências sobre cultura brasileira em universidades e entidades culturais em Tóquio, Seul, Sidney, Luanda, Maputo, Dacar, Lomé, Porto Novo, Lagos, Ifé, Warri, Abidjan, Tanger, Arzila, Buenos Aires, Lisboa, Coimbra, Porto, Madri, Santiago, Barcelona, Lion, Paris, Marselha, Milão, Pádua, Veneza, Bérgamo, Florença, Roma, Belgrado, Zagreb, Bucareste, Sófia, Varsóvia, Cracóvia, Moscou, Estocolmo, Copenhague, Aarhus, Londres, Manchester, Liverpool, Colchester, Newcastle, Edimburgo, Glasgov, St. Andrews, Oxford, Cambridge, Bristol, Dublin.
Conheceu, em 1955, a escritora e jornalista Zora Seljan, com quem se casou. A partir de então, os dois trabalharam juntos em atividades culturais e literárias. Quando Antonio Olinto foi crítico literário de O Globo, Zora Seljan assinava a crítica de teatro no mesmo jornal, sendo que às vezes as duas colunas saíam lado a lado na página. Antes de os dois seguirem para a Nigéria, já Zora havia escrito a maioria de suas peças de teatro afro-brasileiras, das quais, mais tarde, em Londres, uma delas, Exu, Cavaleiro da Encruzilhada, seria levada em inglês por um grupo de atores ingleses e norte-americanos sob a direção de Ray Shell, que participara de produção de Jesus Christ Superstar. Na Nigéria Zora Seljan foi leitora na Universidade de Lagos. De volta da África, Antonio Olinto publicaria um relato de sua missão ali, Brasileiros na África, e Zora Seljan lançaria dois livros: A Educação na Nigéria e No Brasil ainda Tem Gente da Minha Cor?. Em 1973, os dois fundaram um jornal, em Londres e em inglês, The Brazilian Gazette, que vem existindo continuamente até hoje.
Antonio Olinto e Zora Seljan foram eleitos para o Conselho Fiscal do Sindicato dos Escritores, em 7 de maio de 1997.
Zora Seljan faleceu no Rio de Janeiro em 25 de abril de 2006.
Em 31 de julho de 1997 foi eleito para a ABL na Cadeira n.o 8, sucedendo ao escritor Antonio Callado. Foi eleito para o cargo de diretor-tesoureiro nas gestões de 1998-99 e 2000. Nesse período foi também diretor da Comissão de Publicações. Sob a sua direção saíram 24 volumes da Coleção Afrânio Peixoto. Coordenou o seminário Monteiro Lobato: Meio Século Depois (1998) e o ciclo A Língua Portuguesa nos 500 Anos do Brasil (ABL, 1999) e participou do seminário A Língua Portuguesa em Questão (CIEE-São Paulo, 1999) e dos ciclos de conferências sobre Machado de Assis e Rui Barbosa (ABL, 1999).
Nos últimos anos proferiu ainda conferências em seminários no Brasil e no exterior. A convite do Governo português, em 2000, participou das Jornadas da Lusofonia realizadas em Lisboa, Estocolmo, Gotemburgo, Lund e Copenhague.
Em 1998 voltou a circular o Jornal de Letras (n.o 0 em agosto), sendo Antonio Olinto o editor-chefe desta nova fase. Em setembro, no quadro das comemorações do Sete de setembro, a Embaixada do Brasil na Romênia inaugurou, em Bucareste, a Biblioteca Antonio Olinto.
Em 1º de janeiro de 2001 foi nomeado por ato do Prefeito do Rio de Janeiro, Sr. César Maia, para o cargo de Diretor Geral do Departamento de Documentação e Informação Cultural, da Secretaria das Culturas, dirigida pelo Dr. Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros (o Senador Artur da Távola). Encontra-se até os dias de hoje nesse setor, agora com o Secretário das Culturas, Ricardo Macieira, e na sua gestão já inaugurou duas bibliotecas em comunidades carentes, como manteve as 23 bibliotecas municipais em prédios fixos, além de dirigir o Museu da Cidade e o Arquivo Geral da Cidade.
Em 2002, foi eleito presidente da Comissão Nacional Organizadora do Centenário de Nascimento de Ary Barroso, que foi celebrado com várias comemorações pelo país e pelo exterior. Para homenagear Ary Barroso, Antonio Olinto lançou o livro Ary Barroso, a História de uma Paixão, que está sendo apresentado em várias capitais e em sua cidade natal, Ubá.
No dia 17 do mês de julho de 2003 apresentou seus quadros naives no Shopping Cassino Atlântico, juntamente com o lançamento de seu livro Ary Barroso.
Em 2004, ministrou na UniverCidade curso de doze conferências subordinado ao tema “Uma visão literária do Brasil de Anchieta a Rachel de Queiroz”. Por sua iniciativa foi criado o Instituto Antonio Olinto e Zora, que recebeu o patrimônio cultural do casal, de que constam duzentas esculturas de madeira da África, bem como 15 mil volumes da biblioteca de ambos e cerca de 5 mil fotografias ligadas à literatura brasileira.
Recebeu o Prêmio Machado de Assis – 1994, pelo conjunto de obras, da Academia Brasileira de Letras, a mais alta láurea literária do Brasil. Em 2000, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, da Faculdade de Letras do Conjunto Universitário de Ubá (MG) e o Diploma de Excelência da Universidade Vasile Goldis, de Arad (Romênia), pelo seu trabalho de difusão da cultura brasileira naquele país. Em 2003, inaugurou na Faculdade de Letras Ozanan Coelho, de Ubá, uma biblioteca de 34 mil volumes que recebeu o seu nome. Em 2004, o Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro outorgou-lhe o Título de Sócio Grande Benemérito.
Sua obra abrange poesia, romance, ensaio, crítica literária e análise política.

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Domingo Na Usina: Biografias: Cruz e Sousa:



(1861-1898) foi um poeta brasileiro. Fez parte do Simbolismo, Movimento Literário que teve sua origem na França em 1870. A crítica francesa o considerou um dos mais importantes simbolistas da poesia ocidental.

João da Cruz e Sousa (1861-1898) nasceu em Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, Santa Catarina, no dia 24 de novembro de 1861. Filho de escravos alforriados nasceu livre. Foi criado como filho adotivo do Marechal de Campo, Guilherme Xavier de Sousa e Clarinda Fagundes de Sousa, de quem herdou o sobrenome. Aos sete anos fez seus primeiros versos. Aos oito anos declamava em salões e teatrinhos. Em 1871, com dez anos, matriculou-se no colégio Ateneu Provincial Catarinense, onde estudou durante 5 anos.

Amante das letras, em 1877, Cruz e Sousa da aula particular e começa a publicar seus versos em jornais da província. Em 1881, funda junto com Virgílio Várzea e Santos Lostada, o jornal literário "Colombo". Durante dois anos percorreu várias cidades brasileiras, junto com a Companhia de teatro de Julieta dos Santos.

Em 1883, aproxima-se do então presidente de Santa Catarina, Gama Rosa e, em 1884, foi nomeado promotor de Laguna, mas foi recusado pelos políticos e não toma posse. Nessa época, Cruz e Sousa já se destacava como fervoroso conferencista pró-abolição. Em 1885, Cruz e Sousa estreia na literatura com "Tropas e Fantasias", em parceria com Virgílio Várzea. Nesse mesmo ano assumiu a direção do jornal "O Moleque". No ano da abolição, 1888, o poeta vai para o Rio de Janeiro, onde em 1890 fixa residência definitivamente, trabalhando como arquivista na Central do Brasil.

Em 1893, casa-se com a também poetisa, Gavita Rosa Gonçalves. Nesse mesmo ano, publica "Missal", poemas em prosa, e "Broquéis", versos. Com eles, Cruz e Sousa rompia com o Parnasianismo e introduzia o Simbolismo, em que a poesia aparece repleta de musicalidade.

Seus desgostos agravaram-se com o casamento e sua vida se transformou numa luta contra a miséria e a infelicidade, quando poucos reconheceram seu valor como poeta. Sua esposa tem crises nervosas, seus filhos são atacados pela tuberculose. A mesma moléstia atinge o poeta, que em 1898, muda-se para a cidade de Sítio, em Minas Gerais, à procura de alívio para o mal, mas faleceu logo depois. Seu corpo foi transladado para o Rio, num vagão de transporte de animais.

Em 1905, seu grande amigo e admirador, Nestor Vítor, publicou, em Paris, a obra maior do poeta, "Últimos Sonetos". A crítica francesa o considerou um dos mais importantes simbolistas da poesia ocidental. Sua obra completa, "Cruz e Souza, Obra Completa" foi publicada num volume de mais de oitocentas páginas, em comemorações do centenário de seu nascimento.

Cruz e Sousa faleceu na cidade de Sítio, em Minas Gerais, no dia 14 de março de 1898.

Obras de Cruz e Sousa
Tropos e Fantasias, poesia em prosa, 1885
Missal, poesia em prosa, 1893
Broquéis, poesia, 1893
Evocação, poesia em prosa, 1898
Faróis, poesia, 1900, póstuma
Últimos Sonetos, poesia, 1905, póstuma
Outras evocações, poesia em prosa, 1961, póstuma
O Livro Derradeiro, poesia em prosa, 1961, póstuma
Dispersos, poesia em prosa, 1961, póstuma
Cruz e Sousa, Obra Completa, 1961, póstuma.

fonte de origem:
http://www.e-biografias.net/cruz_e_sousa/

Domingo Na Usina: Biografias: Noémia de Sousa:


Escritora moçambicana, Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares nasceu a 20 de setembro de 1926, em Lourenço Marques (hoje Maputo), Moçambique, e faleceu a 4 de dezembro de 2002, em Cascais, Portugal. Poetiza que, numa espécie de postura predestinada, desembaraçando-se das normas tradicionais europeias, de 1949 a 1952 escreve dezenas de poemas, estando muitos deles dispersos pela imprensa moçambicana e estrangeira.
Com apenas 22 anos de idade, surge na senda literária moçambicana num impulso encantatório, gritando o seu verbo impetuoso, objetivo e generoso, vincado (bem fundo) na alma do seu povo, da sua cultura, da sua consciência social, revelando um talento invulgar e uma coragem impressionante.
Mestiça, revela ser marcada por uma profunda experiência, em grande parte por via dessa mesma circunstância de ser mestiça.
A sua poesia, desde logo, se mostrou "cheia" da "certeza radiosa" de uma esperança, a esperança dos humilhados, que é sempre a da sua libertação.
Toda a sua produção é marcada pela presença constante das raízes profundamente africanas, abrindo os caminhos da exaltação da Mãe-África, da glorificação dos valores africanos, do protesto e da denúncia.
Poesia de forte impacto social, acusatória, a sua linguagem recorre estilisticamente à ressonância verbal, ao encadeamento de significantes sonoros ásperos, à utilização de palavras que transportam o "grito inchado" de esperança.
Noémia de Sousa, como autêntica pioneira da Literatura Moçambicana (como assim sempre foi considerada) preconiza - no seu percurso literário - a revolução como único meio de modificar as estruturas sociais que assolam a terra moçambicana.
Sempre, e desde muito cedo, pretendeu que o seu povo avançasse uno, em coletivo, em direção a um futuro que alterasse os eixos em que se fundamentava a atitude do homem, mas sem nunca fazer a apologia da desumanização. Afirmava-se, acima de tudo, africana e apostava fortemente na divulgação dos valores culturais moçambicanos.
As propostas essenciais da sua expressão literária vão do desencanto quotidiano, de uma certa amargura, de uma certa raiva, até ao grito dorido, até ao orgulho racial, até ao protesto altivo que contém a pulsão danada contra cinco séculos de humilhação.
A grande base do texto de Noémia de Sousa está centrada na eterna dicotomia "nós/outros" - "nós", os perfeitamente africanos; os "outros", as gentes estranhas, os que chegaram a África, os colonizadores. Assim, estes são, sem dúvida, os dois grandes temas da poesia de Noémia de Sousa: se por um lado temos a contínua denúncia da total incompreensão por parte do colonizador, que apenas capta a superficialidade dos rituais, não compreendendo o âmago de África, demonstrando, desta forma, uma visão plenamente distorcida, por outro lado lança-nos em poemas de elogio aberto à raça negra, gritando bem alto e de forma plenamente percetível que a presença do colonizador em África é sinónimo de força que apenas veio denegrir a imagem daquela terra.
Noémia de Sousa fala do orgulho de pertencer a África por parte dos africanos. E por esse mesmo motivo vem afirmar que terão obrigatoriamente de ser os filhos a cantar essa sua mãe-terra (que tanto amam e sentem) - e cantar África tinha forçosamente que ser entendido por oposição à maneira de cantar do colonizador.
Nos seus poemas, o "eu" de Noémia de Sousa é entendido como um "coletivo", um povo inteiro que quer ter palavra - o povo moçambicano. Desta forma, a poetiza assume-se como porta-voz daquele povo que é o seu e, dirigindo-se à terra-mãe que os acolhe e protege, ora canta a sua vida, ora lhe pede perdão pela alienação demonstrada ao longo de tanto tempo, ora (mesmo) lhe promete a rápida e definitiva devolução do seu direito a uma vida própria, autêntica.
Apesar de breve, porém prolífera, passagem de Noémia de Sousa pelo panorama da literatura moçambicana, a qualidade dos seus textos não deixou, jamais, de ser reconhecida e admirada. Apesar de a escritora ter afirmado sempre que não valia a pena reunir os seus poemas num livro, foi lançada em 2001 uma coletânea da sua obra, intitulada Sangue Negro, em homenagem ao seu 75.º aniversário.

fonte de origem:
http://www.infopedia.pt/$noemia-de-sousa