sábado, 27 de março de 2021

Domingo na Usina: Biografias: Tomás Antônio Gonzaga:

 



Tomás Antônio Gonzaga, poeta, advogado, juiz, nasceu na cidade do Porto, em Portugal, a 11 de agosto de 1744 e faleceu na Ilha de Moçambique, onde cumpria pena de degredo, em fevereiro de 1807.
Era filho do brasileiro Dr. João Bernardo Gonzaga e de D. Tomásia Isabel Clark. Passou alguns anos da infância no Recife e na Bahia onde o pai servia na magistratura e, adolescente, retornou a Portugal a fim de completar os estudos, matriculando-se na Universidade de Coimbra na qual concluiu o curso de Direito aos 24 anos.
Depois de formado exerceu Gonzaga alguns cargos de natureza jurídica, já tendo advogado em várias causas na cidade do Porto. Candidatou-se a uma Cadeira na Universidade de Coimbra, apresentando uma tese intitulada Tratado de Direito Natural. Em 1778 foi nomeado juiz-de-fora na cidade de Beja, com exercício até 1781. No ano seguinte é indicado para ocupar o cargo de Ouvidor Geral na comarca de Vila Rica (Ouro Preto), na Capitania de Minas Gerais.
A permanência em Vila Rica estendeu-se até o ano de 1789, quando foi envolvido na famosa Inconfidência Mineira. Em maio do referido ano, acusado de participação na conspiração, é detido e, sem maiores formalidades, e remetido preso para o Rio de Janeiro.
Nessa ocasião estava o poeta noivo de Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, jovem pertencente a uma das principais famílias da capital mineira, e a quem dedicava poesias do mais requintado sabor clássico, que iriam fazer parte do livro intitulado Marília de Dirceu, cuja primeira parte foi publicada em Lisboa, pela Impressão Régia, no ano de 1792.
A obra poética de Tomás Antônio Gonzaga é relativamente pequena mas suas liras tiveram dezenas de edições.Segundo as mais abalizadas pesquisas de natureza estilística e histórica, deve-se ao infortunado Ouvidor de Vila Rica a autoria da famosa sátira Cartas Chilenas, só editadas, em forma impressa, no Segundo Reinado. Continham elas uma coleção notável de versos cáusticos, em que era posto em ridículo D. Luís da Cunha Meneses, Governador e Capitão-General de Minas Gerais, na década de 1780.
Na Ilha de Moçambique, para onde foi levado Gonzaga, em virtude de sua condição no processo da Conjuração mineira, casou-se com Juliana de Sousa Mascarenhas, de quem houve um casal de filhos, cujos descendentes remotos ainda vivem na antiga colônia portuguesa.
Castro Alves deu a uma de suas produções em prosa o título de Gonzaga, ou a Revolução de Minas, drama representado no Brasil, ainda em vida do autor, interpretado no principal papel feminino pela artista portuguesa Eugênia Câmara, uma das musas do poeta.
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Domingo na Usina: Biografias: Fernando Henrique Cardoso:

 



Fernando Henrique Cardoso GCB • GCTE • GColSE • GColIH • GColL • GCM, também conhecido como FHC (Rio de Janeiro, 18 de junho de 1931), é um sociólogo, cientista político, professor universitário, escritor e político brasileiro filiado ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Foi o 34.º presidente da República Federativa do Brasil entre 1995 e 2003. Natural da cidade do Rio de Janeiro, mudou-se com sua família para a cidade de São Paulo, onde se casou em 1953 com a antropóloga e sua colega de faculdade Ruth Vilaça Correia Leite, com quem teve três filhos. FHC graduou-se em Sociologia pela Universidade de São Paulo e mais tarde tornou-se professor emérito daquela universidade. Foi perseguido depois do golpe militar de 1964, exilando-se no Chile e na França, voltando ao Brasil em 1968. Lecionou em universidades estrangeiras e desenvolveu uma importante carreira acadêmica, tendo produzido diversos estudos sociais premiados.
FHC coordenou a elaboração da plataforma eleitoral do MDB. Em 1978, iniciou sua carreira política ao concorrer ao Senado Federal, elegendo-se suplente de Franco Montoro. Após a eleição deste para o governo de São Paulo, assumiu sua cadeira no Senado em março de 1983. Participou da campanha das Diretas Já, contribuindo para que não houvesse radicalização política durante a transição para a democracia. Foi derrotado por Jânio Quadros em 1985 para prefeito de São Paulo e reelegeu-se senador um ano depois. Tornou-se um dos principais líderes nacionais do PMDB e, juntamente com outros dissidentes do partido, ajudou a fundar o PSDB em 1988. Após o impeachment de Fernando Collor, foi nomeado por Itamar Franco como ministro das Relações Exteriores e ministro da Fazenda. Neste cargo, chefiou a elaboração do Plano Real, que estabilizou a economia. Com a ajuda do sucesso do plano, foi eleito Presidente da República no primeiro turno da eleição de 1994.
Foi empossado presidente em 1.º de janeiro de 1995. Prosseguiu com as reformas econômicas iniciadas, as taxas de inflação continuaram baixas, houve a privatização de diversas empresas e a abertura de mercado, que deu maior visibilidade no mercado externo. O governo conseguiu a aprovação de leis na área econômica e administrativa, como a que permitiu a reeleição para cargos executivos. Em 1998, venceu a eleição presidencial no primeiro turno, tornando-se o primeiro presidente até então a ser reeleito. Durante o segundo mandato, crises internacionais, uma forte desvalorização do Real, a crise do apagão e outros acontecimentos causaram uma grande queda de sua popularidade.
Atualmente preside a Fundação Fernando Henrique Cardoso, fundada por ele em 2004, e participa de diversos conselhos consultivos em diferentes órgãos no exterior, como o Clinton Global Initiative, Universidade Brown e United Nations Foundation. Também é membro do The Elders, da Academia Brasileira de Letras, e presidente de honra do PSDB.

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Henrique_Cardoso

Domingo na Usina: Biografias: João de Scantimburgo:



Quinto ocupante da Cadeira nº 36, eleito em 21 de novembro de 1991, na sucessão de José Guilherme Merquior e recebido em 26 de maio de 1992 pelo Acadêmico Miguel Reale. Faleceu em 22 de março de 2013, em Pacaembu (SP), aos 97 anos.
João de Scantimburgo nasceu em Dois Córregos (SP), em 31 de outubro de 1915, e faleceu em Pacaembu (SP), em 22 de março de 2013. Foi casado com a Condessa Anna Teresa Maria Josefina Tekla Edwige Isabella Lubowiecka. Mestre em Economia e Doutor em Filosofia e Ciências Sociais. Foi professor da Fundação Armando Álvares Penteado e da Universidade Estadual Paulista, UNESP.
Foi jornalista, tendo sido diretor dos Diários Associados (Diário de São Paulo e Diário da Noite) em São Paulo e do Correio Paulistano. Fundou e foi presidente da Televisão Excelsior (canal 9), posteriormente transferida. Foi diretor do Diário do Comércio, jornal econômico-financeiro, editado em São Paulo, do Digesto Econômico, revista bimestral de cultura, e da Revista Brasileira, da Academia Brasileira de Letras.
Foi membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta – Rádio e Televisão Educativa (São Paulo), membro da diretoria da Fundação Bunge, do Conselho Curador da Fundação Bienal de São Paulo e da mesa administrativa da Irmandade da Santa Casa.
Pertenceu às seguintes instituições culturais: Academia Brasileira de Letras; Academia Paulista de Letras; Instituto Brasileiro de Filosofia; Sociedade Brasileira de Filósofos Católicos; Centro Dom Vital; American Catholic Philosophical Association, Washington DC; International Society for Metaphysics, Washington DC e Londres; Societá Tomista Internazionale, Roma; Archives Maurice Blondel, Louvain, Bélgica; Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; e PEN Clube do Brasil; Academia Portuguesa da História.
Recebeu o Prêmio José Ermírio de Moraes, do PEN Clube de São Paulo; Prêmio Alfred Jurzikowski, da ABL; diploma e medalha Oscar Nobling, da Sociedade Brasileira de Língua e Literatura.

Atualizado em 12/09/2017
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Domingo na Usina: Biografias: José Guilherme Merquior:

 


Quarto ocupante da Cadeira 36, eleito em 11 de março de 1982, na sucessão de Paulo Carneiro e recebido pelo Acadêmico Josué Montello em 11 de março de 1983.
José Guilherme Merquior nasceu na cidade do Rio de Janeiro, RJ, a 22 de abril de 1941 e faleceu na mesma capital em 7 de janeiro de 1991. Era filho de Danilo Merquior e de Maria Alves Merquior.
Diplomata, filósofo, sociólogo, crítico, escritor e bacharel em Direito. A formação universitária de Merquior foi das mais brilhantes e completas, tendo juntado os títulos mais diversificados, a começar pelo licenciamento em Filosofia (Rio de Janeiro, 1962); bacharel em Direito (1963); diploma do curso de preparação à carreira diplomática (1963); aluno titular do Seminário de Antropologia do College de France (1966 a 1970); Doutor em Letras pela Universidade de Paris (1972); PhD em sociologia pela London School of Economics and Political Science (1978) e Curso de Altos Estudos do Instituto Rio Branco (1979).
Como professor ministrou cursos nas seguintes instituições: Instituto de Belas Artes do Rio de Janeiro (1963); curso de História da Literatura Brasileira, na Universidade do Ar; curso de pós-graduação sobre o modernismo brasileiro (Universidade Nova de Lisboa, 1976); curso de Estética Contemporânea, (Montevidéu - julho de 1981).
Ministrou conferências sobre Arte, Literatura, Filosofia, Sociologia, Semiologia e História da Civilização em várias universidades brasileiras. Participou de vários eventos de natureza cultural em nosso país e no exterior.
Como diplomata exerceu suas funções, a partir de sua nomeação para o cargo de terceiro secretário (7 de novembro de 1963), nos seguintes locais: Ministério das Relações Exteriores; Divisão de Cooperação Intelectual; Oficial de Gabinete do Ministro de Estado; Secretário da Delegação Brasileira à II Conferência Interamericana Extraordinária; Terceiro Secretário na Embaixada do Brasil em Paris, 1966, e Segundo Secretário no ano seguinte; Primeiro Secretário em Bonn (1973); Primeiro Secretário em Londres (1975-1979); Conselheiro, em Montevidéu (1980-1981); Ministro de segunda classe em Montevidéu (1982) e Ministro-conselheiro na Embaxada do Brasil em Londres (1983).
Além de seus próprios livros, José Guilherme Merquior publicou vários outros trabalhos em colaboração com Manuel Bandeira, Jacques Bergue, Eduardo Portella, Perry Anderson, Roberto Campos, Lucio Colletti, etc. Prefaciou igualmente algumas obras e colaborou com verbetes em enciclopédias, especialmente na Mirador, dirigida por Antonio Houaiss.
Atualizado em 24/11/2016.
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Domingo na Usina: Biografias: Clementino Fraga:

 


Clementino Fraga (Clementino da Rocha Fraga) nasceu em Muritiba, BA, em 15 de setembro de 1880, filho de Clementino Rocha Fraga e de D. Córdula de Magalhães Fraga, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, a 8 de janeiro de 1971.
Depois de concluídos os estudos básicos, primário e secundário, na cidade de Salvador, matriculou-se na tradicional Faculdade de Medicina de seu Estado natal, por onde saiu diplomado em 1903.
Recém formado, transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro, onde fez clínica nos subúrbios de Santa Cruz e Piedade. Em 1906, fez concurso para Inspetor Sanitário, classificou-se em primeiro lugar e trabalhou sob as ordens de Osvaldo Cruz, cuja biografia escreveu.
Quatro anos depois, regressou à Bahia e submeteu-se a concurso para professor da Faculdade de Medicina, conquistando o cargo. Em 1914, tomou parte no Décimo Sétimo Congresso Internacional de Medicina, em Londres.
Durante doze anos lecionou e clinicou em Salvador. Em 1914, um episódio dramático lhe aconteceu, viajou para o Rio no navio Araguaia, que trazia a bordo doentes de cólera.
Em 1921, foi eleito Deputado Federal pela Bahia. No Congresso, teve intensa participação nos problemas de saúde e educação.
Em 1925, foi transferido da Faculdade de Medicina da Bahia para a do Rio de Janeiro, ocupando a cátedra até se aposentar em 1942.
No governo Washington Luiz exerceu o cargo de Diretor do Departamento Nacional de Saúde. Chefiou, então, a campanha contra o surto de febre amarela epidêmica surgido na capital do País, em 1928.
Fundou, como professor, um Curso de Tuberculose que se realizou por onze anos sucessivos, cuidando de uma doença responsável pelos mais altos índices de morbidade e mortalidade à época.
De 1937 a 1940 de Secretário Geral de Saúde e Assistência no Distrito Federal, já com o título de professor emérito da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro e da Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia.
Pertenceu também, em caráter honorífico às academias Nacional de Medicina de Paris, de Buenos Aires e à Academia das Ciências de Lisboa. Sua vaga na Academia Brasileira de Letras foi preenchida pelo professor Paulo Carneiro.
Uma estátua, na Gávea, onde residiu nos seus últimos trinta anos honra sua memória.
fonte de origem:
https://www.academia.org.br/academicos/clementino-fraga/biografia  



Segundo ocupante da cadeira 36, foi eleito em 23 de março de 1939, na sucessão de Afonso Celso, e empossado em 10 de junho de 1939, sendo recebido pelo acadêmico recebido Cláudio de Sousa.

Domingo na Usina: Biografias: Afonso Celso:

 


Afonso Celso (Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior), natural de Ouro Preto, MG, nasceu em 31 de março de 1860 e veio a falecer no Rio de Janeiro, RJ, a 11 de julho de 1938. Filho do Visconde de Ouro Preto, último presidente do Conselho de Ministros do Império, e de D. Francisca de Paula Martins de Toledo, é um dos membros fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Aos 15 anos publicou os Prelúdios, reunindo uma pequena coleção de poesias de conteúdo romântico. Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo na qual colou grau em 1880. Defendeu na ocasião, a tese “Direito da Revolução”. Casou-se em 1884 com D. Eugênia da Costa. Foi elevado à condição de Conde papal em 1905.
Ingressando nas lides políticas, foi eleito quatro vezes deputado geral por Minas Gerais. Na Assembléia Geral exerceu as funções de 1º. Secretário. Com a proclamação da República, em 1889, abandonou a política e acompanhou o pai no exílio, que se seguiu à partida da família imperial para Portugal em novembro do referido ano. Coube-lhe a delicada tarefa de defender o pai no início da implantação do regime republicano.
Dedicou-se ao magistério e ao jornalismo, tendo colaborado durante mais de 30 anos no Jornal do Brasil. Outros órgãos da imprensa - tais como A Tribuna Liberal, A Semana, Renascença, Correio da Manhã e o Almanaque Garnier, divulgaram muitos de seus artigos.
Ingressou no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1892, na qualidade de sócio efetivo, tendo posteriormente sido elevado a honorário em 1913 e a grande benemérito em 1917. Com a morte do Barão do Rio Branco, em 1912, foi eleito presidente perpétuo dessa instituição, de 1912 a 1938. Coube-lhe a incumbência de presidir à instalação da entidade em uma das alas do Silogeu Brasileiro, localizada na esquina das Ruas Augusto Severo e Teixeira de Freitas.
De sua vasta obra merecem especial destaque os seguintes livros: Oito anos de Parlamento, Por que me ufano de meu país - título que gerou críticas e elogios e a popularidade da expressão “ufanismo”, de uso até os nossos dias - Segredo conjugal, O Imperador no exílio, O assassinato do coronel Gentil de Castro, Rimas de outrora, Minha filha, Vultos e fatos, Um invejado, Lupe, Giovanina.
Afonso Celso participou das atividades da Academia Brasileira de Letras, como um dos membros fundadores, tendo como patrono - na cadeira nº. 36 - o poeta Teófilo Dias de Mesquita, sobrinho de Gonçalves Dias, falecido em 1889.
No magistério também manteve atuação destacada, tendo exercido a Cátedra de Economia Política na Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, da qual foi diretor por alguns anos e reitor da Universidade do Rio de Janeiro.
A última visita de Afonso Celso à Academia Brasileira de Letras ocorreu na sessão de 7 de julho de 1939, quatro dias antes de seu falecimento.
Recebeu os acadêmicos Otávio Mangabeira e Lauro Müller.
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Domingo na Usina: Biografias: Teófilo Dias:

 




Em 1875 já residia no Rio de Janeiro, onde encontrou abrigo no Convento de Santo Antônio. Completou sua formação cultural matriculando-se na Faculdade de Direito de São Paulo, na qual concluiu o curso em 1881.
Embora exercesse a militância na advocacia, dedicou-se, também, ao jornalismo, ao ensino e à poesia. Casando-se com uma filha de Martim Francisco, da família Andrada, ingressou na política, filiando-se ao Partido Liberal. Em 1885 era eleito deputado provincial.
Cultivou íntimas relações de amizade com Assis Brasil, Lúcio de Mendonça, Valentim Magalhães e, principalmente, com Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, cujo pai, o Visconde de Ouro Preto, seria o último presidente do Conselho de Ministros do Império, derrubado em 15 de novembro de 1889. A amizade com Afonso Celso Júnior teve, como consequência, a escolha de seu nome, como patrono da cadeira nº 36, da Academia Brasileira de Letras.
Da obra de Teófilo Dias merecem especial destaque: Flores e amores, Caxias, 1874; Cantos tropicais, São Paulo, 1878; Fanfarras, São Paulo, 1882; Lira dos verdes anos, São Paulo, 1878 e A comédia dos deuses, São Paulo, 1888.
Colaborou Teófilo Dias em A Província de São Paulo, em A República, na Revista Brasileira, de José Veríssimo e em outras publicações. Lecionou Gramática Filosófica e Francês no Colégio Aquino. Sua poesia, influenciada, a princípio, pelos líricos franceses, foi, aos poucos, assumindo novas formas, de acordo com a tendência geral da época.
Na introdução ao poema de Teófilo Dias A comédia dos deuses, o escritor português Pinheiro Chagas publicou o seguinte comentário: “A língua portuguesa no Brasil, manejada por um escritor de pulso, como o senhor Teófilo Dias, enriquece-se de um modo estranho; toma novas fulgurações, como os pobres pirilampos da Europa, que na América do Sul se mudam em aladas estrelas. A metrificação variada, mas variada com arte infinita, presta uns misteriosos efeitos a algumas das suas cenas mais dramáticas.”
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Domingo na Usina: Biografias: Celso Cunha:

 


Quarto ocupante da cadeira 35, foi eleito em 13 de agosto de 1987, na sucessão de José Honório Rodrigues, e recebido pelo acadêmico Abgar Renault em 4 de dezembro de 1987.
Celso Cunha, professor, filólogo e ensaísta, nasceu em Teófilo Otoni, MG, em 10 de maio de 1917, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 14 de abril de 1989.
Era filho de Tristão da Cunha, professor e político mineiro, e de Júlia Versiani da Cunha e irmão do ex-deputado Aécio Cunha. Em 1921 sua família transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde iniciou sua formação no Colégio Anglo-Brasileiro. Bacharelou-se em Direito (1938) e licenciou-se em Letras (1940) pela antiga Universidade do Distrito Federal. Aí teve entre seus professores filólogos de renome na Europa, como Jean Bourciez, Jacques Perret e Georges Millardet, e os brasileiros Antenor Nascentes e Sousa da Silveira, a quem Celso Cunha devotou, ao longo de sua vida, o mais profundo respeito e a quem deveu a sua opção pela crítica textual e o gosto pelos jograis e trovadores da Idade Média.
Em 1947, formou-se Doutor em Letras e Livre-docente em Literatura Portuguesa pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, com a tese O cancioneiro de Paay Gómez Charinho, trovador do século XIII.
Ser filólogo era, na época, conhecer a história da língua e, com base no latim e no desenvolvimento das línguas que dele se originaram, aprofundar-se na Romanística e descobrir, pela aplicação do método histórico-comparativo, a origem e solução de seus problemas. Por essa razão os seus primeiros trabalhos tiveram por objeto o português arcaico.
Celso Cunha deu contribuição essencial para o estudo dos cancioneiros, fundamentais para o conhecimento da origem e evolução da língua. Seus três livros sobre os cancioneiros foram tese de concurso: o de Paay Gómez Charinho (1947), Joan Zorro (1949) e Martin Codax (1956). Medievalista consagrado, sua obra filológica versa particularmente sobre os problemas de crítica textual e de versificação. Os seus trabalhos nessa área como Estudos de poética trovadoresca e Língua e verso têm sido considerados modelares pela crítica especializada. Nos últimos anos, dedicava-se à linguagem quinhentista e ao estudo da modalidade brasileira do português. Deixou incompleta a História da língua portuguesa no Brasil.
Outra vertente dos seus estudos está nas inúmeras gramáticas que escreveu, a começar pelo Manual de português, publicado em 1965 e com muitas reedições. Fazia o roteiro para os vários níveis de ensino aos quais se dedicava no Colégio Pedro II e na Faculdade de Filosofia. Editou uma Gramática do português contemporâneo (1966), uma Gramática moderna e uma Gramática da língua portuguesa (1972). Seu último trabalho de vulto foi a Nova Gramática do português contemporâneo, escrita em colaboração com Luís Filipe Lindley Cintra, da Universidade de Lisboa. O livro trabalha na chamada linguística contrastiva, que busca um código contrastivo da lusofonia. Nele se examinam, pela primeira vez, em confronto, as normas brasileira, portuguesa e africana do idioma.
A terceira vertente da obra de Celso Cunha é a de ensaios com reflexões sobre a língua, entre os quais os livros Língua portuguesa e realidade brasileira, A questão da norma culta brasileira, Uma política do idioma, Conservação e inovação do português no Brasil, Língua, nação, alienação e Em torno do conceito de brasileirismo.
Iniciou a carreira do magistério em 1935, como professor contratado de Português do Colégio Pedro II. Foi professor titular de Língua Portuguesa da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, de onde foi Decano do Centro de Letras e Artes; professor titular e, por dez anos, diretor da Faculdade de Humanidades Pedro II. De 1952 a 1955, de 1970 a 1972 e em 1983, foi o primeiro leitor brasileiro na Sorbonne. Em 1966 foi professor na Universidade de Colônia. Em 1984, lecionou História da Língua Portuguesa no curso de pós-graduação da Universidade Clássica de Lisboa. Recebeu os títulos de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Granada, Espanha (1959), e de Professor Emérito da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1987).
Foi professor como seu pai Tristão da Cunha e seu avô Benjamin Ferreira da Cunha, e como são professores sua filha Cilene da Cunha Pereira e o seu genro Paulo Roberto Dias Pereira, e era assim que gostava de ser conhecido e lembrado.
Além do magistério e obra escrita, ocupou importantes funções públicas. Durante quatro anos dirigiu a Biblioteca Nacional; foi Secretário Geral de Educação e Cultura do Governo Provisório do Estado da Guanabara, em 1960; membro do Conselho Federal de Educação, onde exerceu dois mandatos, de 1962 a 1970; coordenador-geral do Projeto de Estudo Coordenado da Norma Linguística Culta, Projeto NURC, em 1972; coordenador do Projeto de Estudo da Fala dos Pescadores na Região dos Lagos, Projeto da FAPERJ, em 1980; coordenador do Atlas Etnolinguístico dos Pescadores do Estado do Rio de Janeiro, Projeto da FAPERJ, em 1986; membro do Conselho Federal de Cultura. Era figura eminente da Comissão de Textos da Unesco e representante do Brasil no Instituto Internacional de Língua Portuguesa.
Foi membro da Comissão Machado de Assis, encarregada de elaborar a edição crítica das obras do escritor, e da Comissão para fixação da Nomenclatura Gramatical Brasileira, em 1957; presidente do Grupo de Trabalho, criado pelo ministro da Educação e Cultura Nei Braga, destinado a apresentar sugestões objetivando o aperfeiçoamento do ensino do Português, em 1976; revisor do texto da atual Constituição do Brasil, a convite da Assembleia Constituinte, em 1987.
Pertencia à Academia das Ciências de Lisboa, à Academia Mineira de Letras, à Academia Brasileira de Filologia, ao Círculo Linguístico do Rio de Janeiro, à Société de Linguistique de Paris, à Société de Linguistique Romane, à Association Internationale de Sémiotique, à Associación de Lingüística y Filología de la América Latina, à Oficina Internacional de Información y Observación del Español e ao PEN Clube do Brasil.
Recebeu o Prêmio José Veríssimo (Ensaio e Erudição) da Academia Brasileira de Letras (1956); o Prêmio Paula Brito, da Prefeitura do antigo Distrito Federal (1958); o Prêmio Moinho Santista de Filologia (1983).
Em sua homenagem foi publicado o volume Miscelânea de estudos linguísticos,filológicos e literários in memoriam de Celso Cunha, com a coordenação de Cilene da Cunha Pereira e Paulo Roberto Pereira, em 1995.
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Domingo na Usina: Biografias: José Honório Rodrigues:

 


Terceiro ocupante da Cadeira 35, eleito em 4 de setembro de 1969, na sucessão de Rodrigo Octavio Filho e recebido pelo Acadêmico Barbosa Lima Sobrinho em 5 de dezembro de 1969.
José Honório Rodrigues, professor, historiador e ensaísta, nasceu no Rio de Janeiro, em 20 de setembro de 1913, e faleceu na mesma cidade em 6 de abril de 1987.
Era filho do comerciante Honório José Rodrigues e de Judith Pacheco Rodrigues. Fez os cursos ginasial e clássico no Externato Santo Antônio Maria Zacarias, Ginásio São Bento e Instituto Superior de Preparatórios. Ingressou na Faculdade de Direito da então Universidade do Brasil. Quando estudante, escrevia para a revista A Época, da Faculdade de Direito. Formou-se na turma de 1937. Pretendia ingressar na política, mas o Estado Novo sacrificou a sua geração nos seus rumos políticos. Já que não poderia fazer a História, José Honório Rodrigues resolveu escrever a História que outros fizeram.
Sempre fez questão de colocar a História em primeiro lugar. Aos 24 anos ganhava o 1º Prêmio de Erudição da Academia Brasileira de Letras com o livro Civilização holandesa no Brasil, prêmio que muito contribuiu para que continuasse a estudar a História, como o melhor instrumento de se buscar no passado explicações e soluções para problemas atuais.
Passou os anos de 1943-1944 nos Estados Unidos. Havia sido contemplado com uma bolsa de pesquisa da Fundação Rockefeller. Frequentou cursos na Universidade de Colúmbia e fez pesquisas históricas. No Brasil, começou a trabalhar no Instituto Nacional do Livro, passando a diretor da Divisão de Obras Raras e Publicações da Biblioteca Nacional (1946-1958) e diretor interino da mesma Biblioteca em várias ocasiões; diretor da Seção de Pesquisas do Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores (1948-1951); diretor do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro (1958-1964), tendo promovido extensa reforma do seu serviço; secretário executivo do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (1964-1968) e editor da Revista Brasileira de Estados Internacionais.
Exerceu também o magistério, como professor de História do Brasil, História Diplomática do Brasil, História Econômica do Brasil e Historiografia Brasileira. De 1946 a 1956, foi professor do Instituto Rio Branco, do Ministério das Relações Exteriores; professor do Ensino Superior do Estado da Guanabara, de 1949 até aposentar-se; professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro por vários anos; professor visitante em inúmeras universidades norte-americanas; professor de Pós-Graduação na Universidade Federal Fluminense e de Doutorado da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Colaborou no Programa de História da América, promovido pelo Instituto Pan-americano de Geografia e História, com sede no México, de que resultaram três séries de publicações universitárias e um livro conjunto para o ensino de História da América. Participou dos debates de várias reuniões e sua colaboração está no livro Brasil. Período colonial (1953). Foi conferencista em várias universidades brasileiras e norte-americanas e, de 1956 a 1964, na Escola Superior de Guerra, pela qual se graduara em 1955. José Honório costumava dizer que foi a partir daí que começou a perceber a importância da História na vida dos povos: “Esse despertar fez com que eu tentasse nas minhas obras seguintes encontrar sempre uma explicação em fato histórico passado para problemas da atualidade.”
Sua bibliografia compreende mais de duas dezenas de livros, opúsculos, colaborações em livros coletivos, direção de obras, edições críticas e prefácios, sobretudo da obra de Capistrano de Abreu. Dividiu a sua obra notadamente em três fases: “A primeira delas é a erudita, fechada; a outra é a da síntese interpretativa, e, finalmente, a que procuro alcançar agora [1969], que é um trabalho mais aprofundado que pretendo deixar para as gerações futuras.”
Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de institutos históricos estaduais, da Sociedade Capistrano de Abreu, da Academia Portuguesa da História, da American Historical Association (EUA), da Royal Academy of History (Inglaterra) e da Sociedade Histórica de Utrech (Holanda).
Além do Prêmio de Erudição da Academia Brasileira de Letras (1937), recebeu o Prêmio Clio de Historiografia da Academia Paulista de Letras (1980), Prêmio de História do Instituto Nacional do Livro (1980) e a Medalha do Congresso Nacional (1980).
Atualizado em 05/04/2016..
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