quarta-feira, 21 de abril de 2021

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:


 



Propósito

Nunca escrevi com o propósito de alcançar ninguém. 
Apenas procuro chegar o mais próximo.....

Poema na Integra no Livro:
"Entre Lírios e Promessas"

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 


Cicatrizes

 ...E o meu peito sangra com as novas 

feridas abertas sobres as frágeis cicatrizes de um tempo findo.

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 




Louco desejo

Quanto vale o teu sorriso.
Fala logo isso pra mim
Quero conquistar, o teu sorriso,
o teu olhar e o calor que existe em ti.
Se não posso tê-la como posso então deseja-la....

poema na Integra no Livro:
"Entre Lírios e Promessas"

Poesia de quinta na Usina: Luís de Camões:

 



030
Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; mas não servia ao pai, servia a ela, e a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia, passava, contentando se com vê la; porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos lhe fora assi negada a sua pastora, como se a não tivera merecida;
começa de servir outros sete anos, dizendo: —Mais servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida.

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões:

 



033

Se tomar minha pena em penitência do erro em que caiu o pensamento,
não abranda, mas dobra meu tormento, a isto, e a mais, obriga a paciência.
E se üa cor de morto na aparência, um espalhar suspiros vãos ao vento, 
em vós não faz, Senhora, movimento, fique meu mal em vossa consciência.
E se de qualquer áspera mudança toda a vontade isenta Amor castiga
(como eu vi bem no mal que me condena);
e se em vós não s'entende haver vingança, será forçado (pois Amor me obriga)
que eu só de vossa culpa pague a pena.

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões:

 



059

Suspiros inflamados, que cantais a tristeza com que eu vivi tão ledo!
Eu mouro e não vos levo, porque hei medo que ao passar do Lete vos percais.
Escritos para sempre já ficais onde vos mostrarão todos co dedo
como exemplo de males; que eu concedo que para aviso d'outros estejais.
Em quem, pois, virdes falsas esperanças d'Amor e da Fortuna, cujos danos 
alguns terão por bem aventuranças,



dizei lhe que os servistes muitos anos, e que em Fortuna tudo são mudanças, e que em Amor não há senão enganos.

 

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:

 




PALLIDA LUNA

És do Passado! Vieste d’alvorada 
N’asa dos elfos pela Morte espalma...
Cantas... e eu ouço esta berceuse calma
Da harpa dos mundos ideais do Nada!
Ergue o Missal brilhante de tu’alma, 
Mas nessa elevação mistificada,
Vem, que eu te espero, Deusa constelada 
Desce, anêmona êxul que o Céu ensalma!
Venhas e desças, Lua dos Martírios, Desças, 
mas venhas pela unção dos lírios. 
Visão de Ocaso de anluaradas comas,



Vaso de Unção descido dos espaços, Para ungirmos nós dois, os nossos paços, Na tule idealizada dos aromas.

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:


 
A MORTE DE VÊNUS

Velhos berilos, pálidas cortinas, Morno frouxel 
de nardos recendendo Velam -lhe o sono,
 ... e Vênus vai morrendo No berço azul das névoas matutinas!
Halos de luz de brancas musselinas 
Vão-lhe do corpo virginal descendo 
-- Abelha irial que foi adormecendo 
Sobre um coxim de pérolas divinas.
E quando o Sol lhe beija a espádua nua, 
Cai-lhe da carne o resplendor da 
Lua No reverbero dos deslumbramentos...
Enquanto no ar há sândalos, há flores 
E haustos de morte -- os últimos cangores
Da música chorosa dos mementos!

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:



SONHO DE AMOR

Sobre o aromal e amplo coxim de Flora, 
Que os vapores da tarde inca incensavam 
E que um incenso tênue e bom vapora, 
Os namorados lânguidos sonhavam .
A alma do Ocaso entrava o céu agora 
E havia pelas tênebras que entravam 
Ora estrangulamentos surdos, 
ora Ruídos de carnes que se estrangulavam .
E sonharam assim durante toda
A noute, e toda a alva manhã durante! 
-- O Sol jorrava largos raios longos
E em roda víride e nevado, em roda, 
Lembrava o campo um colorido ondeante 
De vidros verdes e cristais oblongos!