quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:

 


Janelinha de trem

Desejo de um dia ficar repousando
Sob uma dessas cruzes de volta de estrada 
Que parecem também estar viajando...

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:


 


Convite

Basta de poemas para depois... 
Ô Vida, e se nós dois Vivêssemos juntos?

Poesia de Quinta na Usina: Trovas Burlescas:


 

— 99 —

Imagina, meu charo Zebedeu,

A figura que fiz de Camapheu!...

Outras cousas eu tenho, de primor,

E, como sei que á ellas dás valor,

As irei pouco a pouco relatando

Para que tu as vas apreciando;

Sobre tudo hum discurso bestial

Que espantou hum preclaro Tribunal.

Amigo Zebedeu^ querido amigo,

Dormindo ou acordado eu sou-xom tigo.

Não te esqueças do Vate—

Muriçoca,

Doctor da Mula-Russa—

Tapióca.

Poesia de Quinta na Usina: Trovas Burlescas:


 

— 98 —

« Meus Senhores!—Presentes e futuros—

« Perdoem se me expresso em termos duros.

« Esta nobre e luzida companhia,

« Que se augmenta de dia para dia,

« E' qual ramo de rosas florecente

« Em peito de donzella refulgente,

« Exalando perfume delicado,

« Que nos faz commetter mortal peccado!

« E' a luz do progresso, da razão,

« Pelo mundo espargindo o seu clarão;

-« E' o facho da tocha da verdade

« Que nas trevas derrama a claridade,

« E' do fogo do Céo brilhante efluvio

« As águas estancando do dilúvio!

« E' rayo que fuzila reluzente,

« Qual razão na cachóla do demente,

« E' o fero inimigo da mamparra

« Que a vil estupidez no mundo esbarra!...»

Imagina, meu charo Zebedeu,

A figura que fiz de Coripheu!

Tive applausos, foi cousa nunca vista,

Disseram que na testa eu tinha crista.

Huns gritavam que eu era o Mirabeau,

Apezar da figura de Crapaud;

Aquell' outro dizia—que talento!

Os Lentes bradavam—que portento!!...

Os collegas, de mais entendimento,

Baixinho murmuravam—que jumento!!....

Poesia de Quinta na Usina:Trvas Burlescas:


 

— 97 —

Sobre as grimpas subi dò Heliconiô,

Montado iio cachaço do demônio;

As Musas deslumbrei com meu tambor,

Os foros conquistei de alto cantor.

Com odes, d'improviso, fiz fracasso,

Deixando o louro Apollo n'hum cagasso!

Os versos recitei com força tal,

Que os ouvintes fugiram p'ra o quintal,

Sentindo lá por dentro tal barulho,

Que no chão cada hum fez seu embrulha

Oh talento da Musa purgativa,

Que á turba confundiste em roda viva!

Na grande e magestosa Faculdade,

Onde provas já dei de habilidade,

Os collegas me encaram respeitosos,

Pelos actos que fiz, maravilhosos;

E n'hum dia que fui á sabbatina

O meu lente espichei—tiníia batina!

Na festa que lá vem de anno em anno,

Do Atheneu, que chamam, P&ülistano,

Já fiz huma tremenda discurseirá,

A* que todos chamaram—babüseira.

Disse cousas que todos se espantaram,

Não sei como patetas hão ficaram!

Oh poder do talento, da razão,

Mais troante què hiim tiro de canhão!

—Cedendo á rija torça quê me pucha

Hum trecho aqui te dou da tãl éstUcha.-

Poesia de Quinta na Usina: Augusto dos Anjos:



SONHO DE UM MONISTA

Eu e o esqueleto esquálido de Esquilo Viajávamos, 
com uma ânsia sibarita, por toda a pro-dinâmica infinita,
Na inconsciência de um zoófito tranqüilo.
A verdade espantosa do Protilo Me aterrava, mas dentro da alma aflita
Via Deus -- essa mônada esquisita -- Coordenando e animando tudo aquilo!
E eu bendizia, com o esqueleto ao lado, Na guturalidade do meu brado, 
Alheio ao velho cálculo dos dias,
Como um pagão no altar de Proserpina, A energia intracósmica divina
Que é o pai e é a mãe das outras energias!

Poesia de Quinta na Usina; D'dAraújo:

 

Triste beleza

Como seria triste a beleza do sonhar,

se soubéssemos aonde iríamos chegar.

Pois assim não seria mais um sonho,

e sim, apenas um fato ainda não consumado.

Conteúdo do Livro:







Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 

Insanidade

Prefiro o anonimato, a curvar-me as
necessidades de um mercado capitalista
de insanos.

conteúdo do livro:









Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:



Contra fluxo

Prezado amigo.
Se você continua seguindo 
o fluxo da conveniência,
não espere alcançar-me, pois estarei sempre no
contra fluxo, acariando esperança.

Conteúdo do Livro: