quarta-feira, 20 de abril de 2022

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:



Oculto

Podemos até por um determinado tempo
esconder as nossas ações, mas nunca
conseguiremos esconder os nossos....

Conteúdo do livro:




Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:



Tudo tem seu preço

Será que é justo o farto, penoso
e inevitável lado oposto do que queremos.
Até quando conseguiremos nos afastar
dos nossos desejos, apenas para evitar
o oposto dos nossos gostos.
Com o carro vem o combustível, IPVA, seguro
obrigatório e a manutenção.....

conteúdo do Livro:




Poesia de quinta na Usina: D'Araújo:



Renegados

Como pobres mortais que somos,
vamos semeando sonhos na
esperança de um amanhã
promissor......

conteúdo do livro:




Poesia de quinta na Usina: Cruz Souza:



DOCE ABISMO

Coração, coração! a suavidade, Toda a doçura do teu nome santo
É como um cálix de falerno e pranto, De sangue, de luar e de saudade.
Como um beijo de mágoa e de ansiedade, 
Como um terno crepúsculo d’encanto, 
Como uma sombra de celeste manto, Um soluço subindo à Eternidade.
Como um sudário de Jesus magoado, Lividamente morto, desolado,
Nas auréolas das flores da amargura.
Coração, coração! onda chorosa, Sinfonia gemente, 
dolorosa, Acerba e melancólica doçura.

Poesia de Quinta na Usina; Cruz Sousa:



HARPAS ETERNAS

Hordas de Anjos titânicos e altivos, Serenos, colossais, 
flamipotentes, De grandes asas vívidas, frementes, 
De formas e de aspectos expressivos.
Passam, nos sóis da Glória redivivos, 
Vibrando as de ouro e de Marfim dolentes, 
Finas harpas celestes, refulgentes,
Da luz nos altos resplendores vivos.
E as harpas enchem todo o imenso espaço 
De um cântico pagão, lascivo, lasso, Original, 
pecaminoso e brando...
E fica no ar, eterna, perpetuada 
A lânguida harmonia delicada
Das harpas, todo o espaço avassalando.

Poesia de Quinta na Usina: Cruz Sousa:



DUPLA VIA-LÁCTEA

Sonhei! Sempre sonhar! No ar ondulavam Os vultos vagos, 
vaporosos, lentos, As formas alvas, os perfis nevoentos 
Dos Anjos que no Espaço desfilavam.
E alas voavam de Anjos brancos, voavam Por entre 
hosanas e chamejamentos...
Claros sussurros de celestes ventos 
Dos Anjos longas vestes agitavam.
E tu, já livre dos terrestres lodos, Vestida do esplendor dos astros todos, 
Nas auréolas dos céus engrinaldada
Dentre as zonas de luz flamo-radiante, 
Na cruz da Via-Láctea palpitante Apareceste então crucificada!

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:



Família desencontrada

PARA LIANA PEREIRA MILANEZ
O Verão é um senhor gordo, sentado na varanda, 
[suando em bicas e reclamando cerveja.
O Outono é um tio solteirão que mora lá em cima no 
[sótão e a toda hora protesta aos gritos: Que [barulho é esse na escada?!
O Inverno é o vovozinho trêmulo, com a boina [enterrada
[até os olhos, a manta enrolada nos queixos 
[e sempre resmungando: Eu não passo deste agosto.
[eu não passo deste agosto...
A Primavera, em contrapartida
[- é ela quem salva a honra da família!
[é uma menininha pulando na corda cabelos ao [vento
pulando e cantando debaixo da chuva
curtindo o frescor da chuva que desce do céu 
o cheiro de terra que sobe do chão o tapa do vento na cara molhada!
Oh! a alegria do vento desgrenhando as árvores revirando 
os pobres guarda-chuvas erguendo saias!
A alegria da chuva a cantar nas vidraças
sob as vaias do vento... Enquanto
- desafiando o vento, a chuva, desafiando tudo 
- no meio da praça a menininha canta
a alegria da vida a alegria da vida!

poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:



Manhã


Esta noite eu sonhei que era Jackie Coogan. Me acordei
- Bom dia, Senhor Sol, quanta luz! 
- Todo iluminado por dentro de alegria. Na janela,
A fresca manhã sorria!
(Os coqueirais crespos cutucavam ela...)
(1926)

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:



Parece um sonho...

"Parece um sonho que ela tenha morrido!" diziam todos... Sua viva imagem
tinha carne!... E ouvia-se, na aragem, passar o frêmito do seu vestido...
E era como se ela houvesse partido e logo fosse regressar da viagem...
- até que em nosso coração dorido
a Dor cravava o seu punhal selvagem! Mas tua imagem, nosso amor, 
é agora menos dos olhos, mais do coração.
Nossa saudade te sorri: não chora...
Mais perto estás de Deus, como um anjo querido. 
E ao relembrar-te a gente diz, então:
"Parece um sonho que ela tenha vivido!" (1953)

A Divina Comédia: Dante Alighieri:



Por entre as tumbas me levou direito
Ao vulto o Mestre com seu braço presto,
39 Dizendo-me: — “Sê claro em teu conceito!” —
Junto ao sepulcro apenas fui, com gesto Severo 
um pouco olhou-me e desdenhoso
42 — “Teus maiores?” — falou — “Faz manifesto”.
Eu, já de obedecer-lhe desejoso, Quanto sabia expus-lhe francamente. 
45 O sobrolho arqueava um tanto iroso,
E tornou: — “Guerra crua fez tua gente A mim, 
aos meus avós, ao partido;
48 Mas duas vezes bani-os justamente”. —
— “Mas todos os que expulsos tinham sido Se hão, 
de uma e de outra vez repatriado:
51 Não têm essa arte os vossos aprendido”. —
Surgindo então de Farinata ao lado Somente o rosto um vulto nos mostrava, 
54 Sobre os joelhos, cheio, levantado.
Com ansiosos olhos me cercava A ver se alguém viera ali comigo.
57 Mas, perdida a esperança, que o animava,
Pranteando inquiriu: — “Se ao reino imigo Por prêmio baixas do teu alto engenho,
60 Onde é meu filho? Pois não vem contigo?