domingo, 31 de julho de 2022

Crônicas de Segunda na Usina: Lima Barreto: Os percalços do budismo:



Há tempos, por uma bela tarde de verão, resolvi dar um passeio pela chamada avenida Beira-mar que, como todas as coisas nossas, é a mais bela do mundo, assim como o Corcovado é o mais alto monte da Terra. 
Queria ver o mar mais livre, sem aquelas peias de cais que lhe causam de quando em quando, revoltas demolidoras de que todos se lembram; mas não tinha dinheiro para ir à Angra dos Reis. Bem. 
Pouco acima do Passeio Público, encontrei-me com o meu antigo colega Epimênides da Rocha, a quem de lá muito não via. 
- Onde tens andado? 
- No hospício. 
- Como? Não tens ar de louco absolutamente -como foi então? 
- A polícia. Não sabes que a nossa polícia é paternal e ortodoxa em matéria de religião. 
- Que tem uma coisa com a outra? 
- Eu te conto. Logo depois de me aposentar, eu me retirei com os meus livros e papéis, para um subúrbio longínquo. Aluguei uma casa, em cujo quintal tinha uma horta e galinheiro tratados por mim e pelo meu fiel Manuel Joaquim, um velho português que não ficou rico. Nos lazeres das minhas leituras, trabalhava nos canteiros e curava a bouba dos meus pintos. Fui ficando afeiçoado na redondeza e conversava com todos que se chegavam a mim. Aos poucos, fui pregando, da forma que lhes fosse mais acessível, aos meus vizinhos as minhas teorias mais ou menos niilistas e budistas. 
"O mundo não existe, é uma grande ilusão. Para matar em nós a dor, é preciso varrer da nossa vontade todo e qualquer desejo e ambição que são fontes de sofrimento. É necessário eliminar em nós, sobretudo, o amor, onde decorre toda a nossa angústia. Citava em português aquelas palavras de Bossuet, e as explicava terra à terra: "Passez l'amour, vous faites naítre toutes les passions; ôtez l'amour, vous les supprimez toutes". 
"Aos poucos, as minhas idéias, pregadas com os exemplos e comparações mais corriqueiras, se espalharam e eu me vi obrigado a fazer conferências. Um padre que andava por lá, a catar níqueis, para construir a milionésima igreja do Rio de Janeiro, acusou-me de feitiçaria, candomblâncias, macumbas e outras coisas feias. Fui convidado a comparecer à delegacia e o delegado, com grandes berros e gestos furiosos, intimou-me a acabar com as minhas prédicas. Disse-lhe que não lhe podia obedecer, pois, segundo as leis, eu tinha a mais ampla liberdade de pensamento literário, político, artístico, religioso, etc. Mais furioso ficou e eu mais indignado fiquei. Mas vim para a casa e continuei. 
"Um belo dia, veio um soldado buscar-me e levou-me para a chefatura de policia, onde me levaram a um doutor. 
"Percebi que me acusavam (?) de maluco. 
"Disse-lhe que não era louco e, mesmo que o fosse, segundo a legislação em vigor, não sendo eu indigente, competia a meus pais, pois os tinha, internar-me em hospital adequado. Não quis saber de leis, e outras malandragens e remeteu-me para a Praia da Saudade, como sofrendo de mania religiosa. O que me aconteceu aí, onde, em geral, me dei bem, contarei num próximo livro. Contudo, não posso deixar de te referir agora o risinho de mofa que um doutor fez, quando lhe disse que tinha alguns livros publicados e cursara uma escola superior. No Brasil, meu caro, doutor ou nada. 
"Ia-me acostumando, tanto mais que o meu médico era o doutor Gotuzzo, excelente pessoa, quando, certo dia, ele me chamou: 
"- Epimênides! "- Que é, doutor. 
"- Você vai ter alta. "- Como? 
"- Não quer? 
"- A bem dizer, não. Gosto dos homens, das suas lutas, das suas disputas, mas não gosto de lhes entender o pensamento. 
"Os gestos, os ademanes, tudo que lhes é exterior aprecio; mas, a alma não. Não entendo a que móveis os meus companheiros de manicômio obedecem, quando fazem gatimonhas e deliram; vivia, portanto, aqui num paraíso, tanto mais que não fazia nada, porque a finalidade da minha doutrina religiosa é realizar na vida o maximum de preguiça. Não direi todos, mas um dos males da nossa época é essa pregação do trabalho intenso, que tira o ócio do espírito e nos afasta a todo o momento da nossa alma imortal e não nos deixa ouvi-la a todo o momento. 
"- A isto, disse-me o doutor: 
"- Não posso, apesar do que você diz, conservar você aqui. Você tem que se ir mesmo; mas, estou bem certo de que a humanidade lá de fora, em grande parte, não deixa de ter algum parentesco com a fração dela que está aqui dentro. 
"- Tem, meu caro doutor; mas, é uma fração da fração a que o senhor alude. 
"- Qual é? 
"- São os idiotas. 
"No dia seguinte, continuou ele, estava na rua e, graças aos cuidados do Manuel Joaquim, encontrei meus livros intactos." 
Então eu perguntei ao camarada Epimênides: 
- Que vais fazer agora? 
- Escrever uma obra vultuosa e volumosa. 
- Como se intitula? 
- Todos devem obedecer à Lei, menos o Governo. 
Desde esse dia, não mais o encontrei; mas soube por alguém, que ele estava tratando de arranjar um mandato de manutenção, para erigir um convento budista da mais pura doutrina, a qual seria ensinada por um bonzo siamês que viera como taifeiro de veleiro de Rangum e ele conhecera morrendo de fome no cais do porto. 

Marginalia, s.d.

Crônicas de Segunda na Usina: Machado de Assis: 1º. DE ABRIL DE 1863:


Um livro de versos nestes tempos, se não é coisa inteiramente disparatada, não deixa de fazer certo contraste com as labutações diárias e as gerais aspirações. E note-se que eu já não me refiro à censura banal feita às vistas burguesamente estreitas da sociedade, por meia dúzia de poetas, que no meio de tantas transações políticas, religiosas e morais, recusam transigir com a realidade da vida, e dar a César o que é de César, tomando para Deus o que é de Deus. 
Eles dizem que essa mutualidade por transação do real e do ideal, em tais condições, abate a porção divina que os anima e os faz indignos da coroa de fogo da imortalidade. 
Têm razão. Mas as aspirações a que me refiro, qualquer que seja o seu caráter prático, não dispensam a intervenção do espírito, e então, não transigir com ela, é abrir um combate absurdo. Há quem diga com desdém que este século é do vapor e da eletricidade, como se essas duas conquistas do espírito não viessem ao mundo como dois grandes agentes da civilização e da grandeza humana, e não merecessem por isso a veneração e a admiração universal. 
O que é certo, porém, é que em nosso país e neste tempo é coisa rara e para admirar um livro de versos, e, sobretudo um livro de bons versos, porque maus, sempre há quem os escreva, e se encarregue, em nome de outras nove musas, que não moram no Parnaso, mas algures, de aborrecer a gente séria e civilizada. Veja, pois, o leitor com que prazer e açodamento venho hoje falar-lhe de uma coleção de versos e bons versos! 
O Sr. Augusto Emilio Zaluar, autor das Revelações, o volume a que me refiro, é já conhecido de todos para que eu me dispense de acrescentar duas palavras à opinião geral. 
As Revelações contêm muitas poesias já publicadas em diversos, jornais, mas conhecidas umas por uns, outras por outros, de modo que, reunidas agora, se oferecem, passe a expressão, ao estudo de uma assentada. 
Não intento, nem me cabe fazer juízo crítico da obra do poeta. Entendo que o exame de uma obra literária exige da parte do crítico mil qualidades e predicados que poucas vezes se reúnem em um mesmo indivíduo, havendo por isso muita gente que escreva críticas, mas poucos que mereçam o nome de críticos. 
Dizer quais as impressões recebidas, como um simples leitor, não tão simples como o bufarinheiro, tenho a vaidade de supô-lo, eis aí a que me proponho e o que devo fazer sempre que por obrigação tenha de falar de algum livro. 
Este que tenho à vista tem direito a uma honrosa menção. Se há nele poesias a que se poderia fazer mais de uma censura, se em algumas delas a inspiração cede à palavra, há outras, a maior parte, tão completas que bastariam para coroar poeta a quem não tivesse já essa classificação entre homens. 
Na Harpa Brasileira encontramos uma parte destas. A Casinha de sapê é um fragmento poético dos mais completos do livro. A inspiração desliza entre a expressão franca e ingênua como o objeto da poesia. O espírito acompanha o poeta por entre os bosques sombrios onde 
Uma casinha se vê Toda feita de sapê. 
O contraste da solidão com o ruído remoto do mar e do vento é descrito em poucos e lindos versos; a lembrança do passado, a descrição da casa abandonada e a melancolia do sítio, cantada em versos igualmente melancólicos, tudo faz dessa composição uma peça acabada. 
O Ouro, que se segue, é composição das mais conceituosas. O Filho das florestas dá em resultado uma conquista de verdadeiro poeta. 
Se o fundo não é inteiramente novo, a forma substitui pela concisão, pela propriedade e até pela novidade, uma dessas moralidades poéticas, próprias dos poetas pensadores que se distinguem dos poetas individuais em nos não cantarem eternamente as mesmas mágoas. 
A família, A minha irmã, Confissão, etc.; são outras poesias que se destacam do livro por um mérito superior. De resto, tenho uma censura a fazer ao poeta, ou antes, são os seus admiradores que lhe fazem; e vem a ser, a de ter dado entrada no livro a muita poesia alheia. Se esse fato nos traz ao conhecimento pedaços de boa poesia, não é menos verdade que toma o lugar que poderia ser ocupado com igual vantagem pelo autor. 
O livro do Sr. Zaluar merece ser lido por todos quantos apreciam poetas. Marca grande progresso sobre o seu primeiro volume Dores e Flores e revela bem que o poeta chegou à maturidade do seu talento. 
Cifra-se nisto toda a bagagem literária da quinzena. Canta-se ou pensa-se a largos intervalos no nosso país. Anúncio tenho eu de boas novas. As folhas do Maranhão dão como a imprimir-se uma tradução da Guerra Gaulesa feita pelo erudito e elegante escritor maranhense Dr. Sotero dos Reis. 
É excesso acrescentar uma palavra a esta notícia; o nome do tradutor é uma garantia da obra, como é uma das honras da terra de Gonçalves Dias, Lisboa e Odorico. 
Para não impedir o leitor de ir assistir aos ofícios da semana santa, devo concluir despedindo-me até depois da Páscoa. 
Avisam-me agora que o não faça sem inserir nestas páginas o seguinte bilhete. É de um amigo meu: 
“Boa nova! O Garnier abriu assinaturas para a publicação de um poema do padre Souza Caldas, obra encontrada nas mãos de um herdeiro de seus numerosos escritos, e inteiramente inéditos.” 
Satisfeito o pedido, convido o leitor a verificar por seus próprios olhos a notícia do meu oficioso correspondente.

Crônicas de Segunda na Usina: AURIDAN DANTAS E MARIA DUMARESQ:

 



PRÉ NATAL – II 
O casal bem jovem, menores de 20 anos, chega para iniciar o pré-natal. Cheios de dúvidas, os dois me crivaram de perguntas, o que é muito natural para mim, pois a maioria de primeiro filho tem muitos questionamentos. 
Pré-natal correndo normalmente, com queixas corri- queiras, exames atualizados e ultrassonografia obstétrica dentro da normalidade, com o feto já com apresentação cefálica (de cabeça para baixo, no ventre). 
Aí, ele me sai com essa pergunta: podemos continuar a ter relações sexuais? Eu respondo: sim, sem problemas. Ao que ele me retruca, inocentemente: e se bater na cabeça da criança e se ele nascer com problemas devido ao sacolejo na cabeça dele? Não se preocupe que não chega nem perto, po- dem ficar tranquilos!!!! 
Se pudessem ler a minha mente: é uma britadeira? Pode??? 

Crônicas de Segunda na Usina: Lima Barreto: Quase doutor:

A nossa instrução pública cada vez que é reformada, reserva para o observador surpresas admiráveis. Não há oito dias, fui apresentado a um moço, aí dos seus vinte e poucos anos, bem posto em roupas, anéis, gravatas, bengalas, etc. O meu amigo Seráfico Falcote, estudante, disse-me o amigo comum que nos pôs em relações mútuas. 

O Senhor Falcote logo nos convidou a tomar qualquer coisa e fomos os três a uma confeitaria. Ao sentar-se, assim falou o anfitrião: 
- Caxero traz aí quarqué cosa de bebê e comê. 
Pensei de mim para mim: esse moço foi criado na roça, por isso adquiriu esse modo feio de falar. Vieram as bebidas e ele disse ao nosso amigo: 
- Não sabe Cunugunde: o véio tá i. O nosso amigo comum respondeu: 
- Deves então andar bem de dinheiros. 
- Quá ele tá i nós não arranja nada. Quando escrevo é aquela certeza. De boca, não se cava... O véio óia, óia e dá o fora. 
Continuamos a beber e a comer alguns camarões e empadas. A conversa veio a cair sobre a guerra européia. O estudante era alemão dos quatro costados. 
- Alamão, disse ele, vai vencer por uma força. Tão aqui, tão em Londres. 
-Qual! 
- Pois óie: eles toma Paris, atravessa o Sena e é um dia inguelês. 
Fiquei surpreendido com tão furioso tipo de estudante. Ele olhou a garrafa de vermouth e observou: 
- Francês tem muita parte..-. Escreve de um jeito e fala de outro. 
- Como? 
- Óie aqui: não está vermouth, como é que se diz "vermute"? Pra que tanta parte? Continuei estuporado e o meu amigo, ou antes, o nosso amigo parecia não ter qualquer surpresa com tão famigerado estudante. 
- Sabe, disse este, quase fui com o dotô Lauro. 
- Por que não foi? perguntei. 
- Não posso andá por terra. 
- Tem medo? 
- Não. Mas óie que ele vai por Mato Grosso e não gosto de andá pelo mato. 
Esse estudante era a coisa mais preciosa que tinha encontrado na minha vida. Como era ilustrado! Como falava bem! Que magnífico deputado não iria dar? Um figurão para o partido da Rapadura. 
O nosso amigo indagou dele em certo momento: 
- Quando te formas? 
- No ano que vem. 
Caí das nuvens. Este homem já tinha passado tantos exames e falava daquela forma e tinha tão firmes conhecimentos! 
O nosso amigo indagou ainda: 
- Tens tido boas notas? 
- Tudo. Espero tirá a medáia. 
Careta, 8-5-1915

Crônicas de Segunda na Usina:1º DE MARÇO DE 1863:



Entre os poucos fatos desta quinzena um houve altamente importante: foi a supressão da procissão de Cinzas. Em 1862, logo ao começar a quinzena, publicou uma das folhas diárias desta Corte um artigo pequeno, mas substancial, no qual uma voz generosa pedia mais uma vez a supressão das procissões, como nocivas ao verdadeiro culto e filhas genuínas dos cultos pagãos. Nem o autor, nem o mais crédulo dos seus leitores, acreditaram que essa usança fosse suprimida; e a mesma grosseria, o mesmo fausto, o mesmo vão e ridículo aparato passou aos olhos do povo sob pretexto de celebrar os sucessos gloriosos da Igreja. 
Em um jornal político, publicado então, e cujo 2.º número acertou de sair na sexta-feira da Paixão, veio incerta uma carta ao nosso prelado, menos eloqüente e erudita, mas tão indignada como o artigo a que me referi. Assinavam essa carta umas três estrelas, ocultando o verdadeiro nome do autor, que era eu. O desgosto que me comunicara o primeiro articulista, aumentando o que eu já tinha, deu nascimento a essas linhas, em que eu fazia notar como prejudiciais ao espírito religioso essas grosserias práticas, mais que próprias para produzir o materialismo e a tibieza da fé. Era simplesmente um protesto, sem pretensão de sucedimento. 
Para acreditar possível uma reforma completa que faça do culto uma coisa séria, tirando-lhe o aparato e as empoeiradas usanças, era preciso admitir no clero certa elevação de vistas que infelizmente não lhe coube na partilha da humanidade. Sem exageração, o nosso clero é tacanho e mesquinho; nada enxerga para fora das paredes da sacristia, metade por ignorância, metade por sistema. Notem bem que eu não digo fanatismo ou excesso de fé. Neste desânimo, foi uma verdadeira e agradável surpresa a resolução tomada pela respectiva ordem, de suprimir a procissão de Cinzas, principalmente pelas razões em que se fundou a resolução e que concluem do mesmo modo que as censuras dos verdadeiros católicos. 
Esta novidade, tanto mais admirou quanto a Cruz, jornal religioso desta Corte, órgão do clero, dando a notícia, se aliou um tanto às idéias que tinham determinado a resolução. 
Não há louvor bastante para essa resolução; as procissões, não as aturam um ânimo religioso e civilizado; não fazem vir, desgostam a verdadeira fé, e, em troca disso, é positivo que não dão proveito algum. 
Vinha a propósito refletir sobre a educação religiosa do nosso povo; apreciar a maneira por que se lhe incute a fé, fazendo o espetáculo e o fausto profano àquilo que é serviço do ensino e da palavra cristã. Não há melhor caminho para o materialismo, para a indiferença e para a morte da fé. 
Deve instalar-se brevemente uma utilíssima associação de homens de letras. É coisa nova no país, mas de tal importância que me parece não encontrar o menor obstáculo. Trata-se de instituir leituras públicas de obras originais; para isso convidam-se os homens de letras residentes nesta Corte; talvez a esta hora a instalação seja coisa feita. 
A iniciativa pertence a um distinto e erudito escritor que afaga a idéia de há muito e que uma vez por todas se lembrou de praticá-la ou abandoná-la, se não tivesse aceitação. 
Não creio que tão nobre esforço seja sem efeito. 
Naturalmente na próxima crônica estarei habilitado a falar dessa associação e das bases que houver adotado até lá, fico pedindo ao Deus dos escritores, se há um especial para eles, que ampare e dê vida a tão proveitosa idéia. Afazer o povo leituras sãs, educá-lo no culto do belo, ir-lhe encaminhando o espírito para a reflexão e concentração, trocando as diversões fáceis pela aplicação proveitosa, eis aí em resumo os grandes resultados desta idéia. 
A direção do Ateneu Dramático fez há tempos uma excelente aquisição. Para dar começo ao ensino prático, que faz base do seu programa, convidou o Sr. Emilio Doux, que vai ensinar aos artistas ali contratados os preceitos da arte, acompanhando esse ensino as diferentes peças que se forem representando. 
É claro que nas circunstâncias em que nos achamos relativamente a teatro, este ato pode ser fecundo de resultados, e é digno de menção. Ele prova que a direção do Ateneu Dramático aceita o cargo que se impôs, com uma missão de progresso, e que procura por todos os meios a seu alcance chegar a resultados definitivos. 
Não são, portanto, auxiliares que faltam ao governo, se ele quiser tomar a peito a criação de um teatro normal; a insistência da iniciativa individual, que dá tão acertadas providências, esta indicando que o pensamento do governo pode encontrar hábeis mãos executoras. 
O Ateneu Dramático, se perecer no meio dos esforços, ficará como um grande exemplo de coragem, de trabalho, de amor ao progresso, e o que é mais, um exemplo de verdadeiro progresso. 
É força terminar; termino, não sem convidar o leitor a ir ouvir a Risette do Alcazar. Houve gente de mau gosto que procurou fazer crer que esta não é a verdadeira Risette. 
Eh ! non, non, non, 
Vous n’êtes pas Risette... 
Não sei; não lhe vi a certidão de nascimento; mas se não é a tal Risette, é uma grande Risette, com certeza. 
Tenho a honra...

Crônicas de Segunda Na Usina: D'Araújo: Das Coisas que nunca fomos:


Coisas que quanto mais eu tento, mais difícil fica de entender:

 Na Política:

Aqui no Face mundo, só temos pessoas politizadas que conhece os seus direitos, que não votam em corruptos, que exige daqueles em quem votaram, coerência e responsabilidade social; Mais onde é que estes políticos trabalham, seria em Marte? Pois eles não povoam nossas assembleias e gabinetes dos executivos por aqui.

 No aumento dos preços: Temos uma lamuria só contra o preço dos combustíveis, mas nas ruas, se você sair de carro, na área urbana a média de velocidade é de 30 km por hora, por causa do excesso de veículos. Claro que na maioria dos transportes alternativos você vai ter que fazer algum esforço físico para se locomover; Então está fora de cogitação. Pois já vi muitas pessoas entrar em desespero porque o controle remoto quebrou, e ela vai ter que se levantar do conforto do sofá para apertar o botão da televisão, imagine se por acaso tiver que pegar transporte publico.

 Na Sustentabilidade: Somos sufocados o ano todo com postagem de pessoas pregando a economia de energia; Ai você vai visitar os amigos e 90% do que ele usa é elétrico, mais esperai não é para economizar energia, a entendi desde que não seja pra tirar o meu conforto. Ai chega o Natal e a cidade fica coberta de luzes coloridas ai se formam verdadeiras procissões para apreciação. Mas aquelas luzes não são alimentadas com a mesma eletricidade? Mais já pensou Jesus ia ficar muito triste se não gastassem tudo que economizou durante o ano festejando o seu aniversário. Mas até onde minha doce ignorância pode alcançar, onde e quando ele nasceu nem tinha lâmpadas elétricas.

 Na falta de água: Todos os meios de comunicação estão engajados na batalha da economia;             lhe informando milhares de formas de armazenar água; agora espera os reservatórios começarem a encher, ai vocês vão ver uma enxurrada de reportagem que você nem sabe de onde vem. Alertando para o perigo de se armazenar água. Bem não podemos esquecer que a SABESP; sobrevive de vender água. E digas de passagem bem vendida. Bem comigo é diferente, pois nasci no nordeste e na época que eu nasci por la economizar água era questão de sobrevivência, talvez por isso sempre teve consciência da necessidade de não desperdiçar absolutamente nada. Nem mesmo saliva com aqueles que fingem ser surdos para não fazerem o que é necessário.

 No humanismo: Por aqui você não passa um segundo sem receber uma postagem sobre esses desumanos que maltratam animais, e se formam imensas corretes de solidariedade, para salvar o pobre bichinho das garras deste perverso. “A titulo de esclarecimento; Eu moro do Outro lado da Balsa em São Bernardo do Campo, SP.” Mais conhecido como comunidades, pois Balsa, No Riacho Grande, para aqueles que não sabem, aqui é local de desova daqueles que já foram seus melhores amigos, mas, com o tempo se tornou um estorvo; Ou por causa da velhice, ou doença incurável, ou mesmo porque encontrou um brinquedo mais interessante. E por mais que eu procure não encontro estes humanistas doando um seus valiosos finais de semanas para trazer comida, e atenção para estes pobres coitados rejeitados pela sua condição atual. Desculpe é que quem tem que fazer isso é o próximo não você, pois é ai que denegrimos todos os nossos valores sociais, delegando nossas próprias obrigações sempre ao próximo, assim dormimos com nossa consciência tranquila se é que temos alguma consciência do que nos tornamos todos com o passar do tempos e as nossas valiosas prioridades...

Até quando vamos nos vestir com o manto da santa hipocrisia, e achar que está tudo normal?

FIM