[Sines,
1859 - Lisboa, 1916]
Pertencendo
a uma rica família alentejana, frequentou o Colégio de Mrs. Kutle, na Rua do
Alecrim, em Lisboa, e privou com a mais alta sociedade lisboeta da altura,
frequentando a Academia de Ciências de Lisboa e os Salões Literários do Casino.
Interessou-se pelo estudo da personalidade de várias figuras femininas notáveis
nas letras, nas artes e na política, tais como Charlotte Brontë ou Mme. de
Staël, e deixou em manuscrito um trabalho sobre o poeta Shelley. Fez parte da
Secção Feminista da Liga Portuguesa da Paz (1906) e de La Paix et le
Désarmement par les Femmes (1906-?).
Tendo-se
estreado literariamente, em 1892, com o livro de contos Rindo... (prefaciado
por Bulhão Pato), a liberdade com que tratou determinados temas e a sua
hipersensibilidade ultra-romântica foram mal acolhidas pela crítica da época,
que considerou os seus personagens inverosímeis e incoerentes.
Sobre
o seu livro Elle escreveu Trindade Coelho: «[...] esse livro para nós
indefinível e cuja leitura fragmentada, por nos ser impossível aguentá-la a
seguir, nos custou além de uma longa noite de insónia, uma crise agudíssima de
nervos que levou dias a acalmar».
Diferente
é, porém, a opinião de Cândido de Figueiredo que, na obra Figuras Literárias
(1906), regista com agrado a escrita «feminina» da autora e lhe augura um
futuro digno de Violante do Céu ou de Bernarda de Lacerda. Também Abel Botelho
escreve: «É, infelizmente, bem diminuto hoje o número de escritoras portuguesas
dignas deste nome, de sorte que a triunfante confirmação, dia a dia mais
seguramente acentuada de talentos como o de D. Cláudia de Campos, bem merece da
crítica toda a atenção e todo o estímulo. Nós reputamos este romance
"Elle", a melhor obra de quantas a ilustre autora tem até hoje
publicado, o que evidentemente para nós denota do seu fino e real talento o
caminho progressivo.»
Usou
o pseudónimo de Colette.
Centro
de Documentação de Autores Portugueses
11/2010.
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