domingo, 22 de setembro de 2019

Domingo Na Usina: Biografias: Cláudia de Campos:



[Sines, 1859 - Lisboa, 1916] 
Pertencendo a uma rica família alentejana, frequentou o Colégio de Mrs. Kutle, na Rua do Alecrim, em Lisboa, e privou com a mais alta sociedade lisboeta da altura, frequentando a Academia de Ciências de Lisboa e os Salões Literários do Casino. Interessou-se pelo estudo da personalidade de várias figuras femininas notáveis nas letras, nas artes e na política, tais como Charlotte Brontë ou Mme. de Staël, e deixou em manuscrito um trabalho sobre o poeta Shelley. Fez parte da Secção Feminista da Liga Portuguesa da Paz (1906) e de La Paix et le Désarmement par les Femmes (1906-?).

Tendo-se estreado literariamente, em 1892, com o livro de contos Rindo... (prefaciado por Bulhão Pato), a liberdade com que tratou determinados temas e a sua hipersensibilidade ultra-romântica foram mal acolhidas pela crítica da época, que considerou os seus personagens inverosímeis e incoerentes.

Sobre o seu livro Elle escreveu Trindade Coelho: «[...] esse livro para nós indefinível e cuja leitura fragmentada, por nos ser impossível aguentá-la a seguir, nos custou além de uma longa noite de insónia, uma crise agudíssima de nervos que levou dias a acalmar».

Diferente é, porém, a opinião de Cândido de Figueiredo que, na obra Figuras Literárias (1906), regista com agrado a escrita «feminina» da autora e lhe augura um futuro digno de Violante do Céu ou de Bernarda de Lacerda. Também Abel Botelho escreve: «É, infelizmente, bem diminuto hoje o número de escritoras portuguesas dignas deste nome, de sorte que a triunfante confirmação, dia a dia mais seguramente acentuada de talentos como o de D. Cláudia de Campos, bem merece da crítica toda a atenção e todo o estímulo. Nós reputamos este romance "Elle", a melhor obra de quantas a ilustre autora tem até hoje publicado, o que evidentemente para nós denota do seu fino e real talento o caminho progressivo.»

Usou o pseudónimo de Colette.
Centro de Documentação de Autores Portugueses

11/2010.

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Domingo Na Usina:Biografias: Alberto de Lacerda:


Poeta e jornalista moçambicano nascido 20 de setembro de 1928, em Lorenço Marques (atual Maputo), e falecido a 26 de agosto de 2007, em Londres. Viveu em África até 1946 e veio para Portugal com 18 anos. Depois de viver em Lisboa durante cinco anos, partiu para Londres em 1951, dividindo a sua residência entre Inglaterra e os Estados Unidos. Foi em Londres que escreveu grande parte da sua obra e foi editor literário. A sua primeira obra, Itinerário, data de 1941 e foi publicada em Lourenço Marques, atualmente Maputo.
Colaborou em várias publicações periódicas, como Cadernos de Poesia, Cadernos do Meio-Dia, Unicórnio ou Colóquio Letras. Secretário de redação da revista Távola Redonda (1950-54), nascida do convívio de Alberto Lacerda com um grupo de jovens poetas, entre os quais António Manuel Couto Viana, David Mourão-Ferreira, Luís de Macedo, e que, desde o final do ano de 1949, unidos pela comunhão de ideais estéticos, apostaram numa poesia orientada para a "revalorização do lirismo", exigindo ao poeta "autenticidade e um mínimo de consciência técnica, a criação em liberdade e, também, a diligência e capacidade de admirar, criticamente, os grandes poetas portugueses de gerações anteriores a 1950. Sem reservas ideológicas ou preconceitos de ordem estética" (VIANA, António Manuel Couto - "Breve Historial" in As Folhas Poesia Távola Redonda, Boletim Cultural da F. C. G., VI série, n.o 11, outubro de 1988), abandonou a publicação a partir do oitavo fascículo, manifestando a sua dissensão com a direção da revista. Em 1951, faz a sua estreia em volume, publicando Poemas, na segunda série dos Cadernos de Poesia, uma série de composições que viriam a integrar o conjunto mais amplo de 77 Poemas, editados já em Londres e em edição bilingue.
Na sua poesia o valor simbólico dos quatro elementos - ar, água, fogo e terra - adquirem uma outra dimensão; no dizer do próprio autor "A água/ Meu primeiro elemento/ O Fogo/ Mais tarde/ A luz/ A luz é agora/ Meu elemento lento/ Para sempre". Para além disso, a sua poesia evoca regularmente os locais que Lacerda visitou e amou, como Veneza, Austin, Chelsea ou Rio de Janeiro.

A poesia de Alberto de Lacerda inscrita nos anos 50 releva, segundo Fernando J. B. Martinho, "uma poética da intensidade e da densidade colocada ao serviço de uma "experiência do sublime" que frequentemente tematiza a trágica ambivalência, humana e divina, da condição humana. Vindo a fundar em Londres, em 1973, uma revista internacional de poesia, Alberto de Lacerda foi, além de poeta, autor de notas preliminares à obra de outros poetas, tendo, por exemplo, prefaciado os Poemas Escolhidos de Rui Cinatti, em 1951. Com a publicação de Oferenda 1 e 2, encetou a edição da sua obra poética completa.

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Domingo Na Usina: Biografias: Al Berto:



Poeta português, natural de Sines. Al Berto frequentou diversos cursos de artes plásticas, em Portugal e em Bruxelas, onde se exilou em 1967. A partir de 1971 dedicou-se exclusivamente à literatura. Estreou-se com o título À Procura do Vento no Jardim de Agosto (1977). A sua poesia retomou, de algum modo, a herança surrealista, fundindo o real e o imaginário. Está presente, frequentemente, uma particular atenção ao quotidiano como lugar de objectos e de pessoas, de passagem e de permanência, de ligação entre um tempo histórico e um tempo individual. Por vezes, os seus textos apresentam um carácter fragmentário, numa ambiguidade entre a poesia e a prosa (Lunário, 1988; e O Anjo Mudo, 1993). A sua obra poética engloba Trabalhos do Olhar (1982), Salsugem (1984), O Medo/Trabalho Poético, 1976-1986 (prémio de poesia de 1987 do Pen Club), O Livro dos Regressos (1989), A Secreta Vida das Imagens (1991), Luminoso Afogado (1995) e Horto de Incêndio (1997). Deixou incompletos textos para uma ópera, para um livro de fotografia sobre Portugal e uma «falsa autobiografia», como o próprio autor a intitulava


Al Berto nasceu a 11 de janeiro de 1948 em Coimbra, Portugal. Seu nome de batismo era Alberto Raposo Pidwell Tavares. Estudou em Lisboa, primeiramente, e mais tarde viajou a Bruxelas para estudar pintura. Voltou a Portugal na década de 70, onde passou a dedicar-se exclusivamente à escrita. Publicou vários livros de poesia, como Meu Fruto de Morder, Todas as Horas (1980), Salsugem (1984) e Horto de Incêndio (1997), mas foi a coletânea O Medo, com poemas escritos entre 1974 e 1986, editada pela primeira vez em 1987, que trouxe o reconhecimento da importância de Al Berto no panorama da poesia portuguesa contemporânea, tornando-se o livro mais conhecido do poeta português, ao qual seriam adicionados em posteriores edições novos escritos do autor, mesmo após a sua morte. Al Berto tornou-se um dos poetas mais conhecidos do Portugal pós-Salazar, por fazer de “Al Berto” uma criação poética em que a vida e a obra se entrelaçavam. Atualmente, sua obra é editada pela prestigiosa Assírio & Alvim. Al Berto morreu em 1997.



--- Ricardo Domeneck
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Domingo Na Usina: Biografias: Afonso Sanches:



Trovador medieval Nacionalidade: Portuguesa
Infante português, filho bastardo de D. Dinis e de D. Aldonça Rodrigues da Telha, D. Afonso Sanches terá nascido por volta de 1288, tendo falecido em Castela, no decorrer do cerco de Escalona, em finais de 1328. Ao longo do primeiro quartel do século XIV, foi uma das figuras centrais da corte de seu pai, com quem parece ter tido uma relação muito próxima. Pouco antes de 1307, casa com D. Teresa Martins, filha do primeiro conde de Barcelos, D. João Afonso de Albuquerque. Ostentando já o título de senhor de Albuquerque, aparece-nos, em Outubro desse ano, a ajudar o pai na governação. O casamento com a rica herdeira que era D. Teresa aumentou consideravelmente o seu património (já vasto, pelas doações do pai), tornando-o um dos senhores mais poderosos do reino. Culminando um percurso de ascensão, a partir de 1213 passa a desempenhar o cargo de mordomo-mor do reino.
Juntamente com a sua política de centralização régia, este favoritismo de D. Dinis em relação ao seu filho Afonso Sanches é um dos motivos centrais do conflito que, a partir de 1318, opõe violentamente o monarca ao seu legítimo herdeiro, o infante Afonso, conflito que dividiu a nobreza portuguesa e conheceu numerosos episódios de guerra aberta, ensombrando os últimos anos do seu longo reinado. Pouco antes da morte de D. Dinis, em 1224, as duas partes chegam a um acordo provisório, mediante o afastamento de Afonso Sanches, que se retira para os seus domínios em Castela. Mas logo após a morte de D. Dinis, uma das primeiras medidas de Afonso IV é o confisco de todos os bens, rendas e benefícios conferidos por seu pai ao seu meio-irmão, que retalia com algumas incursões armadas em território português. O conflito só termina por volta de 1328, através da mediação da rainha D. Isabel, que obtém a devolução dos bens confiscados, morrendo Afonso Sanches pouco depois, como se disse.
Está sepultado, juntamente com sua mulher, no mosteiro de Santa Clara de Vila do Conde, mosteiro por eles fundado em 1318, e ao qual doaram numerosos bens.

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Domingo Na Usina: Biografias: Maria Fernanda Teles de Castro de Quadros Ferro:




(Lisboa, 8 de dezembro de 1900 – Lisboa, 19 de dezembro de 1994).
Fernanda de Castro, filha de João Filipe das Dores de Quadros (Lisboa, São Julião, 4 de janeiro de 1874 - Portimão, Portimão, 7 de julho de 1943), Goês, Oficial Capitão-Tenente da Marinha, Comendador da Ordem Militar de Avis a 11 de março de 1919,[1] e de sua mulher Ana Isaura Codina Teles de Castro da Silva (Lisboa, São José, 23 de setembro de 1879 - Bolama, 9 de abril de 1914), fez os seus estudos em Portimão, Figueira da Foz e Lisboa, tendo casado em 1922 com António Ferro.

Deste casamento nasceram António Quadros, que se distinguiu como filósofo e ensaísta, e Fernando Manuel de Quadros Ferro. A sua neta, Rita Ferro também se distinguiu como escritora. O seu sobrinho-neto Jorge Quadros distinguiu-se como músico.

Foi juntamente com o marido e outros, fundadora da Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais Portugueses, actualmente designada por Sociedade Portuguesa de Autores.

O escritor David Mourão-Ferreira, durante as comemorações dos cinquenta anos de actividade literária de Fernanda de Castro disse: "Ela foi a primeira, neste país de musas sorumbáticas e de poetas tristes, a demonstrar que o riso e a alegria também são formas de inspiração, que uma gargalhada pode estalar no tecido de um poema, que o Sol ao meio-dia, olhado de frente, não é um motivo menos nobre do que a Lua à meia-noite".

Parte da vida de Fernanda de Castro, foi dedicada à infância, tendo sido a fundadora da Associação Nacional de Parques Infantis, associação na qual teve o cargo de presidente[2] .

Como escritora, dedicou-se à tradução de peças de teatro, a escrever poesia, romances, ficção e teatro.

Foi autora do argumento do bailado Lenda das Amendoeiras (Companhia Portuguesa de Bailado Verde Gaio, 1940)[3] e do argumento do filme Rapsódia Portuguesa (1959), realizado por João Mendes, documentário que esteve em competição oficial no Festival de Cannes.

Também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas: lllustração portugueza[4] (iniciada em 1903), Contemporânea[5] [1915]-1926), Ilustração [6] (iniciada em 1926) e ainda na Mocidade Portuguesa Feminina: boletim mensal[7] (1939-1947).

A 5 de janeiro de 1940 foi feita Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[8]

Prémios[editar | editar código-fonte]
Prémio do Teatro Nacional D.Maria II – (1920) com a peça “Náufragos”.
Prémio Ricardo Malheiros – (1945) com o romance “Maria da Lua”, foi a primeira mulher a obter este prémio da Academia das Ciências.
Prémio Nacional de Poesia – (1969).
Obras[editar | editar código-fonte]
Náufragos (1920) (teatro)
Maria da Lua (1945) (romance)
Antemanhã (1919) (poesia)
Náufragos e Fim da Memória (poesia)
O Veneno do Sol e Sorte (1928) (ficção)
As aventuras de Mariazinha (literatura infantil)
Mariazinha em África (1926) (literatura infantil) (fruto da passagem da escritora pela Guiné Portuguesa)
A Princesa dos Sete Castelos (1935) (literatura infantil)
As Novas Aventuras de Mariazinha (1935) (literatura infantil)
Asa no Espaço (1955) (poesia)
Poesia I e II (1969) (poesia)
Urgente (1989) (poesia)
Fontebela(1973)
Ao Fim da Memória(Memórias 1906 – 1939) (1986)
Pedra no Lago (teatro)
Exílio (1952)
África Raiz (1966).
Tudo É Princípio
Os Cães não Mordem
Jardim (1928)
A Pedra no Lago (1943)
Asa no Espaço (poesia)
Cartas a um Poeta (tradução de Rainer Maria Rilke)
O Diário (tradução de Katherine Mansfield)
Verdade Para Cada Um (tradução de Pirandello)

O Novo Inquilino (tradução de Ionesco).

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Domingo Na Usina: Biografias:Fernanda Botelho



Estreou-se na literatura como poetisa, mas distinguiu-se sobretudo como romancista, tendo deixado uma obra extensa que lhe valeu vários prémios ao longo de mais de meio século de carreira.

Retirada desde 1998, ano em que publicou "As Contadoras de Histórias", vencedor do Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores, e desconhecida das novas gerações, devido à não-reedição de parte das suas obras, a autora lançou em 2003 o que seria o seu último livro, uma recolha de textos inéditos intitulada "Gritos da Minha Dança".

Na sua obra, Fernanda Botelho fez o retrato de uma época, usando o distanciamento da ironia e do sarcasmo para fazer uma síntese das perplexidades da geração de 1950-60.

"Nem na morte vou perder o meu sentido de humor nem a minha ironia", declarou em 2003, numa entrevista concedida ao jornal Público.

Maria Fernanda Botelho nasceu no Porto, em 1926, e frequentou em Coimbra o curso de Filologia Clássica, que terminaria já em Lisboa.

Na capital, iniciou uma longa amizade com a escritora Maria Judite de Carvalho e relacionou-se com o poeta e dramaturgo António Manuel Couto Viana, o poeta e romancista David Mourão-Ferreira e o poeta Luís de Macedo, com quem fundou e dirigiu os cadernos de poesia "Távola Redonda", no primeiro dos quais se estreou, em Janeiro de 1950, com seis poemas, tendo publicado um total de 23 até Julho de 1954.

Manteve colaborações em várias outras revistas e jornais - Graal, Europa, Panorama, Tempo Presente e Diário de Notícias - bem como na televisão, num programa chamado "Convergência".

Da sua obra ficcional, cuja publicação iniciou em 1956, com "O Enigma das Sete Alíneas", fazem parte títulos como "O Ângulo Raso" (1957), "Calendário Privado" (1958), "A Gata e a Fábula" (1960), "Xerazade e os Outros" (1964), "Terra sem Música" (1969), "Lourenço É Nome de Jogral" (1971), "Esta Noite Sonhei com Brueghel" (1987), "Festa em Casa de Flores" (1990) e "Dramaticamente Vestida de Negro" (1994).

Os seus romances valeram-lhe diversos prémios, entre os quais o Prémio Camilo Castelo Branco, atribuído em 1960 pela Sociedade Portuguesa de Escritores a "A Gata e a Fábula", o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários em 1987, por "Esta Noite Sonhei com Brueghel", o Prémio Municipal Eça de Queirós, atribuído em 1990 pela Câmara de Lisboa a "Festa em Casa de Flores" e o Prémio PEN Clube Português de Ficção, para "Dramaticamente Vestida de Negro".

Além da obra ficcional, destacou-se também no campo da tradução, nomeadamente de "O Inferno", de Dante, pela qual recebeu uma medalha da Direcção-Geral das Relações Culturais de Itália, tendo igualmente seleccionado, traduzido e prefaciado uma "Antologia da Literatura Flamenga".

Em 1951, tornou-se secretária da delegação em Lisboa do Turismo Oficial da Bélgica, tendo mais tarde assumido a direcção da mesma.


Em Portugal, foi distinguida com o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito e na Bélgica com a Ordem de Leopoldo I.

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