Estreou-se na
literatura como poetisa, mas distinguiu-se sobretudo como romancista, tendo
deixado uma obra extensa que lhe valeu vários prémios ao longo de mais de meio
século de carreira.
Retirada
desde 1998, ano em que publicou "As Contadoras de Histórias",
vencedor do Grande Prémio de Romance da Associação Portuguesa de Escritores, e
desconhecida das novas gerações, devido à não-reedição de parte das suas obras,
a autora lançou em 2003 o que seria o seu último livro, uma recolha de textos
inéditos intitulada "Gritos da Minha Dança".
Na
sua obra, Fernanda Botelho fez o retrato de uma época, usando o distanciamento
da ironia e do sarcasmo para fazer uma síntese das perplexidades da geração de
1950-60.
"Nem
na morte vou perder o meu sentido de humor nem a minha ironia", declarou
em 2003, numa entrevista concedida ao jornal Público.
Maria
Fernanda Botelho nasceu no Porto, em 1926, e frequentou em Coimbra o curso de
Filologia Clássica, que terminaria já em Lisboa.
Na
capital, iniciou uma longa amizade com a escritora Maria Judite de Carvalho e
relacionou-se com o poeta e dramaturgo António Manuel Couto Viana, o poeta e
romancista David Mourão-Ferreira e o poeta Luís de Macedo, com quem fundou e
dirigiu os cadernos de poesia "Távola Redonda", no primeiro dos quais
se estreou, em Janeiro de 1950, com seis poemas, tendo publicado um total de 23
até Julho de 1954.
Manteve
colaborações em várias outras revistas e jornais - Graal, Europa, Panorama,
Tempo Presente e Diário de Notícias - bem como na televisão, num programa
chamado "Convergência".
Da
sua obra ficcional, cuja publicação iniciou em 1956, com "O Enigma das
Sete Alíneas", fazem parte títulos como "O Ângulo Raso" (1957),
"Calendário Privado" (1958), "A Gata e a Fábula" (1960),
"Xerazade e os Outros" (1964), "Terra sem Música" (1969),
"Lourenço É Nome de Jogral" (1971), "Esta Noite Sonhei com
Brueghel" (1987), "Festa em Casa de Flores" (1990) e
"Dramaticamente Vestida de Negro" (1994).
Os
seus romances valeram-lhe diversos prémios, entre os quais o Prémio Camilo
Castelo Branco, atribuído em 1960 pela Sociedade Portuguesa de Escritores a
"A Gata e a Fábula", o Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de
Críticos Literários em 1987, por "Esta Noite Sonhei com Brueghel", o
Prémio Municipal Eça de Queirós, atribuído em 1990 pela Câmara de Lisboa a
"Festa em Casa de Flores" e o Prémio PEN Clube Português de Ficção,
para "Dramaticamente Vestida de Negro".
Além
da obra ficcional, destacou-se também no campo da tradução, nomeadamente de
"O Inferno", de Dante, pela qual recebeu uma medalha da
Direcção-Geral das Relações Culturais de Itália, tendo igualmente seleccionado,
traduzido e prefaciado uma "Antologia da Literatura Flamenga".
Em
1951, tornou-se secretária da delegação em Lisboa do Turismo Oficial da
Bélgica, tendo mais tarde assumido a direcção da mesma.
Em
Portugal, foi distinguida com o grau de Grande Oficial da Ordem do Mérito e na
Bélgica com a Ordem de Leopoldo I.
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