Poeta
e jornalista moçambicano nascido 20 de setembro de 1928, em Lorenço Marques
(atual Maputo), e falecido a 26 de agosto de 2007, em Londres. Viveu em África
até 1946 e veio para Portugal com 18 anos. Depois de viver em Lisboa durante cinco
anos, partiu para Londres em 1951, dividindo a sua residência entre Inglaterra
e os Estados Unidos. Foi em Londres que escreveu grande parte da sua obra e foi
editor literário. A sua primeira obra, Itinerário, data de 1941 e foi publicada
em Lourenço Marques, atualmente Maputo.
Colaborou
em várias publicações periódicas, como Cadernos de Poesia, Cadernos do
Meio-Dia, Unicórnio ou Colóquio Letras. Secretário de redação da revista Távola
Redonda (1950-54), nascida do convívio de Alberto Lacerda com um grupo de
jovens poetas, entre os quais António Manuel Couto Viana, David
Mourão-Ferreira, Luís de Macedo, e que, desde o final do ano de 1949, unidos
pela comunhão de ideais estéticos, apostaram numa poesia orientada para a
"revalorização do lirismo", exigindo ao poeta "autenticidade e
um mínimo de consciência técnica, a criação em liberdade e, também, a
diligência e capacidade de admirar, criticamente, os grandes poetas portugueses
de gerações anteriores a 1950. Sem reservas ideológicas ou preconceitos de ordem
estética" (VIANA, António Manuel Couto - "Breve Historial" in As
Folhas Poesia Távola Redonda, Boletim Cultural da F. C. G., VI série, n.o 11,
outubro de 1988), abandonou a publicação a partir do oitavo fascículo,
manifestando a sua dissensão com a direção da revista. Em 1951, faz a sua
estreia em volume, publicando Poemas, na segunda série dos Cadernos de Poesia,
uma série de composições que viriam a integrar o conjunto mais amplo de 77
Poemas, editados já em Londres e em edição bilingue.
Na
sua poesia o valor simbólico dos quatro elementos - ar, água, fogo e terra -
adquirem uma outra dimensão; no dizer do próprio autor "A água/ Meu
primeiro elemento/ O Fogo/ Mais tarde/ A luz/ A luz é agora/ Meu elemento
lento/ Para sempre". Para além disso, a sua poesia evoca regularmente os
locais que Lacerda visitou e amou, como Veneza, Austin, Chelsea ou Rio de
Janeiro.
A
poesia de Alberto de Lacerda inscrita nos anos 50 releva, segundo Fernando J.
B. Martinho, "uma poética da intensidade e da densidade colocada ao
serviço de uma "experiência do sublime" que frequentemente tematiza a
trágica ambivalência, humana e divina, da condição humana. Vindo a fundar em
Londres, em 1973, uma revista internacional de poesia, Alberto de Lacerda foi,
além de poeta, autor de notas preliminares à obra de outros poetas, tendo, por
exemplo, prefaciado os Poemas Escolhidos de Rui Cinatti, em 1951. Com a
publicação de Oferenda 1 e 2, encetou a edição da sua obra poética completa.
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