quinta-feira, 5 de março de 2020

Poesia De Quinta Na Usina: Machado de Assis: LINDÓIA:


Vem, vem das águas, mísera Moema,
Senta-te aqui. As vozes lastimosas
Troca pelas cantigas deleitosas,
Ao pé da doce e pálida Coema.
Vós, sombras de Iguaçu e de Iracema,
Trazei nas mãos, trazei no colo as rosas
Que o amor desabrochou e fez viçosas
Nas laudas de um poema e outro poema.
Chegai, folgai, cantai. É esta, é esta
De Lindóia, que a voz suave e forte
Do vate celebrou, a alegre festa.
Além do amável, gracioso porte,
Vede o mimo, a ternura que lhe resta.

Tanto inda é bela no seu rosto a morte!

Poesia De Quinta Na Usina:Machado de Assis: Condão.





C'est que j'ai recontré des regards dont la
flamme
Semble avec mes regards ou briller ou
mourir.
E. DESCHAMPS

Uns olhos me enfeitiçaram,
Uns olhos... foram os teus.
Falaram tanto de amores
Embebidos sobre os meus!
Eram anjos que dormiam
Dessas pálpebras à flor
Nas convulsões palpitantes
Dos alvos sonhos de amor.
Foi à noite... hora das fadas;
Bem lhes sentira o condão;
Mas refletiam tão puras
Os sonhos do coração!
Como ao sol do meio-dia
Dorme a onda à flor do mar,
Eu dormi, — pobre insensato,
Ao fogo do teu olhar...
Pobre, doida mariposa,
Perdi-me... — pecados meus!
Na chama que me atraía,
No fogo dos olhos teus.
Venci protestos de outrora,
Moirei no teu alcorão,
E vim purgar nesses olhos
Pecados do coração.
Pois bem hajam os teus olhos,
Onde um tal condão achei:
Doido inseto em torno à chama,
Todo aí me queimarei.

Poesia De Quinta Na Usina:Fernando Pessoa: As Rosas.


As Rosas amo dos jardins de Adônis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
Que em o dia em que nascem,
Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o sol, e acabam
Antes que Apolo deixe
O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
Que há noite antes e após

O pouco que duramos.

Poesia De quinta Na usina:Fernando Pessoa: 84:


"Meditei hoje, num intervalo de sentir, na forma de prosa de que uso. Em verdade, como
escrevo? Tive, como muitos têm tido, a vontade pervertida de querer ter um sistema e uma
norma. É certo que escrevi antes da norma e do sistema; nisso, porém, não sou diferente dos
outros.
Analisando-me à tarde, descubro que o meu sistema de estilo assenta em dois princípios, e
imediatamente, e à boa maneira dos bons clássicos, erijo esses dois princípios em fundamentos
gerais de todo estilo: dizer o que se sente exactamente como se sente - claramente, se é claro;
obscuramente, se é obscuro; confusamente, se é confuso - ; compreender que a gramática é

um instrumento, e não uma lei."



Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares
Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)
Fonte: http://www.cfh.ufsc.br/~magno/

Poesias De Quinta Na Usina: D'Araújo:A ilusão do amanhã:




Todos correndo inutilmente atrás do metal da felicidade
Na doce ilusão de preencher o imenso vazio que se forma
Por não dar importância as coisas que realmente importam.
Como, o sorriso espontâneo, o até logo sem compromisso,
O afago verdadeiro, e os beijos despretensiosos de pura cortesia.
Como a alma humana se aliena com tanta facilidade
Para o caminho que não leva a nada.
Por isso, viva seus dias, com a leveza do eterno
Com a ingenuidade dos tolos, e com a sabedoria das crianças,
Onde o único impossível é não ser.

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Poesia De Quinta Na Usina: Ser e querer:




A quietude do meu ser, 
está bem alem do meu querer estar com você.

E a quietude do que vem nunca convém, 
pois te amo muito além da quietude ou inquietude,
do ser ou querer.