quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Poesia De Quinta Na Usina: Machado de Assis: SUAVE MARI MAGNO:


Lembra-me que, em certo dia,
Na rua, ao sol de verão,
Envenenado morria
Um pobre cão.
Arfava, espumava e ria,
De um riso espúrio e bufão,
Ventre e pernas sacudia
Na convulsão.
Nenhum, nenhum curioso
Passava, sem se deter,
Silencioso,
Junto ao cão que ia morrer,
Como se lhe desse gozo

Ver padecer.

Poesia De Quinta Na Usina: Fernando Pessoa: Basta Pensar em Sentir:


Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.

Viver é não conseguir.

Poesia De Quinta Na Usina: Machado de Assis: MUSA CONSOLATRIX:


 Que a mão do tempo e o hálito dos homens
Murchem a flor das ilusões da vida,
Musa consoladora,
É no teu seio amigo e sossegado
Que o poeta respira o suave sono.
Não há, não há contigo,
Nem dor aguda, nem sombrios ermos;
Da tua voz os namorados cantos
Enchem, povoam tudo
De íntima paz, de vida e de conforto.
Ante esta voz que as dores adormece,
E muda o agudo espinho em flor cheirosa,
Que vales tu, desilusão dos homens?
Tu que podes, ó tempo?
A alma triste do poeta sobrenada
À enchente das angústias,
E, afrontando o rugido da tormenta,
Passa cantando, alcíone divina.
Musa consoladora,
Quando da minha fronte de mancebo
A última ilusão cair, bem como
Folha amarela e seca
Que ao chão atira a viração do outono,
Ah! no teu seio amigo
Acolhe-me, — e haverá minha alma aflita,
Em vez de algumas ilusões que teve,

A paz, o último bem, último e puro!













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Poesia De Quinta Na Usina: Fernando Pessoa: As nuvens são sombrias:


As nuvens são sombrias
Mas, nos lados do sul,
Um bocado do céu
É tristemente azul.
Assim, no pensamento,
Sem haver solução,
Há um bocado que lembra
Que existe o coração.
E esse bocado é que é
A verdade que está
A ser beleza eterna

Para além do que há.

Poesia De quinta Na Usina: D'Araujo: Babel dos loucos. (shopping Center):


Extasiado pelo desconforto do desejo e muito 
distante da necessidade, diante do ter e o poder.
Sucumbisse de uma realidade oposta.
Deparamo-nos com a claridade das luzes do consumo sem rumo.

E absolvidos pelas belezas postas às mesas da nossa perdição.
Ignoramos a própria razão, somos levados a beira da loucura, 
então ficamos todos expostos nos grandes salões dos desesperados.


E somos todos aclamados entre aqueles 
que alienados e alimentados pelo ego, 
e os seus desejos, entopem seus medos, 
vazios e incapacidades com o passe livre dos imbecilizados.

                 D'Araujo.



Este poema faz parte da obra: 1º Seletiva Beco dos Poetas:
Uma publicação: Grupo Editorial; Beco dos Poetas e Escritores LTDA. Edição: 2011

LOGOS Nº 26 JULHO - 2017: SURDO : D'Araújo:




Uma guerra injusta,
Aonde a curva do desejo vai além da razão,
Qual a paixão sem fim, ou um amor sem começo.
Então paga-se o preço justo do absurdo.

O que tem de belo no esperar eterno,
No falante calado, ou no ouvinte surdo.
Já é claro a escuridão da observação
De não enxergar o óbvio.

De aceitar o fato, ou de aceitar a lógica,
Do despertar pro nada, e não poder viver tudo.
Como encontrar a paz,
Quando a guerra em mim já é inevitável.

Aí acordo pro mundo,
Perfeito ou imperfeito não importa.
Simplesmente vivo.

António D'Araújo
São Bernardo do Campo - Brasil