quarta-feira, 13 de julho de 2022

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana:

 




Maria
Que Linda estavas no dia
Da Primeira Comunhão. Toda de branco, Maria, 
Com rosas brancas na mão. Nossa Senhora esquecia Ao ver-te, a sua aflição,
E eu, contrito que heresia! - Te rezava uma oração.
Pois quando te vi, de joelhos, Pousar os lábios vermelhos Nos pés do Cristo, supus
Que eras Santa Teresinha, A mais linda e mais novinha Das esposas de jesus! (1923)

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana: Poeta esperando a vez no dentista:



A minha vida, sempre e sempre, é esta sala de espera: na mesinha arqueológicas revistas, na parede, as gravuras mais previstas, umas e outras do Tempo da Era... 
Este soneto está quebrado... (ou alquebrado?) Espera, poeta. é melhor que tu desistas...
(E conto, aflito, nos meus dedos de imagista, as elisões, as sílabas de espera!) 
Eis que me surge, aqui, neste terceto, a Esfinge! "Devora-me ou decifro-te!" E ela ringe. 
(Só para rimar) os dentes... Ah, Camões, quem me dera tuas construções de ferro, esses teus dentes brutos... Um só, um só dos teus anacolutos!

Poesia de Quinta na Usina: Mário Quintana: Epístola aos novos bárbaros:


Jamais compreendereis a terrível simplicidade das [minhas palavras 
porque elas não são palavras: são rios, pássaros, [naves... 
no rumo de vossas almas bárbaras. 
Sim, vós tendes as vossas almas supersticiosamente [pintadas. 
e não apenas a cara e o corpo como os verdadeiros [selvagens. 
Sabeis somente dar ouvido a palavras que não [compreendeis, 
e todos os vossos deuses são nascidos do medo. E eu na verdade não vos trago a mensagem de [nenhum deus. 
Nem a minha... 
Vim sacudir o que estava dormindo há tanto dentro de [cada um de vós 
a limpar-vos de vossas tatuagens. 
E o frêmito que sentireis, então, nas almas transfiguradas não será do revôo dos anjos... 
Mas apenas o beijo amoroso e invisível do vento sobre a pele nua.


Poesia de Quinta na Usina: Cruz Sousa: ÊXTASE:


 


Quando vens para mim, abrindo os braços Numa carícia lânguida e quebrada, 
Sinto o esplendor de cantos de alvorada Na amorosa fremência dos teus passos.
Partindo os duros e terrestres laços, A alma tonta, em delírio, alvoroçada, 
Sobe dos astros a radiosa escada Atravessando a curva dos espaços. 
Vens, enquanto que eu, perplexo d’espanto, Mal te posso abraçar, gozar-te o encanto 
Dos seios, dentre esses rendados folhos. 
Nem um beijo te dou! abstrato e mudo Diante de ti, sinto-te, absorto em tudo, 
Uns rumores de pássaros nos olhos.

Poesia de Quinta na Usina: Cruz Sousa: CELESTE:

 



 

Vi-te crescer! tu eras a criança
Mais linda, mais gentil, mais delicada:
Tinhas no rosto as cores da alvorada
E o sol disperso pela loira trança.
Asas tinhas também, as da esperança...
E de tal sorte eras sutil e alada
Que parecias ave arrebatada
Na luz do Espaço onde a razão descansa!
Depois, então, fizeste-te menina,
Visão de amor, puríssima, divina,
Perante a qual ainda hoje me ajoelho.
Cresceste mais! És bela e moça agora...
Mas eu, que acompanhei toda essa aurora, 
Sinto bem quanto estou ficando velho.

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo: Descompasse:

 



A certeza do amar e a beleza do viver
Deixam-me feliz em ter você
E com o perfume de rosas.

Sinto o teu corpo a tatear o meu
E no descompasse da alma
Perco minha calma.

E que os nossos corpos em chamas.....

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo: Florescer:

 



Enquanto sucumbimos à tempestade de outrora,
A brisa de um novo amanhecer escorrega
Sobre os verdes campos de flores
De um futuro promissor.

Os ventos sopram nossos sonhos
Em nuvens que plainam
Feito gaivotas ao rumo do acaso
Nada é mais incerto.

Do que o florescer do teu sorriso.....

Poesia de quinta na Usina: D'Araújo:


 

Vestígios

Há coisas que entram em sua vida

Feito tempestade em fúria.

Abala toda a sua estrutura.

E termina feita....