sábado, 6 de fevereiro de 2021

Domingo na Usina: Biografias: Vergílio António Ferreira:

 


Vergílio António Ferreira GOSE • GCM (Gouveia, Melo, 28 de janeiro de 1916 — Lisboa, 1 de março de 1996) foi um escritor e professor português. Tem uma biblioteca com o seu nome em Gouveia, bem como uma escola em Lisboa, a Escola Secundária de Vergílio Ferreira.
Professor liceal (vejam-se as referências em Manhã Submersa e Aparição), foi como escritor que mais se distinguiu. O seu nome continua actualmente associado à literatura através da atribuição do Prémio Vergílio Ferreira. Em 1992, foi galardoado com o Prémio Camões.[1]
A sua vasta obra, geralmente dividida em ficção (romance, conto), ensaio e diário, costuma ser agrupada em dois períodos literários: o Neo-Realismo e o Existencialismo. Considera-se que Mudança é a obra que marca a transição entre os dois períodos.
Vergílio Ferreira nasceu em Melo, aldeia do concelho de Gouveia, na Beira Alta, a meio da tarde do dia 28 de janeiro de 1916,[2][3] filho de António Augusto Ferreira, fogueteiro, e de Josefa Ferreira, doméstica, que, em 1927, emigraram para o Canadá (ou Estados Unidos), em busca de uma vida melhor, ficando Vergílio com os irmãos mais novos, César e Judite. Esta dolorosa separação é descrita em Nítido Nulo. A neve - que virá a ser um dos elementos fundamentais do seu imaginário romanesco - é o pano de fundo da infância e adolescência passadas na zona da Serra da Estrela. Aos 12 anos, após uma peregrinação a Lourdes, entra no seminário do Fundão,[4] que frequentará durante seis anos. Esta vivência será o tema central de Manhã Submersa.
Em 1936, deixa o seminário e acaba o Curso Liceal no Liceu da Guarda.[5] Entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, continuando a dedicar-se à poesia,[6] nunca publicada, salvo alguns versos lembrados em Conta-Corrente e, em 1939, escreve o seu primeiro romance, O Caminho Fica Longe. Licenciou-se em Filologia Clássica em 1940. Concluiu o Estágio no Liceu D.João III (1942), em Coimbra. Começa a leccionar em Faro. Publica o ensaio "Teria Camões lido Platão?" e, durante as férias, em Melo, escreve "Onde Tudo Foi Morrendo". Em 1944, passa a leccionar no Liceu de Bragança, publica "Onde Tudo Foi Morrendo" e escreve "Vagão "J" que, publicou em 1946, no mesmo ano em que se casou, com Regina Kasprzykowsky, professora polaca refugiada em Portugal, com quem Vergílio ficará até à sua morte. Após uma passagem pelo liceu de Évora (onde escreveu o mundialmente conhecido romance Manhã Submersa, corria o ano de 1953), fixa-se como docente em Lisboa, leccionando o resto da sua carreira no Liceu Camões.
A 3 de setembro de 1979, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[7]
Em 1980, o realizador Lauro António adapta para o cinema, o romance Manhã Submersa e, Vergílio Ferreira interpreta um dos principais papéis,[6][8] o de Reitor do Seminário, contracenando assim com outros grandes vultos da cena portuguesa, tais como: Eunice Muñoz, Canto e Castro, Jacinto Ramos e Carlos Wallenstein.
A 4 de fevereiro de 1989, foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem do Mérito.[9]
Em 1992 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa; no mesmo ano recebeu, pelo conjunto da obra, o "Prémio Camões", o mais importante prémio literário dos países da língua portuguesa.[6]
Vergílio morreu no dia 1 de março de 1996,[2] em sua casa, em Lisboa, na freguesia de Alvalade. O funeral foi realizado no cemitério de Melo, sua terra-natal e, a seu pedido, o caixão fora enterrado virado para a Serra da Estrela.
Existencialismo
“ Um cantor fixa um tema. Mas esse tema, revelando, como revela, um interesse, revela sobretudo que foi só dele que o artista pôde realizar-se como tal. ”
Atravessa a sua obra o discurso da alegria e felicidade, como um dos aspectos mais profundos da condição humana, sempre acompanhado pelo ruído das escadas da sua antiga casa, que advém do abandono da sua primeira namorada
Diários
Durante treze anos (1981-1994) Vergílio Ferreira publicou nove volumes de diário,[10] ao qual pôs o título genérico de Conta-Corrente. Os textos contidos nesses volumes vão desde Fevereiro de 1969 (altura em que iniciou a sua escrita) até Dezembro de 1992 (altura em que terá abandonado o género). Os volumes subdividem-se em duas séries: a primeira composta por cinco volumes e a segunda composta por quatro volumes.
A publicação do diário de Vergílio Ferreira foi uma das poucas tempestades na bonançosa comunidade literária pós 25 de abril, como também é «um documento precioso sobre a evolução da ideias do século XX português. Vergílio Ferreira era um homem atento a tudo aquilo que o rodeava, quer tivesse interesse político, ou social, ou estético, ou literário. O seu diário veio, assim, agitar a comunidade portuguesa pensante, criando alguns focos de conflito por um lado e manifestações de apoio por outro.
O autor já tinha por várias vezes tentado escrever um diário, mas foi só em 1969 que leva o seu projecto em frente: «Fiz cinquenta e três anos há dias. (…) É a opinião do Registo Civil (…). E então lembrei-me: e se eu tentasse uma vez mais o registo diário do que me foi afectando?». Esta frase é sem dúvida elucidativa das intenções do autor: primeiro, tentar escrever um registo diário; segundo, escrever nele tudo aquilo que o foi marcando. Nesta frase também se pode verificar que não é a primeira vez que o autor tenta escrever um diário: «e se eu tentasse mais uma vez».

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Verg%C3%ADlio_Ferreira

Domingo na Usina: Biografias: Jorge Cândido de Sena:

 


Jorge Cândido de Sena GCSE • ComIH (Lisboa, 2 de novembro de 1919 — Santa Barbara, Califórnia, 4 de junho de 1978) foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e professor universitário português, naturalizado brasileiro em 1963[1].
Filho único de Augusto Raposo de Sena, natural de Ponta Delgada e comandante da marinha mercante, e de Maria da Luz Telles Grilo de Sena, natural da Covilhã e dona-de-casa. Ambas as famílias eram da alta burguesia, a paterna de suposta linhagem aristocrática de militares e altos funcionários, e a materna de comerciantes ricos do Porto. Segundo relata no seu conto Homenagem ao Papagaio Verde, teve uma infância recolhida, solitária e infeliz, o que fez com se tornasse introspetivo, observador e imaginativo.
Fez a instrução primária e os primeiros anos do liceu no Colégio Vasco da Gama. Concluiu os estudos secundários no Liceu Camões, onde foi aluno de Rómulo de Carvalho. Era um jovem que lia avidamente, tocava piano e escrevia poemas. Na Faculdade de Ciências de Lisboa, fez os exames preparatórios com as notas mais elevadas.
Na Escola Naval
Sena nutria a ideia algo romântica de se tornar oficial da marinha, seguindo as pisadas do pai. Em 1938, aos 17 anos, entrou para a Escola Naval como 1º do seu curso. A 2 de outubro de 1937, iniciou a sua viagem de instrução a bordo do navio-escola Sagres. Visitou os portos de S. Vicente, Santos, Lobito, Luanda, S. Tomé e Dakar, chegando a Lisboa no final de fevereiro de 1938. O contacto com a imensidão do oceano, a azáfama da vida a bordo e o movimento e mudança constantes agradaram ao jovem Sena, mas nem tudo correu bem. Segundo o relato de um antigo camarada de curso, naquele ano a viagem de instrução foi excecional e particularmente dura e exigente em termos de preparação e destreza física, copiando o modelo da marinha alemã. Na parte teórica do curso Sena era brilhante, mas em termos atléticos era medíocre e apesar dos muitos esforços que fez não conseguiu satisfazer as elevadas expectativas do comandante do curso, que parecia nutrir um ódio de estimação pelo cadete contemplativo e intelectual. No final da viagem, foi comunicado a Sena que iria ser proposta a sua exclusão da Marinha por lhe faltarem as "necessárias qualidades" para oficial. Sena ficou profundamente frustrado e desgostoso com esta rejeição e o seu afastamento definitivo de um modo de vida que tanto almejava.
Engenharia civil, casamento e primeiras obras
Apesar da sua inclinação natural para a literatura, Sena frequenta, em setembro de 1942, o primeiro ciclo do Curso de Oficiais Milicianos, o qual abandona, enfrentando graves problemas de saúde. Depois de um ano letivo em Lisboa, regressa, em 1943, apoiado financeiramente por Ruy Cinatti e José Blanc de Portugal, à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (que iniciara em 1940) para frequentar o curso de Engenharia Civil, concluindo-o em 1944. O curso pouco o entusiasmou, mas durante todo esse tempo escreveu bastantes poemas, artigos, ensaios e cartas. Desde os 16 anos que escrevia e em 1940, sob o pseudónimo de Teles de Abreu, publicou os seus primeiros poemas na revista Cadernos de Poesia, dirigida por Cinatti, Blanc de Portugal e Tomás Kim. Em 1942, publica o seu primeiro livro de poemas, Perseguição, que não impressiona muito o seu amigo e crítico João Gaspar Simões. Adolfo Casais Monteiro considera-o um livro revelador mas difícil.
Em 1947, Sena inicia a sua carreira de engenheiro, que durou 14 anos. Trabalhou como engenheiro civil na Câmara Municipal de Lisboa, na Direção-Geral dos Serviços de Urbanização e na Junta Autónoma das Estradas (JAE), onde permanecerá até ao seu exílio para o Brasil em 1959.
Em 1940, no Porto, Jorge de Sena conhece e torna-se amigo de Maria Mécia de Freitas Lopes (irmã do crítico e historiador literário Óscar Lopes), começando a namorar em 1944 e casando-se em 1949. Jorge de Sena e Mécia de Sena tiveram nove filhos. Mécia, sua incansável companheira e enérgica colaboradora, apoiando o escritor nas inúmeras crises que lhe surgiram ao longo de uma vida por vezes atribulada.
Trabalhava incansavelmente, para sustentar a crescente família. Além do seu absorvente trabalho diurno na JAE (que lhe possibilitou viajar e conhecer o Portugal profundo), Sena também se dedicava à direção literária em editoras, à tradução e revisão de textos, ocupações que lhe roubavam precioso tempo para a investigação literária e a para a sua obra. A banalidade e a pequenez do quotidiano no Portugal de Salazar das décadas de 1940 e 1950 atormentam-no, bem assim como a mediocridade, a mesquinhez e a intriga dos meios literários, a opressão política, a censura literária, resultando num ambiente de trabalho sufocante e absolutamente frustrante, mas que não deixam de o inspirar para o poema É tarde, muito tarde na noite…
Durante esses anos publica várias obras: O Dogma da Trindade Poética – Rimbaud (1942), Coroa da Terra, poesia (1946), Páginas de Doutrina Estética de Fernando Pessoa (organização), 1946, Florbela Espanca (1947), Pedra Filosofal poesia (1950), A Poesia de Camões (1951), etc. Colabora na revista Mundo Literário [2] (1946-1948) com contos e poesia e também como crítico artístico na rubrica cinema e também nas revistas Litoral [3] (1944-1945) e Atlântico [4].
Exílio no Brasil
A sua situação como escritor e cidadão estava a tornar-se insustentável. Como escritor, não tinha tempo livre para escrever, apenas o podia fazer de modo insuficiente e limitado à noite e aos domingos. Também o facto de não pertencer a nenhum círculo académico e a falta de apoio institucional lhe frustrava qualquer pretensão de poder vir a editar alguma obra mais ambiciosa. Por outro lado, a sua participação numa tentativa revolucionária abortada em 12 de março de 1959, colocou-o em posição de prisão iminente, no caso muito provável de algum dos conspiradores presos pela PIDE denunciar os que ainda se encontravam livres.

fonte de origem: 

Domingo na Usina: Biografias: Aquilino Gomes Ribeiro:

 


Aquilino Gomes Ribeiro ComL (Tabosa do Carregal, Sernancelhe, Viseu, 13 de setembro de 1885 — Lisboa, 27 de maio de 1963) foi um escritor português.
É considerado por alguns como um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX. Iniciou a sua obra em 1907 com o folhetim "A Filha do Jardineiro" e depois 1913 com os contos de Jardim das Tormentas e com o romance A Via Sinuosa, 1918, e mantém a qualidade literária na maioria dos seus textos, publicados com regularidade e êxito junto do público e da crítica.
Aquilino Ribeiro nasce em 1885, no Carregal de Tabosa, concelho de Sernancelhe, em 13 de setembro, filho natural (o último de quatro) do padre Joaquim Francisco Ribeiro e da camponesa Mariana do Rosário Gomes[1], tendo uma irmã mais velha (Maria do Rosário) e dois irmãos mais velhos (Melchior e Joaquim). Foi batizado na Igreja Matriz dos Alhais, no concelho de Vila Nova de Paiva.
Viveu uma infância plenamente inserida no meio rural. Brincava na rua com as outras crianças da sua idade[2], admirava os pássaros e, no limiar da adolescência, gostava de montar a cavalo e de caçar[3].
Em 1895, já a viver no concelho de Moimenta da Beira, realizou o exame de instrução primária e entrou no Colégio de Nossa Senhora da Lapa. Em 1900 entrou no Colégio de Lamego, em Lamego e, a seguir, foi mandado para o Seminário de Beja — para onde iam os ordenandos mais recalcitrantes, dirá o escritor, nas suas memórias — obedecendo a um desejo da sua mãe, que queria fazê-lo sacerdote.
Aquilino seria expulso do Seminário em 1904, depois de ter dado uma réplica cortante a uma acusação do padre Manuel Ançã, um dos diretores da instituição.[1] Regressado a Soutosa, daí saiu ao fim de dois anos, rumo a Lisboa.
Começava a sua conspiração contra a monarquia liberal desvirtuada por governos autoritários. Em 1906 começa a colaborar no jornal republicano A Vanguarda. Em 1907, em parceria com José Ferreira da Silva, escreve A Filha do Jardineiro, obra de ficção de propaganda republicana e de crítica às figuras do regime. Entra a seguir para a Loja Montanha do Grande Oriente Lusitano, em Lisboa, a convite de Luz de Almeida.
É também em 1907 que Aquilino é preso, acusado de ser anarquista, na sequência de uma explosão no seu quarto na Rua do Carrião, a 28 de Novembro, em Lisboa, na qual morreu inclusive um carbonário.
No ano seguinte, em 1908 Aquilino evade-se da prisão, em 12 de janeiro, e durante a clandestinidade em Lisboa mantém os contactos com os regicidas, refugiado numa casa de Meira e Sousa, na Rua Nova do Almada, em frente do Tribunal da Boa Hora.
Estabelecido em Paris em 1910, estuda na Faculdade de Letras da Sorbonne. Vem a Portugal após o 5 de outubro e regressa a Paris, onde conhecera a alemã Grete Tiedemann. Após uma estada na Alemanha, virá a casar com Grete. O casal regressa a Paris e, em 1914, nasce-lhes o primeiro filho, Aníbal Aquilino Fritz Tiedemann Ribeiro. Nesse mesmo ano ainda publicará um novo livro, Jardim das Tormentas.
Em 1915 a família é obrigada a regressar a Portugal na sequência dos conflitos da Primeira Grande Guerra. Aquilino, mesmo sem ter conseguido terminar a sua licenciatura, é admitido a lecionar no ensino secundário, sendo colocado como professor no Liceu Camões, onde ficará durante três anos.
Em 1918 publica A Via Sinuosa. No ano seguinte, em 1919, entra para a Biblioteca Nacional de Portugal, a convite de Raul Proença. Convive com o chamado Grupo da Biblioteca Nacional onde pontificam Jaime Cortesão e Raul Proença. Publica Terras do Demo, e a primeira versão do seu conto "Valeroso Milagre" na Revista Atlântida (nº 32), cuja trama se passa no Mosteiro de Nossa Senhora da Assunção de Tabosa, situado na sua freguesia natal, aquando das invasões francesas. É na Biblioteca Nacional que Aquilino Ribeiro é procurado por pessoas de suas relações para lhe mostrarem uma Acta do Regicídio.
Em 1921 integra a direcção da revista Seara Nova. Em 1922 publica O Malhadinhas integrado no livro Estrada de Santiago, o qual inclui também uma nova versão do "Valeroso Milagre".
Em 1927 entra na revolta de 7 de fevereiro, em Lisboa. Exila-se em Paris. No fim do ano regressa a Portugal, clandestinamente, após falecer a primeira mulher. Em 1928 entra na revolta de Pinhel. Encarcerado no presídio de Fontelo (Viseu), evade-se e volta a Paris.
Em 1929 casa em Paris com Jerónima Dantas Machado, filha de Bernardino Machado. Do casal virá a nascer em 1930 o segundo filho, Aquilino Ribeiro Machado, que viria a ser o 60.º Presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1977-1979). Em Lisboa é julgado à revelia em Tribunal Militar, e condenado.
Em 1931 vai viver para a Galiza. Em 1932 volta a Portugal clandestinamente. Em 1933 recebe o Prémio Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa, pelo seu livro As Três Mulheres de Sansão.
Em 1935 é eleito sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa.
Em 1946 publica Aldeia, Terra, Gente e Bichos. Em 1951 publica Geografia Sentimental.
Em 1952 faz uma viagem ao Brasil onde é homenageado por escritores e artistas, na Academia Brasileira de Letras. Em 1956 é fundador e presidente da Sociedade Portuguesa de Escritores.
Em 1957 publica A Casa Grande de Romarigães e, em 1958, Quando os Lobos Uivam. Neste mesmo ano é nomeado sócio efetivo da Academia das Ciências de Lisboa. Milita na candidatura de Humberto Delgado à presidência da República.....

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Aquilino_Ribeiro

Domingo na Usina: Biografias: Teixeira de Pascoaes:

 

Teixeira de Pascoaes, pseudónimo literário de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, (Amarante, 2 de novembro de 1877[1] — Amarante, Gatão, 14 de dezembro de 1952) foi um poeta, escritor e filósofo[2] português e um dos principais representantes do saudosismo.
Teixeira de Pascoaes nasceu no seio de uma família da aristocracia rural, com raízes em Amarante, sendo o segundo filho (de sete) de João Pereira Teixeira de Vasconcelos, juiz e deputado às Cortes e de Carlota Guedes Monteiro. Foi uma criança solitária, introvertida e sensível, muito propenso à contemplação nostálgica da Natureza.
Em 1883 iniciou os estudos primários em Amarante e, em 1887, ingressou no Liceu dessa vila. Em 1895 muda-se para Coimbra, onde termina os seus estudos secundários — em Amarante não foi bom aluno, tendo até reprovado em Português — e em 1896 inscreve-se no curso de Direito da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Ao contrário da maioria dos seus camaradas, não faz parte da boémia coimbrã, passando o seu tempo, monasticamente, no quarto, a ler, a escrever e a refletir.
Teixeira de Pascoaes, c. 1911
Licencia-se em 1901 e, renitentemente, estabelece-se como advogado, primeiro em Amarante e, a partir de 1906, no Porto. Em 1911 é nomeado juiz substituto em Amarante, cargo que exerce durante dois anos. Em 1913, com alívio, dá por terminada a sua carreira judicial. Sobre esses penosos anos dirá: "Eu era um Dr. Joaquim na boca de toda a gente. Precisava de honrar o título. Entre o poeta natural e o bacharel à força, ia começar um duelo que durou dez anos, tanto como o cerco de Tróia e a formatura de João de Deus. Vivi dez anos, num escritório, a lidar com almas deste mundo, o mais deste mundo que é possível — eu que nascera para outras convivências." [3]
Sendo um proprietário abastado, não tinha necessidade de exercer nenhuma profissão para o seu sustento, e passou a residir no solar de família em São João do Gatão, perto de Amarante, com a mãe e outros membros da sua família. Dedicava-se à gestão das propriedades, à incansável contemplação da natureza e da sua amada Serra do Marão, à leitura e sobretudo à escrita. Era um eremita, um místico natural e não raras vezes foi descrito como detentor de poderes sobrenaturais.[4] Trocou correspondência com Bernardo Vaz Lobo Teixeira de Vasconcelos, mais conhecido por Frei Bernardo de Vasconcelos, um jovem monge beneditino que era seu parente e amigo. Nunca se encontraram, mas tinham uma grande admiração e estima um pelo outro. Teixeira de Pascoaes diria, em carta a uma sua irmã, que Frei Bernardo de Vasconcelos foi "o maior e mais perfeito amigo que Deus me concedeu".
Teixeira de Pascoaes com o seu conterrâneo, o pintor António Carneiro, autor do ex-libris da Renascença Portuguesa.
Apesar de ser um solitário, Gatão era local de peregrinação de inúmeros intelectuais e artistas, nacionais e estrangeiros, que o iam visitar frequentemente.[5] No final da vida, seria amigo dos poetas Eugénio de Andrade e Mário Cesariny de Vasconcelos. Este último haveria de o eleger como poeta superior a Fernando Pessoa, chegando a ser o organizador da reedição de alguns dos textos de Pascoais, bem como de uma antologia poética, nos anos 70 e 80.
Pascoais morreu aos 75 anos, em Gatão, de bacilose pulmonar, alguns meses depois da morte da sua mãe, em 1952. O seu corpo encontra-se num jazigo no cemitério em frente à Igreja de São João Baptista de Gatão. A campa é rasa e tem inscritos versos que o autor propositadamente escreveu para ali figurarem: "Apagado de tanta luz que deu / Frio de tanto calor que derramou"[6].
Obra
Com António Sérgio e Raul Proença foi um dos líderes do chamado movimento da "Renascença Portuguesa" e lançou em 1910 no Porto, juntamente com Leonardo Coimbra e Jaime Cortesão, a revista A Águia, principal órgão do movimento. Também se encontra colaboração da sua autoria nas revistas Serões[7] (1901-1911), Atlântida[8] (1915-1920), Contemporânea[9] [1915]-1926, Revista de turismo [10] iniciada em 1916, Conímbriga [11] de 1923 e na 1ª série da revista Panorama [12] (1941-1949).
Pensamento
Teixeira de Pascoaes foi o principal pensador do Saudosismo e um dos mais importantes pensadores contemporâneos da Saudade e da Portugalidade, sobretudo durante a década de 1910 e através de obras como A Arte de Ser Português (1915) e Os Poetas Lusíadas (1919). Além disso, a sua poesia e as suas prosas revelam uma constante preocupação filosófica, configurando um «pensamento poético»[2] que faz de Pascoaes «estruturalmente um poeta-filósofo»[13] e um dos autores mais revisitados e interpretados pelos filósofos portugueses contemporâneos, particularmente pelo Grupo da Filosofia Portuguesa e por filósofos da espiritualidade, como Paulo Borges[14].
A Saudade é para Pascoaes a condição ontológica universal de todo o Ser e da existência, tanto no ser humano, como na natureza, como no próprio Deus, numa cosmogonia panteísta em que Deus vive na natureza e no ser humano para resgatar a queda - que é, no pensamento pascoalino, inerente ao próprio divino - através de uma redenção que advém pela dor e pelo desejo da Unidade aparentemente perdida e saudosamente procurada.[14]
Teixeira de Pascoaes por Bottelho.

Bibliografia

Poesia

1895 - Embriões

1896 - Belo 1ª parte

1897 - Belo 2ª parte

1898 - À Minha Alma e Sempre

1899 - Profecia (colaboração com Afonso Lopes Vieira)....

https://pt.wikipedia.org/wiki/Teixeira_de_Pascoaes

Domingo na Usina: Biografias: Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva:

 


Vitorino Nemésio Mendes Pinheiro da Silva GOSE • GCSE • GOIH (Praia da Vitória, 19 de dezembro de 1901 — Lisboa, 20 de fevereiro de 1978) foi um poeta, romancista, cronista, académico e intelectual açoriano que se destacou como autor de Mau Tempo no Canal, e professor da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Filho de Vitorino Gomes da Silva e de Maria da Glória Mendes Pinheiro, na infância a vida não lhe correu bem em termos de sucesso escolar, uma vez que foi expulso do Liceu de Angra, e reprovou o 5.º ano, facto que o levou a sentir-se incompreendido pelos professores.[1] Do período do Liceu de Angra, apenas guardou boas recordações de Manuel António Ferreira Deusdado, professor de História, que o introduziu na vida das Letras.
Com 16 anos de idade, Nemésio desembarcou pela primeira vez na cidade da Horta para se apresentar a exames, como aluno externo do Liceu Nacional da Horta. Acabou por concluir o Curso Geral dos Liceus, em 16 de julho de 1918, com a qualificação de dez valores.
A sua estadia na Horta foi curta, de maio a agosto de 1918. A 13 de agosto o jornal O Telégrafo dava notícia de que Nemésio, apesar de ser um fedelho, um ano antes de chegar à Horta, havia enviado um exemplar de Canto Matinal, o seu primeiro livro de poesia (publicado em 1916), ao director de O Telégrafo, Manuel Emídio.
Apesar da tenra idade, Nemésio chegou à Horta já imbuído de alguns ideais republicanos, pois em Angra do Heroísmo já havia participado em reuniões literárias, republicanas e anarco-sindicalistas, tendo sido influenciado pelo seu amigo Jaime Brasil, cinco anos mais velho (primeiro mentor intelectual que o marcou para sempre) e por outras pessoas tal como Luís da Silva Ribeiro, advogado, e Gervásio Lima, escritor e bibliotecário.
Em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial, a Horta possuía um intenso comércio marítimo e uma impressionante animação nocturna, uma vez que se constituía em porto de escala obrigatória, local de reabastecimento de frotas e de repouso da marinhagem. Na Horta estavam instaladas as companhias dos Cabos Telegráficos Submarinos, que convertiam a cidade num "nó de comunicações" mundiais. Esse ambiente cosmopolita contribuiu, decisivamente, para que ele viesse, mais tarde a escrever a obra mítica que dá pelo nome de Mau Tempo no Canal, trabalhada desde 1939 e publicada em 1944, cuja acção decorre nas quatro principais ilhas do grupo central açoriano: Faial, Pico, São Jorge e Terceira, sendo que o núcleo da intriga se desenvolve na Horta.
Este romance evoca um período (1917-1919) que coincide em parte com a sua permanência na ilha do Faial e nele aparecem pessoas tais como o Dr. José Machado de Serpa, senador da República e estudioso, o padre Nunes da Rosa, contista e professor do Liceu da Horta, e Osório Goulart, poeta.
Em 1919 iniciou o serviço militar, como voluntário na arma de Infantaria, o que lhe proporcionou a primeira viagem para fora do arquipélago. Concluiu o liceu em Coimbra, em 1921, e inscreve-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Três anos mais tarde, Nemésio trocou esse curso pelo de Ciências Histórico Filosóficas, da Faculdade de Letras de Coimbra, e, em 1925, matriculou-se no curso de Filologia Românica da mesma Faculdade.
Na primeira viagem que faz a Espanha, com o Orfeão Académico, em 1923, conhece Miguel Unamuno, escritor e filósofo espanhol (1864-1936), intelectual republicano, e teórico do humanismo revolucionário antifranquista, com quem trocará correspondência anos mais tarde.
Nesse mesmo ano foi iniciado na Maçonaria. [2]
A 12 de fevereiro de 1926 desposou, em Coimbra, Gabriela Monjardino de Azevedo Gomes, de quem teve quatro filhos: Georgina (novembro de 1926), Jorge (abril de 1929), Manuel (julho de 1930) e Ana Paula (dezembro de 1931).
Em 1930 transferiu-se para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa[3] onde, no ano seguinte, concluiu o curso de Filologia Românica,[4] com elevadas classificações, começando desde logo a lecionar literatura italiana. A partir de 1931 deu inicio à carreira académica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde leccionou Literatura Italiana e, mais tarde, Literatura Espanhola.
Em 1934 doutorou-se em Letras pela Universidade de Lisboa com a tese A Mocidade de Herculano até à Volta do Exílio. Entre 1937 e 1939 leccionou na Vrije Universiteit Brussel,[5] tendo regressado, neste último ano, ao ensino na Faculdade de Letras de Lisboa.
Em 1958 leccionou no Brasil. A 19 de julho de 1961 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, a 17 de abril de 1967, Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.[6] A 12 de setembro de 1971, atingido pelo limite legal de idade para exercício de funções públicas, profere a sua última lição na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde ensinara durante quase quatro décadas, passando a ser Catedrático Jubilado.
Foi autor e apresentador do programa televisivo Se bem me lembro, que muito contribuiu para popularizar a sua figura e dirigiu ainda o jornal O Dia entre 11 de dezembro de 1975 a 25 de outubro de 1976.
Foi um dos grandes escritores portugueses do século XX, tendo recebido em 1965, o Prêmio Nacional de Literatura e, em 1974, o Prémio Montaigne.
Faleceu a 20 de fevereiro de 1978, em Lisboa, no Hospital da CUF, e foi sepultado em Coimbra. Pouco antes de morrer, pediu ao filho para ser sepultado no cemitério de Santo António dos Olivais, em Coimbra. Mas pediu mais: que os sinos tocassem o Aleluia em vez do dobre a finados. O seu pedido foi respeitado.
A 30 de agosto de 1978 recebeu a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, a título póstumo.[6] Em 1978, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o seu nome a uma rua na zona da Quinta de Santa Clara, na Ameixoeira.[7]
Obra
Vitorino Nemésio foi ficcionista, poeta, cronista, ensaísta, biógrafo, historiador da literatura e da cultura, jornalista, investigador, epistológrafo, filólogo e comunicador televisivo, para além de toda a actividade de docência. O seu nome consta da lista de colaboradores da Revista dos Centenários[8] publicada por ocasião da Exposição do Mundo Português e nas revistas, Panorama [9] (1941-1949) Conímbriga [10] de 1923, Renovação (1925-1926) [11], Atlântico [12] e Litoral [13] (1944-1945).
Levou a cabo, na sua obra, uma transformação das tendências da Presença (que de certa forma precedeu), que garantiu a eternidade dos seus textos. Fortemente marcado pelas raízes insulares, a vida açoriana e as recordações da sua infância percorrem a obra do escritor, numa espécie de apelo, revelado pela ternura da sua inspiração popular, pela presença das coisas simples e das gentes, e pela profunda humanidade face à existência e ao sofrimento da vida humana.

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vitorino_Nem%C3%A9sio

Domingo na Usina: Biografias: Bernardim Ribeiro:


Bernardim Ribeiro (Torrão, 1482? — 1552?) foi um escritor e poeta português renascentista. A sua principal obra é a novela Saudades, mais conhecida porém como Menina e Moça (da primeira frase da novela, que se tornou um tópico da literatura portuguesa: Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe…).
Teria frequentado a corte de Lisboa, colaborou no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, que assim como Bernardim pertenceu à roda dos poetas palacianos juntamente com Sá de Miranda, Gil Vicente e outros.
Foi o introdutor do bucolismo em Portugal.
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Praticamente nada se sabe ao certo da vida de Bernardim Ribeiro. Presume-se que nasceu por volta de 1482. Não se conseguiu ainda provar que este poeta Bernardim Ribeiro e um seu homónimo que frequentou, entre 1507 e 1511, a Universidade de Lisboa, e que em 1524 foi nomeado escrivão da câmara, fossem a mesma pessoa. Pensa-se que tenha estudado em Coimbra, onde se formou em leis.
Teria frequentado a corte de Lisboa, colaborou no Cancioneiro Geral de Resende, que assim como Bernardim pertenceu à roda dos poetas palacianos juntamente com Sá de Miranda, Gil Vicente e outros. Esteve algum tempo na Itália, onde tomou conhecimento inovações literárias.
Tão misterioso quanto o nascimento é a morte do escritor. Alguns autores datam-na como 1552. Porém, pela leitura da écloga Basto, de Sá de Miranda e escrita antes de 1544, verificamos que este autor se refere ao seu "bom Ribeiro amigo" como já falecido.
Considerando especulativas todas as referências sobre as datas e locais de nascimento, período de vida e morte de Bernardim Ribeiro, algumas alusões autobiográficas à "aldeia que chamam Torrão" e a um "monte" podem levar-nos a considerar que o autor era oriundo da vila do Torrão, Baixo Alentejo. Na vila encontra-se atualmente uma estátua em homenagem ao escritor. Outro monumento ao autor pode ser encontrado no Museu de Évora onde existe uma estátua de António Alberto Nunes (1838 - 1912).
Obra
Hystoria de menina e moça, 1554.
Menina e moça me levaram de casa de minha mãe para muito longe. Que causa fosse então a daquela minha levada, era ainda pequena, não a soube. Agora não lhe ponho outra, senão que parece que já então havia de ser o que depois foi. Vivi ali tanto tempo quanto foi necessário para não poder viver em outra parte. Muito contente fui em aquela terra, mas, coitada de mim, que em breve espaço se mudou tudo aquilo que em longo tempo se buscou e para longo tempo se buscava. Grande desaventura foi a que me fez ser triste ou, per aventura, a que me fez ser leda. Depois que eu vi tantas cousas trocadas por outras, e o prazer feito mágoa maior, a tanta tristeza cheguei que mais me pesava do bem que tive, que do mal que tinha.
Início de Menina e Moça
A sua obra resume-se a doze composições insertas no Cancioneiro Geral, cinco éclogas, a sextina Ontem pôs-se o Sol, a novela Menina e Moça e o romance Ao longo de uma ribeira, única composição portuguesa inserida no Cancioneiro Castelhano de 1550 (segundo Carolina Michaelis), só apareceu publicado com as obras completas do poeta na edição de 1645.
Sob o título Trovas de dous pastores, foi feita, em 1536, a primeira impressão de uma écloga (a de Silvestre e Amador). Em 1554, na oficina do hebreu exilado Abraão Usque, em Ferrara (Itália), são editadas as suas obras. Menina e Moça é editada sob o título de História de Menina e Moça. Na segunda edição, de 1557-58, em Évora, com o título de Saudades e a terceira realizada em Colónia a partir da primeira edição.
A segunda edição possui um prolongamento que se costuma aceitar como sendo do autor até ao cap. XXIV.[1] Segundo o investigador Teixeira Rego, não é de recusar liminarmente a hipótese de que Bernardim Ribeiro fosse de origem hebraica. Na verdade, e ainda segundo o referido investigador, o estilo de queixume e lamentoso, mesmo algo bíblico, que encontramos nos primeiros capítulos da Menina e Moça, alguns termos utilizados pelo autor na obra referida, nomeadamente "transmutação" ou "transmigração" e algumas alusões a perseguições e cisões do povo hebraico, implícitas nas falas de uma personagem, podem ser indicadores positivos e atestantes desta hipótese. Soma-se a essas circunstâncias o fato do primeiro editor de Menina e Moça ter sido um judeu português exilado em Itália.
Por outro lado, e de acordo com a afirmação de Helder Macedo, os textos benardinianos encerram "uma meditação mística pessimista… em torno do amor humano e da saudade". Analisando o seu conteúdo, podemos considerar que a Menina e Moça tem um fundo autobiográfico e é, em certa medida, um "roman à clef", definições sugeridas pela recorrência de anagramas (palavras ou frases formadas com a transposição das letras de outras. Ex.: "Natércia" é anagrama de "Caterina"), tais como: Binmarder (Bernardim), Aónia (Joana), Avalor (Álvaro), Arima (Maria), Donanfer (Fernando), etc
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Domingo na Usina: Biografias: Raul Germano Brandão:

 


Raul Germano Brandão (Porto, Foz do Douro, 12 de Março de 1867 — Lisboa, Lapa, 5 de Dezembro de 1930[1]), militar, jornalista e escritor português, famoso pelo realismo das suas descrições e pelo lirismo da linguagem.
Filho de José Germano Brandão, negociante, e de Laurinda Laurentina Ferreira de Almeida Brandão, Raul Germano Brandão nasceu a 12 de Março de 1867, na Foz do Douro, [2] localidade onde passou a sua adolescência e mocidade. Sendo descendente de pescadores, o mar foi um tema recorrente da sua obra.
Depois de uma passagem menos feliz por um colégio do Porto, Raul Brandão gravita para o grupo dos nefelibatas, sendo sob o seu signo que desperta para o mundo das letras e publica as suas primeiras obras. Em 1891, terminado o curso secundário e depois de uma breve passagem, como ouvinte, pelo Curso Superior de Letras, matricula-se na Escola do Exército. Com este ingresso, ao que parece a contragosto, inicia uma carreira militar caracterizada por longas permanências no Ministério da Guerra envolvido na máquina burocrática militar. Nas suas próprias palavras: no tempo em que fui tropa vivi sempre enrascado. Paralelamente, mantém uma carreira de jornalista e vai publicando extensa obra literária. Encontra-se colaboração da sua autoria no semanário O Micróbio [3] (1894-1895) e nas revistas Brasil-Portugal[4] (1899-1914), Revista nova [5] (1901-1902), Serões [6] (1901-1911) e Homens Livres [7] (1923).
Em 1896 foi colocado no Regimento de Infantaria 20, em Guimarães, onde conhece Maria Angelina de Araújo Abreu, com quem se casa a 11 de Março de 1897. Inicia, então, a construção de uma casa, a Casa do Alto, na freguesia de Nespereira, nos arredores daquela cidade. Aí se fixará em definitivo, embora com prolongadas estadias em Lisboa e noutras cidades. Reformado no posto de capitão, em 1912, inicia a fase mais fecunda da sua produção literária.
Raul Brandão visitou os Açores no Verão de 1924, numa viagem feita a título pessoal, mas que coincidiu, em parte, com a Visita dos Intelectuais então organizada sob a égide dos autonomistas, particularmente de José Bruno Carreiro e do seu jornal, o «Correio dos Açores». Dessa viagem, que durou cerca de dois meses (mais demorada, portanto, que a dos intelectuais convidados por Bruno Carreiro), resultou a publicação da obras As ilhas desconhecidas - Notas e paisagens (Lisboa, 1927), uma das obras que mais influíram na formação da imagem interna e externa dos Açores. Basta dizer que é em As ilhas desconhecidas que se inspira o conhecido código de cores das ilhas açorianas: Terceira, ilha lilás; Pico, ilha negra; S. Miguel, ilha verde...
Faleceu de um aneurisma na Rua de São Domingos à Lapa, número 44, primeiro, a 5 de Dezembro de 1930, aos 63 anos de idade, após sofrer uma síncope cardíaca, no dia anterior. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, e, em 1934, trasladado para o Cemitério de Guimarães, onde repousa até hoje.
Deixou uma extensa obra literária e jornalística que muito influenciou a literatura em língua portuguesa com o seu lirismo e profundidade filosófica, marcando o seu comprometimento ético e social, numa linguagem forte de contrastes, contradições e rupturas que prefiguram a modernidade do sec XX. "Húmus" é obra maior inovando na narrativa sem enredo nem personagens, a que chamaram anti-romance. Eduardo Lourenço, considera que “o único personagem das quase-ficções de Raul Brandão é a própria ficção que agoniza ou indefinidamente clama a impossibilidade da ficção”, cita Luci Ruas (da UFRJ em artigo da ogolobo.com em 12-01-2018), a que acrescenta que no seu grito simultaneamente individual e colectivo, este autor coincide com Freud e Nietzsche e antecipa o movimento do Orpheu. ver aqui
Entre outras homenagens a Raul Brandão, destacam-se:
O seu site oficial, onde se podem encontrar leituras da sua obra por autores actuais;
As realizadas em Portugal ao longo do ano de 2017, nos 100 anos da publicação de "Húmus", noticiado aqui
A Biblioteca Municipal de Guimarães, com o seu nome
Em 1950, a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o escritor dando o seu nome a uma rua na zona de Alvalade.[8]
Obras publicadas
A pesca da baleia e outras narrativas
História de um Palhaço (1896);
O Padre (1901);
A Farsa (1903);
Os Pobres (1906) (eBook);
El-Rei Junot (1912);

A Conspiração de 1817 (1914);

Húmus (1917) (eBook);

Memórias (vol. I), (1919) (eBook);

Teatro (1923);

O gebo e a sombra (1923);

Os Pescadores (1923);

Memórias (vol. II), (1925);

As Ilhas Desconhecidas (1927);

A Morte do Palhaço e o Mistério das Árvores (1926);

Jesus Cristo em Lisboa, em colaboração com Teixeira de Pascoaes, (1927);

O Avejão (1929) (teatro);

Portugal Pequenino, em colaboração com Maria Angelina Brandão, (1930);

O Pobre de Pedir (1931);

Vale de Josafat (vol. III das Memórias), (1933).

Obras disponíveis em formato digital na Internet....

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Raul_Brand%C3%A3o

Domingo na Usina: Biografias: Antero Tarquínio de Quental:

 


Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 – Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891[1]) foi um escritor e poeta português do século XIX que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.
Nascido na Ilha de São Miguel (Açores, filho do combatente liberal Fernando de Quental {Solar do Ramalho — do qual mandou tirar a pedra de armas da família —, 10 de maio de 1814 — Ponta Delgada, Matriz, 7 de março de 1873) e de sua mulher Ana Guilhermina da Maia (Setúbal, 16 de julho de 1811 — Lisboa, 28 de novembro de 1876). O casal teve sete filhos, sendo Antero o quarto, numa família onde proliferavam as mortes prematuras e a loucura.[2]
Durante a sua vida, Antero de Quental dedicou-se à poesia, à filosofia e à política. Deu início aos seus estudos na cidade natal, mudando-se para Coimbra aos 16 anos, ali estudando Direito e manifestando as primeiras ideias socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura.
Em 1861, publicou os seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, publicou as Odes Modernas, influenciadas pelo socialismo experimental de Proudhon, enaltecendo a revolução. Nesse mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, em que Antero e outros poetas foram atacados por António Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual. Como resposta, Antero publicou os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. António Feliciano de Castilho, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais.
Ainda em 1866 mudou-se para Lisboa, onde experimentou a vida de operário, trabalhando como tipógrafo, profissão que exerceu também em Paris, entre janeiro e fevereiro de 1867.
Em 1868 regressou a Lisboa, onde formou o Cenáculo, de que fizeram parte, entre outros, Eça de Queirós, Abílio de Guerra Junqueiro e Ramalho Ortigão.
Foi um dos fundadores do Partido Socialista Português.
De 1869 data a sua viagem à América, com partida do Porto, a bordo do patacho Carolina, do seu amigo algarvio Joaquim de Almeida Negrão. Sabe-se que visitou primeiro Halifax, no Canadá, e depois Nova Iorque, onde permaneceu cerca de um mês. Desta viagem, que terá sido atribulada, não ficou nenhum testemunho da autoria de Antero, mas apenas os relatos feitos anos depois por Joaquim Negrão, que alguns hoje consideram parcialmente desmemoriado ou fantasista.[3]
Em 1870, fundou em Lisboa o jornal A República - Jornal da Democracia Portuguesa, com Oliveira Martins.
Em 1871, encontramo-lo a reunir-se em Lisboa com delegados da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) para apresentar as ideias anarquistas.[4]
Nessa altura, em Maio do mesmo ano, igualmente participa numa conferência Iberista e aí apresenta um polémico discurso em que tenta explicar as razões do atraso português, e do espanhol, desde o século XVII.[5]
Ele, juntamente com José Fontana, em 1872, passou a editar a revista O Pensamento Social.
Colaborou igualmente em diversas outras publicações periódicas, nomeadamente: A Esperança[6] (1865-1866), Renascença[7] (1878-1879?), O Pantheon [8] (1880-1881), Branco e Negro (1896-1898), Contemporânea (1915-1926), A imprensa (1885-1891), O Thalassa (1913-1915) e, a título póstumo, no periódico O Azeitonense[9] (1919-1920).
Em 1873 herdou uma quantia considerável de dinheiro, o que lhe permitiu viver dos rendimentos dessa fortuna. Em 1874, com tuberculose, descansou por um ano, mas em 1875, fez a reedição das Odes Modernas.
Em 1879 mudou-se para o Porto, e em 1886 publicou aquela que é considerada pelos críticos como a sua melhor obra poética, Sonetos Completos, com características autobiográficas e simbolistas.
Em 1880, adoptou as duas filhas do seu amigo, Germano Meireles, que falecera em 1877. Em setembro de 1881 foi, por razões de saúde e a conselho do seu médico, viver em Vila do Conde, onde residiu até maio de 1891, com pequenos intervalos nos Açores e em Lisboa. O período em Vila do Conde foi considerado pelo poeta o melhor da sua vida: "Aqui as praias são amplas e belas, e por elas me passeio ou me estendo ao sol com a voluptuosidade que só conhecem os poetas e os lagartos adoradores da luz.".[10]
Em 1886 foram publicados os Sonetos Completos, coligidos e prefaciados por Oliveira Martins. Entre março e outubro de 1887, permaneceu nos Açores, voltando depois a Vila do Conde. Devido a essa sua estadia, foi fundado nesta cidade, em 1995, o "Centro de Estudos Anterianos"
Local do suicídio de Antero de Quental junto ao Convento de Nossa Senhora da Esperança em Ponta Delgada, na ilha de S. Miguel, nos Açores.
Em 1890, devido à reacção nacional contra o ultimato inglês, de 11 de janeiro, aceitou presidir à Liga Patriótica do Norte, mas a existência da Liga foi efémera. Quando regressou a Lisboa, em maio de 1891, instalou-se em casa da irmã, Ana de Quental. Portador de distúrbio bipolar, nesse momento o seu estado de depressão era permanente. Após um mês, em junho de 1891, regressou a Ponta Delgada, cometendo suicídio no dia 11 de setembro de 1891, com dois tiros, num banco de jardim junto ao Convento de Nossa Senhora da Esperança, onde está na parede a palavra "Esperança", no Campo de São Francisco, cerca das 20h00.
Os seus restos mortais encontram-se sepultados no Cemitério de São Joaquim, em Ponta Delgada.[11]
Foi impressa uma nota de 5.000$00 Chapas 2 e 2A de Portugal com a sua imagem.

fonte de origem:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Antero_de_Quental