sábado, 13 de junho de 2020

Domingo na Usina: Biografias: Marcos Barbosa:


Quinto ocupante da cadeira 15, foi eleito em 20 de março de 1980, na sucessão de Odilo Costa, filho e recebido pelo acadêmico Alceu Amoroso Lima em 23 de maio de 1980.

Dom Marcos Barbosa (nome civil: Lauro de Araújo Barbosa), monge beneditino, poeta e tradutor, nasceu em Cristina, MG, em 12 de setembro de 1915, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 5 de março de 1997.

Concluiu o ginásio em Itajubá, matriculou-se, em 1934, na Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, tendo participado então da Ação Universitária Católica e do Centro Dom Vital, quando conheceu Alceu Amoroso Lima, de quem se tornou secretário particular. Em 1940 ingressou no Mosteiro de São Bento, com vários outros universitários, interrompendo o Curso de Letras Clássicas, que começara ao terminar o de Direito. Ordenado sacerdote em 1946, foi retomando aos poucos a vocação de escritor, pois já publicara antes crônicas e poemas não só em A Ordem e Vida, revistas de que foi redator, como ainda em O Jornal e na Revista do Brasil. Após uma breve passagem pelas rádios Cruzeiro e Mayrink Veiga, manteve, de 1959 a 1993, na Rádio Jornal do Brasil, o programa Encontro Marcado, apresentado diariamente às 18 horas. Esse programa passou a ser transmitido depois pelas rádios Carioca-AM e Catedral-FM, também diariamente. Colaborou, todas as quintas-feiras, no Jornal do Brasil.

Dom Marcos, ingressando no mosteiro após ter publicado alguns poemas e artigos, julgava ter renunciado à vocação literária, que veio, no entanto, a desabrochar de novo em autos e poemas  depois reunidos em livro. Um desses poemas, “O varredor” (“Varredor que varres a rua, / tu varres o Reino de Deus.”), foi muito divulgado pela Ação Católica, à qual pertencia ainda como estudante. Outro poema seu, “Cântico de núpcias”, teria igual repercussão, lido em celebrações de casamento e até mesmo em novelas de televisão. Inovou a oratória sacra, pelo estilo manso e poético dos seus sermões.

Obteve os dois primeiros lugares no concurso para a letra do Hino do XXXVI Congresso Eucarístico Internacional realizado no Rio de Janeiro, em 1955, como também fez parte da equipe de tradutores de textos litúrgicos da Conferência Nacional dos Bispos. Traduziu também, além de obras de Paul Claudel e François Mauriac, três livros que se tornaram famosos: O pequeno príncipeO menino do dedo verde e Marcelino pão e vinho. Integrou por vários anos o Conselho Federal de Cultura. Foi escolhido para saudar, em nome dos intelectuais, o Papa João Paulo II em sua primeira viagem ao Brasil. Sucedeu a Otávio de Faria no Pen Clube, em 15 de outubro de 1981, tendo sido saudado por Antonio Carlos Villaça. Recebeu o Prêmio de Poesia do Pen Clube do Brasil (1986); foi agraciado, em 7 de junho de 1990, com a condecoração de Chévalier des Arts et des Lettres, concedida pela República Francesa, e recebeu, em 1995, o Prêmio São Sebastião de Cultura da Arquidiocese do Rio de Janeiro, como Personalidade do Ano.

Atualizado em 31/05/2017.

fonte de origem:

http://www.academia.org.br/academicos/marcos-barbosa-dom/biografia

Domingo na Usina: Biografias: Odylo Costa:

Quarto ocupante da Cadeira 15, eleito em 20 de novembro de 1969, na sucessão de Guilherme de Almeida e recebido pelo Acadêmico Peregrino Júnior em 24 de julho de 1970.

Odylo Costa, filho, jornalista, cronista, novelista e poeta, nasceu em São Luís, MA, em 14 de dezembro de 1914, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 19 de agosto de 1979.

Filho do casal Odylo Moura Costa e Maria Aurora Alves Costa, transferiu-se ainda criança do Maranhão para o Piauí, onde fez estudos primários e secundários em Teresina, os primeiros no Colégio Sagrado Coração de Jesus e os segundos no Liceu Piauiense. Desenvolveu, assim, dupla afetividade de província, fraternalmente desdobrada entre as duas cidades, e estendida a Campo Maior, no Piauí, onde nasceu sua mulher, D. Maria de Nazaré Pereira da Silva Costa, com quem se casou em 1942, sob a bênção de três poetas: Manuel Bandeira, Ribeiro Couto e Carlos Drummond de Andrade, padrinhos do casamento.

Mas já aos 16 anos, em março de 1930, Maranhão e Piauí ficaram para trás e Odylo Costa, filho, em companhia dos pais, fixou-se no Rio de Janeiro, bacharelando-se em Direito, pela Universidade do Brasil, em dezembro de 1933. Desde os 15 anos, porém, já se revelava no jovem maranhense a vocação de jornalista, que encontrou, aliás, seu primeiro abrigo no semanário Cidade Verde, de Teresina, fundado em 1929. Por isso mesmo, em janeiro de 1931, conduzido por Félix Pacheco, entrou Odylo para a redação do Jornal do Comércio, onde permaneceu até 1943. O jornalismo, entretanto, embora ocupando boa parte de sua atividade intelectual, não o fazia esquecer a literatura e, em 1933, com o livro inédito Graça Aranha e outros ensaios, publicado no ano seguinte, obtinha o Prêmio Ramos Paz da Academia Brasileira de Letras. Em 1936, em colaboração com Henrique Carstens, publica o Livro de poemas de 1935, seguido, nove anos mais tarde, do volume intitulado Distrito da confusão, coletânea de artigos de jornal em que, nas possíveis entrelinhas, fazia a crítica do regime ditatorial instaurado no país em 1937. Mas o jornalismo, apesar desses encontros sempre felizes com a literatura, foi na verdade sua dedicação mais intensa, exercido com notável espírito de renovação e modernidade. Deixando o Jornal do Comércio, Odylo Costa, filho, foi sucessivamente fundador e diretor do semanário Política e Letras (de Virgílio de Melo Franco, de quem foi dedicado colaborador na criação e nas lutas da União Democrática Nacional); redator do Diário de Notícias, diretor de A Noite e da Rádio Nacional, chefe de redação do Jornal do Brasil, de cuja renascença participou decisivamente; diretor da Tribuna da Imprensa; diretor da revista Senhor; secretário do Cruzeiro Internacional; diretor de redação de O Cruzeiro e, novamente, redator do Jornal do Brasil, função que deixou em 1965, ao viajar para Portugal como adido cultural à Embaixada do Brasil. Mas nem sempre, ao longo dessa extraordinária atividade, foi apenas o jornalista de bastidores, o técnico invisível. Em 1952 e 1953, exerceu a crítica literária no Diário de Notícias, onde também criou e manteve a seção “Encontro Matinal”, juntamente com Eneida e Heráclio Sales. Durante prolongado período, publicou uma crônica diária na Tribuna da Imprensa.

Na vida pública, Odylo Costa, filho, foi Secretário de Imprensa do Presidente Café Filho, diretor da Rádio Nacional e Superintendente das Empresas Incorporadas ao Patrimônio da União.

A partir de 1963, circunstâncias dolorosas levaram-no de volta a uma prática mais constante da poesia, que não abandonara de todo embora fugisse à publicação em letra de fôrma e até mesmo à leitura pelos amigos mais íntimos. E foi o maior deles, Manuel Bandeira, ao preparar a 2ª  edição da sua Antologia dos poetas brasileiros bissextos contemporâneos, o primeiro a ler alguns desses poemas, sobretudo os inspirados pela morte de um filho ainda adolescente, que tinha seu nome, poemas esses que Bandeira colocava entre “os mais belos da poesia de língua portuguesa”. Animado ainda por Bandeira, Raquel de Queirós e outros amigos, Odylo Costa, filho, reuniu afinal seus versos em volume publicado em Lisboa em 1967. Ampliado com os poemas da “Arca da Aliança” e abrangendo toda a poesia do autor, saiu o volume Cantiga incompleta em 1971. Mas se a poesia foi constante presença em sua vida, a ficção também participou de sua bibliografia literária desde 1965, quando, aos 50 anos, publicou a novela A faca e o rio, traduzida para o inglês pelo Prof. Lawrence Keates, da Universidade de Leeds, e para o alemão por Curt Meyer-Clason. Com o mesmo título, A faca e o rio foi adaptada para o cinema pelo holandês George Sluizer. À edição portuguesa de A faca e o rio (1966), acrescentou Odylo Costa, filho, o conto “A invenção da ilha da Madeira”, nova e feliz experiência do ficcionista até então oculto pelo poeta, e ainda prolongada no conto “História de Seu Tomé meu Pai e minha mãe Maria”, em edição fora do comércio.

Profundamente ligado ao Maranhão (foi eleito para suplente, no Senado Federal, de José Sarney), escreveu a introdução aos desenhos da pintora Renée Levèfre no belo livro: Maranhão: São Luís e Alcântara (1971).

De abril de 1965 a maio de 1967, foi adido cultural à Embaixada do Brasil em Portugal, onde mereceu a honra de ser incluído entre os membros da Academia Internacional de Cultura Portuguesa. De regresso ao Brasil, embora tivesse recusado o convite do Presidente Costa e Silva para exercer o cargo de Diretor da Agência Nacional, Odylo Costa, filho, voltou, no entanto, ao exercício do jornalismo, primeiro como diretor da revista Realidade, de São Paulo, mais tarde como diretor de redação da Editora Abril, no Rio, e posteriormente como membro do Conselho Editorial.

 Atualizado em 28/07/2016.

fonte de origem:

http://www.academia.org.br/academicos/odylo-costa-filho/biografia

Domingo na Usina: Biografias: Olavo Bilac:

Olavo Bilac (Olavo Braz Martins dos Guimarães Bilac), jornalista, poeta, inspetor de ensino, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 16 de dezembro de 1865, e faleceu, na mesma cidade, em 28 de dezembro de 1918. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, criou a cadeira nº. 15, que tem como patrono Gonçalves Dias.

Eram seus pais o Dr. Braz Martins dos Guimarães Bilac e D. Delfina Belmira dos Guimarães Bilac. Após os estudos primários e secundários, matriculou-se na Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro, mas desistiu no 4º. ano. Tentou, a seguir, o curso de Direito em São Paulo, mas não passou do primeiro ano. Dedicou-se desde cedo ao jornalismo e à literatura. Teve intensa participação na política e em campanhas cívicas, das quais a mais famosa foi em favor do serviço militar obrigatório. Fundou vários jornais, de vida mais ou menos efêmera, como A CigarraO MeioA Rua. Na seção “A Semana” da Gazeta de Notícias, substituiu Machado de Assis, trabalhando ali durante anos. É o autor da letra do Hino à Bandeira.

Fazendo jornalismo político nos começos da República, foi um dos perseguidos por Floriano Peixoto. Teve que se esconder em Minas Gerais, quando frequentou a casa de Afonso Arinos em Ouro Preto. No regresso ao Rio, foi preso. Em 1891, foi nomeado oficial da Secretaria do Interior do Estado do Rio. Em 1898, inspetor escolar do Distrito Federal, cargo em que se aposentou, pouco antes de falecer. Foi também delegado em conferências diplomáticas e, em 1907, secretário do prefeito do Distrito Federal. Em 1916, fundou a Liga de Defesa Nacional.

Sua obra poética enquadra-se no Parnasianismo, que teve na década de 1880 a sua fase mais fecunda. Embora não tenha sido o primeiro a caracterizar o movimento parnasiano, pois só em 1888 publicou Poesias, Olavo Bilac tornou-se o mais típico dos parnasianos brasileiros, ao lado de Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.

Fundindo o Parnasianismo francês e a tradição lusitana, Olavo Bilac deu preferência às formas fixas do lirismo, especialmente ao soneto. Nas duas primeiras décadas do século XX, seus sonetos de chave de ouro eram decorados e declamados em toda parte, nos saraus e salões literários comuns na época. Nas Poesias encontram-se os famosos sonetos de Via Láctea e a “Profissão de Fé”, na qual codificou o seu credo estético, que se distingue pelo culto do estilo, pela pureza da forma e da linguagem e pela simplicidade como resultado do lavor.

Ao lado do poeta lírico, há nele um poeta de tonalidade épica, de que é expressão o poema “O caçador de esmeraldas”, celebrando os feitos, a desilusão e a morte do bandeirante Fernão Dias Paes. Bilac foi, no seu tempo, um dos poetas brasileiros mais populares e mais lidos do país, tendo sido eleito o “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, no concurso que a revista Fon-Fon lançou em 1º. de março de 1913. Alguns anos mais tarde, os poetas parnasianos seriam o principal alvo do Modernismo. Apesar da reação modernista contra a sua poesia, Olavo Bilac tem lugar de destaque na literatura brasileira, como dos mais típicos e perfeitos dentro do Parnasianismo brasileiro. Foi notável conferencista, numa época de moda das conferências no Rio de Janeiro, e produziu também contos e crônicas.

Recebeu o acadêmico Afonso Arinos.

fonte de origem:

http://www.academia.org.br/academicos/olavo-bilac/biografia#:~:text=Biografia&text=Olavo%20Bilac%20(Olavo%20Braz%20Martins,Letras%2C%20criou%20a%20cadeira%20n%C2%BA.

Domingo na Usina: Biografias: Gonçalves Dias:

Gonçalves Dias (Antônio Gonçalves Dias), poeta, professor, crítico de história, etnólogo, nasceu em Caxias, MA, em 10 de agosto de 1823, e faleceu em naufrágio, no Maixio dos Atins, MA, em 3 de novembro de 1864. É o patrono da cadeira n. 15, por escolha do fundador Olavo Bilac.

Era filho natural de João Manuel Gonçalves Dias, comerciante português, natural de Trás-os-Montes, e de Vicência Ferreira, mestiça. Perseguido pelas exaltações nativistas, o pai refugiara-se com a companheira perto de Caxias, onde nasceu o futuro poeta. Casado em 1825 com outra mulher, o pai levou-o consigo, deu-lhe instrução e trabalho e matriculou-o no curso de Latim, Francês e Filosofia do Prof. Ricardo Leão Sabino. Em 1838 Gonçalves Dias embarcaria para Portugal, para prosseguir nos estudos, quando lhe faleceu o pai. Com a ajuda da madrasta pôde viajar e matricular-se no curso de Direito em Coimbra. A situação financeira da família tornou-se difícil em Caxias, por efeito da Balaiada, e a madrasta pediu-lhe que voltasse, mas ele prosseguiu nos estudos graças ao auxílio de colegas, formando-se em 1845. Em Coimbra, ligou-se Gonçalves Dias ao grupo dos poetas que Fidelino de Figueiredo chamou de “medievalistas”. À influência dos portugueses virá juntar-se a dos românticos franceses, ingleses, espanhóis e alemães. Em 1843 surge a “Canção do exílio”, uma das mais conhecidas poesias da língua portuguesa.

Regressando ao Brasil em 1845, passou rapidamente pelo Maranhão e, em meados de 1846, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde morou até 1854, fazendo apenas uma rápida viagem ao Norte em 1851. Em 1846 havia composto o drama Leonor de Mendonça, que o Conservatório do Rio de Janeiro impediu de representar a pretexto de ser incorreto na linguagem; em 1847 saíram os Primeiros cantos, com as “Poesias americanas”, que mereceram artigo encomiástico de Alexandre Herculano; no ano seguinte, publicou os Segundos cantos e, para vingar-se dos seus gratuitos censores, conforme registram os historiadores, escreveu as Sextilhas de Frei Antão, em que a intenção aparente de demonstrar conhecimento da língua o levou a escrever um “ensaio filológico”, num poema escrito em idioma misto de todas as épocas por que passara a língua portuguesa até então. Em 1849, foi nomeado professor de Latim e História do Colégio Pedro II e fundou a revista Guanabara, com Macedo e Porto-Alegre. Em 1851, publicou os Últimos cantos, encerrando a fase mais importante de sua poesia.

A melhor parte da lírica dos Cantos inspira-se ora da natureza, ora da religião, mas sobretudo de seu caráter e temperamento. Sua poesia é eminentemente autobiográfica. A consciência da inferioridade de origem, a saúde precária, tudo lhe era motivo de tristezas. Foram elas atribuídas ao infortúnio amoroso pelos críticos, esquecidos estes de que a grande paixão do poeta ocorreu depois da publicação dos Últimos cantos. Em 1851, partiu Gonçalves Dias para o Norte em missão oficial e no intuito de desposar Ana Amélia Ferreira do Vale, de 14 anos, o grande amor de sua vida, cuja mãe não concordou, ao que tudo indica por motivos de sua origem bastarda e mestiça. Frustrado, casou-se no Rio, em 1852, com Olímpia Carolina da Costa. Foi um casamento de conveniência, origem de grandes desventuras para o poeta, devidas ao gênio da esposa, da qual se separou em 1856. Tiveram uma filha, falecida na primeira infância.

Nomeado para a Secretaria dos Negócios Estrangeiros, permaneceu na Europa de 1854 a 1858, em missão oficial de estudos e pesquisa. Em 1856, viajou para a Alemanha e, na passagem por Leipzig, em 1857, o livreiro-editor Brockhaus editou os Cantos, os primeiros quatro cantos de Os Timbiras, compostos dez anos antes, e o Dicionário da língua Tupi. Voltou ao Brasil e, em 1861 e 1862, viajou pelo Norte, pelos rios Madeira e Negro, como membro da Comissão Científica de Exploração. Voltou ao Rio de Janeiro em 1862, seguindo logo para a Europa, em tratamento de saúde, bastante abalada, e buscando estações de cura em várias cidades européias. Em 25 de outubro de 1863, embarcou em Bordéus para Lisboa, onde concluiu a tradução de A noiva de Messina, de Schiller. Voltando a Paris, passou em estações de cura em Aix-les-Bains, Allevard e Ems. Em 10 de setembro de 1864, embarcou para o Brasil no Havre no navio Ville de Boulogne, que naufragou, no Baixio de Atins, nas costas do Maranhão, tendo o poeta, que já se encontrava agonizante, perecido no camarote, sendo a única vítima do desastre, aos 41 anos de idade.

Todas as suas obras literárias, compreendendo os Cantos, as Sextilhas, a Meditação e as peças de teatro (PatkulBeatriz Cenci e Leonor de Mendonça), foram escritas até 1854, de maneira que, segundo Sílvio Romero, se tivesse desaparecido naquele ano, aos 31 anos, “teríamos o nosso Gonçalves Dias completo”. O período final, em que dominam os pendores eruditos, favorecidos pelas comissões oficiais e as viagens à Europa, compreende o Dicionário da língua Tupi, os relatórios científicos, as traduções do alemão, a epopeia inacabada Os Timbiras, cujos trechos iniciais, que são os melhores, datam do período anterior.

Sua obra poética, lírica ou épica, enquadrou-se na temática “americana”, isto é, de incorporação dos assuntos e paisagens brasileiros na literatura nacional, fazendo-a voltar-se para a terra natal, marcando assim a nossa independência em relação a Portugal. Ao lado da natureza local, recorreu aos temas em torno do indígena, o homem americano primitivo, tomado como o protótipo de brasileiro, desenvolvendo, com José de Alencar na ficção, o movimento do Indianismo. Os indígenas, com suas lendas e mitos, seus dramas e conflitos, suas lutas e amores, sua fusão com o branco, ofereceram-lhe um mundo rico de significação simbólica. Embora não tenha sido o primeiro a buscar na temática indígena recursos para o abrasileiramento da literatura, Gonçalves Dias foi o que mais alto elevou o Indianismo. A obra indianista está contida nas “Poesias americanas” dos Primeiros cantos, nos Segundos cantos e Últimos cantos, sobretudo nos poemas “Marabá”, “Leito de folhas verdes”, “Canto do piaga”, “Canto do tamoio”, “Canto do guerreiro” e “I-juca-pirama”, este talvez o ponto mais alto de sua obra e de toda a poesia indianista. É uma das obras-primas da poesia brasileira, graças ao conteúdo emocional e lírico, à força dramática, ao argumento, à linguagem, ao ritmo rico e variado, aos múltiplos sentimentos, à fusão do poético, do sublime, do narrativo, do diálogo, culminando na grandeza da maldição do pai ao filho que chorou na presença da morte.

Pela obra lírica e indianista, Gonçalves Dias é um dos mais típicos representantes do Romantismo brasileiro e forma, com José de Alencar na prosa, a dupla que conferiu caráter nacional à literatura brasileira.

fonte de origem:

http://www.academia.org.br/academicos/goncalves-dias/biografia

Domingos na Usina: Biografias: Celso Lafer:

Quinto ocupante da cadeira 14, eleito em 21 de julho de 2006, na sucessão de Miguel Reale, e recebido em 1º de dezembro de 2006 pelo acadêmico Alberto Venancio Filho.

Foi membro titular do Conselho Deliberativo do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP (2005-2011). De 2007 a 2015, presidiu a FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Integra o Conselho Deliberativo do Instituto de Estudos Avançados da USP.

Foi Ministro de Estado das Relações Exteriores em 1992 e, nesta condição, Vice-Presidente ex-officio da Conferência da ONU sobre Meio-Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92. Na sua segunda gestão no Itamaraty (2001-2002) chefiou a delegação brasileira à Conferência Ministerial da OMC em Doha, que deu início à Rodada de Doha. Em 1999 foi Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. De 1995 a 1998 foi Embaixador, Chefe da Missão Permanente do Brasil junto às Nações Unidas e à Organização Mundial do Comércio em Genebra. Em 1996 foi o Presidente do Órgão de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio e, em 1997, foi Presidente do Conselho Geral da Organização Mundial do Comércio. Presidiu na OMC, em 1998, o Panel “India - Quantitative Restrictions on Imports of Agricultural, Textiles and Industrial Products” e, em 2010, o Panel “United States - measures affecting imports of certain passenger vehicle and light truck tyres from China”. É Membro da Corte Permanente de Arbitragem Internacional de Haia desde 2002.

Preside o Conselho do Museu Lasar Segall e é o Presidente da Fundação Cultural Ema G. Klabin. Integra, desde 2005, o Conselho de Administração de Klabin. De 2007 até julho de 2011 foi Vice-presidente do Conselho de Administração da Associação Pinacoteca Arte e Cultura. De 2005 até 2011 foi membro do Conselho de Administração da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Fundação OSESP) e atualmente integra o seu Conselho de Orientação. É Presidente do Conselho Deliberativo da Unibes e Presidente do Conselho Consultivo do Hospital Israelita Albert Einstein.

Doutor honoris causa da Universidade de Buenos Aires (2001), da Universidade Nacional de Córdoba, Argentina (2002), da Universidade de Tres de Febrero-UNTREF, Argentina (2011), da Universitè Jean Moulin Lyon 3, França (2012), da Universidade de Haifa (2014), da University of Birmingham (2014) e Honorary Fellow da Universidade Hebraica de Jerusalém (2006).

Recebeu o Prêmio Jabuti em 1989 pelo seu livro de 1988 A Reconstrução dos Direitos Humanos - um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt e Prêmio da APCA de 2013 na área Biografia/Memória, pelo livro Norberto Bobbio: Trajetória e Obra. Em 2001, foi-lhe concedido o prêmio Moinho Santista da Fundação Bunge na área de Relações Internacionais. Em 2006 foi titular da cátedra “Países e Culturas do Sul” do Centro John W. Kluge da Biblioteca do Congresso dos EUA. Em 2015 recebeu o Prêmio Professor Emérito – Troféu Guerreiro da Educação Ruy Mesquita, concedido anualmente pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). Membro do Instituto dos Advogados do Brasil (IAB) (1977) e do Instituto dos Advogados do Estado de São Paulo (IASP) (1975).

É membro titular da Academia Brasileira de Ciências, eleito em 2004. Em 21 de julho de 2006 foi eleito o quinto ocupante da cadeira 14 da Academia Brasileira de Letras. Membro efetivo da Academia Paulista de Letras, eleito em outubro de 2014.

fonte de origem: 

http://www.academia.org.br/academicos/celso-lafer/biografia