quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Dante Alighieri: A Divina Comédia: Inferno:


Ah! justiça de Deus! Que lei tremenda, Dores, penas, quais vi, tanto amontoa? 
21 Por que da culpa nos obceca a venda?
Como em Caribde a vaga que ressoa Embate noutra, e quebram-se espumantes: 
24 Assim turba com turba se abalroa.
Almas em cópia, nunca vista de antes,
Fardos de um lado e de outro, em grita ingente,
27 Rolavam com seus peitos ofegantes.
Batiam-se encontrando rijamente, E gritavam depois, atrás voltando:
30 “Por que tens?” “Por que empurras loucamente?”
Assim no tetro círc'lo volteando Iam de toda parte ao ponto oposto,
33 Por injúria o estribilho apregoando.
Nos semicírc'lo novamente rosto Faziam, té o embate reiterarem.
36 Eu, me sentindo à compaixão disposto,
— “Quem são? Que razão há para aqui estarem?” Ao Mestre disse 
— “À esquerda os colocados
39 Clérigos são para tonsura usarem?”
— “Da mente sendo vesgos, transviados”
— Tornou — “andaram na primeira vida,
42 Sempre os bens aplicando desregrados.


Sexta na Usina: Poetas da Rede: Benedito junior:



 A Incontida Necessidade De Se Explicar

O passo reflete a Busca-tormento

Quimera jocosa em plena vazão

Pelo Sistema a Flor delicada 

Engodo nativo como função

O voto propaga o sonho fecundo

Enredo modesto com perda febril

Um berço negado feito destino

Chaga perene de tala servil

O Dom corrobora o longo desejo

A Face traduz o eterno dever...

Cegueira terrena por natureza

Anseio devoto para conter

O cerne transmite o bojo caído

Mudez taciturna a cada furor

Certeza distante e sempre carente

Da fraca postura o grande temor

bjr

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Ricardo Melo:


 

Rascunho.

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Uma moça perguntou ao poeta:

---Moço,  quem é você?

E o Poeta responde:

--Sou um rascunho.

E ela retruca:

---Rascunho?

Como assim?

E ele pacientemente responde:

--Um rabisco rabiscado e mal acabado.

Nasci fracionado, dividido em partes.

Um risquinho de mim é ilusão.

Os demais, são por conta da composição.

Música para os ouvidos e versos para qualquer coração...

Ela, confusa diz:

---Ainda não entedi nada!

Ele, sorridente e confiante enfatiza:

---Estou em busca de um apagador que apague as manchas da minha imaginação. Ela é sonhadora e apartir dai reescreverei uma nova inspiração inspirando em histórias que me mostrem quem realmente sou....

Me rabiscaram fazendo de mim um diagrama e fiquei assim, em uma tremenda confusão....

Sou agora um esquema, um desboço.

Um traço meio traçado que ainda não completou o seu traço.

Um ponto final no começo,

Uma reticência distorcida.

Um parágrafo no final.

Uma vírgula acima do luar

Uma interrogação no andaime

Uma exclamação no terraço

Uma fotografia embaçada...

Ela;

---Pare!

Nossa!

Tudo em você é ao contrário.

Nada em ti é certinho....

Ele, Com o seu modo educado finaliza;

-- Afinal!

Então,

Mostre-me , apresente-me esse alguém que é a perfeição....

Autor : Ricardo Melo

O Poeta que Voa

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Gustavo Antonio Drummond:


 

GUEIXA

Mais linda, suave, delicada,

olhos de cerejas saborosas.

traços finos, delgados passos,

pronta para ser amada,

dança, elegante,

entoa cantos, afinada.

quase levita,

mulher-colibri,

contornos, traços,

doce semblante

de pôr do sol,

nascente alegria

imagem bonita,

de porcelana,

delgado encantar;

se engalana,

sonha, arde,

cedo cede,

cai a seda,

se transforma,

sôfrega, maliciosa,

No tatami, o  suor,

rosa a brilhar,

golpes de amor.

(Gustavo Drummond)

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Hector Polizzi:


 

SOMENTE VOCÊ.

O queixo frio,

impresso em dezembro

nas ruas e nas árvores,

bêbada de vergeles

-- você flui eloquente --,

A luz tênue desenha os corpos

e nossos ousados dedos

em melis cobertos

Abrem rachaduras, desenham seu ritual,

-- tire do zênite --,

Gozemos da paisagem

e como sussurrante,

seu olhar ofegante do desejo

é mirtilo em êxtase;

Toma minha língua quente.

meu licor é puro amor,

Sem palavras, sem abraços, sou seu.

Autor: Hector Polizzi.

29/11/2021.

Argentina.

D.R.

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Lucio Mauro Varanda:


 

Lucio Mauro Varanda

22 de abril de 2015 ·

" NOITE "

Aut: Lucio M. Varanda

Noite,

noite clara,ou escura,

estrelada,

noite de lua.

Noite,

noite quente,ou fria,

chuvosa,

noite de nevoeiro.

Eu caminhante,

apaixonado pela noite

enamorado pela lua

fascinado pelas estrelas.

Sem rumo

sem destino.

Noite,

noite de mistérios

e encantos,

para mim um acalanto

conforto para alma.

Noite,

para ti me entrego

não nego,

sou criatura da noite.

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Juan Carlos Villagómez Hurtado:


 

Autor: Juan Carlos Villagómez Hurtado.

Título: Um café

País: Equador.

Data: 02 de dezembro de 2021

Direitos Reservados.

Imagem: Tirado da Net

UM CAFÉ

Convido você a tomar um café,

talvez para você, não seja a melhor companhia,

se você quiser pedir um chá,

de repente escreva-lhe um verso e leia poesia.

Convido você a tomar um café,

de manhã ou ao pôr do sol,

Elevemos uma oração com muita fé,

Talvez sorremos até enlouquecer

Convido você a tomar um café,

quente e bem carregado,

Apenas uma xícara de café.

Você verá que por você eu serei loucamente apaixonado.

Convido você a tomar um café,

que nos agasalhe o corpo e a alma,

um café que aquece o nosso amor,

nos proporcione paz e calma.

Sexta na Usina: Poetas da Rede: José Alberto Sá:


 

Imagino-vos

Possuo uma imaginação tão real, que assisto todos os dias, aos retratos de todos os bons e os maus, onde a moldura sou eu que a faço!

Todos se dirigem nus em minha direção, todos são por mim vestidos, ou ainda mais despidos.

Não vestirei, mas sim arrancarei de mim, toda a pele daqueles que me forem impuros!

A imaginação é a graça do artista e essa graça é o objeto imaginário do obscuro desejo, o desejo que é meu!

Olho-vos a todos e a todos imagino… Nus!

Não pelo ato sexual, essa é uma imaginação que deambula dentro de mim, mas que somente a mostro quando visto alguém! Alguém que também me quer vestir!

Não sejamos hipócritas ou ignorantes, sejamos nus mas limpos, pronto a sermos vestidos, sejamos simples no existir e aí nos sentiremos vestidos de amor!

Esse amor é a roupa de que vos falo e imagino em todos vós.

Imaginem como eu a luz, imaginem a mão que toca na pele, imaginem o olhar que vos olha e vos chama, imaginem a boca que se abre e vos beija, imaginem o nariz que vos arruma o cabelo atrás da orelha e vos faz sentir a respiração, imaginem o calor humano que grita sem voz… Imaginem o ser real e saciai-vos dos pedaços que sobram das molduras que faço!

Todos vós sois retratos reais de vós mesmo e as molduras são os meus sentimentos, que vos imaginam vestidos de amor… A sobra deste meu imaginar é luz para quem se quer iluminar… Aqueles que não me conhecem e me podem vir um dia a abraçar!

José Alberto Sá

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Angel Gustavo Benavides:


 

EL ABRAZO DE TUS BESOS

                     La ausencia de tu sonrisa,

                   el llanto que quiere escapar.

                       Atrapado entre sollozos, … Ver mais

O ABRAÇO DOS SEUS BEIJOS

A ausência do seu sorriso,

O choro que quer escapar.

Preso entre soluços,

meus beijos querem te abraçar.

Ao escrever esta poesia,

meu coração despedaçado,

soltou seu cheiro

abraçando a memória dos seus beijos,

Eu fechei meus olhos.

imagine sua presença

Na minha frente, como estátua viva.

Você é poesia e paixão,

Uma paixão indescritível.

A poesia do seu amor,

é ausência dos seus beijos.

A ternura dos seus braços,

a falta dos seus abraços.

Enquanto as sombras desaparecem,

Buscando a eterna liberdade.

Não haverá nenhum ser corajoso,

batalhando por sua dignidade.

Somente sua presença comprovará

a amargura desta solidão.

Não desejo mais te abraçar nos meus sonhos,

Eu quero te abraçar na realidade.

Um abraço que saiba a eternidade,

porque você nunca se ausentará.

Você será meu farol de luz.

que alumbre no meu escuro.

Angel Gustavo Benavides

Autor (direitos reservados)

Equador

Dezembro de 02/2021

Sexta na Usina: Poetas da Rede: Miguel Angelo Teixeira:


 

NÃO VÁS!

Não vás! Não ainda. Pudesse eu ter o poder de parar o tempo num abraço, mas contigo o tempo voa. Um abraço, apenas e só. Mesmo que nada mais houvesse guardar-te-ia num abraço mais apertado, como aquele tesouro mais precioso que queremos conservar para sempre no coração. Quero conservar o momento, o toque da pele tão esperado quanto imaginado, o odor das nossas necessidades e desejos mais básicos e primitivos confundidos nesse inolvidável instante, no último estertor, no suspiro impossível de conter,  de dois amantes que nunca se viram e todavia não se esquecem, o gosto do beijo não beijado, o sal dos corpos suados, da alma e da carne, vazias de sentido. Não vás!, que o amanhã é apenas uma quimera, uma janela aberta por onde fogem as fantasias cansadas dos sonhos, num bater de asas rumo à realidade dos dias que passam e das coisas palpáveis. Houve um tempo em que só querias voar na escuridão protectora do meu quarto, despida das normas e das regras de uma sociedade que nos castra os impulsos mais selvagens, vestida de uma fome e de uma sede insaciável de sensações que nenhuma palavra consegue descrever. Não vás ainda. Fica!, no aconchego reconfortante e ansiado que ninguém vê, deixa-me despentear-te os cabelos uma última vez, sentir a tua intimidade numa insanidade só nossa, neste puzzle que nos completa e disfarça a solidão e a carência dos dias intermináveis.

autor: Miguel Angelo Teixeira

Dante Alighieri: A Divina Comédia: Inferno:


 



PAPE Satan, pape Satan, aleppe:
Pluto com rouca voz, ao ver-nos brada.
3 Para que eu do conforto não discrepe,
Virgílio, em tudo sábio: — “Da aterrada Mente” 
— me diz — “se desvaneça o susto!
6 Poder Pluto não tem, que tolha a entrada”.
E, se volvendo ao vulto, de ira adusto, Lhe grita: 
— “Cal'-te, ó lobo abominoso! 
9 Em ti consome esse furor injusto!
“Se ao abismo descemos tenebroso,
A lei se cumpre do alto, onde, em castigo,
12 Suplantara Miguel bando orgulhoso”.
 — Como o mastro, abatendo, traz consigo
Velas, que o vento de feição tendia,
15 Baqueou-se por terra o monstro imigo.
E, pois que o quarto círculo se abria, 
Mais penetramos pela estância horrenda, 
18 A que todo seu mal o mundo envia.