sábado, 30 de janeiro de 2021

Domingo na Usina: Biografias: Agustina Bessa-Luís:

 


Agustina Bessa-Luís, nome literário de Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa GOSE • GCSE (Amarante, Vila Meã, 15 de outubro de 1922 — Porto, 3 de junho de 2019) foi uma escritora portuguesa.[1][2]
Biografia
Infância e juventude
Segunda e ultimogénita filha[3] do empresário Artur Teixeira Bessa (1882-1924), duma família rural de Entre Douro e Minho, e de sua mulher Laura Jurado Ferreira (1899-?), que era filha de pai Português, Lourenço Guedes Ferreira, Engenheiro dos Caminhos de Ferro, e de mãe Espanhola, sua mulher Lorenza Agustina Jurado Franco, nascida em Zamora.[4]
Regressado a Portugal, o pai de Agustina, que já no Brasil se dedicara à exploração de casas de espectáculo e de jogo, tornou-se gerente do Casino da Póvoa. As contingências da sua vida levaram a família a viver em vários lugares do Norte e do Douro — Gaia, Porto, Póvoa de Varzim, Águas Santas, Bagunte, Vila do Conde e Godim, naquela que era a casa de família da sua mãe. A relação com a região duriense, durante largas temporadas da sua infância e adolescência, marcaria de forma indelével a obra da escritora.[4]
Desde muito jovem que Agustina se interessou por livros, descobrindo na biblioteca do avô materno, os clássicos da literatura espanhola, francesa e inglesa, marcantes na sua formação literária. Em 1932 vai para o Porto estudar, onde passa parte da adolescência, mudando-se para Coimbra em 1945. A partir de 1950 fixa definitivamente a sua residência no Porto.
Casou a 25 de julho de 1945, na cidade do Porto, com o estudante de Direito Alberto Luís, que conheceu através de um anúncio no jornal "O Primeiro de Janeiro", publicado pela escritora, no qual procurava uma pessoa culta com quem se corresponder. Do seu casamento teve uma única filha, Mónica Bessa-Luís Baldaque, museóloga, pintora e autora de vários livros. Do casamento de sua filha, nasceram um filho chamado Alberto e duas filhas chamadas Leonor e Lourença Agustina.
Actividade literária
Estreou-se como uma brilhante romancista em 1949, ao publicar a novela Mundo Fechado, mas seria o romance A Sibila, publicado em 1954 que constituiu um enorme sucesso e lhe trouxe imediato reconhecimento geral. E é com A Sibila que atinge a total maturidade do seu processo criativo.
É conhecido o seu interesse pela vida e obra de um dos grandes expoentes da escola romântica, Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, 1.° Visconde de Correia Botelho, cuja herança se faz sentir quer a nível temático (inúmeras obras de Agustina se relacionam com a sociedade de Entre Douro e Minho), quer a nível da técnica narrativa (explorou ficcionalmente a própria vida de Camilo). Essa filiação associa Agustina à corrente neo-romântica, como defende Eduardo Lourenço.[5]
Vários dos seus romances foram adaptados ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira, com quem manteve uma relação de amizade e de colaboração próxima. Exemplos desta parceria são Fanny Owen (Francisca, 1981), Vale Abraão (filme homónimo, 1993), As Terras do Risco (O Convento, 1995) ou A Mãe de um Rio (Inquietude, 1998). Foi também autora de peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance As Fúrias sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria, (Teatro Nacional D. Maria II, 1995).
A sua criação era extremamente fértil e variada. Escreveu até o momento mais de cinquenta obras, entre romances, contos, peça de teatro|peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis. Foi traduzida para alemão, castelhano, dinamarquês, francês, grego, italiano e romeno. O seu livro-emblema, A Sibila, já atingiu a vigésima quinta edição, sendo de leitura opcional no Ensino Secundário.
Em 2005, participou no programa da RTP Ela por Ela, série de 13 episódios sobre provérbios e aforismos, em conversa com Maria João Seixas, realizado por Fernando Lopes.
Em julho de 2006, pouco depois de terminar a sua última obra, A Ronda da Noite, deixou de escrever e retirou-se da vida pública, devido a razões de saúde.[6][7] Teria sofrido um acidente vascular cerebral que a deixara seriamente incapacitada.[8][9][10]
Morte
Morreu a 3 de junho de 2019, em sua casa, no Porto, vítima de doença prolongada.[11]
Atividades institucionais
Além da atividade literária, envolveu-se em diversos projetos. Foi membro do Conselho Diretivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma) (1961-1962). Colaborou em várias publicações periódicas, tendo sido entre 1986 e 1987 diretora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto). Entre 1990 e 1993 assumiu a direção do Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Foi ainda membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Letras).
Distinções e prémios
Foi distinguida com o grau de Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico, a 9 de abril de 1981, tendo sido elevada ao grau de Grã-Cruz da mesma Ordem a 26 de janeiro de 2006.[12]
Em 2005, foi-lhe atribuído o título de Doutora Honoris Causa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Em 2004, aos 81 anos, recebeu o mais importante prémio literário da língua portuguesa, o Prémio Camões. Na ata do júri da XVI edição do Prémio, pode ler-se que "o júri tomou em consideração que a obra de Agustina Bessa-Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excepcionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum".
Recebeu ainda:
Prémio Eça de Queirós (1954)

Prémio Ricardo Malheiros (1966, 1977)

Prémio D. Dinis (1980)

Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1981)

Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB (1983)

Prémio Seiva (1988)

Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1992)

Medalha de Mérito Cultural (1993)

Prémio União Latina de Literaturas Românicas (1997)

Globo de Ouro (2002)
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Domingo na Usina: Biografias: António Lobo Antunes:

 


António Lobo Antunes GCSE • GCL (Lisboa, Benfica, 1 de Setembro de 1942) é um escritor e psiquiatra português.
Biografia
António Lobo Antunes nasceu na Freguesia de Benfica, Concelho de Lisboa, a 1 de Setembro de 1942, no seio de uma família da alta burguesia. Seu pai, João Alfredo Lobo Antunes, foi um destacado neurologista português, assistente de Egas Moniz e professor de Medicina. Seu trisavô foi o 1.º Visconde de Nazaré. É irmão de João Lobo Antunes (Lisboa, 4 de junho de 1944 – Lisboa, 27 de outubro de 2016), neurocirurgião português e ex-membro do Conselho de Estado, Nuno Lobo Antunes (Lisboa, 10 de Maio de 1954), neuropediatra, Miguel Lobo Antunes, programador cultural, Manuel Lobo Antunes (Lisboa, 27 de Junho de 1958), jurista e diplomata português atual embaixador no Reino Unido, e Pedro Lobo Antunes, arquitecto e membro da assembleia municipal de Torres Novas.
Estudou no Liceu Camões em Lisboa e licenciou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Após a conclusão do curso foi destacado como médico militar durante a guerra colonial entre 1971 e 1973 no leste de Angola, na Vila Gago Coutinho e no Chiúme, e mais tarde em Malange. As cartas que trocou com a sua primeira mulher Maria José Lobo Antunes durante esse período, quando esta se encontrava grávida da sua primeira filha foram posteriormente reunidas em «D'este viver aqui neste papel descripto» pelas suas filhas Maria José Lobo Antunes e Joana Lobo Antunes, que veio a originar um filme (Cartas da Guerra) realizado por Ivo Ferreira.
A sua experiência como alferes miliciano está bem patente na sua obra, sendo um tema central de alguns dos seus livros.
Após o cumprimento do serviço militar, Lobo Antunes especializou-se em psiquiatria, tendo exercido a especialidade durante alguns anos no Hospital Miguel Bombarda até a abandonar por completo em favor da literatura.
O seu primeiro livro a ser publicado foi Memória de Elefante, em 1979 pela Vega, que se tornou num enorme sucesso literário. Desde então, publicou 29 romances e cinco volumes que reúnem as suas crónicas publicadas semanalmente na revista Visão.
Foi galardoado com o Prémio Camões (2007), o prémio de maior prestígio da literatura em português. Tem uma biblioteca com o seu nome em Nelas, terra onde a sua família tem uma casa construída nos anos 1940 com projecto de João Alfredo Lobo Antunes.
Obra literária
Antonio Lobo Antunes, em 2010, no Salon du livre de Paris

Temáticas

Obras publicadas

Bibliografia activa

Memória de Elefante, (1979)

Os Cus de Judas, (1979)

Conhecimento do Inferno, (1980)

Explicação dos Pássaros, (1981)

Fado Alexandrino, (1983)

Auto dos Danados, (1985)

As Naus, (1988)

Tratado das Paixões da Alma, (1990)

A Ordem Natural das Coisas, (1992)

A Morte de Carlos Gardel, (1994)

A História do Hidroavião (com ilustrações de Vitorino), (1994)[1]

Manual dos Inquisidores, (1996)

O Esplendor de Portugal, (1997)

Livro de Crónicas, (1998)

Exortação aos Crocodilos, (1999)

Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura, (2000)

Que farei quando tudo arde?, (2001)

Segundo Livro de Crónicas, (2002)

Letrinhas das Cantigas (edição limitada), (2002)[1]

Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo, (2003)

Eu Hei-de Amar Uma Pedra, (2004)

D'este viver aqui neste papel descripto: cartas da guerra ("Cartas da Guerra"), (2005)[1]

Terceiro Livro de Crónicas, (2006)

Ontem Não Te Vi Em Babilónia, (2006)

O Meu Nome é Legião, (2007)

O Arquipélago da Insónia, (2008)

Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra no Mar?, (2009)

Sôbolos Rios Que Vão, (2010)

Quarto Livro de Crónicas, (2011)

Comissão das Lágrimas, (2011)

Não É Meia Noite Quem Quer, (2012)

Quinto Livro de Crónicas, (2013)

Caminho Como Uma Casa Em Chamas, (2014)

Da Natureza dos Deuses (2015)

Para Aquela que Está Sentada no Escuro à Minha Espera (2016)

Até Que as Pedras Se Tornem Mais Leves Que a Água (2017)

A Última Porta Antes da Noite (2018)

A Outra Margem do Mar (2019)

Diccionario da Linguagem das Flores (2020)

Bibliografia passiva

Conversas com António Lobo Antunes, de María Luisa Blanco, (2002)

Os Romances de António Lobo Antunes, de Maria Alzira Seixo, (2002)

A Escrita e o Mundo em António Lobo Antunes - Actas do Colóquio Internacional da Universidade de Évora, (2003)

Fotobiografia, por Tereza Coelho, (2004)

Dicionário da Obra de António Lobo Antunes, 2 volumes, por Maria Alzira Seixo, Graça Abreu, Eunice Cabral, Maria Fernanda Afonso, Sérgio Guimarães de Sousa e Agripina Carriço Vieira, (2008)

Entrevistas com António Lobo Antunes - 1979-2007 - As Confissões do Trapeiro por Ana Paula Arnaut, (2008)

Uma Longa Viagem com António Lobo Antunes, por João Céu e Silva, (2009)

António Lobo Antunes, por Ana Paula Arnaut, (2009)

Memória Descritiva da Fixação do Texto Para a Edição "Ne Varietur" da Obra Completa de António Lobo Antunes, por Maria Alzira Seixo, Graça Abreu, Eunice Cabral e Agripina Carriço Vieira, (2010)

As Flores do Inferno e Jardins Suspensos, por Maria Alzira Seixo (com participação de António Bettencourt), II Volume de Os Romances de António Lobo Antunes, (2010)

A Crítica na Imprensa 1980-2010 - Cada Um Voa Como Quer, edição de Ana Paula Arnaut, (2011)

A Arte do Romance, Colecção António Lobo Antunes - por Felipe Cammaert, Colecção António Lobo Antunes - Ensaio, I Volume, (2011)

A Mão-de-Judas: Representações da Guerra Colonial em António Lobo Antunes, por Norberto do Vale Cardoso, Colecção António Lobo Antunes - Ensaio, II Volume, (2011)

As Mulheres na ficção de António Lobo Antunes: (In)variantes do feminino, de Ana Paula Arnaut, Colecção António Lobo Antunes - Ensaio, III Volume, (2012)

Chaves de escrita e chaves de leitura nos romances de António Lobo Antunes, de Catarina Vaz Warrot, Colecção António Lobo Antunes - Ensaio, IV Volume, (2013)

António Lobo Antunes: A Desordem Natural do Olhar, de Susana João Carvalho, Colecção António Lobo Antunes - Ensaio, V Volume, (2014)

Quem sou eu? Ensaios sobre António Lobo Antunes, de Sérgio Guimarães de Sousa, Coleccção António Lobo Antunes, VI Volume, (2015)
Brasil
No Brasil, a Editora Objetiva adquiriu os direitos de publicação, em versão original, de toda a obra do escritor português. A editora já publicou no país os seguintes títulos: Boa Tarde às Coisas Aqui em Baixo, Memória de Elefante, Conhecimento do Inferno, Os Cus de Judas, Eu Hei-de Amar Uma Pedra, Explicação dos Pássaros, O Meu Nome é Legião, Que Cavalos são Aqueles Que Fazem Sombra no Mar, O Arquipélago da Insónia e As Naus.
Segundo o autor, durante entrevista à revista Entre livros, nº 32, páginas 14 a 19, o Brasil começou muito tarde a publicar seu trabalho por "razões pessoais": ''Os Cus de Judas saiu primeiro por uma editora que era de um amigo meu, a Marco Zero, e depois por longos anos não foi publicado." O autor não tinha pressa em ser publicado no Brasil e conclui: "Não sei, certa impressão de que meus livros seriam muito criticados… e eu venho do Brasil." O avô de Lobo Antunes, também António, era de Belém, do Pará, onde o escritor começou a ler os clássicos brasileiros José de Alencar, Aluísio Azevedo, Machado de Assis, Monteiro Lobato.
Prémios e homenagens

PRT Order of Saint James of the Sword - Grand Cross BAR.png Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico de Portugal (15 de Novembro de 2004)[2]

Ordre des Arts et des Lettres Commandeur ribbon.svg Comendador da Ordem das Artes e das Letras de França (18 de Novembro de 2008)[3]

Doutor honoris causa pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (6 de Julho de 2008)[4]

Doutor honoris causa pela Universidade Babeș-Bolyai de Cluj-Napoca, Roménia (6 de Outubro de 2014)

PRT Order of Liberty - Grand Cross BAR.png Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (28 de Setembro de 2019)[2]
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Domingo na Usina: Biografias: João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett:

 


João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett, mais tarde 1.º Visconde de Almeida Garrett (Porto, 4 de fevereiro de 1799 — Lisboa, 9 de dezembro de 1854), foi um escritor e dramaturgo romântico, orador, par do reino, ministro e secretário de estado honorário português.
Grande impulsionador do teatro em Portugal, uma das maiores figuras do romantismo português, foi ele quem propôs a edificação do Teatro Nacional de D. Maria II e a criação do Conservatório de Arte Dramática.
Biografia
Primeiros anos
João Leitão da Silva nasceu a 4 de fevereiro de 1799, na antiga Rua do Calvário, n.ºs 18, 19 e 20 (actual Rua Dr. Barbosa de Castro, n.ºs 37, 39 e 41), na freguesia da Vitória, no Porto, filho segundo de António Bernardo da Silva Garrett (1740-1834), selador-mor da Alfândega do Porto, e de Ana Augusta de Almeida Leitão (1770-1841), casados em 1796.[1] Neto paterno de José Ferreira da Silva e Antónia Margarida Garrett, materno de José Bento Leitão e Maria do Nascimento de Almeida. Foi baptizado na Igreja Paroquial de Santo Ildefonso a 10 de Fevereiro de 1799.
Eram seus irmãos: Alexandre José da Silva Leitão de Almeida Garrett (7 de Agosto de 1797 - 24 de Outubro de 1847), que casou com Angélica Isabel Alves Cardoso Guimarães, Maria Amália de Almeida Garrett (ca. 1801 - Sé (Angra do Heroísmo), Ilha Terceira, 25 de Novembro de 1844), que casou com Francisco de Menezes Lemos e Carvalho (São Pedro (Angra do Heroísmo), Ilha Terceira, 20 de Setembro de 1786 - Sé (Angra do Heroísmo), Ilha Terceira, 6 de Outubro de 1862), António Bernardo da Silva Garrett (ca. 1803 - São José (Lisboa), 9 de Novembro de 1838), que morreu solteiro e Joaquim António de Almeida Garrett (ca. 1805 - 21 de Maio de 1845). Passou a sua infância na Quinta do Sardão, em Oliveira do Douro (Vila Nova de Gaia), pertencente ao seu avô materno José Bento Leitão, altura em que alterou o seu nome para João Baptista da Silva Leitão, acrescentando o sobrenome Baptista do padrinho e trocando a ordem dos seus apelidos. Mais tarde viria a escrever a este propósito: "Nasci no Porto, mas criei-me em [Vila Nova de] Gaia". No período de sua adolescência foi viver para os Açores, na ilha Terceira, quando as tropas francesas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal e onde era instruído pelo tio paterno, D. Frei Alexandre da Sagrada Família da Silva Garrett (1737-1818), Bispo de Angra.
De seguida, em 1816 foi para Coimbra, onde acabou por se matricular no curso de Direito. Em 1818 adoptou em definitivo os apelidos de Almeida Garrett (Garrett seria o apelido da sua avó paterna, que tinha vindo para Portugal no séquito duma Princesa), pelos quais ficou para sempre conhecido, passando a assinar-se João Baptista da Silva Leitão de Almeida Garrett. Em 1821 publicou O Retrato de Vénus, trabalho que fez com que fosse processado por ser considerado materialista, ateu e imoral, tendo sido absolvido.
Presença na revolução liberal
Almeida Garret, enquanto voluntário do Batalhão Académico, de sentinela ao Convento dos Grilos durante o Cerco do Porto.
Almeida Garrett participou na revolução liberal de 1820, de seguida foi para o exílio na Inglaterra em 1823, após a Vila-francada. Antes casou-se com uma muito jovem senhorita Luísa Midosi, que tinha apenas 14 anos. Foi em Inglaterra que tomou contacto com o movimento romântico, descobrindo Shakespeare, Walter Scott e outros autores e visitando castelos feudais e ruínas de igrejas e abadias góticas, vivências que se reflectiriam na sua obra posterior.
Em 1824, pode partir para França e assim o fez, nessa viagem escreveu o muitíssimo conhecido Camões (1825) e Dona Branca (1826, não tão conhecido como o anterior mas não menos importante), poemas geralmente considerados como as primeiras obras da literatura romântica em Portugal. No ano de 1826 foi chamado e regressou à pátria com os últimos emigrantes dedicando-se ao jornalismo, fundando e dirigindo o jornal diário O Portuguêz [2](1826-1827) e o semanário O Cronista (1827). Também colaborou na Revista Universal Lisbonense[3] (1841-1859) e na Semana de Lisboa[4] (1893-1895).
Teria de deixar Portugal novamente em 1828, com o regresso do Rei tradicionalista D. Miguel. No ano de 1828 ainda perdeu, para seu grande desgosto, a sua filha recém-nascida. Novamente em Inglaterra, publica Adozinda (1828).
Juntamente com Alexandre Herculano e Joaquim António de Aguiar, tomou parte no Desembarque do Mindelo e no Cerco do Porto em 1832 e 1833. Também fundou o Jornal "Regeneração" em 1851 a propósito do movimento político da regeneração.[5]
Vida política
Passos Manuel, Almeida Garrett, Alexandre Herculano e José Estêvão de Magalhães nos Passos Perdidos, Assembleia da República Portuguesa.
A vitória do Liberalismo permitiu-lhe instalar-se novamente em Portugal, após curta estadia em Bruxelas como cônsul-geral e encarregado de negócios, onde lê Schiller, Goethe e Herder. Em Portugal exerceu cargos políticos, distinguindo-se nos anos 30 e 40 como um dos maiores oradores nacionais. Foram de sua iniciativa a criação do Conservatório de Arte Dramática, da Inspecção-Geral dos Teatros, do Panteão Nacional e do Teatro Normal (actualmente Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa). Mais do que construir um teatro, Garrett procurou sobretudo renovar a produção dramática nacional segundo os cânones já vigentes no estrangeiro.
Com a vitória cartista e o regresso de Costa Cabral ao governo, Almeida Garrett afasta-se da vida política até 1852. Contudo, em 1850 subscreveu, com mais de 50 personalidades, um protesto contra a proposta sobre a liberdade de imprensa, mais conhecida por “lei das rolhas”.
Paixões de Garrett
A vida de Garrett foi tão apaixonante quanto a sua obra. Revolucionário nos anos 1820 e 1830, distinguiu-se posteriormente sobretudo como o tipo perfeito do dândi, ou janota, tornando-se árbitro de elegâncias e príncipe dos salões mundanos. Foi um homem de muitos amores, uma espécie de homem fatal. Foi em 1821, em plena representação da sua tragédia Catão, drama clássico, que se apaixonou perdidamente por uma bela jovem de 13 anos, Luísa Cândida de Midosi (1808-1892),[6] com quem se casaria onze meses depois, a 11 de Novembro de 1822, na Igreja de São Nicolau (Lisboa). Foi contudo um casamento infeliz, tendo acabado em separação no ano de 1836 (supostamente por adultério dela, enquanto estiveram em Bruxelas e incompatibilidade de génios e desproporção de inteligências, ela voltaria a casar-se com Alexandre Désiré Létrillard, depois de convenção amigável e verbal desde Junho de 1836, com escritura em Outubro de 1839, proporcionando-lhe uma pensão compatível com os seus proventos de empregado público). Garrett passou então a viver amancebado com Adelaide Deville Pastor (1819-1841), de 17 anos, filha ilegítima de um negociante, João António Lopes Pastor, e de uma viúva, Jerónima Deville, até a morte desta, em 26 de Julho de 1841, por complicações de saúde resultantes do parto.
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Domingo na usina: Biografias: José de Sousa Saramago:

 


José de Sousa Saramago ComSE • GColSE (Azinhaga, Golegã, 16 de novembro de 1922 — Tías, Lanzarote, 18 de junho de 2010) foi um escritor português. Galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões,[2] o mais importante prémio literário da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa.[3] A 24 de Agosto de 1985 foi agraciado com o grau de Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico e a 3 de Dezembro de 1998 foi elevado a Grande-Colar da mesma Ordem, uma honra geralmente reservada apenas a Chefes de Estado.[4]
O seu livro Ensaio sobre a Cegueira foi adaptado para o cinema e lançado em 2008, produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá, dirigido por Fernando Meirelles (realizador de O Fiel Jardineiro (filme) e Cidade de Deus). Em 2010 o realizador português António Ferreira adapta um conto retirado do livro Objecto Quase, conto esse que viria dar nome ao filme Embargo, uma produção portuguesa em co-produção com o Brasil e Espanha. Também foi adaptado para o cinema o livro O Homem Duplicado, no filme de 2014 dirigido por Denis Villeneuve e estrelado por Jake Gyllenhaal.
O Memorial do Convento foi adaptado num ópera de Azio Corghi, Blimunda, criada na Scala de Milão em 1990
Nasceu na Golegã, Azinhaga, no dia 16 de Novembro, embora o registo oficial apresente o dia 18 como o do seu nascimento. Saramago, conhecido pelo seu ateísmo e iberismo, foi membro do Partido Comunista Português e foi director-adjunto do Diário de Notícias. Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues foi, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC). Casado, em segundas núpcias, com a espanhola Pilar del Río, Saramago viveu na ilha espanhola de Lanzarote, nas Ilhas Canárias.
A 29 de Junho de 2007 constitui a Fundação José Saramago para a defesa e difusão da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos problemas do meio ambiente.[5] Em 2012 a Fundação José Saramago abre as suas portas ao público na Casa dos Bicos em Lisboa, presidida pela sua esposa Pilar del Río.
Biografia
José Saramago nasceu na vila de Azinhaga, no concelho da Golegã, oriundo de uma família de agricultores, eram seus pais José de Sousa (1896-1964), que posteriormente foi polícia, e Maria da Piedade (1898-1982).[6] A sua vida é passada em grande parte na cidade de Lisboa, para onde a família se mudou em 1924, antes mesmo de fazer dois anos de idade, falecendo o irmão Francisco de Sousa (1920-1924), em 22 de dezembro do mesmo ano.
A origem do apelido Saramago remete à alcunha da família, Saramago, que é uma planta herbácea com flor que cresce na região da Golegã. À data do registo de nascimento de José, o conservador erroneamente regista a criança com a alcunha pela qual se conhecia a família.
Demonstrava desde cedo interesse pelos estudos e pela cultura, sendo que essa curiosidade perante o Mundo o acompanhou até à morte.
Dificuldades económicas impediram José Saramago de fazer os estudos liceais, que o levariam a frequentar a universidade. Formou-se numa escola técnica e teve o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico.
Fascinado pelos livros, visitava, à noite, com grande frequência, a Biblioteca Municipal Central/Palácio Galveias.[7]
Percurso profissional e literário
Aos 25 anos, publica o primeiro romance Terra do Pecado (1947), no mesmo ano de nascimento da sua filha, Violante dos Reis Saramago, fruto do primeiro casamento com Ilda Reis – com quem se casou em 1944 e com quem permaneceu até 1970. Nessa época, Saramago era funcionário público. Viveu, entre 1970 e 1986 com a escritora Isabel da Nóbrega. Em 1988, casar-se-ia com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986 e ao lado da qual viveu até à morte. Em 1955 e para aumentar os rendimentos, começou a fazer traduções de Hegel, Tolstói e Baudelaire, entre outros.[7]
Depois de Terra do Pecado, Saramago apresentou ao seu editor o livro Clarabóia que, depois de rejeitado, permaneceu inédito até 2011. Persiste, contudo, nos esforços literários e, 19 anos depois, funcionário, então, da Editorial Estudos Cor, troca a prosa pela poesia, lançando Os Poemas Possíveis.[6] Num espaço de cinco anos, publica, sem alarde, mais dois livros de poesia: Provavelmente Alegria (1970) e O Ano de 1993 (1975). É quando troca também de emprego, abandonando a Estudos Cor para trabalhar no Diário de Notícias (DN) e, depois, no Diário de Lisboa. Em 1975, retorna ao DN como Director-Adjunto, onde permanece por dez meses, até 25 de Novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam os excessos da Revolução dos Cravos) demitindo vários funcionários. Demitido, Saramago resolve dedicar-se apenas à literatura, substituindo de vez o jornalista pelo ficcionista: "(…) Estava à espera de que as pedras do puzzle do destino – supondo-se que haja destino, não creio que haja – se organizassem. É preciso que cada um de nós ponha a sua própria pedra, e a que eu pus foi esta: "Não vou procurar trabalho", disse Saramago em entrevista à revista Playboy, em 1995.[7]
Tributo a José Saramago espalhado pelos outdoors da cidade de Lisboa.
Da experiência vivida nos jornais, restaram três crónicas: Deste Mundo e do Outro, 1971, A Bagagem do Viajante, 1973, As Opiniões que o DL Teve, 1974 e Os Apontamentos, 1976. Mas não são as crónicas, nem os contos, nem o teatro os responsáveis por fazer de Saramago um dos autores portugueses de maior destaque – esta missão está reservada aos seus romances, género a que retorna em 1977.[8]
Três décadas depois de publicado Terra do Pecado, Saramago retornou ao mundo da prosa ficcional com Manual de Pintura e Caligrafia. Mas ainda não foi aí que o autor definiu o seu estilo. As marcas características do estilo "saramaguiano" só apareceriam com Levantado do Chão (1980), livro no qual o autor retrata a vida de privações da população pobre do Alentejo.[8]
Dois anos depois de Levantado do Chão, surge o romance Memorial do Convento (1982), livro que conquista definitivamente a atenção de leitores e críticos. Nele, Saramago misturou factos reais com personagens inventados: o rei D. João V e Bartolomeu de Gusmão, com a misteriosa Blimunda e o operário Baltazar, por exemplo. O contraste entre a opulenta aristocracia ociosa e o povo trabalhador e construtor da história servem de metáfora à medida da luta de classes marxista. A crítica brutal a uma Igreja ao serviço dos opressores inicia a exposição de uma tentativa de destruição do fenómeno religioso como devaneio humano construtor de guerras.[8]
De 1980 a 1991, o autor trouxe a lume mais quatro romances que remetem a factos da realidade material, problematizando a interpretação da "história" oficial: O Ano da Morte de Ricardo Reis (1985), sobre as andanças do heterónimo de Fernando Pessoa por Lisboa; A Jangada de Pedra (1986), em que se questiona o papel Ibérico na então CEE através da metáfora da Península Ibérica soltando-se da Europa e encontrando o seu lugar entre a velha Europa e a nova América; História do Cerco de Lisboa (1989), onde um revisor é tentado a introduzir um "não" no texto histórico que corrige, mudando-lhe o sentido; e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991), onde Saramago reescreve o livro sagrado sob a óptica de um Cristo que não é Deus e se revolta contra o seu destino e onde, a fundo, questiona o lugar de Deus, do cristianismo, do sofrimento e da morte.[8]
Nos anos seguintes, entre 1995 e 2005, Saramago publicou mais seis romances, dando início a uma nova fase em que os enredos não se desenrolam mais em locais ou épocas determinados e personagens dos anais da história se ausentam: Ensaio Sobre a Cegueira (1995); Todos os Nomes (1997); A Caverna (2001); O Homem Duplicado (2002); Ensaio sobre a Lucidez (2004); e As Intermitências da Morte (2005). Nessa fase, Saramago penetrou de maneira mais investigadora os caminhos da sociedade contemporânea, questionando a sociedade capitalista e o papel da existência humana condenada à morte.[8]
José Saramago em 2008
A ida para Lanzarote conta mais sobre o escritor do que deixa transparecer a justificativa corrente (a medida censória portuguesa). Com o gesto de afastamento rumo à ilha mais oriental das Canárias, Saramago não apenas protesta ante o cerceamento, como finca raízes num local de geografia inóspita (trata-se de uma ilha vulcânica, com pouca vegetação e nenhuma fonte de água potável). A decisão tem um carácter revelador, tanto mais se se levar em conta que, neste caso, "mais oriental" significa dizer mais próximo de Portugal e do continente europeu.[carece de fontes]
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Domingo na Usina: Biografias: Fernão Mendes Pinto:

 


Fernão Mendes Pinto (Montemor-o-Velho, Montemor-o-Velho, 1510-1514[1] — Almada, Almada, Pragal, 8 de julho de 1583) foi um jesuíta, missionário[2], aventureiro e explorador português.
Em 2011 foi homenageado numa Moeda comemorativa de 2 euros. A TAP Portugal homenageou-o ao atribuir o seu nome a uma das suas aeronaves. Na freguesia do Pragal foi erigida uma escultura, homenageando-o. Essa peça escultórica foi inaugurada em 31 de dezembro de 1983 e foi esculpida por António Duarte.[3]
Biografia
Escultura erigida em memória de Fernão Mendes Pinto, em Almada
Efígie de Fernão Mendes Pinto no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa
Sabe-se hoje que não fez realmente parte da primeira expedição portuguesa que logrou alcançar o Japão, a 23 de setembro de 1543, mas sim duma das primeiras. Acontece que os governantes locais que o receberam não tinham ainda visto outros ocidentais e por isso reagiram dizendo-lhe que tinha sido o primeiro a chegar àquelas paragens. A chegada dos portugueses ao Japão foi muito celebrado, e perdura ainda na memória cultural japonesa, porque foi o episódio que permitiu a introdução das armas de fogo naquele país. O próprio Fernão Mendes Pinto insere-se nesse papel, descrevendo o espanto e o interesse do dito rei local (na verdade um daimio) quando viu um dos seus companheiros disparar uma arma enquanto caçava.
Ainda pequeno, um seu tio levou-o para Lisboa onde o pôs ao serviço na casa de D. Jorge de Lencastre, Duque de Aveiro, filho do rei D. João II. Manteve-se aqui durante cerca de cinco anos, dois dos quais como moço de câmara do próprio D. Jorge, facto importante para a comprovação da sua descendência duma classe social que contradizia a precária situação económica que a família então detinha.
Em 1537, parte para a Índia, ao encontro dos seus dois irmãos. De acordo com os relatos da sua obra Peregrinação, foi durante uma expedição ao mar Vermelho em 1538, que Mendes Pinto participou num combate naval com os otomanos, onde foi feito prisioneiro e vendido a um grego e por este a um judeu que o levou para Ormuz, onde foi resgatado por portugueses.
Acompanhou a Malaca Pedro de Faria, donde fez o ponto de partida para as suas aventuras, tendo percorrido, durante 21 acidentados anos, as costas da Birmânia, Sião, arquipélago de Sunda, Molucas, China e Japão, grande parte desse tempo ao lado do pirata António de Faria. Numa das suas viagens a este país conheceu S. Francisco Xavier e, influenciado pela personalidade, decidiu entrar para a Companhia de Jesus e promover uma missão jesuíta no Japão.
Em 1554, depois de libertar os seus escravos, vai para o Japão como noviço da Companhia de Jesus e como embaixador do vice-rei D. Afonso de Noronha junto do daimyo de Bungo. Esta viagem constituiu um desencanto para ele, quer no que se refere ao comportamento do seu companheiro, quer no que respeita ao comportamento da própria Companhia. Desgostoso, abandona o noviciado e regressa a Portugal.
Com a ajuda do ex-governador da Índia Francisco Barreto, conseguiu arranjar documentos comprovativos dos sacrifícios realizados pela pátria, que lhe deram direito a uma tença, que nunca recebeu. Desiludido, foi para a sua Quinta de Palença, em Almada, onde se manteve até à morte e onde escreveu, entre 1570 e 1578, a obra que nos legou, a sua inimitável Peregrinação. Esta só viria a ser publicada 20 anos após a morte do autor, receando-se que o original tenha sofrido alterações às quais não seriam alheios os Jesuítas.
Deixou-nos um relato tão fantástico do que viveu (a Peregrinação, publicada postumamente em 1614), que durante muito tempo não se acreditou na sua veracidade; de tal modo que até se fazia um jocoso dito com o seu nome: Fernão Mendes Minto, ou então ainda: Fernão, mentes? Minto!.
Esta ideia de que o que contava era demasiado fantasioso para poder ter-lhe realmente acontecido parte do princípio que se pode julgar um texto do século XVI com os critérios de hoje, mas na verdade o texto é uma inestimável fonte de informação para conhecermos o que sucedia aos navegadores e aventureiros que íam a caminho do extremo-oriente nas caravelas portuguesas, mesmo que nem todas essas coisas tenham acontecido realmente a Fernão Mendes Pinto e que ele tenha compilado alguns relatos que ouviu as suas losicas.
Análise do contexto de escrita de Peregrinação
Primeira página da primeira edição de "Peregrinação"
Fernão Mendes Pinto fora contemporâneo do auge da expansão marítima portuguesa e da paradoxal decadência interna que assolava as terras lusitanas. Chegou a presenciar a unificação de Portugal com a Espanha sob o governo do Rei Filipe II de Espanha (1556-1598). A presença da Inquisição fez-se particularmente forte nesse período, promulgada por decreto papal do Papa Paulo III em 1536, um ano antes da partida do autor, e efetivada em 1547, sob a instância de D. João III de Portugal.
Em 1558, Fernão Mendes Pinto estabeleceu-se na Quinta de Vale do Rosal, situada na Charneca de Caparica, e acredita-se que foi na mesma que escreveu, entre 1569 e 1578, aquela que viria a tornar-se numa famosa obra literária: Peregrinação.[4] O texto original foi deixado à Casa Pia dos Penitentes que só iria publicá-lo 31 anos após a morte de seu escritor. A tamanha demora na sua publicação é creditada ao temor do autor frente à Inquisição.
De facto, o temor de Fernão Mendes Pinto provou-se justificado uma vez que a versão impressa tem muitas frases apagadas e "corrigidas". Mais gritante ainda é o completo desaparecimento de referências a Companhia de Jesus, uma das mais activas congregações religiosas no Oriente, e que possuía claras relações com Fernão Mendes Pinto (pois fora membro da mesma anos antes da escrita da obra). O tamanho da obra também era um obstáculo considerável naquela época, ainda mais sem o auxílio financeiro de nenhuma instituição ou mecenas.
Independente disso, a Casa Pia submete os escritos de Pinto ao crivo da Inquisição, que o aprova em 1603, o mesmo ano em que o processo de análise se iniciou. Somente em 1614 o famoso editor Pedro Craesbeeck aceita a empreitada, ainda que o contexto da época não lhe fosse favorável. O livro, organizado por Frei Belchior Faria, fora publicado com o seguinte título (na íntegra e em português clássico):
"Peregrinaçam de Fernam Mendez Pinto em que da conta de muytas e muyto estranhas cousas que vio & ouvio no reyno da China, no da Tartaria, no de Sornau, que vulgarmente se chama de Sião, no de Calaminhan, no do Pegù, no de Martauão, & em outros muytos reynos & senhorios das partes Orientais, de que nestas nossas do Occidente ha muyto pouca ou nenhua noticia. E também da conta de muytos casos particulares que acontecerão assi a elle como a outras muytas pessoas. E no fim della trata brevemente de alguas cousas, & da morte do Santo Padre Francisco Xavier, unica luz & resplandor daquellas partes do Oriente, & reitor nellas universal da Companhia de Iesus."
Pesavam contra a obra o grande distanciamento temporal e as drásticas mudanças no cenário oriental que Fernão Mendes presenciara e o daquele momento, com as fortes presenças dos ingleses e holandeses na região. Além disso, seus escritos fariam concorrência com autores muito mais recentes e eruditos, como João de Barros, Luís Vaz de Camões e Fernão Lopes de Castanheda. A Peregrinação deixara de tratar de um assunto de momento para se tornar a descrição de um tempo passado.
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Domingo na Usina: Biografias: Fernão Lopes:

 


Fernão Lopes (fl. 1418–1459) foi escrivão e cronista oficial do reino de Portugal e o 4.° guarda-mor da Torre do Tombo.
De origem plebeia, pelos serviços prestados à Coroa, recebeu carta de nobreza. Herdou tradições clássicas, francesas e ibéricas, mas distinguiu-se dos seus predecessores, dando grande importância à análise crítica da História e à comprovação documental dos eventos, buscando relatar os factos como eles ocorreram, com verdade e objetividade, expurgando as opiniões parciais, os exageros retóricos e as lendas. Também, inovadoramente, mostrou o povo como um importante agente da História, minimizando o protagonismo, antes quase exclusivo dos reis e da aristocracia. Por isso, é considerado um renovador do género da crónica histórica, um dos precursores da historiografia científica e o fundador da historiografia portuguesa. Ao mesmo tempo, foi dono de uma considerável bagagem intelectual, de uma sensibilidade humanista e de um estilo literário invulgarmente ágil e envolvente, calcado na oralidade e no universo popular, sem descartar referências eruditas, características que fazem dele a figura mais importante da literatura portuguesa medieval. Das suas várias obras, restam apenas as crónicas de D. Pedro, de D. Fernando e de D. João I.[2][3][4][5]
Biografia
Supõe-se que tenha nascido entre os anos de 1380 e 1390, com uma provável origem familiar vilã e mesteiral. Existe a hipótese de ter nascido e, mais tarde, ter sido sepultado no Alandroal, no Alentejo, com base na inscrição de uma pedra tumular, que lhe poderá ter pertencido, e nas ligações históricas da vila com a Ordem de Avis.[1]
O registo mais antigo sobre a sua vida é um documento datado de 1418,[1] que informa ser Fernão Lopes escrivão do Infante D. Duarte e guarda-mor da Torre do Tombo, cargo de alta confiança em que era encarregado de guardar e conservar os arquivos de Estado. Em 1419, foi citado como "escrivão dos livros" de D. João I, e deve ter sido por esta altura que foi incumbido por D. Duarte de colocar os feitos dos reis portugueses na forma de crónica. Num alvará de 1422, aparece com a função de escrivão da puridade do Infante D. Fernando.[5][6][7]
Pouco depois de D. Duarte subir ao trono, em 1433, o rei concedeu-lhe uma tença vitalícia de 14 mil réis anuais, como recompensa pelos serviços que já prestara e pelos que ainda prestaria. D. Duarte concedeu-lhe também uma carta de nobreza e o título de vassalo d'el-rei.[6][7] Em 1437 aparece como tabelião-geral do Reino, mas diz Teresa Amado que provavelmente já desempenhava esta função há muitos anos.[7] Continuou como cronista oficial durante a regência do Infante D. Pedro e o governo de D. Afonso V.[5] Em 1443, é atestado a terminar a primeira parte da Crónica de D. João I, e, em 1448, D. Afonso nomeia Gomes Eanes de Zurara cronista oficial do Reino em seu lugar, mas ao que parece Lopes continuou a trabalhar com o seu sucessor durante algum tempo. Permanecia, porém, guarda-mor da Torre do Tombo, como prova uma tença outorgada pelo rei neste ano.[7]
Em 1454, em virtude da idade avançada, foi aposentado das funções de guarda-mor da Torre do Tombo, sendo substituído por Zurara.[5] A última informação conhecida sobre Fernão Lopes dá conta de que ainda vivia em 1459, quando contestou os direitos de um neto ilegítimo à sua herança.[4][7] A data de sua morte é incerta. Segundo informações no prefácio da Chronica de El-Rei D. Pedro I, escrito por Luciano Cordeiro, após deixar a função de guarda-mor, Fernão Lopes teria ainda vivido por mais cinco anos, falecendo próximo aos 80 anos de idade.[8]
Fernão Lopes foi casado com uma tia da mulher do sapateiro Diogo Afonso, deixando um filho, mestre Martinho, que foi "físico" (médico) do infante D. Fernando. Martinho teve um filho bastardo, Nuno Martins.[6]
Das crónicas que escreveu sobre a história de Portugal restam-nos apenas três identificadas com segurança: a Crónica de D. Pedro, a Crónica de D. Fernando e a Crónica de D. João I. A Crónica de 1419, um conjunto de narrativas sobre os sete primeiros reis de Portugal, é reconhecida também como obra sua pela maioria dos críticos. Bem mais controversa é a autoria da Crónica de D. Afonso IV, da Crónica de D. Afonso III ou de D. Sancho II e da Crónica do Conde D. Henrique. Já sua autoria da Crónica do Condestável, que foi postulada por algum tempo, hoje está inteiramente desacreditada.[6][7]
Depois de um longo período de obscuridade, a sua recuperação crítica iniciou-se no século XIX, sendo consagrado primeiramente por Alexandre Herculano (1810-1877), que o chamou de "pai da História portuguesa". Hoje esta posição está solidamente estabelecida, não pela cronologia, já que teve precursores, mas pelo vulto e pelo caráter nitidamente moderno de sua obra, bem como pelo seu alto valor literário.[9][10]
Contexto histórico
Primeira página de uma cópia manuscrita das Crónicas de Dom Pedro I, Dom Fernando e Dom João I.
Fernão Lopes forma-se num contexto próximo a acontecimentos que se faziam recentes na memória dos portugueses, a saber, os mais significativos: a Crise de 1383-1385 e a Batalha de Aljubarrota (1385). O primeiro acontecimento foi um golpe sucessório “auxiliado pela população camponesa, comerciantes, alguns membros da nobreza e ordens religiosas, principalmente franciscanos”, que assegurou a ascensão do Mestre de Avis, D. João I, ao trono português.[4] D. João I sairia fortalecido como rei de Portugal com o reconhecimento da legitimidade da dinastia avisina através da assinatura do Tratado de Windsor (1386), entre Portugal e Inglaterra e do seu casamento com D. Filipa de Lencastre.
Ao rei eleito e popular, D. João I, sucedeu um rei mais aliado à aristocracia, D. Duarte. Cresceu o poder feudal dos filhos de D. João I, e com ele o predomínio da nobreza, que saíra gravemente abalada da crise da independência. Assistiu-se à guerra civil subsequente à morte de D. Duarte, à insurreição de Lisboa contra a rainha viúva D. Leonor de Aragão, e à eleição do Infante D. Pedro por esta cidade, e em seguida pelas cortes, para o cargo de Defensor e Regedor do Reino, em circunstâncias muito parecidas com as que tinham levado o Mestre de Avis ao mesmo cargo e seguidamente ao trono em 1383-1385.[11][12]
Sendo assim, Fernão Lopes entrara, certamente, em contacto com testemunhos dos acontecimentos, sendo estes eventos relatados na sua obra de 1443, Crónica de D. João I. Pode, dessa forma, consultar os protagonistas envolvidos na resistência contra Castela e na paz firmada no ano de 1411 com o mesmo reino, através do Tratado de Ayllón, ratificado em 1423. Diante desta conjuntura política e social conturbada Fernão Lopes foi designado, por D. Duarte, para escrever os feitos da dinastia de Avis.[11][12]
Obra
Antecedentes
O gênero da crónica histórica tem origens imemoriais. Na Idade Média, iniciando a formação de poderosos reinos na Europa, a realeza entendeu que suas virtudes e conquistas deviam ser consagradas e perenizadas, retomando a antiga tradição das crónicas oficiais, onde de costume pouco se distinguiam factos de mitos e assuntos de Estado de interesses privados da aristocracia, tornando a narrativa histórica claramente um projeto político, manipulando os factos para que se criasse a "verdade" mais conveniente para os detentores do poder. No século XIII o gênero estava em alta, especialmente na França, onde haviam entrado na moda as Grandes chroniques, que traçavam em linguagem retórica a origem dos reis franceses até a mítica Troia.[13][14][15] Conforme Teresa Amado, o que se esperava do cronista medieval se revela explicitamente na encomenda feita a Lopes por D. Duarte: a de "poer em caronica as estorias dos antigos reis que antigamente em Portugal forom e isso mesmo os grandes feitos e altos do mui virtuoso e de grandes virtudes meu senhor e padre". Pouco espaço restava, na tradição historiográfica que Lopes recebeu, para a "arraia miúda", a massa dos vilãos e camponeses, sempre dominados e explorados pela nobreza.[7]
Ao mesmo tempo, essas narrativas apresentavam um modelo de conduta ideal para os nobres, baseado na ética da cavalaria, do cristianismo e do amor cortês, procurando ser obras moralizantes e didáticas. A tradição oral, as mitologias dinásticas e a simples compilação de dados tinham enorme peso nessa literatura de encomenda, e a comprovação documental, bem como uma análise verdadeiramente crítica dos acontecimentos, eram aspectos muito negligenciados. Pensava-se a História de outra maneira naquela época. O modelo francês foi influente nas origens da literatura portuguesa em geral e especificamente na obra de Fernão Lopes, assim como o modelo espanhol, tipificado pelas crónicas alfonsinas e as de Pero Lopez de Ayala, embora Lopes, influenciado pelos clássicos e por um contexto específico, e optando pela objetividade, verificabilidade e economia, tenha feito avanços importantes em relação aos seus predecessores.[13][15][14] No resumo de António José Saraiva,
"Em Portugal chegava-se a um momento crítico. A guerra da independência, colocando face a face a velha aristocracia do sangue e os burgueses das grandes cidades, originou a derrocada dos antigos quadros sociais e deu acesso a uma nova aristocracia de interesses económicos e morais inteiramente novos. Fernão Lopes é o cronista da nova aristocracia, que ainda então se não constituíra em classe fechada, mas estava presa à revolução colectiva que lhe dera o acesso ao poder. Durante um momento parece que a nação ganha voz e consciência literária nas obras do cronista. Há entre ele e o 'povo' a quem se dirige um sincronismo muito claro. E aquela amaneirada poesia de sala, a linguagem cheia de jogos e subtilezas que se falava na corte de D. Dinis, ou os amores perfeitos dos cavaleiros andantes que entretêm a corte de D. Fernando, andam emigrados pelas cortes de Castela e Aragão. Na corte de D. Duarte, uma literatura grave, máscula e prosaica, acompanha as crónicas de Fernão Lopes. Também os costumes são outros: a gravidade conjugal sucede aos devaneios de D. Dinis e aos amores romanescos de D. Pedro e de D. Fernando".[16]
Como era um hábito tradicional entre os cronistas, Lopes muitas vezes não se preocupou em citar suas fontes claramente, mas entre as que mais largamente utilizou estavam a Crónica do Condestável, as obras de Pero Lopez de Ayala e a crónica em latim do Dr. Christophorus sobre o reinado de Dom João I.[7]
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Domingo na Usina: Biografias: José Maria de Eça de Queiroz:

 


José Maria de Eça de Queiroz[1] (Póvoa de Varzim, 25 de novembro de 1845 – Neuilly-sur-Seine, 16 de agosto de 1900), contemporaneamente escrito Eça de Queirós, foi um escritor e diplomata português. É considerado um dos mais importantes escritores portugueses de sempre. Foi autor de romances de reconhecida importância, de Os Maias e O Crime do Padre Amaro. Os Maias é considerado por muitos o melhor romance realista português do século XIX.[2][3]
Eça de Queiroz e Machado de Assis são considerados os dois maiores escritores em língua portuguesa do século XIX.[4][5][6] Eça notabilizou-se pela originalidade e riqueza do seu estilo e linguagem, o realismo descritivo; e pela crítica social constantes nos seus romances.[7] O termo "acaciano" para definir alguém com um discurso vazio, enfeitado, pomposo, mas sem conteúdo, presente na Língua portuguesa; é uma alusão ao personagem Conselheiro Acácio, do romance O Primo Basílio.[8][9]
Recentemente foi realizado um filme, por Francisco Manso, que acompanha a sua chegada a Cuba, e a sua permanência no país, como diplomata, na sua primeira missão consular, de dezembro de 1872 a março de 1874.[10]
Biografia
Carolina Augusta Pereira de Eça de Queiroz (1826-1918) e José Maria de Almeida Teixeira de Queiroz (1820-1901), pais de Eça de Queiroz.
José Maria de Eça de Queiroz nasceu em 25 de novembro de 1845, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no então número 1 ao 3 do Largo de São Sebastião (hoje Largo Eça de Queiroz), no centro da cidade, em casa de um parente de sua mãe, Francisco Augusto Pereira Soromenho, um dos funcionários aduaneiros da Póvoa de Varzim. Dado os seus pais não serem então casados, considerado indecente em meados do século XIX e este parente de certo relevo local, chefe da alfândega local, este preferiu que o batismo fosse realizado na Igreja Matriz de Vila do Conde, em vez da matriz local, muito próxima à casa, e fosse ocultado o nome da mãe.[11]
Eça era filho de José Maria Teixeira de Queiroz, nascido no Rio de Janeiro em 1820 e delegado do procurador régio em Viana do Castelo, e de Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1827. O casamento ocorreu posteriormente ao nascimento. O pai de Eça de Queiroz, magistrado e par do reino, convivia regularmente com Camilo Castelo Branco, quando este vinha à Póvoa para se divertir no Largo do Café Chinês. Uma das teses para tentar justificar o facto de os pais do escritor não se terem casado antes do seu nascimento sustenta que Carolina Augusta Pereira de Eça não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queiroz, quando o menino tinha quase quatro anos.
O pai era magistrado, formado em Direito por Coimbra.[2] Foi juiz instrutor do célebre processo de Camilo Castelo Branco, juiz da Relação e do Supremo Tribunal de Justiça, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade.[12] Foi ainda escritor e poeta.
Eça, por sua vez, apresenta episódios incestuosos em criança relatados no diário de sua prima. Por via dessas contingências foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna. Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra, onde estudou Direito.[12] Além do escritor, os pais teriam mais seis filhos.
Estátua na Póvoa de Varzim.
Celebração de 1906 na Póvoa de Varzim com a colocação de uma placa comemorando o nascimento de Eça naquela casa da Praça do Almada.
Nota de 10 Escudos de 1925, Eça de Queiroz
Em Coimbra, Eça foi amigo de Antero de Quental. Os seus primeiros trabalhos, publicados na revista "Gazeta de Portugal", foram depois coligidos em livro, publicado postumamente com o título Prosas Bárbaras. Eça veraneava na Póvoa de Varzim, quando matriculado na Universidade de Coimbra. Sua tia materna, Carlota, arrendava casa na Póvoa, de verão e com ela, além do sobrinho José Maria, iam também os seus quatro filhos, três rapazes e uma rapariga.[13]
Em 1866, Eça de Queiroz terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo. Foi director do periódico O Distrito de Évora e colaborou em publicações periódicas como a Renascença[14] (1878-1879?), A Imprensa[15] (1885-1891), Ribaltas e gambiarras (1881) e postumamente na Revista de turismo [16] iniciada em 1916 e na Feira da Ladra (1929-1943). Porém, continuaria a colaborar esporadicamente em jornais e revistas ocasionalmente durante toda a vida. Mais tarde fundaria a Revista de Portugal.
Em 1869 e 1870, Eça de Queiroz fez uma viagem de seis semanas ao Oriente (de 23 de outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870), em companhia de D. Luís de Castro, 5.º conde de Resende, irmão da sua futura mulher, D. Emília de Castro, tendo assistido no Egito à inauguração do canal do Suez: os jornais do Cairo referem «Le Comte de Rezende, grand amiral de Portugal et chevalier de Queiroz». Visitaram, igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus trabalhos, o mais notável dos quais o O Mistério da Estrada de Sintra, em 1870, e A Relíquia, publicado em 1887.[12] Em 1871, foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.
Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do concelho de Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queiroz escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, publicada em 1875.
Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital,[12] escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua actividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cônsul em Paris.[2]
Seu último livro foi A Ilustre Casa de Ramires, sobre um fidalgo do século XIX com problemas para se reconciliar com a grandeza de sua linhagem. É um romance imaginativo, entremeado com capítulos de uma aventura de vingança bárbara que se passa no século XII, escrita por Gonçalo Mendes Ramires, o protagonista. Trata-se de uma novela chamada A Torre de D. Ramires, em que antepassados de Gonçalo são retratados como torres de honra sanguínea, que contrastam com a lassidão moral e intelectual do rapaz.
Aos 40 anos casou com Emília de Castro, com quem teve 4 filhos:[17] Alberto (16-4-1894), António (28-12-1889), José Maria (26 -2 -1888) e Maria (16-1-1887).[18]
Morreu em 16 de Agosto de 1900 na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris. Teve funeral de Estado,[19] foi sepultado em Cemitério dos Prazeres de Lisboa, mas mais tarde foi transladado para o cemitério de Santa Cruz do Douro em Baião.
Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente vinte línguas.
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Domingo na Usina: Biografias: António Vieira:

 


António Vieira (português europeu) ou Antônio Vieira (português brasileiro) (Lisboa, Sé, 6 de fevereiro de 1608 — Salvador, 18 de julho de 1697), mais conhecido como Padre António Vieira ou Padre Antônio Vieira,[1] foi um religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus.
Uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu incansavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).
António Vieira defendeu os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (aqueles cujas famílias eram católicas há gerações), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.[2]
Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem a sua leitura.
Biografia
Seis volumes dos Sermões, expostos numa Biblioteca Municipal, no Brasil.
Nascido em lar humilde, na Rua do Cónego, freguesia da Sé, em Lisboa, foi o primogénito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco (Santarém, 1568 - ?), cujo pai Baltasar Vieira Ravasco era natural de Moura e cuja mãe era filha de uma parda, e de sua mulher Maria de Azevedo (Lisboa, 1584 - ?), filha de Brás Fernandes de Azevedo, de Lisboa.[3][4][5]
Cristóvão serviu na Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1614, para assumir cargo de escrivão em Salvador, na Bahia, mandando vir a família em 1618.
No Brasil
António Vieira chegou à Bahia, onde em 1619 seu pai passou a trabalhar como escrivão no Tribunal da Relação da Bahia, o que motivou a vinda de toda a família. Em 1614, iniciou os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas de Salvador,[6] onde, principiando com dificuldades, veio a tornar-se um brilhante aluno. Segundo o próprio, foi a partir de um "estalo" na cabeça que, de súbito, tudo clareou: passou a entender com facilidade e a guardar tudo o que lia na memória. Até hoje muitos se referem a fenômeno semelhante a esse como "o estalo de Vieira".[7]
Ingressou na Companhia de Jesus como noviço em 5 de maio de 1623.[8]
Em 1624, quando na invasão holandesa de Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde se iniciou a sua vocação missionária.
Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado.
Em 1626, seus talentos como escritor já eram reconhecidos e ficou encarregado de escrever e traduzir para o latim a "Carta Ânua", que era um relatório anual dos trabalhos da Província da Companhia de Jesus, que era encaminhada ao Superior-Geral da Companhia em Roma.[8]
Prosseguiu os seus estudos em Teologia, tendo estudado ainda Lógica, Metafísica e Matemática, obtendo o mestrado em Artes. A partir do final de 1626 ou do início 1627, começou a atuar como professor de Retórica em Olinda. Retornou a Salvador para completar seus estudos, onde em 10 de dezembro de 1634, foi ordenando sacerdote.[8] Nesta época já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama de notável pregador. Em 1638, foi nomeado como professor de teologia do Colégio Jesuíta de Salvador.[9]
Quando a segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (1630-1654), defendeu que Portugal entregasse a região aos Países Baixos, pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que obtinha em contrapartida, além do fato de que os Países Baixos eram um inimigo militarmente muito superior à época. Quando eclodiu uma disputa entre Dominicanos (membros da Inquisição) e Jesuítas (catequistas), Vieira, defensor dos judeus,[10] caiu em desgraça, enfraquecido pela derrota de sua posição quanto à questão da guerra.
Em Portugal
Após a Restauração da Independência (1640), em 1641 regressou a Lisboa iniciando uma carreira diplomática, pois integrava a missão que ia ao Reino prestar obediência ao novo monarca.
Em 1º de janeiro de 1642, pregou o "Sermão dos Bons Anos" na Capela Real, que teve um forte teor político, no qual criticou os tempos nos quais Portugal foi controlado por castelhanos e no qual associou o sebastianismo a João IV e à restauração da independência de Portugal.[8][9]
Sobressaindo pela vivacidade de espírito e como orador, conquistou a amizade e a confiança de João IV de Portugal, sendo por ele nomeado embaixador e posteriormente pregador régio. Ainda como diplomata, foi enviado em 1646 aos Países Baixos para negociar a devolução do Nordeste do Brasil, e, no ano seguinte, à França. Caloroso adepto de obter para a Coroa a ajuda financeira dos cristãos-novos, entrou em conflito com o Santo Ofício, mas viu fundada a Companhia Geral do Comércio do Brasil.
No Brasil, outra vez
Em Portugal, havia quem não gostasse de suas pregações em favor dos judeus. Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil, onde, entre 16 de janeiro de 1653[9] e setembro de 1661,[11] esteve na liderança da Missão no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios.[12]
Em 1653, proferiu o "Sermão da Primeira Dominga de Quaresma" em São Luís do Maranhão, no qual tentou convencer os senhores de engenho a libertarem os seus escravos indígenas. Sua luta contra a escravidão dos povos nativos da América estava associada à sua crença de que a colonização portuguesa teria como missão converter aqueles povos para a fé católica.[8]
Entre 1658 e 1660, escreveu o "Regulamento das Aldeias[13]", mais conhecido como a "Visita de Vieira", por meio do qual estabeleceu as diretrizes das missões religiosas na Amazônia, que, com pouquíssimas mudanças, vigoraram por mais de um século. Esse documento tratou do cotidiano da ação missionária, envolvendo desde os métodos de doutrinação até a disposição do espaço de moradia dos missionários e índios. Essas regras não eram de aplicação restrita aos jesuítas, pois tiveram que ser seguidas também pelas outras congregações.[14]
Diz o Padre Serafim Leite em Novas Cartas Jesuíticas, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1940, página 12, que Vieira tem "para o norte do Brasil, de formação tardia, só no século XVII, papel idêntico ao dos primeiros jesuítas no centro e no sul», na «defesa dos índios e crítica de costumes". "Manuel da Nóbrega e António Vieira são, efectivamente, os mais altos representantes, no Brasil, do criticismo colonial. Viam justo - e clamavam!"
Sobre esse período da vida de Vieira, ver também: O papel de Antônio Vieira nas Missões religiosas na Amazônia Portuguesa
Naufrágio nos Açores
Em 1654, pouco depois de proferir o célebre "Sermão de Santo António aos Peixes" em São Luís,[12] no estado do Maranhão, o padre António Vieira partiu para Lisboa, junto com dois companheiros, a bordo de um navio carregado de açúcar. Tinha como missão defender junto ao monarca os direitos dos indígenas escravizados, contra a cobiça dos colonos portugueses. Após cerca de dois meses de viagem, já à vista da ilha do Corvo, a Oeste dos Açores, abateu-se sobre a embarcação uma violenta tempestade. Mesmo recolhidas as velas, à exceção do traquete, correndo o navio à capa, uma rajada mais forte arrancou esta vela, fazendo a embarcação adernar a estibordo. Em pleno mar revolto, na iminência do naufrágio, o padre concedeu a todos absolvição geral, bradando aos ventos:
"Anjos da guarda das almas do Maranhão, lembrai-vos que vai este navio buscar o remédio e salvação delas. Fazei agora o que podeis e deveis, não a nós, que o não merecemos, mas àquelas tão desamparadas almas, que tendes a vosso cargo; olhai que aqui se perdem connosco."[carece de fontes]
Após essa exortação, obteve de todos a bordo um voto a Nossa Senhora de que lhe rezariam um terço todos os dias, caso escapassem à morte iminente. Ainda por um quarto de hora o navio permaneceu adernado até que os mastros se partiram. Com o peso da carga, estivada até às escotilhas, o navio voltou à posição normal, permanecendo à deriva, ao sabor dos elementos.
Nesse transe uma outra embarcação foi avistada, mas sem que prestasse qualquer auxílio. Ao cair da noite a mesma retornou, mas tratava-se de um corsário neerlandês que recolheu os náufragos a bordo e pilhou a embarcação à deriva, que acabou por ser afundada. Nove dias mais tarde, quarenta e um portugueses, despojados de seus pertences pessoais, foram desembarcados na Graciosa, onde o padre António Vieira, com o auxílio dos religiosos da Companhia de Jesus, procurou providenciar-lhes roupas, calçado e dinheiro durante os dois meses que permaneceram na ilha. Dali, também, creditou Jerónimo Nunes da Costa para que este fosse a Amesterdão resgatar os papéis e livros que lhe haviam sido tomados pelos corsários, o que se acredita tenha sido cumprido uma vez que dispomos hoje de cerca de duzentos sermões (este naufrágio é relatado no vigésimo-sexto) e cerca de 500 cartas do religioso, muitas das quais anteriores ao naufrágio.
O grupo passou em seguida à Ilha Terceira, onde Vieira obteve o aprestamento de uma embarcação para que os seus companheiros de infortúnio pudessem seguir para Lisboa. Instalado no Colégio dos Jesuítas em Angra, ele aqui permaneceu mais algum tempo, tendo instituído a devoção do terço, que pela primeira vez foi cantado na Ermida da Boa Nova. Entre os sermões que pregou em diversos locais da ilha, destacou-se o que proferiu na Igreja da Sé, na Festa do Rosário, celebrada anualmente a 7 de outubro, com aquele templo repleto.
Uma semana mais tarde, Vieira passou à Ilha de São Miguel, onde proferiu o sermão de Santa Teresa, um dos mais destacados de sua autoria. Dali partiu para Lisboa, a bordo de um navio inglês, a 24 de outubro. Após atravessar nova tempestade, o religioso chegou finalmente ao destino, em novembro de 1654.
Em Portugal, outra vez
Em setembro de 1661, teve que deixar o Estado do Maranhão e Grão-Pará por reações contrárias às suas ações contra a escravidão dos povos nativos.[15]
Em Portugal, António Vieira tornou-se confessor da “regente”, D. Luísa de Gusmão que foi a primeira rainha de Portugal da quarta dinastia, no entanto essa foi deposta em junho de 1662,[9] por D. Afonso VI, que não era favorável ao jesuíta.
Abraçou a profecia Sebastiana e por isso entrou em novo conflito com a Inquisição que o acusou de heresia, inicialmente, com base numa carta de 1659 ao bispo do Japão na qual expunha sua teoria do quinto império segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser cabeça de um grande império do futuro.
Foi condenado por um conjunto de manuscritos sebastianistas: "Quinto Império"; "História do Futuro" e "Chave dos Profetas" e ficou recluso em um Colégio dos jesuítas Coimbra, entre 1º de outubro de 1665 e 23 de dezembro de 1667, quando sua reclusão foi transferida para a Casa do Noviciado dos jesuítas em Lisboa. Em 30 de junho de 1668, recebeu o perdão das penas.[15][16]
Em Roma
Em agosto de 1669, mudou-se para Roma,[16] onde ficou 6 anos.
Oficialmente, o motivo de sua viagem era o de defender a canonização dos "Quarenta Mártires Jesuítas" (1570), mas também procurou ser reabilitado e combater a Inquisição Portuguesa.[8]
Encontrou o Papa à beira da morte, mas deslumbrou a Cúria com seus discursos e sermões. Com apoios poderosos, renovou a luta contra a Inquisição, cuja actuação considerava nefasta para o equilíbrio da sociedade portuguesa. Obteve um breve pontifício que o tornava apenas dependente do Tribunal romano. A mesma extraordinária capacidade oratória que seduzira, primeiro, o governo geral do Brasil, a corte de Dom João IV, e que depois, iria convencer o Papa e garantir assim a anulação das suas penas e condenações.
Entre 1675 e 1681, a actividade da Inquisição esteve suspensa por determinação papal em Portugal e no império, uma determinação que encontrou o seu maior fundamento nos relatórios que o jesuíta deixou em Roma, nas mãos do Sumo Pontífice, sobre os múltiplos abusos de poder. Desta forma conseguia dois feitos raros e históricos, por um lado conseguia parar pela primeira vez durante sete anos a actividade do Santo Oficio em Portugal e, feito não menor, lograva escapulir da perigosa malha que inquisidores derramavam sobre si.
Em Portugal
Regressou a Lisboa seguro de não ser mais importunado. Quando, em 1671, uma nova expulsão dos judeus foi promovida, novamente os defendeu. Mas o Príncipe Regente passara a protector do Santo Ofício e recebeu-o friamente. Em 1675, absolvido pela Inquisição, voltou para Lisboa por ordem de D. Pedro, mas afastou-se dos negócios públicos.
No Brasil, pela última vez
Em 1681, retornou à Bahia, alegando questões de saúde. Em 1688, exerceu a função de visitador-geral das missões do Brasil e dedicou o resto de seus anos à edição dos Sermões, cartas e de Clavis Prophetarum, uma obra de interpretação profética das Escrituras que iniciara em Roma.[8]
A coleção completa dos seus Sermões, iniciada em 1679, exigiu 16 volumes. Cerca de 500 de suas Cartas foram publicadas em 3 volumes. As suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição.
Já velho e doente, teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência. Em 1694, já não conseguia escrever pelo seu próprio punho. Em 10 de junho começou a agonia, perdeu a voz, silenciaram-se seus discursos. Morre na Bahia a 18 de julho de 1697, com 89 anos.[12]
Obra
Deixou uma obra complexa que exprime as suas opiniões políticas, não sendo propriamente um escritor, mas sim um orador. Além dos Sermões redigiu o Clavis Prophetarum, livro de profecias que nunca concluiu. Entre os seus sermões, alguns dos mais célebres são: o "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão","Sermão de Santo António aos Peixes" entre outros. Vieira deixou cerca de 700 cartas e 200 sermões.
A Obra Completa do Padre António Vieira,[17] anotada e atualizada, começou a ser publicada em 2013, quase quatro séculos após o seu nascimento. Esta publicação em 30 volumes inclui a totalidade das suas cartas, sermões, obras proféticas, escritos políticos, sobre os judeus e sobre os índios, bem como a sua poesia e teatro, e é a primeira edição completa e cuidada de toda a sua vasta produção escrita. Um dos maiores projetos editoriais do seu género, foi o resultado de uma cooperação internacional entre várias instituições de investigação e academias científicas, culturais e literárias Luso-Brasileiras, sob a égide da Reitoria da Universidade de Lisboa. Mais de 20 mil fólios e páginas[18] de manuscritos e impressos atribuídos a Vieira foram analisados e comparados, em dezenas de bibliotecas e arquivos em Portugal, no Brasil, em Espanha, França, Itália, Inglaterra, Holanda, México e Estados Unidos da América. Cerca de um quarto da Obra Completa consiste em textos inéditos. Este projeto, sob a direção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate, foi desenvolvido pelo CLEPUL em parceria com a Santa Casa da Misericórdia, e publicado pelo Círculo de Leitores, com o último volume a ser lançado em 2014. Embora esta seja uma edição portuguesa, uma seleção de textos será publicada em 12 línguas como parte do projeto.
Festa litúrgica
Embora não seja considerado santo na Igreja Católica, Padre Antônio Vieira consta no calendário de santos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil como sacerdote e testemunha profética, sendo sua festa litúrgica celebrada em 18 de julho.[19]
Obras
Primeira página de "Historia do Futuro", de uma edição de 1718.
Antônio Vieira escreveu mais de 200 sermões, 700 cartas, além de tratados proféticos, relações etc. Seguem abaixo alguns de seus sermões:[12]
Sermão da Sexagésima

Sermão de São José (1642) ligação externa

Maria Rosa Mística

Sermão de Santo António aos Peixes

Sermão de Nossa Senhora do Rosário

Sermão da Quinta Dominga da Quaresma

Sermão do Mandato

Sermão Segundo do Mandato

Sermão de Santa Catarina Virgem e Mártir

Sermão Histórico e Panegírico

Sermão da Glória de Maria, Mãe de Deus

Sermão da Primeira Dominga do Advento (1650)

Sermão da Primeira Dominga do Advento (1655)

Sermão de São Pedro

Sermão da Primeira Oitava de Páscoa

Sermão nas Exéquias de D. Maria de Ataíde

Sermão de São Roque

Sermão de Todos os Santos

Sermão de Santa Teresa e do Santíssimo Sacramento

Sermão de Santa Teresa

Sermão da Primeira Sexta-feira da Quaresma (1651)

Sermão da Primeira Sexta-feira da Quaresma (1644)

Sermão de Santa Catarina (1663)

Sermão do Mandato (1643)

Sermão do Espirito Santo

Sermão de Nossa Senhora do Ó (1640)

Quarta parte, licenças e privilégio real

Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda

Sermão da Segunda Dominga da Quaresma (1651)

Maria Rosa Mística Excelências, Poderes e Maravilhas do seu Rosário

Sermão das Cadeias de São Pedro em Roma pregado na Igreja de S. Pedro. No qual sermão é obrigado, por estatuto, o pregador a tratar da Providência, ano de 1674

Sermão do Bom Ladrão

Sermão da Dominga XIX depois do Pentecoste (1639)

Sermão XII (1639)

Sermão XIII

Sermão de Dia de Ramos (1656)

Quarta Parte em Lisboa na Oficina de Miguel Deslandes

Sermão do Quarto Sábado da Quaresma (1640)

Sermão XIV (1633)

Sermão Nossa Senhora do Rosário com o Santíssimo Sacramento

Sermão XI Com o Santíssimo Sacramento Exposto

Sermão da Quinta Dominga da Quaresma (1654)

Sermão nas Exéquias de D. Maria da Ataíde (1649)

Sermão de São Roque (1652)

Sermão Segundo do Mandato (II)

Sermão do Mandato (1655)

Sermão da Epifania (1662)

Sermão da primeira Oitava da Páscoa (1656)

Sermão de Santo Antônio (1670)

História do Futuro

Esperanças de Portugal

Defesa do livro intitulado Quinto Império.
fonte de origem:

Domingo na Usina: Biografias: Camilo Castelo Branco:



Apesar de ter escrito dezenas de obras em diversos gêneros, foi a novela passional que caracterizou Camilo Castelo Branco como grande ficcionista. Sua obra é a principal expressão do Ultrarromantismo português.
Biografia
Camilo Castelo Branco (1825-1890) é o maior representante da novela passional em língua portuguesa. Seus personagens são obsessivos, senhores de atos extremos, sempre movidos por grandes paixões.
Retrato de Camilo Castelo Branco
Camilo Castelo Branco (1825-1890).
Nascido em Lisboa em 1825 e falecido em São Miguel de Seide, em 1890, Camilo, órfão aos 10 anos, foi criado por uma tia, em Vila Real, e depois por uma irmã mais velha, em Vilarinho de Samardã.
Com apenas 16 anos casa-se com Joaquina Pereira, uma moça de 15, mas logo a abandona juntamente com a filha. De 1843 a 1846, tentou cursar medicina em Coimbra e no Porto, mas abandonou o curso sem concluí-lo.
Em 1846, de volta a Vila Real, Camilo foge com Patrícia Emilia para Coimbra. Como não havia se separado da primeira mulher, é acusado de bigamia e preso. Depois de dois anos de prisão, obtém a liberdade. Em liberdade, os dois continuam o relacionamento amoroso, do qual nasce uma filha. Algum tempo depois, Camilo abandona Patrícia e passa a viver amores passageiros até conhecer Ana Plácido, esposa de Pinheiro Alves, um comerciante.
Ele e Ana foram condenados por crime de adultério e presos. Ao ser absolvido, assume a família: Ana Plácido, dois filhos seus e um, supostamente, de Pinheiro Alves. Com a morte de Pinheiro Alves, Camilo passa a morar com Ana Plácido na casa que ela herdara do marido, em São Miguel de Seide.
Desgostoso, vive a última parte de sua vida com Ana, seus dois filhos – um desocupado e o outro com problemas mentais – e a ameaça de cegueira. Apesar de ser um escritor de prestígio, isso não foi suficiente para suportar o desgosto. Acabou suicidando-se em 1º de junho de 1890.
Foto de família de Camilo Castelo Branco
Ana Plácido, Camilo Castelo Branco e um filho do casal.
Obra
O relato dessa vida passional é importante porque explica, em parte, as características da obra de Camilo Castelo Branco, principal representante do Ultrarromantismo português. Muitos estudiosos de sua obra afirmam que as inúmeras situações dramáticas presentes nos romances são transfigurações de sua própria vida.
Apesar da vida atribulada, Camilo, com o passar dos anos, tornou-se escritor profissional: escrevia por encomenda e em ritmo acelerado. Foi o primeiro autor português que conseguiu viver exclusivamente de seu trabalho literário.
Escreveu mais de 260 obras, entre romances, novelas, poemas, ensaios, traduções, prefácios, textos jornalísticos e de historiografia, crítica literária, teatro, discursos. E toda essa produção foi realizada numa época em que tudo era escrito à pena, pois não havia nenhum recurso técnico para o ofício de escrever.
Seu maior êxito literário, no entanto, encontra-se nas 54 novelas que produziu. Entre elas, novelas de terror, satíricas, históricas e passionais, que eram as de maior sucesso entre o público leitor.
Sua mais importante obra foi Amor de Perdição.

Por: Paulo Magno Torres

fonte de origem:
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