quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:


 



Manhãs e Noites

Como sois lindas,
Ó bela e enevoada flor,
Que seja eterno o amor
E o desejo que por ti velo,
E que as manhãs e noites,
Sejam separadas, apenas
pelo o imenso prazer de estarmos, sempre juntos.

Conteúdo do Livro:




Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:


 



Flor Bela

Ó bela flor que eterniza as doces manhãs do meu viver.
Ó bela flor que alimenta e perfuma o perverso tempo
que em seu movimento constante, nos faz itinerantes.
Ò bela flor que faz todos os meus....

Poema na integra no Livro:




Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:


 


Sutileza

Seria tão fácil ser feliz,
Se tudo neste mundo,
tivesse,
A delicadeza do teu
olhar,
A sinceridade do seu
sorriso,...

Poema na integra no livro:







Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:


  



ÁRVORES DO ALENTEJO

Horas mortas... Curvada aos pés do monte A planície é um brasido... 
e, torturadas, As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte! E quando, manhã alta, o sol posponte
A ouro a giesta, a arder, pelas estradas, Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte! Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram Em vão remédio para tanta mágoa!
Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede, Pedindo a Deus a minha gota d´água!

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:

  


 



IN MEMORIAM

Ao meu morto querido
Na cidade de Assis, Il Poverello
Santo, três vezes santo, andou pregando Que o sol, 
a terra, a flor, o rocio brando, Da pobreza o tristíssimo flagelo,
Tudo quanto há de vil, quanto há de belo, Tudo era nosso irmão! 
- E assim sonhando, Pelas estradas da Umbria foi forjando
Da cadeia do amor o maior elo!
"Olha o nosso irmão Sol, nossa irmã Água..." 
Ah! Poverello! Em mim, essa lição
Perdeu-se como vela em mar de mágoa
Batida por furiosos vendavais!
- Eu fui na vida a irmã de um só irmão, E já não sou a irmã de ninguém mais!

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:


 


NÃO SER

Quem me dera voltar à inocência Das coisas brutas, sãs, inanimadas, Despir o vão orgulho, 
a incoerência:
- Mantos rotos de estátuas mutiladas! Ah! Arrancar às carnes laceradas Seu mísero segredo de consciência! Ah! Poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas! Ser nostálgico choupo ao entardecer,
De ramos graves, plácidos, absortos Na mágica tarefa de viver!
Ser haste, seiva, ramaria inquieta, Erguer ao sol o coração dos mortos Na urna de ouro de uma flor aberta!...?
Quem fez ao sapo o leito carmesim De rosas desfolhadas à noitinha?
E quem vestiu de monja a andorinha, E perfumou as sombras do jardim? Quem cinzelou estrelas no jasmim? Quem deu esses cabelos de rainha
Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha Alma a sangrar? Quem me criou a mim? Quem fez os homens e deu vida aos lobos? Santa Tereza em místicos arroubos?
Os monstros? E os profetas? E o luar? Quem nos deu asas para andar de rastros? Quem nos deu olhos para ver os astros?
- Sem nos dar braços para os alcançar?

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões:

 



016

Se as penas com que Amor tão mal me trata quiser que tanto tempo viva delas
que veja escuro o lume das estrelas em cuja vista o meu se acende e mata;
e se o tempo, que tudo desbarata, secar as frescas rosas sem colhê-las,
mostrando a linda cor das tranças belas mudada de ouro fino em bela prata;
vereis, Senhora, então também mudado o pensamento e aspereza vossa, quando não sirva já sua mudança.
Suspirareis então pelo passado, em tempo quando executar-se possa em vosso arrepender minha vingança.

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões:

 


049

[À morte de D. António de Noronha]
Em flor vos arrancou, de então crecida (Ah! senhor dom António!), 
a dura sorte, donde fazendo andava o braço forte
a fama dos Antigos esquecida.
üa só razão tenho conhecida com que tamanha mágoa se conforte:
que, pois no mundo havia honrada morte, que não podíeis ter mais larga a vida.
Se meus humildes versos podem tanto que co desejo meu se iguale a arte, especial matéria me sereis.
E, celebrado em triste e longo canto, se morrestes nas mãos do fero Marte, na memória das gentes vivereis.



Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões:

 





142

Se de vosso fermoso e lindo gesto nasceram lindas flores para os olhos, que para o peito são duros abrolhos, em mim se vê mui claro e manifesto:
pois vossa fermosura e vulto honesto em os ver, de boninas vi mil molhos; mas se meu coração tivera antolhos, não vira em vós seu dano o mal funesto.
Um mal visto por bem, um bem tristonho, que me traz elevado o pensamento
em mil, porém diversas, fantasias,
nas quais eu sempre ando, e sempre sonho; e vós não cuidais mais que em meu tormento,
em que fundais as vossas alegrias.