quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Poesia De Quinta Na Usina: D'Araujo: Fato:


Com os olhos na janela
Vejo a vida a passar por ela
Com encanto ou desencanto não importa
O fato é que eu faço parte dela.

Vejo a vida enluarada
Vejo o lodo nas calçadas,
Mas o fato é que eu sou parte dela.

Não importa aonde vai dar a porta
Ou se o caminho às vezes entorta,
Pois a vida sempre volta,

E o fato é que sou parte dela..






Conteúdo da Obra: O Grito da alma poesias e pensamentos.
                                          Edição: 2010: Editora: www.biblioteca24x7.com.br



Poesia De Quinta Na Usina: Mário Quintana: O segundo mandamento:



Bem sei que não se deve dizer o Seu Santo nome em [Vão.
Mas, agora,

o seu nome é apenas uma interjeição

como acontece com Minha Nossa Senhora! este belíssimo grito tão certamente errado
como o faz tanta vez o povo em suas descobertas. A voz do Povo é um Livro de Revelações.
Só tem que o tempo as foi sedimentando em sucessivas [camadas
E elas agora nos dizem tanto como uma pedra.

Agora restam-nos apenas as palavras técnicas pertencentes ao vocabulário inerte dos robôs.

Porém um dia as pedras se iluminarão milagrosamente [por dentro.
porque só termina para todo o sempre o que foi [artificialmente construído...
Um dia,


um dia as pedras gritarão!

Poesia De Quinta Na Usina: Mário Quintana: Sei que choveu à noite:



Sei que choveu à noite. Em cada poça há um brilho [azul e nítido.
Sobre as telhas, os diabinhos invisíveis do vento [escorregam num louco tobogã.
Um mesmo frêmito agita as roupas nos varais e os

[brincos nas orelhas...

Ó ânsia aventureira! Parece que surgem bandeirolas [nos dedos mágicos dos inspetores do tráfego... Ah, [que vontade de desobedecer os sinais!
E mesmo as escolas, onde agora está presa a [meninada, nunca essas escolas rimaram tão bem [com opressivas gaiolas...
Só deveria haver escolas para meninos-poetas, onde

[cada um estudasse com todo o gosto e vontade
o que traz na cabeça e não o que está escrito nos

[manuais.

E, se duvidares muito, daqui a pouco sairão voando [todas as gravatas-borboletas, enquanto os seus [donos atônitos aguardam o sinal verde nas esquinas.
[Decerto elas foram em busca de novos ares...

Mas sossega, coração inquieto. Não vês? Sob o azul [cada vez mais azul, a cidade lentamente está zarpando [para um porto fantástico do Oriente.

Poesia De Quinta Na Usina: Cruz e Sousa: SUPREMO ANSEIO:



Esta profunda e intérmina esperança
Na qual eu tenho o espírito seguro,
A tão profunda imensidade avança
Como é profunda a idéia do futuro.

Abre-se em mim esse clarão, mais puro Que o céu preclaro em matinal bonança: 
Esse clarão, em que eu melhor fulguro, Em que esta vida uma outra vida alcança.

Sim! Inda espero que no fim da estrada
Desta existência de ilusões cravada
Eu veja sempre refulgir bem perto

Esse clarão esplendoroso e louro


Do amor de mãe – que é como um fruto de ouro, 
Da alma de um filho no eternal deserto.

Poesia De Quinta Na Usina: Cruz e Sousa: EXTREMOS:



À minha doce mãe, que desses trilhos vastos Da vida racional, tem sido o meu bom guia. Dedico, preso à garra atroz da nostalgia,
O meu bouquet de versos, dentre uns beijos castos.

A ela que, orgulhosa, impávida, resplende, Seu filho dá-lhe a alma inteira nos olhares. A ela que aprimora as curvas singulares
Do amor que unicamente a mãe só compreende.

A ela que, dos sonhos flavos que eu adoro, É sempre esse ideal querido e mais sonoro
Mais alvo que o luar, mais brando que os arminhos.


Embora sob a cúpula azúlea de outros espaços Dedico os versos meus – atiro-os ao regaço Assim como um punhado imenso de carinhos.

Poesia De Quinta Na usina:D'Araújo: Inevitável.

               

         
Como é dolorosa esta terrível
sensação de que no momento 
exato do nosso nascimento, 
na verdade já temos os exatos 
nove meses a menos nesta nossa 
breve existência.

Qual não são o desafio de sermos felizes, 
quando sabemos que a cada dia que passa 
não é um dia a mais na sua vida, e sim, um a menos.

Por que então tanta pressa com o tempo 
se ele nos leva ao inevitável fim.

D'Araujo.