quinta-feira, 28 de março de 2019

Poesia De Quinta Na Usina: Luis de Camões: soneto:013:



Alegres campos, verdes arvoredos, claras e frescas águas de cristal, que em vós os debuxais ao natural, discorrendo da altura dos rochedos;

Silvestres montes, ásperos penedos, compostos em concerto desigual, sabei que, sem licença de meu mal, já não podeis fazer meus olhos ledos.

E, pois me já não vedes como vistes, não me alegrem verduras deleitosas, nem águas que correndo alegres vêm.


Semearei em vós lembranças tristes, regando-vos com lágrimas saudosas, e nascerão saudades de meu bem.

Poesia De Quinta Na Usina:Florbela Espanca:O MEU ALENTEJO:















Meio-dia. O sol a prumo cai ardente, Dourando tudo...ondeiam nos trigais 
D´ouro fulvo, de leve...docemente... As papoulas sangrentas, sensuais... Andam asas no ar; e raparigas, Flores desabrochadas em canteiros,
Mostram por entre o ouro das espigas Os perfis delicados e trigueiros...
Tudo é tranqüilo, e casto, e sonhador... Olhando esta paisagem que é uma tela De Deus, eu penso então: onde há pintor, Onde há artista de saber profundo,
Que possa imaginar coisa mais bela, Mais delicada e linda neste mundo?!

Poesia De Quinta Na Usina: Augusto dos Anjos: O MORCEGO:



Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede,

Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.

“Vou mandar levantar outra parede...”

-- Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede!

Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh’alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?!


A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto!

Poesia De quinta Na Usina: Augusto dos Anjos:AGONIA DE UM FILÓSOFO:



Consulto o Phtah-Hotep. Leio o obsoleto Rig-Veda. E, ante obras tais, me não consolo...
O Inconsciente me assombra e eu nele rolo Com a eólica fúria do harmatã inquieto!

Assisto agora à morte de um inseto!...

Ah! todos os fenômenos do solo Parecem realizar de pólo a pólo O ideal do Anaximandro de Mileto!

No hierático areópago heterogêneo Das idéias, percorro como um gênio
Desde a alma de Haeckel à alma cenobial!...


Rasgo dos mundos o velário espesso; E em tudo igual a Goethe, reconheço O império da substância universal!

D'Araújo:"Palavras Soltas Pensamentos vivos"Editora Usina Literária"



“A vida é muito curta para quem alcançou a felicidade, mas pode se transformar em uma eternidade de tortura para aqueles que vivem mergulhados no fosso de suas próprias amarguras.”

Poesia de Quinta Na Usina:D'Araújo:Doce relva:




O orvalho do amanhecer desliza sobre as perenes folhas em um ziguezague quase sinfônico.
 O belo bosque ao longe deixa sombrear a luz do sol que permeia a relva,
 contornando toda saliência daquele chão irregular.

Assim como, os meus doces sentimentos estremecem com o cheiro, 
e o sabor de fruta fresca da pele da mulher amada, 
que incendeia o ar límpido e frio da manhã.


O calor que resplandece do seu sorriso singular, 
ricocheteia em meu coração como uma bela canção, 
aquecendo o meu ser e acalentando o meu espírito tão inquieto.

Conteúdo do Livro:

Poesia De Quinta Na Usina:D'Araújo:Sempre mais:



Deleitando-se do enredo de uma vida
de ambiguidades.
Deitamos os nossos ensejos na sala
ao lado, onde exala o pesado cheiro do pecado.
Ficamos sitiados no convés dos desejos e vamos jogando os nossos sonhos a sorte do acaso, no profundo raso, abismo do medo de querer sempre mais...

Conteúdo do livro: