quarta-feira, 9 de junho de 2021

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:

 


Contexto

Como pode no mesmo peito, conviver com tanta complacência.
O amor, a alegria, a saudade, a tristeza e o medo, tudo no mesmo contexto.

Poesia de Quinta na Usina: D'Araújo:




Calvário

Incontrolável aço,
Calafrio.
O vazio do depois,
A eterna lamina, do viver, sob o calvário do medo....

Poema na integra no Livro:
"Entre Lírios e Promessas"

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:



 AMAR!

 

Eu quero amar, amar perdidamente!


Amar só por amar: aqui...além...

Mais este e aquele, o outro e toda a gente.... Amar!Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!... Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente!

 

Há uma primavera em cada vida: É preciso cantá-la assim florida,

Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar.

 

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder... pra me encontrar...

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:




ALVORECER

 

A noite empalidece.Alvorecer... Ouve-se mais o gargalhar da fonte... Sobre a cidade muda, o horizonte

É uma orquídea estranha a florescer.

 

Há andorinhas prontas a dizer

A missa d´alva, mal o sol desponte. Gritos de galos soam monte em monte Numa intensa alegria de viver.

 

Passos ao longe...um vulto que se esvai... Em cada sombra Colombina trai...

Anda o silêncio em volta a q´rer falar...

 

E o luar que desmaia, macerado, Lembra, pálido, tonto, esfarrapado, Um Pierrot, todo branco, a soluçar...

Poesia de Quinta na Usina: Florbela Espanca:

 


SER POETA

 

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior

Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor

E não saber sequer que se deseja!

É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de infinito!

Por elmo, as manhãs de ouro e de cetim... É condensar o mundo num só grito!

 

E é amar-te, assim, perdidamente...

É seres alma e sangue e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões:

 



063

Sentindo se tomada a bela esposa de Céfalo, no crime consentido, 
para os montes fugia do marido;
e não sei se de astuta, ou vergonhosa.
Porque ele, enfim, sofrendo a dor ciosa, de amor cego e forçoso compelido, 
após ela se vai como perdido,
já perdoando a culpa criminosa.
Deita se aos pés da Ninfa endurecida, que do cioso engano está agravada; 
já lhe pede perdão, já pede a vida.
Ó força de afeição desatinada! Que da culpa contra ele cometida, 
perdão pedia à parte que é culpada!

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões:

 


034

Se pena por amar vos se merece, quem dela livre está? 
Ou quem isento? Que alma, que razão, qu'entendimento,
em ver vos se não rende e obedece?
Que mor glória na vida s'oferece que ocupar se em vós o pensamento? 
Toda a pena cruel, todo o tormento em ver vos se não sente, mas esquece.
Mas se merece pena quem amando contino vos está, se vos ofende,
o mundo matareis, que todo é vosso.
Em mim podeis, Senhora, ir começando, que claro se conhece e bem se entende 
amar vos quanto devo e quanto posso.

Poesia de Quinta na Usina: Luís de Camões:

 


053

 

Se tanta pena tenho merecida em pago de sofrer tantas durezas,

provai, Senhora, em mim vossas cruezas, que aqui tendes ua alma oferecida.

 

Nela experimental, se sois servida, desprezos, disfavores e asperezas; que mores sofrimentos e firmezas sustentarei na guerra desta vida.

 

Mas contra vossos olhos quais serão? Forçado é que tudo se lhe renda; mas porei por escudo o coração.

 

Porque em tão dura e áspera contenda, é bem que, pois não acho defensão, com me meter nas lanças me defenda.